Povos nórdicos

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Os nórdicos ou norrenos[1] eram um grupo etnolinguístico Germânico-setentrional do início da Idade Média, que falavam a língua nórdica antiga.[nota 1][2][3][4][5] O idioma pertence ao ramo germânico do norte das línguas indo-europeias e é o predecessor das línguas germânicas modernas da Escandinávia. Durante o final do século VIII, os noruegueses iniciaram uma expansão em larga escala em todas as direções, dando origem à Era Viquingue. Nos estudos em língua inglesa desde o século XIX, comerciantes, colonos e guerreiros nórdicos têm sido referidos como viquingues. A identidade dos nórdicos (Norsemen) deu origem aos seus descendentes modernos,[6] os dinamarqueses, islandeses, [a] faroeses, [a] noruegueses e suecos,[7] que são geralmente referidos como 'escandinavos' em vez de nórdicos.[8]

História dos termos Norseman e Northman[editar | editar código-fonte]

Expansão e zonas de influência viquingue

A palavra Norseman aparece pela primeira vez em inglês no início do século XIX: o atestado mais antigo da terceira edição do Oxford English Dictionary é de Harold the Dauntless, de Walter Scott, em 1817. A palavra foi cunhada usando o adjetivo norse, um préstimo inglês do holandês durante o século XVI com o sentido de 'norueguês' e que na época de Scott havia adquirido o sentido "de ou relacionado à Escandinávia ou seu idioma, especialmente nos tempos antigos ou medievais".[9] Assim como no uso moderno da palavra viquingue, a palavra norseman não tem base particular no uso medieval.

O termo Norseman faz eco dos termos que significam 'Northman', aplicado aos falantes de nórdico pelos povos que estes encontraram durante a Idade Média.[10] A velha palavra frâncica Nortmann ("Northman") foi latinizada como Normannus e consequentemente usada em textos latinos. A palavra latina Normannus penetrou o francês antigo como Normands. Dessa palavra originaram em português os normandos e a Normandia, que foi ocupada pelos nórdicos no século X.[11]

A mesma palavra entrou nas línguas hispânicas e nas variedades locais de latim com formas que começam não apenas em n-, mas em l-, como lordomanni (aparentemente refletindo a dissimilação nasal nas línguas românicas locais).[12] Este formulário pode, por sua vez, ter sido emprestado ao árabe: a importante fonte árabe primitiva Almaçudi identificou os invasores de Sevilha em 844 não só como Rūs, mas também al-lawdh’āna.[13]

Outros nomes[editar | editar código-fonte]

Nórdicos (viquingues) representados invadindo a Inglaterra. Ilustração iluminada da Miscelânea do século XII sobre a vida de St. Edmundo (Biblioteca e Museu Morgan)

Nos estudos modernos, viquingue é um termo comum referindo atacantes nórdicos, especialmente em conexão com ataques e saques monásticos pelos nórdicos às ilhas britânicas. Em nórdico antigo e inglês antigo, esse termo significava pirata.[14][15][16]

Os eslavos, árabes e bizantinos conheciam-nos como os rus ou Rhōs (Ῥῶς), provável derivação de várias utilizações de rōþs-, isto é, "relacionado ao remo", ou da área de Roslagen, no centro-leste da Suécia, de onde a maioria dos nórdicos que visitavam as terras eslavas originou. Arqueólogos e historiadores contemporâneos acreditam que esses povoamentos escandinavos nas terras eslavas, deram origem aos nomes dos países: Rússia e Bielorrússia.

Uso escandinavo moderno[editar | editar código-fonte]

As línguas escandinavas modernas têm um termo comum para os nórdicos: nordbo, ( em sueco: nordborna, em dinamarquês: nordboerne, em norueguês: nordboerne ou nordbuane no plural definido), usado para referir povos antigos e modernos dos países nórdicos e falantes duma das línguas germânicas escandinavas.

Geografia[editar | editar código-fonte]

Os escandinavos nórdicos estabeleceram poderes e populações no que é hoje a Grã-Bretanha (Inglaterra, Escócia, País de Gales), Irlanda, Islândia, Rússia, Bielorrússia, França, Sicília, Bélgica, Ucrânia, Finlândia, Estónia, Letónia, Lituânia, Alemanha, Polónia, Groenlândia, Canadá [17] e Ilhas Feroé.

Em Portugal (e Galiza) os nórdicos atacaram, invadiram e pilharam povoações costeiras, incluindo Lisboa, ao longo de vários séculos.[18] Faziam incursões esporádicas mais no interior das rias nortenhas e continuaram a sul do Algarve, rumo ao Mediterrâneo e Norte de África. Existem algumas influências Nórdicas em populações costeiras na zona da Póvoa de Varzim onde as “marcas” ou Siglas Poveiras se identificam com “marka” rúnicas.[19] A Lancha Poveira e outros tipos de embarcações tradicionais do Norte de Portugal são também atribuídas às incursões e pequenas populações viquingues estabelecidas entre os séculos IX e XI.[20]

Notas

  1. Out of convenience, "Scandinavians" is commonly used as a synonym for "North Germanic peoples" even though Icelanders and Faroe Islanders do not inhabit Scandinavia today. The term is therefore given a cultural rather than geographical sense.

Referências

  1. S.A, Priberam Informática. «norreno». Dicionário Priberam. Consultado em 28 de maio de 2023 
  2. Fee, Christopher R. (2011). Mythology in the Middle Ages: Heroic Tales of Monsters, Magic, and Might: Heroic Tales of Monsters, Magic, and Might. ABC-CLIO. [S.l.: s.n.] ISBN 978-0313027253 
  3. McTurk, Rory (2008). A Companion to Old Norse-Icelandic Literature and Culture. John Wiley & Sons. [S.l.: s.n.] ISBN 978-1405137386 
  4. «The North and the Depiction of the "Finnar" in the Icelandic Sagas». Scandinavian Studies. 82: 257–286. JSTOR 25769033 
  5. Leeming, David A. (2014). The Handy Mythology Answer Book. Visible Ink Press. [S.l.: s.n.] ISBN 978-1578595211 
  6. Kristinsson, Axel (2010). Expansions: Competition and Conquest in Europe Since the Bronze Age. ReykjavíkurAkademían. [S.l.: s.n.] ISBN 978-9979992219 
  7. Kennedy, Arthur Garfield (1963). «The Indo-European Language Family». In: Lee. English Language Reader: Introductory Essays and Exercises. Dodd, Mead. [S.l.: s.n.] 
  8. Davies, Norman (1999). The Isles: A History. Oxford University Press. [S.l.: s.n.] ISBN 978-0198030737. [Norman Davies Resumo divulgativo] Verifique valor |resumo-url= (ajuda) 
  9. "Norseman, n.", "Norse, n. and adj." OED Online, Oxford University Press, July 2018, https://www.oed.com/view/Entry/128316, https://www.oed.com/view/Entry/128312. Accessed 10 September 2018.
  10. "Northman, n." OED Online, Oxford University Press, July 2018, https://www.oed.com/view/Entry/128371. Accessed 10 September 2018.
  11. Louis John Paetow, A Guide to the Study of Medieval History for Students, Teachers, and Libraries, Berkeley: University of California, 1917, OCLC 185267056, p. 150, citing Léopold Delisle, Littérature latine et histoire du moyen âge, Paris: Leroux, 1890, OCLC 490034651, p. 17.
  12. Ann Christys, Vikings in the South (London: Bloomsbury, 2015), pp. 15–17.
  13. Ann Christys, Vikings in the South (London: Bloomsbury, 2015), pp. 23–24.
  14. Oxford English Dictionary 🔗. Oxford University Press 
  15. An Icelandic–English Dictionary 2nd edition by William A. Craigie ed. Oxford University Press. 1957 
  16. An Anglo-Saxon Dictionary. Oxford University Press 
  17. Linden, Eugene (dezembro 2004). «The Vikings: A Memorable Visit to America». Smithsonian Magazine. Cópia arquivada em 24 de setembro de 2015 
  18. «Os Vikings em Portugal e na Galiza» 
  19. «Siglas Poveiras» 
  20. «Lancha Poveira» (PDF) 
O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Povos nórdicos