Quinta da Arealva

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Quinta da Arealva
Quinta da Arealva
Estilo dominante Pombalino
Construção Século XVIII
Estado de conservação Péssimo
Geografia
País Portugal Portugal
Coordenadas 38° 40' 55.0" N 9° 10' 05.3" O
Mapa
Localização do sítio em mapa dinâmico

A Quinta da Arealva é um monumento no Município de Almada, na margem Sul do Rio Tejo, em Portugal. Consiste numa antiga propriedade agrícola ligada à produção de vinho, que além dos terrenos de vinha também incluía um palácio e várias estruturas de apoio à vinicultura, como armazéns, tanoarias e um cais fluvial.[1]

Descrição e história[editar | editar código-fonte]

A quinta situa-se junto ao Cais do Olho de Boi, na zona do Gingal, em Almada.[1] Localiza-se nas imediações do Santuário Nacional de Cristo Rei.[2] Consiste numa propriedade de grandes dimensões, que inclui as antigas dependências do palácio,[3] um antigo complexo vinícola com as suas estruturas de apoio,[1] como armazéns, um cais no Rio Tejo, e um estaleiro,[3] vários edifícios residenciais, e uma ponte em madeira e alvenaria.[4] Alguns dos edifícios, como os antigos armazéns e a tanoaria, são de construção setecentista, estando integrados no estilo pombalino.[1] Um dos elementos mais destacados da propriedade é o antigo jardim da quinta, a cerca de 48 m de altitude, situado nas imediações da Igreja de São Paulo.[5]

A quinta teve origem numa estrutura militar, o Forte da Pipa, que foi construído no século XVII,[1] para controlar o tráfego das embarcações que entravam e saíam do Rio Tejo.[1] Foi uma das várias fortificações incluídas num sistema de defesa marítima, cujo planeamento foi iniciado por D. João IV, mas as obras só foram iniciadas durante o reinado de D. Afonso VI, e concluídas no período de D. Pedro II.[6] O forte foi abandonado nos finais do século XVIII, por já não ter importância do ponto de vista militar,[7] tendo sido nessa altura que passou a ser ocupado por proprietários vindos do Ginjal, que estavam ligados à produção vinícola.[4] Estes foram responsáveis pela construção de vários edifícios, como armazéns e uma tanoaria,[1] tendo esta sido uma das maiores no concelho desde o século XVIII,[4] e chegou a ser uma das mais importantes em território nacional.[1] O antigo forte foi convertido em residências para os proprietários.[7] Nesta altura, a Quinta da Arealva consistia numa grande propriedade, que tinha várias casas e vinhedos.[1] O local tinha grandes dificuldades de acesso por terra, mas contava com um cais próprio no Rio Tejo, que era utilizado para o transporte do vinho.[1] Devido à sua riqueza agrícola, foi escolhido como residência pelo nobre irlandês João O'Neill (en), que estava exilado em Portugal.[1] Devido ao seu apego à religião católica, ordenou a construção de uma pequena capela na quinta, que foi dedicada a São João Baptista.[1] Nos princípios do século XIX, encontravam-se vários armazéns na área entre o antigo Forte da Arealva e o Forte da Fonte da Pipa, que nessa altura passou a pertencer à Sociedade Vinícola Sul de Portugal, tendo esta sido a última companhia vinícola na margem Sul do Tejo em Almada.[7] Em 1861, o dono da propriedade era Domingos Afonso, que em conjunto com a família Paliarte dominava a extensa área entre o Olho de Boi e a Arealva.[3]

Publicidade de 1959 à Sociedade Vinicola Sul de Portugal, fazendo referência aos seus armazéns na Arealva.

Posteriormente o complexo ficou ao abandono, tendo sido pilhado e muito vandalizado,[1] tendo sido igualmente atingido por um incêndio.[3] Nos princípios do século XXI os edifícios estavam em ruínas, sendo ainda visíveis alguns vestígios da antiga capela de Sâo João Baptista.[1] Na década de 2010 foi utilizada em vários festivais de música electrónica, organizados durante o Verão.[2] A quinta tornou-se depois propriedade da Socieade Arealva, que no entanto entrou em processo de insolvência, pelo que nos finais de 2020 foi leiloada por determinação judicial,[1] tendo atingido um valor superior a 6 milhões de Euros.[5] Na altura, a Câmara Municipal de Almada e a empresa Tejal do Grupo, principal proprietária dos terrenos onde se situa o Cais do Ginjal, mostraram-se interessados em reabilitar a Quinta da Arealva, como parte de um percurso pedonal que iria desenvolver «a ligação do Rio à cidade, do Ginjal a Almada Velha, a relação e a interação das novas e velhas gentes, o encontro das memórias e histórias do passado com o presente e as possibilidades de projecção no futuro que ali estará em construção».[3]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c d e f g h i j k l m n o FIDALGO, Vanessa (10 de Dezembro de 2021). «Ruinas com vista sobre o rio Tejo». Sexta (suplemento do jornal Correio da Manhã). Lisboa. p. 34 
  2. a b FARINHA, Ricardo (12 de Maio de 2018). «As festas de música eletrónica estão de volta ao Cristo Rei». New in Town. Consultado em 11 de Dezembro de 2021 
  3. a b c d e «Quinta da Arealva em Cacilhas está a leilão». Diário Imobiliário. 29 de Outubro de 2020. Consultado em 11 de Dezembro de 2021 
  4. a b c «Quinta da Arealva em Cacilhas está a leilão – imóvel histórico já foi um armazém de vinhos». Idealista. 2 de Novembro de 2020. Consultado em 11 de Dezembro de 2021 
  5. a b SIMÕES, Rafaela (15 de Setembro de 2021). «"La Casa de Papel" mostrou parte de Almada à beira Tejo e nós sugerimos mais 11 pontos imperdíveis». Magg. Consultado em 11 de Dezembro de 2021 
  6. ARAÚJO, Norberto de (1945). «Defesas Marítima e Terrestre - Século XVII (Lisboa e concelhos límitrofes) - Breve notícia histórica» (PDF). Inventário de Lisboa. Fascículo II. Lisboa: Câmara Municipal de Lisboa. Consultado em 12 de Dezembro de 2021 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  7. a b c «Almada e o Tejo: Entre o passado e o futuro». Boletim Municipal de Almada (217). Almada: Câmara Municipal de Almada. Junho de 2015. p. 20-21. Consultado em 12 de Dezembro de 2021 – via Issuu 

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