Quiomara

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Quiomara (século II a.C.) foi uma nobre gálata, esposa de Ortíago, chefe tribal dos tectósagos, uma das três tribos gálatas que lutaram contra a República Romana e o Reino de Pérgamo durante a Guerra Gálata em 189 a.C.. Ela é conhecida por ter sido captura pelos romanos, o que resultou no seu subsequente estupro por um centurião, que ofereceu devolver Quiomara após o pagamento de um resgate. Quando o povo da nobre veio trazer o dinheiro, ela sinalizou para que o matassem. Isso foi feito, e ela presenteou o marido com a cabeça do criminoso.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Ilustração de Quiomara com a cabeça do centurião numa xilogravura feita por Johannes Zainer, c. 1474.

Após a vitória sobre os gálatas, greco-gauleses que se estabeleceram na Anatólia, conquistada por Cneu Mânlio Vulsão, em 189 a.C., Quiomara, que não lutou na guerra,[1] e outras mulheres e escravas da Galácia foram capturadas pelo exército do cônsul,[2] e deixadas sob a guarda de um centurião, cujo nome não foi registrado pela História. Descrita como uma "mulher de beleza excepcional",[3] Quiomara recebeu avanços sexuais por parte do centurião, os quais rejeitou.[4] Porque era vista apenas um espólio de guerra,[3] o centurião, indignado, estuprou-a.

Imagem de um manuscrito iluminado produzido pelo francês Robinet Testard, entre 1488 e 1496.

Após isso, ele decidiu oferece devolvê-la ao seu povo após o pagamento de um resgate. Quiomara, então, enviou um escravo com o pedido de uma grande quantia para o resgate. [2][5] Com a concordância do mesmo,[3] o soldado, à noite,[6] levou a nobre a um certo rio no qual, do outro lado, se encontravam os representantes do povo gálata.[7] Os gálatas cruzaram o rio e entregaram o dinheiro ao homem, mas após fazerem isso, enquanto o centurião contava o ouro, ou se despedia dela abraçando-a, e, assim, estava de costa para os outros,[1] Quiomara fez um sinal – com um aceno de cabeça, segundo Plutarco,[8] ou, falando com eles na própria língua deles, segundo Tito Lívio[9] e Valério Máximo[10][6] – para que os seus conterrâneos atacassem o criminoso. Um dos homens obedeceu-a, e decapitou o centurião.[7]

Quiomara, então, pegou a cabeça, envolveu-a no seu manto, e foi embora para casa. Ao retornar para o marido, ela jogou a cabeça do centurião aos pés de Ortíago. Ele ficou espantado e disse, "minha esposa, é importante lidar com isso de maneira honrosa." Ela concordou, mas adicionou "mas é mais importante que apenas um homem que dormiu comigo permaneça vivo."[7]

O historiado grego, Políbio, disse ter conhecido Quiomara na cidade de Sárdis, na Lídia, e ficou impressionado com a sua inteligência e bom senso após conversar com ela.[8]

Na literatura[editar | editar código-fonte]

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Referências

  1. a b Mayor, Adrienne. «Chiomara–A Celtic Warrior Woman?» 
  2. a b Sukla, Moser, Ananta Ch, Keith (2020). Imagination and Art: Explorations in Contemporary Theory. [S.l.]: Brill. p. 97. 810 páginas 
  3. a b c Warden, Michael. Remember to Rule. [S.l.]: Lulu.com. p. 187 
  4. «Chiomara, another fascinating Galatian queen» 
  5. «Plutarch, Mulierum virtutes Goodwin, Ed.» 
  6. a b Stewart, Roberta (2012). «3 - Violence, Private and Communal». Plautus and Roman Slavery. [S.l.]: Wiley. 240 páginas 
  7. a b c Freeman, Philip (2010). War, Women, and Druids Eyewitness Reports and Early Accounts of the Ancient Celts. [S.l.]: University of Texas Press. 112 páginas 
  8. a b , Plutarco. «XXII. CHIOMARA». On the Bravery of Women. [S.l.: s.n.] 
  9. Lívio, Tito (Século I a.C.). Ab Urbe Condita. [S.l.: s.n.] 
  10. Máximo, Valério. «Factorum et Dictorum Memorbilium Libri Novem»