Sequestro de Katie Beers

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Katie Beers Case
Local Bay Shore, New York
Data 28 de dezembro de 1992 – 13 de janeiro de 1993
Tipo de ataque Sequestro, Cárcere Privado, Estupro
Desaparecidos Katie Beers
Vítimas Katie Beers

Katherine Beers [1] (nascida em 30 de dezembro de 1982) [2][3] é uma mulher norte-americana que foi sequestrada aos 9 anos de idade em Bay Shore, Nova York por John Esposito, um amigo da família, e mantida em um abrigo subterrâneo de 28 de dezembro de 1992 a 13 de janeiro de 1993.[4]

Contexto[editar | editar código-fonte]

Katie Beers vivia com sua mãe Marilyn Beers e seu meio-irmão mais velho John Beers em Long Island, Nova York. Não se sabe quem era seu pai biológico.[5] Quando mais nova, Katie também morou com sua madrinha Linda Inghilleri e o marido de Inghilleri, Salvatore. Marilyn abandonava com frequência Katie e John, deixando-os aos cuidados dos Inghilleris, de quem acabaram sofrendo abusos, incluindo várias agressões sexuais por parte de Salvatore.[3]

John Esposito era um amigo da família Beers que gostava de dar atenção e presentes a Katie e John Beers, mas também abusava sexualmente de John. Esposito já havia sido preso em 1977 por tentativa de sequestro de um menino de 12 anos.[5]

Sequestro[editar | editar código-fonte]

Beers foi seduzida a entrar na casa de Esposito em Bay Shore, Nova York, em 28 de dezembro de 1992, dois dias antes de seu aniversário de 10 anos, pela promessa de que ganharia presentes de aniversário.[3] Depois de Beers ter jogado videogame no quarto de Esposito, ele a forçou a entrar em um abrigo subterrâneo de concreto.[5]

O abrigo de 1,80m x 2,10m estava localizado sob o jardim de Esposito e era acessado por um túnel de 1,80m de comprimento. O túnel de entrada estava tampado por um alçapão de concreto de 90 quilos e escondido atrás de uma estante removível no escritório de Esposito. O abrigo tinha um vaso sanitário e um sistema de circuito fechado de televisão. Dentro do abrigo havia um quarto à prova de som do tamanho de um caixão com uma cama e uma televisão onde Beers estava acorrentada.[6] Mais tarde, Esposito contaria à polícia que havia construído o abrigo especificamente para Beers. A própria Beers mais tarde se lembrou de ter brincado na terra deslocada pelo abrigo enquanto Esposito o cavou alguns anos antes do sequestro.[3][7]

Imediatamente após forçar Beers a entrar no abrigo, Esposito a fez gravar uma mensagem onde afirmava que um homem com uma faca a havia levado.[5] Esposito tocou a mensagem em um telefone público do lado de fora do fliperama Spaceplex em Nesconset, Nova York, e disse aos funcionários do fliperama que havia perdido Beers dentro do prédio.[2][8] A polícia foi chamada quando ela não foi localizada.[5]

Durante seu cativeiro, Esposito visitava frequentemente Beers para abusar sexualmente dela, enquanto também fornecia comida, cobertores e brinquedos. Ele permitia que Beers entrasse na parte maior do abrigo quando ele a visitava, mas a forçava a voltar para a sala menor quando ela estava sozinha. Embora Beers tenha conseguido se libertar e escapar para o quarto maior na ausência de Esposito, depois de esconder uma chave debaixo do travesseiro, ela não conseguiu escapar do abrigo. Esposito disse a Beers que pretendia mantê-la no abrigo pelo resto da vida e planejava tirar uma foto dela dormindo e enviar à polícia para que pensassem que ela estava morta, mas a foto nunca foi tirada.[5]

Esposito foi um suspeito desde o início da investigação policial, após acusações anteriores de abuso sexual contra John Beers e testemunhas no Spaceplex afirmando que ele entrou sozinho no fliperama no dia do desaparecimento de Beers.[5] A polícia também determinou que a mensagem telefônica de Beers sobre um homem com uma faca era de uma gravação feita anteriormente com base na falta de ruído ao fundo no áudio.[7]

Em 13 de janeiro de 1993, 17 dias após o sequestro, Esposito confessou ter mantido Beers em cativeiro e levou a polícia ao abrigo onde a resgataram.[5][9][10]

Conclusão[editar | editar código-fonte]

Esposito se declarou culpado de sequestro em 16 de junho de 1994,[11] e foi condenado em 27 de julho de 1994, a uma pena de 15 anos a prisão perpétua,[12] a qual cumpriu na prisão de Sing Sing, no condado de Westchester, Nova York. Durante o julgamento de Esposito, Beers disse que ele a estuprou durante seu cativeiro. Embora ele não tenha sido acusado disso,[3] o juiz que o sentenciou concordou com ela.[12] Esposito foi encontrado morto em sua cela por causas aparentemente naturais em 4 de setembro de 2013, pouco tempo após sua quarta audiência para liberdade condicional em 20 anos.[13]

Salvatore Inghilleri foi condenado por duas acusações de abuso sexual e cumpriu pena de 12 anos por molestar Beers. Durante a investigação do sequestro, as autoridades descobriram que Inghilleri abusou sexualmente da menina antes de ter sido sequestrada. Ele foi processado também por esses crimes. Ele morreu na prisão em 2009.[14]

Pouco tempo depois de seu resgate, Beers foi enviada para viver com pais adotivos em East Hampton, Nova Iorque, devido à negligência e ao abuso que as duas crianças haviam sofrido antes do sequestro.[14][15][16] Beers foi mantida no anonimato e criada por seus pais adotivos até a idade adulta.[15] Em janeiro de 2013, Beers falou em público pela primeira vez sobre sua experiência e revelou que estava casada, tinha dois filhos e trabalhava com seguros. Durante o mesmo mês, ela publicou um livro de memórias sobre sua provação.[3]

Mídia[editar | editar código-fonte]

Nos meses que se seguiram ao sequestro, foram publicados dois livros cobrindo o caso: My Name Is Katherine: The True Story of Little Katie Beers (Meu Nome é Katherine: A Verdadeira História da Pequena Katie Beers), escrito por Maria Eftimiades e Joe Treen, e 17 Days: The Katie Beers Story (17 Dias: A História de Katie Beers), de Arthur Herzog.

O livro das memórias de Beers, Buried Memories (conhecido como Help Me no Reino Unido ) foi co-escrito pela repórter Carolyn Gusoff, que cobriu o caso de Beers na época em que aconteceu, e foi publicado em 13 de janeiro de 2013, no 20º aniversário de seu resgate.[3]

O episódio 20/20 da ABC, chamado "Saved", cobriu a história de Katie Beers em fevereiro de 2013.[17]

A Investigation Discovery recontou o caso em um episódio de sua minissérie documental de 2020, Killer Carnies . Ele incluía relatos de Beers, do detetive principal da polícia e de outras pessoas.[18]

Ver também[editar | editar código-fonte]

  • Lista de sequestros
  • Lista de casos resolvidos de pessoas desaparecidas

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Leitura adicional[editar | editar código-fonte]

  • Joe Treen; Maria Eftimiades (15 de maio de 1993). My Name Is Katherine: The True Story of Little Katie Beers. [S.l.]: St. Martin's Press 
  • Arthur Herzog (1 de setembro de 1993). 17 Days: The Katie Beers Story. [S.l.]: Harpercollins 
  • Katie Beers; Carolyn Gusoff (13 de janeiro de 2013). Buried Memories: Katie Beers' Story. [S.l.]: Titletown Publishing 

Referências

  1. McQuiston, John T. (21 de janeiro de 1993). «Katie Beers Likes New Home, Official Says». The New York Times. p. B5. Consultado em 19 de outubro de 2020 
  2. a b Rabinovitz, Jonathan (31 de dezembro de 1992). «Police Query 2 in Search For Girl, 10». The New York Times. Consultado em 24 de outubro de 2008  Erro de citação: Código <ref> inválido; o nome "December 28, 1992" é definido mais de uma vez com conteúdos diferentes
  3. a b c d e f g Goodman, J. David (15 de janeiro de 2013). «A Girl Held for 16 Days in a Dungeon, Now Looking Back as a Woman». The New York Times. Consultado em 16 de janeiro de 2013  Erro de citação: Código <ref> inválido; o nome "held" é definido mais de uma vez com conteúdos diferentes
  4. Note: Cited sources variously give length of time as either 16 days or 17 days. The latter includes the day of the kidnapping; from December 28 to January 13 is 16 days otherwise.
  5. a b c d e f g h Beers, Katie; Gusoff, Carolyn (2013). Buried Memories: Katie Beers' Story. [S.l.]: Titletown Publishing. 280 páginas. ISBN 978-0825307782 
  6. Blasey, Laura (11 de janeiro de 2018). «Katie Beers: 25 years after the Long Island girl's kidnapping». Newsday 
  7. a b McQuiston, John T. (14 de janeiro de 1993). «Girl, Missing for 16 Days, Is Found in Secret Room». The New York Times. p. A1  Erro de citação: Código <ref> inválido; o nome "NY Times Girl Found" é definido mais de uma vez com conteúdos diferentes
  8. «Police Trace Call by Missing Girl to Pay Phone». The New York Times. 2 de janeiro de 1993. p. 27. Consultado em 19 de outubro de 2020 
  9. Milton, Pat (30 de janeiro de 1993). «Katie Beers Finally Gets to be a Child». Associated Press. Arquivado do original em 25 de outubro de 2020 
  10. McQuiston, John T. (29 de junho de 1994). «Calm, Collected Katie Beers Testifies in Sex Abuse Case». The New York Times. Consultado em 24 de outubro de 2008 
  11. «Man Who Locked Girl In Home Bunker Pleads Guilty to Kidnapping». AP News. Riverhead, New York. 16 de junho de 1994 
  12. a b McQuiston, John (27 de julho de 1994). «Man Sentenced to Prison In Kidnapping of L.I. Girl». The New York Times. Consultado em 13 de abril de 2014 
  13. «Man Convicted In Katie Beers Abduction Found Dead In Cell At Sing Sing». New York City: WCBS. 5 de setembro de 2013. Consultado em 19 de outubro de 2020 
  14. a b «Child Abductor Sal Inghilleri Dies in Jail». New York Post. New York City. Associated Press. 21 de fevereiro de 2009. Consultado em 13 de janeiro de 2017  Erro de citação: Código <ref> inválido; o nome "sal" é definido mais de uma vez com conteúdos diferentes
  15. a b Givens, Ann (13 de janeiro de 2013). «Katie Beers recounts kidnapping ordeal, 20 years later». Newsday. New York City / Long Island. Consultado em 19 de outubro de 2020 
  16. «Katie Beers: Kidnapping allowed me to escape abuse». CBS News. Associated Press. 15 de janeiro de 2013. Consultado em 13 de janeiro de 2017 
  17. Bernstein, Alyssa. «'Saved' on '20/20' Airing Friday, February 8 on ABC». ABC News. Consultado em 13 de janeiro de 2017. Arquivado do original em 9 de fevereiro de 2013 
  18. Lovece, Frank (25 de outubro de 2020). «LI's Katie Beers to describe kidnapping on 'Killer Carnies'». Newsday. New York City / Long Island. Consultado em 25 de outubro de 2020