Teoria da otimidade

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Em linguística, a teoria da otimidade ou teoria da otimalidade (frequentemente abreviada como OT) é um modelo linguístico que propõe que as formas observadas surgem da satisfação ótima de restrições conflitantes.[1] Essa teoria difere de outras abordagens de análise fonológica, como a fonologia autossegmental, que partem de regras em vez de restrições e entende a gramática como sistema que fornece mapeamento de inputs e outputs (entradas e saídas linguísticas).[2] De forma geral, os inputs são concebidos como formas subjacentes, e os outputs como formas de superfície, leitura ampla da gramática gerativo-transformacional.[3]

A teoria da otimidade foi apresentada pela primeira vez em uma palestra proferida pelos linguistas Alan Prince e Paul Smolensky em 1991, posteriormente publicada em um artigo científico em 1993.[4] Rapidamente passou a ser utilizada como modelo de análise linguística em diversos campos de pesquisa e em diversos países.[5][6]

Visão geral[editar | editar código-fonte]

A gramática da teoria da otimidade está interessada em entender como são gerados os outputs (saídas) a partir de restrições universais violáveis, ou seja, as determinações ótimas de determinada produção linguística. A arquitetura gramatical desenhada pelo modelo de Prince e Smolensky parte de três componentes básicos:[7][8]

  • Gen (generator): lista de possíveis outputs com base em determinados inputs;
  • Eval (evaluator): mecanismo que seleciona o candidato ótimo com base no conjunto universal de restrições;
  • Con (constraints): critérios usados para ranquear os candidatos.

A teoria da otimidade assume que tais componentes são universais e investiga o funcionamento linguístico a partir dos princípios de violabilidade, ranqueamento, inclusividade e paralelismo. Faz-se, assim, uma integração entre todos os níveis que compõem a arquitetura da gramática.

Referências

  1. Cangemi, Ana Carolina (2019). «Um passo a passo para estudos linguísticos em teorias fonológicas». Alfa. 63 (1): 209-213. doi:10.1590/1981-5794-1904-9. Consultado em 27 de outubro de 2020 
  2. Prince, Alan and Paul Smolensky. (2004): Optimality Theory: Constraint Interaction in Generative Grammar. Section 10.1.1: Fear of Optimization, pp. 215–217.
  3. Picanco, Gessiane (2013). «Teoria da otimalidade e fonologia histórica: um exemplo da harmonia nasal em Mundurukú». Alfa. 57 (1): 257-274. doi:10.1590/S1981-57942013000100011. Consultado em 27 de outubro de 2020 
  4. Alves, Ubiratã Kickhöfel (2010). «Teoria da otimidade, gramática harmônica e restrições conjuntas». Alfa. 54 (1): 237-267. Consultado em 27 de outubro de 2020 
  5. Bonilha, Giovana (2006). «Variação na aquisição fonológica: uma abordagem da teoria da otimidade conexionista». Scripta. 10 (18): 62-78. Consultado em 27 de outubro de 2020 
  6. Ferreira-Gonçalves, Giovana (2017). «Fonologia gestual e teoria da otimidade». Gradus: Revista Brasileira de Fonologia de Laboratório. 2 (1): 73-85. doi:10.47627/gradus.v2i1.115. Consultado em 27 de outubro de 2020 
  7. Merchant, Nazarre & Jason Riggle. (2016) OT grammars, beyond partial orders: ERC sets and antimatroids. Nat Lang Linguist Theory, 34: 241. doi:10.1007/s11049-015-9297-5
  8. Schwindt, Luiz Carlos; Collischonn, Gisela (2017). «Teoria da otimidade». Fonologia, fonologias. São Paulo: Contexto. ISBN 9788572449830