Transporte ferroviário no Vaticano

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Transporte ferroviário no Vaticano
Ferrovia Vaticana

Estação ferroviária do Vaticano.
Informações
Local Vaticano
Tipo de transporte Ferroviário
Número de linhas 1
Número de estações 2
Funcionamento
Operadora(s) Ferrovie dello Stato
Dados técnicos
Extensão do sistema 1,27 km
Bitola 1435 mm

A infraestrutura de transporte ferroviário no Vaticano (em italiano: Città del Vaticano [tʃitˈta del vatiˈkaːno]) consiste numa única estação ferroviária e em cerca de dois conjuntos de trilhos com cerca de 300 metros de comprimento, sendo por isso o menor sistema ferroviário nacional do mundo.[1] Estas infraestruturas foram construídas durante o pontificado do Papa Pio XI. O acesso e ligação deste sistema ferroviário à rede ferroviária italiana foram garantidos pelo Tratado de Latrão (1929).

O tráfego consiste principalmente em mercadorias (importação de bens) vindas da Itália, embora a linha tenha servido em certas ocasiões para transportar passageiros, habitualmente por razões simbólicas ou cerimoniais.[2][3]

História[editar | editar código-fonte]

Estação ferroviária da Cidade do Vaticano

O Papa Pio IX, iniciou a construção de uma linha ferroviária de Bolonha e Ancona, mas o território foi tomado pelos exércitos do Risorgimento em 1861, antes que fosse concluída.[4] A viagem de trem era um pré-requisito para as peregrinações em massa no século XIX, começando com aquelas em Lourdes por volta de 1858, e foi um fator que reduziu a oposição a essa tecnologia pela Cúria Romana.[5]

A construção de uma estação ferroviária na Cidade do Vaticano e sua articulação com a rede ferroviária italiana foi garantida pelo Tratado de Latrão de 11 de fevereiro de 1929. A direção da Novas Construções Ferroviárias, do Ministério de Obras Públicas do Reino de Itália, implementou a construção que teve início em 3 de abril de 1929, com a terraplenagem a 38 m acima do nível do mar (a altura da estação "Roma - San Pietro") entre a Praça Santa Marta e o Palazzo del Governatorado.[6] A construção do viaduto que leva até a Cidade do Vaticano foi pago pelo governo italiano, a estação dentro do Vaticano, foi financiada em 750 milhões acordados pela parte financeira do Tratado de Latrão.[7] O custo total da construção foi relatado em 24 milhões.[8]

Plataforma da estação do Vaticano

A Estação Ferroviária do Vaticano (mais tarde dividida em um Escritório de Mercadorias e um museu de numismática e filatelia) foi construído a cerca de 20 metros da Porta de Entrada pelo arquiteto Giuseppe Momo.[6] A construção começou em 3 de abril de 1929 e a estação começou a funcionar em 1933. É simples e branco, design em mármore italiano que foi descrito pelo escritor Henry Vollam Morton como "mais parecido como uma filial do Barclays Bank, em Londres."[1] O prédio da estação é construído em mármore branco, e suas dimensões são de 61 x 21,5 m. O corpo central mede 16,85 m de altura e as laterais 5,95 m.[9]

A primeira locomotiva entrou no Vaticano em março de 1932. A estação foi aberta oficialmente no dia 2 de outubro de 1934.[10] A Convenção Ferroviária foi ratificada entre a Itália e o Vaticano, em 12 setembro de 1934, data em que a propriedade passou das Ferrovie dello Stato (Ferrovias do Estado Italiano) para a Santa Sé.[6]

No final de março de 1944, durante o bombardeio de Roma na Segunda Guerra Mundial, o Vaticano descobriu uma munição alemã em um trem parado na linha da Estação Ferroviária do Vaticano.[11]

Usos[editar | editar código-fonte]

A estrada de ferro do Vaticano tem sido utilizado principalmente para a importação de bens (antes da viagem de automóvel havia se tornado mais comum e menos caro) no Vaticano e intermitentemente para comboios habituais de passageiros.[12] O trem oficial do Papa Pio IX, permanece em exposição no Museu de Roma, no Palazzo Braschi.[4]

O Papa João XXIII, em 4 de outubro de 1962, se tornou o primeiro papa a usar a estrada de ferro do Vaticano durante a sua peregrinação de Loreto a Assis, uma semana antes do início do Concílio Vaticano II, com o comboio presidencial italiano, o percurso foi ao ar na Rede Eurovisão. O Papa Pio IX havia sido tanto o último papa a visitar Loreto (como o executivo dos Estados Pontifícios) e o último papa a viajar de trem.[4] João XXIII também providenciou os restos mortais do Papa Pio X a serem transferido para Veneza utilizando o transporte ferroviário do Vaticano.[6]

O Papa João Paulo II usou a estrada de ferro, algumas vezes para propósitos simbólicos, logo em 8 de novembro de 1979, mas não fez uso da ferrovia para deixar Roma até 24 de janeiro de 2002.[6]

Galeria[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b Korn, Frank J. 2000. A Catholic's Guide to Rome: Discovering the Soul of the Eternal City. Paulist Press. ISBN 0-8091-3926-X. p. 49.
  2. Walsh, Michael J. 2005. Roman Catholicism: The Basics. Routledge. ISBN 0-415-26380-8. p. 95.
  3. Garwood, Duncan. 2006. Rome. Lonely Planet. ISBN 1-74059-710-9. p. 141.
  4. a b c Prusak, Bernard P. 2004. The Church Unfinished: Ecclesiology Through the Centuries. Paulist Press. ISBN 0-8091-4286-4. p. 271.
  5. Alberigo, Giuseppe, and Komonchak, Joseph A. 2003. History of Vatican II. Peeters Publishers. ISBN 90-6831-724-5. p. 76.
  6. a b c d e Holy See Press Office. 28 de janeiro de 2001. Trans. Glyn Williams. "The Vatican City State Railway."
  7. Reese, Thomas J. 1996. Inside the Vatican: The Politics and Organization of the Catholic Church. Harvard University Press. ISBN 0-674-93261-7. p. 203.
  8. Anon. 1934. The Vatican Railway[ligação inativa]. Railway Magazine. 75 (449: Nov.), p. 352 & 369.
  9. (em italiano) Infos about the building on www.vatican.va
  10. Infos about the station on www.vatican.va (em italiano)
  11. Chadwick, Owen. 1988. Britain and the Vatican During the Second World War. Cambridge University Press. ISBN 0-521-36825-1. p. 285.
  12. (em italiano) Infos about the traffic on www.vatican.va

Ligações externas[editar | editar código-fonte]