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Usuário(a):Liana Pérola Schipper/Testes

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Isa Aderne Vieira (Cajazeiras, PB, 13 de março de 1923) é artista plástica, dedicada especialmente à xilogravura, ilustradora, cenógrafa, capista de livros e CDs, restauradora e professora.[1]

Vida e obra[editar | editar código-fonte]

Filha de um engenheiro, Silvio Aderne, chefe de obras do Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (DNOCS), Isa viveu a infância entre Paraíba, Ceará e Rio de Janeiro, e teve contato com a linguagem do cordel. Na adolescência, morou também no Paraná, onde fez curso de enfermagem com vistas a servir de voluntária na Segunda Guerra Mundial, mas não chegou a praticar.[2]

Desde cedo, desenhava à lápis nas várias escolas que frequentou, e teve aulas de pré-vestibular com a artista Renina Katz para conseguir entrar para a Escola Nacional de Belas Artes (Enba), RJ, no curso de Pintura, em 1947, que não concluiu. Morou em Cabo Frio e Arraial do Cabo, onde conheceu Pancetti e suas marinhas, mas não pôde ter aulas com ele, que estava tuberculoso. Chegou a vender algumas pinturas nesta época.[3]

Isa casou-se em 1949, com o também engenheiro civil de grandes obras Luiz Antonio Jordão Vieira, e teve cinco filhos antes de voltar a estudar na Belas Artes. Lá, se por um lado teve atritos com a linha academicista da escola, por outro, se encantou com o trabalho e a metodologia do gravurista Oswaldo Goeldi. Após a morte do mestre, em 1961, se inscreve no curso de gravura de Adir Botelho, expõe pela primeira vez, no X Salão Nacional de Arte Moderna, neste mesmo ano, e se diploma três anos depois, tendo sido aluna também de Mario Barata, Abelardo Zaluar e Edson Motta. Imediatamente, começou a dar aulas na Escolinha de Arte do Brasil de 1968, onde aplicou sua tese de que as exigências técnicas do professor devem ser aliadas à liberdade de expressão dos alunos. Foi neste período que as lembranças do Nordeste e as cenas familiares povoaram seu trabalho particular. [2] Culminando este ciclo, expôs na IX Bienal de São Paulo, em 1967.[4]

Em 1968, realiza sua primeira individual, no Museu da República, RJ, o que lhe rendeu um convite do embaixador brasileiro no Uruguai, Donatello Grieco, para expor em Montevideo, e abrir uma oficina oficial na cidade de Salto, próxima à fronteira do Brasil com a Argentina, considerada zona de segurança nacional. É desta época seu envolvimento com temas políticos de viés libertário. Na volta, trabalha no Museu Histórico Nacional, desenvolvendo técnicas de restauração.[2]

Isa lecionou também no Ateliê Vivo, da Fundação Bienal de São Paulo, em 1974; na Oficina de Gravura do Ingá, Niterói, RJ, de 1978 a 1995; na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), como Professor Agregado, de 1984 a 1988; e na Oficina de Gravura do SESC Tijuca, de 1995 a 1996.[4]

Viveu em Salvador por dois períodos, entre as décadas e de 1980. Primeiro, atuou junto ao grupo da favela Nordeste de Amaralina, onde criou o curso de gravura do Nuclearte, da Secretaria Municipal de Educação, que atendia crianças da comunidade, escolarizadas ou não. Depois, foi designada para uma biblioteca, e ali realizava projetos de apoio, como peças de teatro em que utilizava sua gravura para criar convites e programas, e cursos variados.[5]

Irmã da atriz Silvia Aderne, uma das fundadoras do Grupo Hombu, de teatro infanto-juvenil, Isa criou cenários, adereços, cartazes e capas de programas para vários de seus espetáculos, e recebeu, junto com todo o grupo, o Prêmio Coca-Cola de Melhor Cenografia pela peça “Fala, Palhaço”, em 1990.[6]

Ainda na década de 1990, criou as capas da coleção “Passagens Bíblicas”, um projeto de seu sobrinho Pierre Aderne que, com 24 CDs do locutor Cid Moreira lendo histórias da Bíblia, encartados no Jornal O Dia e vendidos em bancas, atingiu a marca de 14 milhões de cópias vendidas.[7]

Em novembro de 2001, o Instituto de Estudos Brasileiros (IEB), da USP, realizou uma grande retrospectiva da obra de Isa Aderne: “Isa Aderne: Xilogravura 1962-2001.[8] Na ocasião, foi lançado o álbum “18 Xilogravuras”, com impressões originais da artista. Ainda em 2001, foi publicado o livro “Isa Aderne”, da coleção Entrevista de Artista (Editora Ateliê Editorial), com texto editado pela especialista em gravura brasileira, Mayra Laudanna.[2]

Referências

  1. «Verbete a Enciclopédia Itau Cultural». Itau Cultural. Consultado em 10 de março de 2017 
  2. a b c d LAUDANNA, Mayra (2001). Isa Aderne. Rio de Janeiro: Ateliê Editorial (Coleção Entrevista de Artista). pp. 53 páginas 
  3. FERREIRA, Heloísa Pires (org.) (1996). Gravura Brasileira Hoje: Depoimentos. Rio de Janeiro: SESC Tijuca. pp. pp. 35–39 
  4. a b FERREIRA (Org.), Heloísa Pires (1996). Gravura Brasileira Hoje: Depoimentos. Rio de Janeiro: Oficina de Gravura SESC Tijuca. pp. pág. 178 
  5. FERREIRA, Heloísa Pires (Org.) (1996). Gravura Brasileira Hoje: Depoimentos. Rio de Janeiro: Oficina de Gravura SESC Tijuca. pp. pp. 119–123 
  6. «Prêmio Coca-Cola de Teatro Infantil 1990». Centro Brasileiro de Teatro Para a Infância e Juventude. Consultado em 10 de março de 2017 
  7. GUERRINI JR., Irineu (2010). Na trilha do disco: Relatos sobre a indústria fonográfica do Brasil. Rio de Janeiro: E-Papers 
  8. «Isa Aderne: Eventos». Enciclopédia Itaú Cultural. Consultado em 09 de março de 2017  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)