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Ese Eja

ese eja

Pronúncia:/eseʔexa/
Falado(a) em:  Bolívia
 Peru
Região: Margens dos rios Beni, Heath, Madidi, Madre de Dios e Tambopata
Total de falantes: ~2700 [1][2]
Família: Línguas Ameríndias
 Pano-tacanas
  Tacanas
   Ese Eja
Escrita: Alfabeto latino
Estatuto oficial
Língua oficial de:  Bolívia
Códigos de língua
ISO 639-1: --
ISO 639-2: ---
ISO 639-3: ese
Distribuição dos povos indígenas no território boliviano

O ese eja(ese ejja, ese'ejja, esse ejja, ese exa, esse exa) é uma das línguas indígenas faladas oficialmente no Estado Plurinacional da Bolívia[3] pelo povo Ese Eja, também conhecidos como ese ejjas, huarayos, guarayos, guacanahuas, tiatinaguas, echojas ou chamas. [4][5]

O ese eja faz parte da família das línguas tacanas do tronco pano-tacana e possui cerca de 2700 falantes, que vivem majoritariamente em comunidades nas beiras dos rios Beni, Heath, Madidi, Madre de Dios e Tambopata, sendo a única língua tacana falada no território peruano.[4][6]

A vitalidade do ese eja depende da variação geográfica: o dialeto palmarrealino ou beniano apresenta-se estável enquanto que a variação baawaja ou tambopatina se encontra em sério risco de extinção e atual processo de revitalização.[7] De modo geral, de acordo com a UNESCO, a língua apresenta-se em ameaça de extinção[8], ainda que o ensino dessa língua às crianças esteja bem preservado em algumas comunidades na Bolívia.[9]

Etimologia[editar | editar código-fonte]

Ese eja, na língua nativa, tem o significado de "gente", "gente nossa" ou "gente verdadeira".[4] Variações ortográficas como "ese ejja" e "esse ejja" são atribuídas a esse povo na Bolívia.

As denominações guarayos e huarayos, que significam "selvagem" ou "ignorante"[10], eram dados pela população mestiça para expressar desdém a quaisquer povos indígenas. Esses nomes também eram usados para se referir a certas populações falantes de línguas tupi-guarani que residiam no território do Paraguai e da Bolívia, então por muito tempo o ese eja foi classificado como pertencendo a essa família.[11][12][13]

Distribuição[editar | editar código-fonte]

Distribuição geográfica[editar | editar código-fonte]

O povo ese eja que habita no Peru se concentra em 3 assentamentos, Palma Real, Sonene e Infierno, localizados nos rios Ena'ai(Madre de Dios), Sonene(Heath) e Baawaja(Tambopata), respectivamente. Para indicar de qual região alguém é proveniente, usa-se o sufixo -kuiñaji após o nome do rio.[14]

No território boliviano, eles se encontram, principalmente, nas aldeias Portochuelo Alto e Portochuelo Bajo, perto da cidade de Riberalta, e na Eyiyoquibo.[14]

Línguas relacionadas[editar | editar código-fonte]

O ese eja pertence à família tacana, que é composto também pelas línguas tacana [en], araona [en] e cavineña [en] [15]. A tabela a seguir mostra a comparação de algumas palavras nas 4 línguas tacanas, bem como a reconstrução do suposto Proto-pano[16]:

glosa Ese Eja Araona Cavineña Tacana Proto-Pano
fígado e-kakʷa tákʷa e-takʷa e-takʷa *takʷa
língua ej-ana e-ána j-ana j-ana *hana
sangue ami ami ami *himi
você mi-a mi mi- mi *mi
mão e-me e-me e-me-tuku e-me *mɨ-
Terra meʃi mezizo metʃi ‘solo’ med’i *mai
carne e-jami e-ami e-rami j-ami ‘músculo’ *rami
pedra mahana makana *maka
osso e-sá e-tsoa e-tsau e-tsau *ʂao
unha da mão e-me-kiʃe Ø-mé-tezi e-me-tid’i *mɨ̃-tsis
gordo e-sei e-tsei e-tseri e-tsei *ʂɨ[n]i
dente e-sé e-tse e-tse e-tse *ʂɨta

Dialetos[editar | editar código-fonte]

O povo ese eja possui 2 dialetos principais, baawaja e o palmarrealino (além do dialeto madidi, considerado muito próximo ao palmarrealino), que diferem fundamentalmente a nível fonético.[13]

Baawaja[editar | editar código-fonte]

Também conhecido como Tambopatino, esse dialeto é falado somente pelos habitantes da comunidade de Infierno e recebe o nome do rio onde vivem. Usa os fonemas /t/ e /ts/ no lugar de /k/ e /t/ usados no dialeto sonene, respectivamente, por exemplo.[17]

Palmarrealino[editar | editar código-fonte]

O dialeto palmarrealino, beniano ou sonene é falado pelas comunidades que vivem às margens dos rios Madre de Dios(Palma Real), Heath(Sonene) e Beni, além da comunidade boliviana de Portachuelo Alto. É falada pela maioria da população peruana. [17][18]

Madidi[editar | editar código-fonte]

Esse dialeto é falado pelas comunidades Portachuelo Bajo e Eyiyoquibo, além de outras menores no território boliviano. Se distingue do dialeto sonene por cerca de uma dúzia de diferenças fonéticas.[18]

Fonologia[editar | editar código-fonte]

Consoantes[editar | editar código-fonte]

A língua ese eja apresenta 17 consoantes que podem apresentar diferentes sons dependendo da sílaba, da palavra, do dialeto e do contexto.[19]

Ponto de articulação Labial Coronal Dorsal Radical (nenhum)
Modo de articulação Bilabial Labio‐
dental
Dental Alveolar Pós‐
alveolar
Retroflexa Palatal Velar Uvular Faringal Epiglotal Glotal
Nasal m n ɲ  
Oclusiva p t k q   ʔ  
Fricativa s ʃ x χ h ɦ
Aproximante j      
Vibrante        
Aproximante lateral      
Coarticuladas
w Aproximante velar labializada sonora
ɕ Fricativa alveolar palatalizada surda
Africadas
africada pós-alveolar surda
ts africada alveolar surda

Aspiração[editar | editar código-fonte]

Pré-nasalização[editar | editar código-fonte]

Palatalização[editar | editar código-fonte]

Vogais[editar | editar código-fonte]

O ese eja conta com apenas 4 vogais isoladas e 3 ditongos:

Anterior Central Posterior
Fechada i
Média e o
Aberta a

As vogais tendem a ser[20]:

  • mais longas e abertas quando tônicas
  • laringealizadas ou nasalizadas quando precedem ou seguem uma fricativa glotal, pausa glotal ou implosiva. A laringealização é mais comum em falantes homens.
  • desvozeadas quando está no final da palavra.

Ortografia[editar | editar código-fonte]

O ese eja usa do alfabeto latino modificado, com 17 consoantes e 4 vogais. As letras desse alfabeto e suas pronúncias são mostradas na tabela abaixo:[19]

Ortografia do ese eja
Letra Pronúncia (IPA) Letra Pronúncia (IPA) Letra Pronúncia (IPA)
a /a/ j /h/ p /p/
/ɦ/
b /ɓ/ k /k/ s /s/
/q/
ch /ts/ kw /kw/ sh /ʃ/
// /gw/ /ʃʲ/
d /ɗ/ m /m/ t /t/
/ᵐb/
' /ʔ/ n /n/ w /w/
/ⁿd/
e /e/ ñ /ɲ/ x /x/
/χ/
/ɕ/
i /i/ o /o/ y /j/

Gramática[editar | editar código-fonte]

Pronomes[editar | editar código-fonte]

Pessoais[editar | editar código-fonte]

Os pronomes pessoais do ese eja são divididos em pessoa, número, conjuntos e casos(absolutivo, ergativo, genitivo, locativo, alativo(em relação a humano) e comitativo). Além disso, podemos encontrar os pronomes tanto como palavras isoladas quanto vinculados à outras palavras na oração.

Pessoa e Número[editar | editar código-fonte]

As tabela a seguir mostram as raízes dos pronomes quanto à pessoa e número:[21]

Pessoa Raiz
e/i/mo
mi
o
Número Raiz
Singular Ø
Inclusivo se
Exclusivo kwana
mikyana
Coletivo/Indefinido na

A primeira pessoa do singular apresenta 3 alomorfes: "e-" é o mais frequente e é usado como base para as 2 formas do plural da primeira pessoa. As duas outras formas "=i" e "=mo" pertencem aos conjuntos C e D, que serão discutidos mais abaixo, e têm uso e distribuições sintáticas muito específicas. É interessante notar que as formas plurais inclusiva e exclusiva diferem bastante com respeito à maioria das línguas(Inclusividade). O inclusivo no ese eja serve para se referir ao povo Ese Eja como um todo.[21]

A raiz da segunda pessoa não apresenta alomorfes. O plural é extremamente raro e só apresenta 2 ocorrências, uma em sua forma ergativa e outra na absolutiva.[21]

A terceira pessoa apresenta apenas uma forma plural que não é demarcada por número: oya, que está no absolutivo. O pronome indefinido ona é usado somente para plural. Normalmente é utilizado para se referir a um grupo de pessoas. Também se nota sua ocorrência para quando não se pode, ou não de deseja, revelar a identidade de um grupo de pessoas.[21]

Conjuntos[editar | editar código-fonte]

Existem quatro conjuntos de pronomes no ese eja. Os dois primeiros, conjuntos A e B, mostram morfologias sobrepostas e apresentam distribuição complementar. Os conjuntos C e D ocorrem somente em orações principais e seu uso parece ser altamente dependente.

As diferenças entre os conjuntos A e B incluem:

  • Os pronomes em A são independentes(apresentam palavras próprias) e apresentam sílaba tônica própria, enquanto os em B são ligados a outra palavra e compartilham sua tônica com esta.
  • Os pronomes em A apresentam uma sílaba "ya" adicional, o que nunca ocorre em B.
  • Pronomes absolutivos e ergativos do conjunto A aparecem em orações principais, enquanto os de B aparecem em orações subordinadas.
  • Pronomes genitivos do conjunto A apresentam frase nominal [en] própria e os mesmos do conjunto B se encontram dentro da frase.

Para os casos locativo, alativo e comitativo, não há distinção para os conjuntos A e B, a não ser pela forma independente que o A apresenta.[22]

O conjunto C possui pouquíssimos pronomes, sendo a maioria deles para o caso absolutivo e apenas 1 para o caso ergativo. O conjunto D é composto por apenas um pronome no ergativo.

Além disso, os conjuntos C e D são compostos por pronomes enclíticos que só foram atestados em orações principais.[23]

Casos[editar | editar código-fonte]

Há apenas 6 casos nos pronomes de ese eja, os quais são todos representados na mesma palavra do nome.

Casos Raiz
Absolutivo Ø
Ergativo =ya/=wa
Genitivo =ja/=kwe/=kye
Locativo =jo
Alativo =ke
Comitativo =nixe

É importante citar que o caso ergativo (=a em substantivos), recebe uma inserção de uma semivogal, sendo ela "y"(j) para as 1ª e 2ª pessoas e "w"(w) para a 3ª pessoa.[24]'

O caso genitivo também sofre variações para diferentes pessoas, sendo =kwe para a 1ª pessoa, =kye para a 2ª e =ja para a 3ª.[24]

Demonstrativos[editar | editar código-fonte]

Existem apenas 2 pronomes demonstrativos na língua ese eja: jikyo e ma. O primeiro é usado quando se refere a coisas que podem ser vistas ou apontadas, enquanto o segundo é usado para coisas que não são visíveis.[25]

Substantivos[editar | editar código-fonte]

O ese eja possui 3 subclasses que substantivos, as quais serão detalhadas a seguir.[26]

  • Substantivos "e-" são comuns às línguas tacanas e composto por cerca de 100 de nomes, sempre iniciados pelo prefixo "e-". Essa subclasse pode ser organizada em 6 domínios semanticamente identificáveis, sendo eles partes do corpo externas, partes do corpo internas, partes de plantas, paisagens ou elementos naturais, orientações espaciais e parentescos, além de uma dúzia de palavras variadas.[27]
  • Substantivos de parentesco "e-…-mese" consiste numa classe pequena, composta por apenas 8 nomes que indicam relações familiares, sendo 1 palavra para "pai", 2 palavras para "irmã", sendo o falante uma mulher, e 1 para falantes masculinos e 3 palavras para "irmão" para falantes masculinos e 1 para falantes femininos. É interessante notar que essas palavras também são utilizadas para descrever relações entre primos: o filho do irmão(homem) de seu pai ganha a mesma nomenclatura que seu irmão, por exemplo, não havendo isso para os substantivos de parentesco das outras subclasses.[28]
  • Substantivos independentes contém todos os substantivos que não se encaixam em nenhuma das duas subclasses, podendo ainda ter termos que se encaixam nas outras. As palavras que foram herdadas do espanhol estão nessa subclasse. Representa a maior subclasse das três.[29]

Adjetivos[editar | editar código-fonte]

Os adjetivos em ese eja se dividem em 2 classes:

  • Adjetivos atributivos: São adjetivos que desempenham funções exclusivamente atributivas. São localizados diretamente adjacente ao nome que caracterizam. São raramente usados, com exceção de alguns adjetivos de tamanho e idade.[30]
  • Adjetivos predicativos: Representam os adjetivos mais frequentes em ese eja. Possuem várias funções predicativas, além de usos adverbiais. São divididos em 3 subclasses: adjetivos kya, adjetivos básicos e adjetivos derivados.[31]

Verbos[editar | editar código-fonte]

Existem dois tipos de verbos no ese eja: os flexionáveis e os não flexionáveis.

Verbos flexionáveis[editar | editar código-fonte]

Esse grupo consiste em verbos que podem ser formados por 13 morfemas detalhados na tabela[32]:

Slot Morfema
-3 Tempo/Modo
-2 (Valência)
-1 (Nome incorporado [en])
0 raiz
+1 (Aktionsart [en])
+2 (Valência)
+3 (Aktionsart [en])
+4 Indexação
+5 (Movimento associado [en])
+6 Tempo/Modo
+7 (Aspecto)
+8 (Aspecto)
+9 Tempo/Modo

Os slots negativos, localizados à esquerda da raiz, indicam prefixos enquanto os slots positivos são os sufixos a direita do radical. Os 5 morfemas fora de parênteses são obrigatórios para a formação de um verbo independente em uma oração principal, enquanto que os que estão entre parênteses são opcionais no sentido de que conseguem ser percebidos de acordo com o resto da oração e do contexto. O número máximo de slots preenchidos ao mesmo tempo é 7.

Marcadores de tempo e modo[editar | editar código-fonte]

As conjugações de tempo e modo envolvem 17 marcadores, sendo 11 sufixos, 2 sufixos com um elemento independente ou clítico, 2 sufixos descontínuos e 2 circunfixos.[33]

Tempo Presente -ani/
-aña
-(e)ki
-jaa
-ba'e
Passado -(a)naje
Passado remoto -a=pwa
Futuro -je
Modo Potencial(1) -me
Potencial(2) -kyae
Obrigação externa -ka…-xi
Obrigação externa (negativo) -ka...-'axa
(Comandos) Imperativo -kwe
Imperativo(2) -'axa
Imperativo(negativo) a'a …-xi
Jussivo ka-…-awa
Hortativo e-…-ki
Apreensivo -chana

Os marcadores de tempo e modo são mutualmente exclusivos, isto é, o uso de um deles impede o uso de qualquer outro.

Todos os marcadores têm um elemento que aparece no slot +9, com exceção do sufixos indicativos de futuro -je e imperativo(2) -'axa.[33] Além disso, o aspecto não é obrigatoriamente marcado e consegue ser percebido em algum desse 3 slots.

As 4 formas para o tempo presente se diferenciam pelos aspectos que elas exprimem, uma vez que os 4 são verbos de postura[34]:

(Inserir frases aqui)

A forma remota do passado é usada para descrever eventos mais antigos(normalmente que ocorrem há mais de um ano) ou eventos que tiveram uma conclusão no passado. Se o evento tem certa relação com o presente, se opta pela forma -(a)naje, independente da idade. Passado remoto também é usado para descrever um evento cronologicamente antecedente a outro no mesmo período.[35]

(Inserir frases aqui)

A forma futura -je serve também para descrever cenários prováveis. Em orações subordinadas adjetivas, -je pode se referir a eventos irreais. Essa forma também é encontrado como sendo o complemento de verbos que indicam percepção.[36]

(Mais frases)

A forma -me se refere a possibilidade hipotética ou capacidade(é similar ao verbo poder). A forma -kyae é semelhante, com a única de diferença é que ela é usada em situações passadas. Essas formas são bem menos frequentes que outros morfemas. Marcadores do modo potencial geralmente aparecem em orações principais, induzindo uma oração subordinada condicional.[37]

(Mds é muita frase)

O modo referente à obrigação externa é serve para dizer recomendações do que se deve, e não se deve fazer(negativa). São análogas às expressões "Se deve ..." e "Não se deve ...".[38]

(Mais frases ;-;)

O imperativo é usado para expressar ordens, avisos e pedidos diretamente a outra pessoa.

O circunfixo jussivo "ka-...-awa" é raro. É normalmente significa um comando ou um desejo direcionado para uma terceira pessoa realizar a ação[39]

(Farase)

O hortativo exprime a ideia da primeira pessoa do plural do imperativo. É similar ao "Let's go" do inglês ou até mesmo o "Vamos..." do português.[40]

(AAAAAAAAAAAAAAA)

O uso do modo apreensivo se limita a situações específicas, sendo muito infrequente no ese eja. É usado para eventos altamente prováveis e altamente indesejados pelo falante. Serve tanto para alertar alguém de que um evento perigoso ou indesejado irá acontecer quanto para convidar o ouvinte a evitar essa situação indesejada. [41]

(kajsnladsaksdjn)

Marcadores de aspectos[editar | editar código-fonte]

Sentença[editar | editar código-fonte]

A ordem dos componentes nas orações em ese eja é livre no que diz respeito ao fato do verbo e dos outros componentes aparecerem em qualquer ordem na frase, sem quaisquer necessidade de marcadores. Todavia, é verificado que a ordem mais natural é com o verbo ao final da frase. Vários argumentos colaboram com a ideia do verbo no final da frase:[42]

  • sufixos são muito mais frequentes que prefixos na língua.
  • a presença de posposições e a ausência preposições.
  • em composições, o nome principal segue o nome modificador.
  • em relações genitivas, o nome principal segue o genitivo modificador.
  • em orações subordinadas, o verbo exclusivamente vai no final dela.

Alinhamento morfossintático[editar | editar código-fonte]

O ese eja é considerado uma língua ergativa(ou ergativa-absolutiva) visto que o sujeito de verbos intransitivos e o objeto direto são indicados da mesma forma, enquanto que o sujeito de um verbo transitivo é marcado diferentemente. O modo absolutivo é marcado com a simples ausência do clítico, enquanto que no caso ergativo é adicionado o sufixo "-a", ou "ya" e "wa", caso o nome seja um pronome.[43]

Vocabulário[editar | editar código-fonte]

Declaração Universal dos direitos humanos[editar | editar código-fonte]

Como uma das línguas oficiais da Bolívia, o ese eja possui uma versão própria no que diz respeito à Declaração Universal dos direitos humanos. Segue o Artigo 2°:

janahiequiani eseya quiapame ebaejji oyajayojjaya esyajeme eponacuanaya yojjaya eeme cuijjicuana jayojjayapia ai jeme ojjaña cuijji quiaquepepia ai quia ahuo pia ai eyaejja jea ojjequijo jjashahuabaquinai quiapame joposo achejajji acuaemi pueyani so, o achemeshijo ba, eso.o
Achajja mimime acuemi esejja so, o miya niniaani eseejja e sohuijoya piajajjipia mimime eseyajayojja pojjeama eseyabejjo jjiya jjemo seya escuela cuana same esesohyuhuuohuijji iyaame.

Bem como sua versão em português:

Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades proclamados na presente Declaração, sem distinção alguma, nomeadamente de raça, de cor, de sexo, de língua, de religião, de opinião política ou outra, de origem nacional ou social, de fortuna, de nascimento ou de qualquer outra situação. Além disso, não será feita nenhuma distinção fundada no estatuto político, jurídico ou internacional do país ou do território da naturalidade da pessoa, seja esse país ou território independente, sob tutela, autônomo ou sujeito a alguma limitação de soberania.

Não sei[editar | editar código-fonte]

O texto seguir mostra uma conversa que Soo'ay teve ao telefone com sua primeira filha Sara, que agora vive no Peru com seu marido e filho.

Ese eja Português
Eya poki-naje radio=asixe mimi-a ekwe=bakwase=nixe Sara=nixe. Eu fui até o telefone para falar com minha filha, com Sara
Oya mimi-naje oya kya-pame ani oja=ano=jo; ekwe=ya e-bakwase Sara. Ela disse que ela está bem na casa de sua grandma's/mother-in-law, minha filha Sara.
Ekweya osekwa=pi'ai, se-naje, jama=ya oya mimi-naje Sara. And my grandson, he teethed, Sara said so.
SOO'AY: “Ae baxani aekwa Pao? SOO'AY:"De novo, qual é o nome dele, Pablo?"
PABLO: - Jackson.” PABLO: - Jackson.”
Jackson. Oya exawi eshe ixya po ba'e, Jackson; oja=nae=ja bishami ba'e, jama=ya mimi-naje radio=jo Sara. "Jackson. Ele está comendo uma banana crua agora, nos braços de sua mãe", foi o que Sara disse no telefone.
Kya-pame oya ani oja=awe=pi'ai cocina=jo kwakwa-kwakwa ani. Ela vive bem, o seu marido cozinha na cozinha
Jama=ya oya mimi-naje oja=awe kwakwa-kwakwa ani. Ela disse que seu marido cozinhava
Kya-biwi=pi'ai oya oja=ano=nixe ani; oja=awe=ja familia=pi'ai=nixe. Ela vive feliz com sua gradma's/mother-in-law, junto com a família de seu marido também.
Ekwana kya-biwi xeya, ekwe=ya e-bakwase mimia=jo, ekwana kya-biwi Agora nós estamos contentes que falamos com a minha filha, estamos contentes
Oya kya-pame ani oja=ano=jo. Ele está feliz com sua grandma / mother-in-law.
Jama=ya oya mimi-naje. Sara said so.
Jamaxe ekwana xeya kya-biwi ani, o=jo. É por isso que estamos contentes, (contentes) por ela.

Menções[editar | editar código-fonte]

O ese eja já foi tema de uma questão da Olímpiada Brasileira de Linguística(OBL) no ano de 2022, onde a questão 24 da primeira fase da olímpiada exibia 7 orações em ese eja, bem como suas traduções para o português, e exigia a tradução de outras 2 orações, em português, para o idioma.

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. «Censo de Población y Vivienda 2012 Bolivia Características de la Población». Instituto Nacional de Estadística, República de Bolivia. p. 29. Consultado em 12 de março de 2024 
  2. «Tomo I: Directorio de Comunidades Nativas y Campesinas» (PDF). Instituto Nacional de Estadística e Informática. Dezembro de 2018. p. 135. Consultado em 12 de março de 2024 
  3. Vuillermet 2012, pp. 22-26.
  4. a b c Fabián Fernández & García Alamirano 2020, p. 229.
  5. Chavarría Mendoza 2023, p. 1.
  6. Vuillermet 2012, p. 37.
  7. Fabián Fernández & García Alamirano 2020, pp. 253-255.
  8. «Ese Ejja». UNESCO WAL (em inglês). Consultado em 12 de março de 2024 
  9. Vuillermet 2012, p. 1.
  10. Vuillermet 2012, p. 45.
  11. Fabián Fernández & García Alamirano 2020, pp. 231-233.
  12. Chavarría Mendoza 2010, pp. 77-78.
  13. a b Ministerio de Educación del Perú 2018, pp. 81-87.
  14. a b Chavarría Mendoza 2010, pp. 77-79.
  15. Huertas & García Alamirano 2003, p. 91.
  16. Nikulin, Andrey V. The classification of the languages of the South American Lowlands: State-of-the-art and challenges / Классификация языков востока Южной Америки. Illič-Svityč (Nostratic) Seminar / Ностратический семинар, October 17, 2019.
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  20. Vuillermet 2012, p. 171.
  21. a b c d Vuillermet 2012, pp. 341-345.
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  23. Vuillermet 2012, pp. 352-356.
  24. a b Vuillermet 2012, pp. 345-346.
  25. Vuillermet 2012, pp. 356-360.
  26. Vuillermet 2012, pp. 270-273.
  27. Vuillermet 2012, pp. 299-305.
  28. Vuillermet 2012, pp. 305-308.
  29. Vuillermet 2012, pp. 308-309.
  30. Vuillermet 2012, pp. 272-273.
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  34. Vuillermet 2012, pp. 450-454.
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  36. Vuillermet 2012, pp. 460-463.
  37. Vuillermet 2012, pp. 463-464.
  38. Vuillermet 2012, pp. 464-467.
  39. Vuillermet 2012, pp. 472-473.
  40. Vuillermet 2012, pp. 473-474.
  41. Vuillermet 2012, pp. 474-475.
  42. Vuillermet 2012, pp. 284-286.
  43. Vuillermet 2012, pp. 286-287.


Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Fabián Fernández, Liliana; García Alamirano, Alfredo (2020). Chavarría Mendoza, María Clotilde; Rummenhöller, Klaus; Moore, Thomas, eds. Madre de dios: refugio de pueblos originarios Primeira edição ed. Lima: USAID 
  • Huertas Castillo, Beatriz; García Altamirano, Alfredo, eds. (2003). Los Pueblos indígenas de Madre de Dios: historia, etnografía y coyuntura. Col: Documento. Copenhague: IWGIA 
  • Vuillermet, Marine (2012). A Grammar of Ese Ejja, a Takanan language of the Bolivian Amazon (Dissertação de Doutorado). Université Lumière Lyon 2