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A História da Fotografia remete à história da criação de imagens a partir de técnicas e ferramentas que possibilitam o controle da luz, a gravação nos materiais sensíveis à luminosidade através da lente e a maneira como tal imagem finalizada, seja pintura ou fotografia, altera e é alterada pelas realidades sociais em que são veiculadas.[1]

Apesar das câmeras fotográficas serem dispositivos recentes, desde a Antiguidade a humanidade procura formas de controlar a luz, como o relógio solar[2] e a câmera escura de Aristóteles[3] para auxílio na astronomia. Por se tratarem de intenções de controle do tempo e experimentos matemáticos e astrológicos, e se afastarem do objetivo de imprimir e expor imagem através de meio luminoso, não configuram como elementos de fotografia. Mesmo que tais experimentos tenham alterado aspectos das sociedades da antiguidade, são exemplos que devem estar presentes nos campos de estudo sobre o tempo, matemática e astronomia.

Um importante componente na história da fotografia é o sal de prata, material químico responsável pela sensibilidade dos materiais à exposição luminosa, permitindo a impressão das imagens captadas.[4] Foram realizados diferentes testes alquímicos através do sal de prata. O médico Johann Heinrich Schulze, no século XVIII, através de experimentos da exposição do nitrato de prata e papel carbono à luz solar, foi quem observou alterações de escurecimento do material, criando imagem por meio de exposição luminosa[5]. Posterior a tais testes e contemporâneo das discussões químicas em questão, o cientista Joseph Nicéphore Niépce, em seus experimentos do final do século XVIII e início do século XIX, consegue imprimir uma das primeiras fotografias duráveis[6]. Tais acontecimentos são relevantes para a fotografia no sentido da alquimia e evolução dos materiais, na maneira que suas descobertas contribuem para as questões e debates da química.

Processo químico[editar | editar código-fonte]

Por volta de 350 a.C., aproximadamente na época em que viveu Aristóteles na Grécia antiga, já se conhecia o fenômeno da produção de imagens pela passagem de luz através de um pequeno orifício. O físico e matemático Alhazen torno do século X, descreveu um método de observação dos eclipses solares através da utilização de uma câmara escura. A câmara escura na época, consistia de um quarto com um pequeno orifício aberto para o exterior.

Em 1525 já se conhecia o escurecimento dos sais de prata, no ano de 1604 o físico-químico italiano Ângelo Sala estudou o escurecimento de alguns compostos de prata pela exposição à luz do Sol. Até então, se conhecia o processo de escurecimento e de formação da imagens efêmeras sobre uma película dos referidos sais, porém havia o problema da interrupção do processo. Em 1725, Johann Henrich Schulze, professor de medicina na Universidade de Aldorf, na Alemanha, conseguiu uma projeção e uma imagem com uma duração de tempo maior, porém não conseguiu detectar o porquê do aumento do tempo. Continuando suas experiências, Schulze colocou à exposição da luz do sol um frasco contendo nitrato de prata, examinan\do-o algum tempo depois, percebeu que a parte da solução atingida pela luz solar tornou-se de coloração violeta escura. Notou também, que o restante da mistura continuava com a cor esbranquiçada original. Sacudindo a garrafa, observou o desaparecimento do violeta. Continuando, colocou papel carbono no frasco e o expôs ao sol, depois de certo tempo, ao remover os carbonos, observou delineados pelos sedimentos escurecidos padrões esbranquiçados, que eram as silhuetas em negativo das tiras opacas do papel. Schulze estava em dúvida se a alteração era devida à luz do sol, ou ao calor. Para confirmar se era pelo calor, refez a mesma experiência dentro de um forno, percebendo que não houve alteração. Concluiu então, que era a presença da luz que provocava a mudança. Continuando suas experiências, acabou por constatar que a luz de seu quarto era suficientemente forte para escurecer as silhuetas no mesmo tom dos sedimentos que as delineavam. O químico sueco Carl Wilhelm Scheele, em 1777, também comprovou o enegrecimento dos sais devida à ação da luz.

Thomas Wedgwood realizou no início do século XIX experimentos semelhantes. Colocou expostos à luz do sol algumas folhas de árvores e asas de insetos sobre papel e couro branco sensibilizados com prata. Conseguiu silhuetas em negativo e tentou de diversas maneiras torná-las permanentes. Porém, não tinha como interromper o processo, e a luz continuava a enegrecer as imagens.

Vista da janela em Le Gras, Joseph Nicéphore Niépce, 1827.

Schulze, Scheele, e Wedgewood descobriram o processo onde os átomos de prata possuem a propriedade de possibilitar a formação de compostos e cristais que reagem de forma delicada e controlável à energia das ondas de luz. Porém, o francês Joseph-Nicéphore Niépce o fisionotraço e a litografia. Em 1817, obteve imagens com cloreto de prata sobre papel. Em 1822, conseguiu fixar uma imagem pouco contrastada sobre uma placa metálica, utilizando nas partes claras betume-da-judéia, este fica insolúvel sob a ação da luz, e as sombras na base metálica. A primeira fotografia conseguida no mundo foi tirada no verão de 1826, da janela da casa de Niepce, encontra-se preservada até hoje. Esta descoberta se deu quando o francês pesquisava um método automático para copiar desenho e traço nas pedras de litografia. Ele sabia que alguns tipos de asfalto entre eles o betume da judéia endurecem quando expostos à luz. Para realizar seu experimento, dissolveu em óleo de lavanda o asfalto, cobrindo com esta mistura uma placa de peltre (liga de antimônio, estanho, cobre e chumbo). Colocou em cima da superfície preparada uma ilustração a traço banhada em óleo com a finalidade de ficar translúcida. Expôs ao sol este endureceu o asfalto em todas as áreas transparentes do desenho que permitiram à luz atingir a chapa, porém nas partes protegidas, o revestimento continuou solúvel. Niépce lavou a chapa com óleo de lavanda removendo o betume. Depois imergiu a chapa em ácido, este penetrou nas áreas em que o betume foi removido e as corroeu. Formando desta forma uma imagem que poderia ser usada para reprodução de outras cópias.

Niepce e Louis-Jacques Mandé Daguerre iniciaram suas pesquisas em 1829. Dez anos depois, foi lançado o processo chamado daguerreótipo. Este consistia numa placa de de ouro e prateada, exposta em vapores de iodo, desta maneira, formava uma camada de iodeto de prata sobre si. Quando numa câmara escura é exposta à luz, a placa era revelada em vapor de mercúrio aquecido, este aderia onde havia a incidência da luz mostrando as imagens. Estas, eram fixadas por uma solução de tiossulfato de sódio. O daguerreótipo não permitia cópias, apesar disso, o sistema de Daguerre se difundiu. Inicialmente muito longos, os tempos de exposição encurtaram devido às pesquisas de Friedrich Voigtländer e John F. Goddard em 1840, estes criaram lentes com abertura maior e ressensibilizavam a placa com bromo.

William Henry Fox Talbot lançou, em 1841, o calótipo, processo mais eficiente de fixar imagens. O papel impregnado de iodeto de prata era exposto à luz numa câmara escura, a imagem era revelada com ácido gálico e fixada com tiossulfato de sódio. Resultando num negativo, que era impregnado de óleo até tornar-se transparente. O positivo se fazia por contato com papel sensibilizado, processo utilizado até os dias de hoje. O calótipo foi a primeira fase na linha de desenvolvimento da fotografia moderna; o daguerreótipo conduziria à fotogravura, processo utilizado para reprodução de fotografias em revistas e jornais.

Frederick Scott Archer inventou em 1851 a emulsão de colódio úmida. Era uma solução de piroxilina em éter e álcool, adicionava um iodeto solúvel, com certa quantidade de brometo, e cobria uma placa de vidro com o preparado. Na câmara escura, o colódio iodizado, imerso em banho de prata, formava iodeto de prata com excesso de nitrato. Ainda úmida, a placa era exposta à luz na câmara, revelada por imersão em pirogalol com ácido acético e fixada com tiossulfato de sódio. Em 1864, o processo foi aperfeiçoado e passou-se a produzir uma emulsão seca de brometo de prata em colódio. Em 1871, Richard Leach Maddox fabricou as primeiras placas secas com gelatina em lugar de colódio. Em 1874, as emulsões passaram a ser lavadas em água corrente, para eliminar sais residuais e preservar as placas.

Antecedentes da fotografia[editar | editar código-fonte]

Casal Arnolfini, Jan van Eyck, 1434.
Moça com jarra de leite, Jan Vermeer, c. 1660.

De acordo com os estudos do artista visual David Hockney, desde o século XVII os pintores utilizavam lentes para a captura da luz através de material sensível. Para Hockney, tais artistas tinham a técnica do uso das ferramentas para a captura do esboço e silhuetas das obras. Sua tese analisa diversas pinturas dos Países Baixos. Através da análise de O Casal Arnolfini, de Retrato de Homem, e de diversas outras obras de Jan van Eyck, Hockney percebe - pelos minúsculos detalhes presentes nas obras - que os artistas da época utilizavam uma pequena lente para a captura de luz, auxiliando na pintura dos quadros.[7]

Johannes Vermeer também utilizava as técnicas de capturas ópticas para a elaboração de seus quadros. Hockney atenta não somente pelos pequenos detalhes, mas também para a composição e maneira de trabalhar a luz solar. O artista não possuía preferência pela luz diurna e pela localização da sua janela por puro capricho ou estilo artístico. Trata-se, pelo contrário, da orientação arquitetônica de seu ateliê para melhor proveito da luminosidade.

Mesmo que a fotografia, como técnica de modelar a luz através da pintura e também como elemento óptico de captura em material sensível, seja um elemento intermediário entre as etapas de criação da obra acabada, a evidência da análise é relevante na História da Fotografia pois, tal lente está inserida no contexto histórico dos Países Baixos do século XVII. Os artistas possuíam grande demanda de encomendas e que, portanto, foram necessários meios que aumentam as velocidades de elaboração de suas obras, alterando o caráter social das imagens, por conta de tal época, um quadro encomendado caracterizar como objeto de distinção social.

Modernidade[editar | editar código-fonte]

"Beatrice Cenci", por Julia Margaret Cameron

Através dos nitratos de prata expostos aos experimentos químicos de Niépce, a mancha produzida através de exposição do material à luz passa a ter melhor fixação no material de impressão. A nova invenção do cientista Louis Jacques Mandé Daguerre, o daguerreótipo, permitiu a elaboração de imagens mais nítidas e mais velozes[8]. Trata-se de um período em que, por conta da Revolução Industrial, a evolução tecnológica das máquinas a vapor diminuiu as distâncias espaciais e as barreiras naturais, ao mesmo tempo que ocorreu um aumento das produções industriais, atribuindo valores sociais frutos dos aspectos de movimentação e velocidade jamais antes vistos. Segundo Gilles Deleuze, as máquinas, antes dos significados técnicos, alteram valores sociais.[9]

A artista inglesa Julia Margaret Cameron, através dos daguerreótipos, captura rapidamente a imagem de diversas figuras da aristocracia e burguesia inglesa[10]. Por se tratar de uma prática cara, pelos altos valores das câmeras e do material fotográfico, a prática fotográfica instantânea limita-se nesse período aos ricos. Na França, Eugene Atget imprime as transformações urbanas de Paris, que apesar de serem capturas diretas, é considerado pelos seus contemporâneos como um artista surrealista[11]. A discussão entre nitidez e elementos pictóricos nas fotos já está em questão. Isso mostra que a qualidade de nitidez das câmeras fotográficas já não estava em dúvida no debate acerca da qualidade das fotografias.

Muitos fotógrafos da época possuíam em suas obras elementos próximos da pintura, como Alfred Stieglitz[12] e Edward Steichen[13]. Todos, através de suas obras, transitam entre o pictórico, próximo da pintura, e a clareza e objetividade, elementos na época associados à fotografia. A análise deve estar na questão da transição da arte surrealista para a centralidade da técnica de exposição nítida da fotografia. Mas tais mudanças não ocorreram abruptamente, como rompimentos, mas sim através de processos de comunicação que ao longo do tempo permitiram a tais artistas a alteração no caráter de suas obras.[14]

Segundo Sadakichi Hartmann, a fotografia deveria ser direta e romper com os elementos pictóricos presentes na arte do início do século XX. É a partir da modernidade que a discussão acerca da separação entre arte e fotografia se torna acirrada. Surgem novas formas de representar a realidade, como o fotojornalismo e a propaganda através da imagem. Posteriormente, o coletivo f/64, uma analogia com a abertura da câmera que permite maior nitidez, lançaria o manifesto em busca da clareza. [15]

Primeira Guerra Mundial[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Primeira Guerra Mundial
Tropas de Yorkshire marchando pela manhã, Ernest Brooks

Diante da Primeira Grande Guerra, um acontecimento de proporções destrutivas jamais visto na humanidade, a fotografia assume a função de documentar os fatos e registrar a dura realidade dos conflitos. Sendo grande maioria das imagens capturada pelos soldados das trincheiras[16], as fotos no período da Grande Guerra se distanciam das questões artísticas propostas pela modernidade, mas ainda mantinham elementos de pictórico e técnicas de composição da imagem, como podem ser conferidas nas capturas do fotógrafo britânico Ernest Brooks, que ao longo do seu serviço captou aproximadamente 4400 exposições.[17]

A fotografia acompanhou os acontecimentos da Guerra, e principalmente a mentalidade daqueles que dispunham da câmera, tornando corriqueiras as fotografias de prisioneiros, ou até mesmo mortos, exibidos como troféus de batalha.[18] Mas não apenas essa mentalidade acompanhava os fotógrafos soldados. Muitos, como pode se observar de acordo com a curadora do Museu de Belas Artes de Houston, Anne Wilkes Tucker, buscavam apenas retratar a realidade dos conflitos e principalmente o cotidiano.[19]

Os negativos tornaram-se mais práticos de serem revelados, impressos e transportados, e por se tratar de uma guerra total, a comunicação e informação se tornaram elementos importantes do esforço de vitória. Além do retrato dos diversos cotidianos entre os lados da guerra, surgiu a importância da prática fotográfica documental e informativa, como clareza e objetividade da realidade proporcionada pela evolução tecnológica das objetivas, e utilizados com fins ideológicos pelas imprensas das nações em disputa. A própria construção de câmeras procura solucionar os problemas de peso e logística impostos pelas dificuldades do campo de batalha. A Kodak, em uma de suas propagandas, prometia aos soldados a “pocket câmera”. O modelo Autographic era comercializado e propagandeado, segundo a lógica construída pela empresa, como “O melhor presente de despedida”.[20]

Revolução Russa[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Revolução Russa
Lênin em Petrogrado

Durante e após os acontecimentos da Primeira Grande Guerra, as nações participantes do conflito focaram sua política nas questões internas. A União Soviética, em processo de conflito entre grupos políticos distintos referentes às novas organizações de debates para as tomadas de decisões, oriundas das organizações trabalhistas industriais e outros diversos setores do operariado, teve as suas revoluções documentadas e retratadas pelas lentes das câmeras.[21]

Por se tratar de anos intensos de guerra civil e discussões políticas internas, as fotografias se tornaram importantes nos processos de construção de memória e difusão de ideologia política. Em diversas representações, pode-se observar alterações no negativo das imagens que retiram da imagem original figuras como Trotski e outros não pertinentes ao governo central de Stalin no Partido Comunista. Ocorre, portanto, o uso intencional das técnicas de alterações do negativo com propósitos políticos.[22]

Apesar da prática de alteração de negativos ser datada desde o surgimento da fotografia, com as montagens de Oscar Rejlander[23], é no momento de conflito das questões internas da URSS que tais práticas assumem um caráter de relevância política e constituição de memória da nação em construção. Trata-se de evidenciar o caráter intencional e público das alterações, a partir de um poder centralizado.

Segunda Guerra Mundial[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Segunda Guerra Mundial
Ataque ao USS Franklin; 19 de março de 1945

Se durante a Primeira Grande Guerra a fotografia foi utilizada como fonte de informação para imprensa ao mesmo tempo que propagação de ideologia dos Estados, na Segunda Guerra Mundial ela assume o mesmo caráter, porém de forma amplamente difundida e muito mais presente na realidade dos cidadãos. A História da Fotografia não se trata somente da tecnologia de captura, mas também da impressão, e consequentemente da maneira de enxergar da sociedade. Com a evolução da tipografia e das técnicas de impressão ao longo do período entre guerras, o esforço de veiculação das imagens do conflito passou a ser também, um esforço de guerra realizado pelos próprios civis, e não apenas através de fotógrafos oficiais do Estado.

Generais americanos Theodore Roosevelt Jr., Terry Allen e George Patton

Em sua autobiografia: "Ligeiramente Fora de Foco", Robert Capa narra os detalhes de suas jornadas de trabalho fotojornalísticas. Na obra, contamos com ricos detalhes da logística de envio dos negativos da Europa para os Estados Unidos, da organizações militares de comunicação.[24] Os periódicos são fundamentais no esforço de guerra, assim como a motivação dos fotojornalistas em campo, que muitas vezes, por já atuarem como repórteres antes dos eventos, não passaram pelo alistamento e foram conduzidos a um outro tipo de esforço. Ou até mesmo, por ambição, devido os altos valores pagos pelos jornais da época àqueles que se deslocavam até a Europa para fotografar o conflito.

Guerra Fria[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Guerra Fria
Negativo 110. Utilizado em câmeras muito pequenas

Após o conflito da Segunda Guerra Mundial, o mundo se dividiu em dois polos, o comunista e o capitalista.[25] Por conta das barreiras territoriais, que, além de espaciais, restringiam também a circulação da informação, a URSS e os Estados Unidos não possuíam material de informação interno um sobre o outro. O campo da espionagem, apesar de já constituído mesmo antes da polarização, passou a receber apoio da evolução tecnológica fotográfica incentivada pelo Estado. Não somente os dispositivos, mas também os negativos ficaram cada vez menores, rápidos e descartáveis.

A fotografia, ao longo das décadas da divisão do mundo, se expandiu nas formas de ver por todos os acontecimentos globais. Os embates de ruptura entre grupos políticos distintos, como ocorreram no Vietnã e nas Coreias, passaram a ser relatados pela prática do fotojornalismo de guerra. A fotografia urbana explodiu como resposta de interiorização das memórias e identidades nacionais. Artistas como Vivian Maier[26] e Daido Moriyama[27], respectivamente, retratam as ruas de São Francisco e de Tokyo segundo suas próprias subjetividades, mas como elemento da realidade em que vivem.

Há na História da Fotografia, entre os anos de 50 e 90, a consolidação da prática fotográfica como não somente registro dos fatos e das realidades, ou como maneira de se produzir surrealismo artístico, ou realidade urbana e transformações sociais, mas tudo isso em conjunto. Também aliada à prática de formação das subjetividades artísticas que não são mais colocadas em questão como na Idade Moderna. Os campos de discussões se ramificam em nichos de fotografia, e cada um constrói seus conceitos e regras de acordo com suas próprias práticas relativizadas.

Globalização[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Globalização
Olympus Trip35, exemplo de popularização das máquinas fotográficas na segunda metade do século XX.

Com a difusão das práticas fotográficas distintas ao longo de todo o período da Guerra Fria, associada ou não aos acontecimentos globais frutos da separação entre as duas grandes potências, após a queda da URSS em 1991, e com o advento da internet e dos meios de comunicação em massa, a fotografia, conservando todos os caráteres anteriores, passa a fazer parte da sociedade de consumo e se torna objeto de desejo. Mesmo que anteriormente, no renascimento, os quadros eram objetos de distinção social, e, na modernidade as fotografias da Cameron eram somente para os ricos, no período da globalização, fotografias capturadas retratando as realidades individuais, apesar da intenção de preservar a memória, se tornam banalizadas pela quantidade de estímulo e consumo de todas as direções.

A anulação das distâncias e dificuldades espaciais, aliadas da sociedade de consumo, cria uma enchente no mercado, de diferentes tecnologias de captura. Fabricantes como a Canon, Nikon, Fuji, Sony, e diversas outras marcas, competem no mercado através de minuciosos detalhes tecnológicos que, dentro dos diversos nichos de fotografia, fazem a diferença de acordo com cada tipo de captura e estilo de nicho. Há uma explosão dos estilos individuais, associado, em alguns casos aos movimentos de representação das minorias.

Apesar da globalização representar um mundo dividido entre globalizantes e globalizados, com a massiva influência da mídia de consumo, a difusão dos meios de comunicação em massa atinge, em certa medida, núcleos de grupos que, através da imagem, difundem suas disputas de representação. A fotografia de moda, em certos nichos, ao invés de difundir os ideais de beleza padronizado pela cultura norte-americana, busca a representatividade do corpo de acordo com a realidade que ele ocupa. As práticas de retrato do entretenimento, antes reservada apenas aos grandes espaços de shows, agora, com a difusão da tecnologia, consegue atingir pequenas casas e núcleos de entretenimento, exposição de arte, e centros performáticos.

Referências[editar | editar código-fonte]

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  2. Calil, Marcos Rogério. Analema de Vitruvius: dos relógios solares até o relógio de sol plano horizontal. 2008. 230 f. Dissertação (Mestrado em História da Ciência) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2008.
  3. Calaça, Mariana Capeletti. "Processos fotográficos: a (re) descoberta da fotografia." VI Simpósio Nacional de História Cultural: Escritas da História: Ver–Sentir–Narrar. Teresina: Universidade Federal do Piauí–UFPI (2012).
  4. Salles, Filipe. "Breve história da fotografia." São Paulo (2004).
  5. Piteri, Marco Antônio, and José Carlos Rodrigues. "Fundamentos de visão computacional." Presidente Prudente: FCT/UNESP-PP (2011).
  6. de Oliveira, Erivam Morais. "Da fotografia analógica à ascensão da fotografia digital." (2006).
  7. documentaryondemand (11 de julho de 2014), David Hockney e o Conhecimento Secreto - Documentário (2003), consultado em 26 de junho de 2017 
  8. Fabris, Annateresa. "A invenção da fotografia: repercussões sociais." Fotografia: usos e funções no século XIX. São Paulo: Edusp (1991): p.13.
  9. 1930-, Guattari, Félix, (2012). Mil platôs : capitalismo e esquizofrenia, vol. 4. [S.l.]: Ed. 34. ISBN 8573260505. OCLC 940012272 
  10. 1815-1879., Cameron, Julia Margaret,; Britain), National Portrait Gallery (Great; Television., National Museum of Photography, Film and; Museum., J. Paul Getty (2003). Julia Margaret Cameron : 19th century photographer of genius. [S.l.]: National Portrait Gallery. ISBN 9781855145061. OCLC 51068496 
  11. 1958-, Krase, Andreas,; 1948-, Adam, Hans-Christian, ([2008]). Eugène Atget, 1857-1927 : Paris. [S.l.]: Taschen. ISBN 9783836504713. OCLC 299070342 
  12. Innes., Homer, William (1977). Alfred Stieglitz and the American avant-garde. [S.l.]: Secker and Warburg. ISBN 9780436200823 
  13. 1879-1973., Steichen, Edward,; N.Y.), Metropolitan Museum of Art (New York, (1999). Edward Steichen : the early years. [S.l.]: Princeton University Press in association with the Metropolitan Museum of Art. ISBN 9780691048734. OCLC 41580429 
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