Usuário:Lucas S.C./Província da Dalmácia (Império Italiano)

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Governadorato da Dalmácia (em italiano: Governatorato di Dalmazia), foi um território dividido em três províncias italianas durante a época do Reino da Itália e do Império italiano, criado em abril de 1941 no início da II Guerra Mundial na Iugoslávia a partir da Província de Zara já existente, junto com o território ocupado na Iugoslávia anexado pela Itália, após a invasão da Iugoslávia pelo Eixo e a assinatura dos Tratados de Roma.[1]

Antecedentes[editar | editar código-fonte]

A Dalmácia era uma região estratégica durante a I Guerra Mundial, e tanto a Itália como a Sérvia pretenderam se aproveitar da Áustria-Hungria e obter controle sobre essa região. A Itália juntou-se aos Aliados da Tríplice Entente em 1915, após assinar o Pacto de Londres que garantia à Itália o direito de anexar uma grande parte da Dalmácia, em troca disso e outras concessões, a Itália entraria na Guerra ao lado dos Aliados. Por volta de 5-6 de novembro de 1918, as forças italianas relataram ter alcançado Vis, Lastovo, Šibenik e outras localidades na costa da Dalmácia.[2] Ao fim das hostilidades em novembro de 1918, os militares italianos tomaram controle de toda a parte da Dalmácia que havia sido garantida para a Itália pelo Pacto de Londres, e em 17 de novembro também tinham tomado Fiume.[3] Em 1918, o Almirante Enrico Milo se declarou Governador da Itália na Dalmácia. Famoso italiano nacionalista Gabriele d'Annunzio apoiou a tomada da Dalmácia e passou a ocupar algumas áreas em um navio de guerra italiano em dezembro de 1918.[4]

No entanto, apesar das garantias do Pacto de Londres à Itália de uma grande parte da Dalmácia e ocupação militar italiana de territórios reivindicados na Dalmácia, durante as negociações de 1919 a 1920, os Quatorze Pontos de Woodrow Wilson, que defendia a auto-determinação das nações tomou precedência, com a Itália só sendo permitida a anexação de Zadar da Dalmácia, enquanto o resto da Dalmácia se tornou parte da Iugoslávia. Isso enfureceu os nacionalistas italianos que consideraram isso como uma traição das promessas do Pacto de Londres.

Características[editar | editar código-fonte]

A Província da Dalmácia era composta de partes da costa da Iugoslávia que foi ocupada e anexada pela Itália a partir de abril de 1941 a setembro de 1943, juntamente com  a Província italiana da Zara na costa da Dalmácia, incluindo a ilha de Lagosta (Lastovo) e a ilha de Saseno, hoje na Albânia, totalizando cerca de 200 quilômetros quadrados que a Itália já possuía desde 1919. A cidade de Zara (Zadar), que possuía a maioria da população italiana da Dalmácia desde o início do século XX, onde se utilizava majoritariamente a língua italiana,[5] foi designada como sua capital.

A criação do Governadorato da Dalmácia cumpriu as exigências do irredentismo italiano, mas nem toda a Dalmácia foi anexada pela Itália, com o estado fantoche ítalo-alemão conhecido como Estado Independente da Croácia ocupando algumas partes. No entanto, o Exército Italiano mantinha de facto o controle sobre toda a Dalmácia.

O Reino da Itália dividiu o governadorato em três províncias italianas: Zara (Zadar), Spalato (Split) e Cattaro (Kotor), mas nunca criou oficialmente uma região italiana com o nome de "Dalmácia." Enquanto o governadorato não foi colocado como uma região da Itália, as ilhas ao norte da Dalmácia de Veglia (Krk) e Arbe (Rab) foram reunidas administrativamente à província italiana de Fiume (agora Rijeka) e tornaram-se áreas da Itália.

Em setembro de 1941, o ditador Benito Mussolini, ordenou a ocupação militar de toda a costa da Dalmácia, incluindo a cidade de Dubrovnik ("Ragusa") e ilhas, tais como Vis (Lissa) e Pag (Pago), que haviam sido dadas ao estado fantoche do Estado Independente da Croácia, de Ante Pavelić: Mussolini tentou anexar essas áreas ao governo da Dalmácia, mas foi temporariamente interrompido pela forte oposição de Pavelić, que reteve o controle nominal.[6]

A Itália Fascista, até mesmo ocupou Marindol e outras aldeias que anteriormente pertenciam ao Banovina da Croácia, Milić-Selo, Paunović-Selo, Žunić-Selo, Vukobrati, Vidnjevići e Vrhovci. Em 1942 estas aldeias foram anexadas ao Cernomegli (agora Črnomelj, na Eslovénia), que eram então parte da Província de Lubiana, mesmo que a sua população não fosse eslovena, mas croata.

O governo foi mantido até janeiro de 1943, por Giuseppe Bastianini, quando ele foi chamado para a Itália para participar do gabinete, a sua função como governador foi então exercido por Francesco Giunta.[7]

O Governadorato da Dalmácia foi cancelado administrativamente por Badoglio em 19 de agosto de 1943: sendo substituído pelo governo direto de 3 "Prefetti" governando as províncias da Zara, Spalato e Cattaro.

Território[editar | editar código-fonte]

Mapa detalhado das três províncias da Província da Dalmácia.

O Governadorato da Dalmácia consistia em três províncias: Zara (Zadar), Spalato (Split) e Cattaro (Kotor). A capital administrativa era Zara.

Após o outono de 1941, as ilhas da Dalmácia de Pag (Pago), Brač (Brazza) e Hvar (Lesina), parte do Estado Independente da Croácia, foram ocupadas pelo Exército Italiano, juntamente com uma área da Croácia que era afastada da costa de Sinj para o centro da Bósnia, perto de Sarajevo e Banja Luka. No entanto, estas áreas não foram formalmente anexadas à Província.[8]

Província Área (km2) População[9]
Zara 3,179 211,900
Spalato 1,075 128,400
Cattaro 547 39,800
Total 4,801 380,100

Depois que o Reino da Itália mudou de lado para os Aliados, em 1943, as forças alemãs assumiram o controle da área. Este território não foi dado para a República Social italiana fascista (que foi um estado fantoche da Alemanha), mas em vez disso completamente dissolvido e adicionado para ao Estado Independente da Croácia, outro estado fantoche alemão.

Mas Zara (e o território ao seu entorno, que formava a Provincia italiana di Zara original até 1941) permaneceu italiana (mesmo se estivesse sob controle nominal e proteção do Exército Alemão) até 1945. A cidade sofreu um terrível bombardeio em 1944: os Aliados documentaram 30 bombardeios, enquanto que fontes italianas contemporâneas reivindicam 54; mortes registradas variam de cerca de 1.000 pessoas até 4.000 dos 20.000 habitantes da cidade e 60% das construções da cidade foram totalmente destruídas.

Em 30 de outubro de 1944 a última autoridade italiana na Dalmácia, o prefeito de Zara Vincenzo Serrentino, deixou a cidade destruída com o restante dos italianos da Dalmácia (iniciando o êxodo juliano-dálmata).[10]

Governadores da Dalmácia[editar | editar código-fonte]

  • Giuseppe Bastianini (7 de Junho de 1941 – 14 de fevereiro de 1943)
  • Francesco Giunta (14 de fevereiro de 1943 – 19 de agosto de 1943)

Veja também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «Governatorato di Dalmazia» (em italiano) [ligação inativa] 
  2. Giuseppe Praga, Franco Luxardo.
  3. Paul O'Brien.
  4. A. Rossi.
  5. «Razvoj talijanskog nacionalizma u Dalmaciji» (PDF). Dijalog povjesničara - istoričara 6 (em Croatian)  !CS1 manut: Língua não reconhecida (link)
  6. Giorgio Bocca, Storia d'Italia nella guerra fascista 1940-1943. Mondadori editore. Milano, 2006
  7. Jozo Tomasevich, War and revolution in Yugoslavia, 1941-1945: occupation and collaboration, Stanford University Press, 2001, pp. 136–137
  8. Davide Rodogno. Fascism's European empire. Cambridge University Press, 2006 pp. 419–20.
  9. cfr.: Davide Rodogno Il nuovo ordine mediterraneo, ed. Bollati Boringhieri, Turin, 2003.
  10. «History of Zara bombing» (em italiano) [ligação inativa] 

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