Vagina dentata

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Representação artística de uma vagina dentata

A expressão vagina dentata, em latim, significa vagina com dentes. Várias culturas têm lendas populares sobre mulheres que possuem vaginas com dentes, contadas como histórias de moral, avisando dos perigos do sexo com mulheres desconhecidas.

Origem cultural[editar | editar código-fonte]

A vagina dentata aparece nos mitos de várias culturas. Erich Neumann relata um desses mitos no qual "Um peixe habita a vagina da Mãe Terrível; o herói é o homem que vencer a Mãe Terrível, quebrar os dentes da sua vagina, e então a tornar numa mulher."[1]

O mito expressa a ameaça que as relações sexuais com coito representam para os homens que, apesar de entrarem triunfantemente, saem sempre diminuídos.[2]

A vagina dentata provou ser um tema cativante para vários artistas e escritores, em particular entre obras surrealistas ou sobre psicanálise. Apesar do mito estar associado ao receio da castração, é geralmente, atribuída por engano a Sigmund Freud. Freud nunca mencionou o termo nos seus trabalhos sobre psicanálise, e este vai de encontro às suas próprias ideias sobre a castração. Para Freud, a vagina significa o medo da castração porque os jovens rapazes assumem que as mulheres outrora tiveram um pénis, que agora não possuem.[3] A vagina é, então, o resultado da castração, e não a sua causa.

Hinduísmo[editar | editar código-fonte]

No hinduísmo, o asura Andhaka, filho de Shiva e Parvati (mas não ciente disso), é morto por Shiva quando tenta forçá-lo a entregar Parvati. O filho de Andhaka, Adi, também um asura, toma a forma de Parvati para seduzir e matar Shiva com uma vagina dentada com a intenção de vingar a morte de Andhaka, mas ele também é morto por Shiva.[4]

Vagina dentata na cultura popular[editar | editar código-fonte]

Este mito tem sido popularizado recentemente por ser mencionado na sequência do mais conhecido romance de Neil Gaiman, "Deuses Americanos", e pelo filme de 2007 Teeth. O anime Wicked City e o romance de Carlos Fuentes Cristóvão Nonato introduzem personagens femininos com vagina dentata, tal como o romance de K.W. Jeter, Dr. Adder. O romance de Neal Stephenson Snow Crash apresenta um aparelho chamado Dentata, que é introduzido na vagina e previne as violações.[carece de fontes?]

Preservativo feminino antiviolação[editar | editar código-fonte]

Em 2005, a inventora Sonette Ehlers introduziu o Rapex, um preservativo feminino antiviolação que pode ser inserido no canal vaginal, tal como um diafragma. Este produto apresenta minúsculas farpas que atacam o pênis do violador, e que tem de ser cirurgicamente removido. Num artigo sobre o Rapex, Ehlers comentou que foi inspirada a inventar o aparelho depois de um encontro com uma vítima que lhe disse, "Se eu tivesse dentes aqui em baixo...".[5]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Neumann, Erich (1955). The Great Mother. Traduzido por Ralph Manheim. Princeton: Princeton University Press. 168 páginas 
  2. Ducat, Stephen J. (2004). The Wimp Factor. Boston: Beacon Press. pp. 115–149 
  3. Simon, B.; Blass, R.B. (1991). Cambridge Companion to Freud: The development and vicissitudes of Freud's ideas on the Oedipus Complex. Cambridge: Cambridge University Press. ISBN 9780521374248. doi:10.1017/CCOL0521374243.007 
  4. O'Flaherty, Wendy Doniger (1981). Śiva: The Erotic Ascetic. London & New York: Oxford University Press. p. 188. ISBN 0-19-520250-3. Consultado em 21 de abril de 2013 
  5. Dixon, Robyn (2005). «Controversy in South Africa over device to snare rapists». Consultado em 16 de março de 2006 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]