Voo Varig 837

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Voo Varig 837
Acidente aéreo
Voo Varig 837
Douglas DC-8 da Varig, prefixo PP-PDS, similar ao avião destruído.
Sumário
Data 5 de março de 1967
Causa Meteorologia adversa e erro humano
Local Libéria Monróvia
Origem Líbano Beirute
Escala Itália Roma,

Libéria Monróvia, Brasil Recife

Destino Brasil Rio de Janeiro
Passageiros 71
Tripulantes 19
Mortos 51+5 em terra
Feridos 39
Sobreviventes 39
Aeronave
Modelo Estados Unidos Douglas DC-8-33
Operador Brasil Varig
Prefixo PP-PEA
Primeiro voo 1959

O voo Varig 837 era uma linha aérea internacional da Varig e ligava Beirute ao Rio de Janeiro através de escalas em Roma, Monróvia e Recife. Em 5 de março de 1967, durante a aproximação para pouso no aeroporto Roberts, em Monróvia, o Douglas DC-8-33 prefixo PP-PEA, cairia nos arredores do aeroporto, matando 51 dos seus ocupantes além de 5 pessoas em terra.[1][2] Esse seria o pior acidente aéreo da história da Libéria até os dias atuais.[3]

Aeronave[editar | editar código-fonte]

No Brasil, a Panair seria a primeira companhia aérea a operar o DC-8, com quatro aeronaves, sendo 2 adquiridas novas e 2 recebidas da Pan Am. Após o fechamento da Panair do Brasil em 1965, os dois DC-8 restantes seriam repassados para a Varig pelo governo brasileiro. A Varig iria operar as aeronaves até 1975, quando seriam substituídas pelo Boeing 737-200 e McDonnell Douglas DC-10.[4]

A aeronave destruída havia sido fabricada em 1959, tendo recebido o número de construção 45253/5 e seria o primeiro DC-8 entregue pela Douglas a Pan Am, que encomendaria 20 aeronaves (sendo recebidas apenas 18 , enquanto que duas encomendas seriam repassadas para a Panair do Brasil).[5] Ao ser recebida pela Pan Am em 2 de junho de 1961, a aeronave foi registrada N800PA e receberia o nome de batismo Jet Clipper Flying Cloud.[5] Após voar cerca de um ano, seria vendida para a Panair do Brasil em 26 de setembro de 1962, onde receberia o prefixo PP-PEA e o nome de batismo Bandeirante Garcia d'Ávila.[5] A Panair do Brasil empregaria seus DC-8 nas rotas para a Europa e Oeiente Médio até seu fechamento pelo governo brasileiro em fevereiro de 1965.[6] Após ficar algum tempo parada em um hangar, a aeronave seria repassada para a Varig, herdaria as rotas da Panair e empregando os DC-8 operados pela extinta empresa.[7]

Aeronave Prefixo[8] Data de entrega Observações
Bandeirante Manuel de Borba Gato PP-PDS 21 de março de 1961 Repassado à Varig em julho de 1965
Bandeirante Brás Cubas PP-PDT 21 de março de 1961 Destruído no acidente do Voo Panair do Brasil 026. Substituído pelo DC-8 PP-PEF
Bandeirante Garcia d'Ávila PP-PEA 26 de setembro de 1962 Adquirido da Pan Am, seria repassado à Varig em julho de 1965. Destruído no acidente do Voo 837.
Bandeirante Brás Cubas PP-PEF 13 de novembro de 1963 Adquirido da Pan Am, substituiria o DC-8 PP-PDT. Devolvido para a Pan Am e revendido para a Delta Airlines.

Acidente[editar | editar código-fonte]

Aeroporto Internacional Roberts, e Monróvia.

O voo Varig 837 teve início em 4 de março de 1967, no aeroporto de Beirute e previa escalas em Roma, Monróvia e Recife, para depois chegar ao seu aeroporto de destino no Rio de Janeiro. Após a decolagem em Beirute, o DC-8 faria sua escala em Roma, sem reportar problemas. A próxima etapa da viagem era a escala em Monróvia, Libéria, prevista para a madrugada do dia 5.[9]

Transportando 71 passageiros e 19 tripulantes, o Douglas DC-8-33 prefixo PP-PEA sobrevoava as proximidades do aeroporto Roberts, quando a tripulação receberia autorização do Controle de Aproximação (APP) para iniciar os procedimentos de pouso. O APP de Monróvia autorizaria o Varig 837 a descer inicialmente para 4500 pés e depois para 3000 pés quando poderia iniciar o procedimento de pouso por instrumentos.[9]

A pista 04/22 do Aeroporto Roberts seria avistada em meio a um denso nevoeiro e as luzes do sistema Indicador de Ângulo de Aproximação Visual (VASIS) estariam brancas, indicando que a aeronave estaria acima da altitude prevista para pouso por instrumentos. Assim, a tripulação baixaria flaps, configuraria trens de pouso e reduziria a potência para a aeronave descer rapidamente. Após o DC-8 descer e ultrapassar o nevoeiro, a tripulação veria as luzes do VASIS se tornarem vermelhas, indicando que a aeronave voava abaixo da altitude mínima para efetuar o pouso. Após ultrapassar a região do aeroporto, o DC-8 atingiria algumas casas em um bairro distante 2 km da cabeceira da pista, incendiando-se em seguida. Apesar do grave acidente, 39 ocupantes conseguiriam escapar com vida da aeronave em chamas.[9]

Investigações[editar | editar código-fonte]

Luzes de indicação do sistema VASIS (ao lado direito da pista) no aeroporto de Jersey.

A comissão de investigação descobrira que o piloto havia sido o responsável pelo acidente, ao não conseguir posicionar a aeronave nas altitudes mínimas previstas para o procedimento de pouso por instrumentos e não arremeter após as luzes do sistema VASIS na cabeceira da pista indicar que a aeronave estava alta demais e posteriormente baixa demais.[9]

Conseqüências[editar | editar código-fonte]

Após o acidente, a Varig teria apenas um único DC-8, que seria remanejado para rotas entre os Estados Unidos e o Brasil.[7] Em 1968, os voos da empresa entre o Brasil e a Europa deixariam de fazer escala em Monróvia e utilizariam jatos Boeing 707. Além disso, o acidente com o voo 837 decretaria o fim dos voos do Brasil para o Líbano.[10] Após 39 anos, uma aeronave da Varig voaria para Beirute em um voo especial para evacuar brasileiros residentes no Líbano durante a Guerra do Líbano de 2006.[11]

O indicativo de voo 837 seria transferido para o voo Copenhagen – Rio.[12]

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • SILVA, Carlos Ari Cesar Germano da; O rastro da bruxa: história da aviação comercial brasileira no século XX através dos seus acidentes; Porto Alegre Editora EDIPUCRS, 2008, pp 249-255.

Referências

  1. UPI-JB (7 de março de 1967). «Comissão de brasileiros apura causas do desastre com o DC-8». Jornal do Brasil, ano LXXVI, edição 54,página 16. Consultado em 31 de março de 2013 
  2. «Jato do |Brasil cai:50 mortos». Folha de S.Paulo, ano XLVI, edição 13777 , página 10. 6 de março de 1967. Consultado em 31 de março de 2013 
  3. «ASN Aviation Safety Database». Aviation Safety Network. Consultado em 31 de março de 2013 
  4. «Frota Varig». Aviação Comercial. Consultado em 31 de março de 2013 
  5. a b c «Pan American World AirwaysDC-8 Fleet Information». Fred Cox DC-8 Jet Collection Information & Photos. Consultado em 31 de março de 2013 
  6. Jornal do Brasil (11 de fevereiro de 1965). «Panair encerra atividade». Ano LXXIV, número 35, páginas 1 e 3. Consultado em 31 de março de 2013 
  7. a b Mario Sampaio (novembro de 2012). «DC-8 - Transportando passageiros no Brasil» (PDF). Revista Flap Internacional. Consultado em 31 de março de 2013 
  8. Fred Cox. «Panair do Brasil DC-8 Fleet Information». DC-8 Jet Collection Information & Photos. Consultado em 31 de março de 2013 
  9. a b c d e SILVA, Carlos Ari Cesar Germano da (2008). O rastro da bruxa: história da aviação comercial brasileira no século XX através dos seus acidentes. [S.l.]: Editora EDIPUCRS, Porto Alegre. pp. 249–255. ISBN 978-85-7430-760-2 
  10. Varig (15 de abril de 1968). «Varig Timetable 1968». Timetable images. Consultado em 31 de março de 2013 
  11. Roberta Lopes (11 de agosto de 2006). «Varig busca mais brasileiros que saíram da região de conflito no Líbano». Agência Brasil. Consultado em 31 de março de 2013 
  12. Varig (15 de abril de 1968). «Varig Timetable 1968». Timetable images. Consultado em 31 de março de 2013 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]