Charophyceae
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Charophyceae é uma classe monotípica da divisão Streptophyta,[2][3][4] que agrupa as algas verdes geralmente designadas por carófitas. A classe consiste na única ordem Charales,[5] um táxon constituído por macroalgas de água doce (que nalgumas espécies atingem 120 cm de comprimento), em geral fortemente ramificadas em verticilos e recobertas por uma camada de incrustações calcárias escamiformes que lhes dão, quando secas, um aspecto pétreo e quebradiço.[6] Esta classe é considerada um clado basal das Phragmoplastophyta e grupo irmão de um clado que contém as Embryophyta (as plantas terrestres).
Descrição
[editar | editar código-fonte]Os membros da classe Charophyceae são macroalgas talosas de água doce (embora algumas espécies ocorram em habitats de água salobra ou mesmo fortemente salinizada), com talos, que permanecem erectos quando submersos, caracterizados pela presença a intervalos regulares de nós e entre-nós bem marcados e citologicamente diferenciados, já que os entre-nós do talo principal consistem numa única célula gigante alongada.
Em cada nó do talo forma-se um verticilo de ramificações curtas, dando à planta um aspecto morfológico similar a Equisetum. Estas plantas apresentam-se em geral calcificadas pela formação de incrustações de carbonato de cálcio sobre os talos, que quando secam dão à planta um carácter quebradiço, quase que como se fosse constituída por um fino vidro.
No género Chara os entre-nós são recobertos por um córtex formado por uma camada de células que recobrem o eixo principal da planta. Em outros géneros esta camada está ausente. Nos caso em que há uma única camada de células corticais, o córtex é referido como "diplóstico", sendo que onde haja duas camadas de células corticais é denominado "triplóstico". Durante o crescimento as células internodais alongam-se mas não se dividem, tornando-se muitas vezes mais longas que largas.[7]
Taxonomia e evolução
[editar | editar código-fonte]Charophyceae é um táxon de algas verdes cuja posição sistemática não é consensual, já que alguns botânicos recomendam expandir o reino Plantae para incluir Charophyceae e Chlorophyta,[8] enquanto outros consideram que Charophyceae é uma classe dentro de uma de três divisões, Chlorophyta, Streptophytina ou Streptophyta.[9][3][4] Outros sistematas classificam Charophyceae como uma classe dentro da divisão Charophyta, com Chlorophyta a permanecer como uma divisão distinta.[10]
Contudo, o corrente consenso considera as Charophyceae como uma classe da divisão Charophyta, com Chlorophyta a permanecer como uma divisão distinta.[10]
À parte da questão da classificação exacta deste grupo, o consenso entre botânicos é que são os organismos extantes filogeneticamente mais próximos das plantas terrestres (os embriófitos),[8][11] com as quais partilham muitas das características morfológicas e bioquímicas, já que muitas das características complexas ligadas à reprodução sexual, fotossíntese e outras que definem as plantas evoluíram em primeiro lugar neste grupo. A análise de cpDNA, por exemplo, revela que muitas características dos cloroplastos das plantas terrestres evoluíram em primeiro lugar nos géneros Staurastrum e Zygnema.[8][12]
O seguinte cladograma é uma reconstrução consensual da relação entre os diferentes agrupamentos taxonómicos de algas verdes, baseado principalmente em dados obtidos pelas técnicas da biologia molecular:[13][14][15][16][17][18][19][20][21][22]
Viridiplantae/algas verdes |
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Referências
[editar | editar código-fonte]- ↑ Rabenhorst, L. (1863). Kryptogamen-flora von Sachsen, pp. xiv, 282, 'Characeae'.
- ↑ Hoek, C. van den, Mann, D. G. & Jahns, H. M. 1995. Algae: An Introduction to Phycology. Cambridge University Press, Cambridge. ISBN 0-521-30419-9
- ↑ a b Streptophytina
- ↑ a b McCourt, R. M., Chapman, R. L., Buchheim, M. & Mishler, B. D. “Green Plants”. Accessed 13 December 2007
- ↑ Ecological Biochemistry: Environmental and Interspecies Interactions
- ↑ Charophyceae - an overview | ScienceDirect Topics
- ↑ Smith, G.M. Cryptogamic Botany. Second Edition. 1955.p 121-130. McGraw-Hill Book Company.INC.
- ↑ a b c Campbell, N. A. & Reece, J. B. 2005. Biology, Seventh Edition. Benjamin Cummings, San Francisco.
- ↑ Hoek, C. van den, Mann, D. G. & Jahns, H. M. 1995. Algae: An Introduction to Phycology. Cambridge University Press, Cambridge. ISBN 0 521 30419 9
- ↑ a b Guiry, M.D. & Guiry, G.M. 2007. AlgaeBase. World-wide electronic publication, National University of Ireland, Galway. AlgaeBase.org; searched on 13 December 2007
- ↑ Delwiche, C. F. “Charophycean Green Algae”. Accessed 13 December 2007
- ↑ Turmel, M., Otis, C. & Lemieux, C. 2005. The Complete Chloroplast DNA Sequences of the Charophycean Green Algae Staurastrum and Zygnema Reveal that the Chloroplast Genome Underwent Extensive Changes During the Evolution of the Zygnematales. BMC Biology 3:22
- ↑ Leliaert, Frederik; Smith, David R.; Moreau, Hervé; Herron, Matthew D.; Verbruggen, Heroen; Delwiche, Charles F.; De Clerck, Olivier (2012). «Phylogeny and Molecular Evolution of the Green Algae» (PDF). Critical Reviews in Plant Sciences. 31: 1–46. doi:10.1080/07352689.2011.615705
- ↑ Marin, Birger (2012). «Nested in the Chlorellales or Independent Class? Phylogeny and Classification of the Pedinophyceae (Viridiplantae) Revealed by Molecular Phylogenetic Analyses of Complete Nuclear and Plastid-encoded rRNA Operons». Protist. 163 (5): 778–805. PMID 22192529. doi:10.1016/j.protis.2011.11.004
- ↑ Laurin-Lemay, Simon; Brinkmann, Henner; Philippe, Hervé (2012). «Origin of land plants revisited in the light of sequence contamination and missing data». Current Biology. 22 (15): R593–R594. Bibcode:1996CBio....6.1213A. PMID 22877776. doi:10.1016/j.cub.2012.06.013
- ↑ Leliaert, Frederik; Tronholm, Ana; Lemieux, Claude; Turmel, Monique; DePriest, Michael S.; Bhattacharya, Debashish; Karol, Kenneth G.; Fredericq, Suzanne; Zechman, Frederick W. (9 de maio de 2016). «Chloroplast phylogenomic analyses reveal the deepest-branching lineage of the Chlorophyta, Palmophyllophyceae class. nov». Scientific Reports (em inglês). 6. 25367 páginas. Bibcode:2016NatSR...625367L. ISSN 2045-2322. PMC 4860620. PMID 27157793. doi:10.1038/srep25367
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