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Polypodiidae

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 Nota: Se procura se procura a família de cnidários, veja Polypodiidae (Cnidaria).
Como ler uma infocaixa de taxonomiaPolypodiidae
fetos leptosporangiados
Classificação científica
Reino: Plantae
Divisão: Polypodiophyta
Clado: Tracheophyta
Classe: Polypodiopsida
Subclasse: Polypodiidae
Cronquist, Takht. & W.Zimm.[1]
Ordens
Sinónimos

Polypodiidae, comumente fetos leptosporangiados, anteriormente Leptosporangiatae, é uma das quatro subclasses de pteridófitas da classe Polypodiopsida (com a circunscrição taxonómica do sistema PPG I). Caracterizado pela presença de leptosporângios, constitui o maior agrupamento taxonómico de pteridófitos extantes, com cerca de 8 500 espécies extantes repartidas por todo o mundo.[2][3][4]

Reflectindo a instabilidade na classificação biológica das pteridófitas, o grupo também tem sido tratado como a classe Pteridopsida ou Polypodiopsida,[5] grupo que presentemente tem a sua circunscrição taxonómica alargada, embora outras classificações lhes atribuam uma classificação diferente.[6] Nomes mais antigos para o grupo incluem Filicidae e Filicales, embora pelo menos as espécies aquáticas (atualmente na ordem Salviniales) fossem então tratadas separadamente.

Os fetos leptosporangiados são um dos quatro principais grupos de pteridófitos, sendo os outros três os fetos eusporangiados, que incluem os fetos marattioides (Marattiidae, Marattiaceae), as cavalinhas (Equisetiidae, Equisetaceae), e os Psilotales e Ophioglossales.[4][5] Existem aproximadamente 8 465 espécies de fetos leptosporangiados extantes, em comparação com cerca de 2 070 espécies extantes para todos os outros fetos, totalizando 10 535 espécies de fetos.[3] Quase um terço das espécies de fetos leptosporangiados são epífitas.[7]

Estes pteridófitos são designados por leptosporangiados porque os seus esporângios surgem a parir de uma única célula epidérmica e não de um grupo de células como nos fetos eusporangiados (uma linhagem polifilética). Os esporângios maduros têm uma parede com apenas uma célula de espessura,[8] e são tipicamente cobertos por uma escama, o indúsio, que pode cobrir todo o soro, formando um anel ou taça em seu redor, embora possa também ser fortemente reduzida ou completamente ausente. Muitos fetos leptosporangiados têm um ânulo à volta do esporângio, que ejecta os esporos.[9]

Taxonomia e filogenética

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Os fetos leptosporangiados foram reconhecidos pela primeira vez como um grupo, designado por Leptosporangiateen, por Karl Ritter von Goebel em 1881, que colocou os fetos eusporangiados em conjunto com as plantas com sementes e plantas vasculares num grupo coevo que designou por Eusporangiateen. Como esta classificação dividia artificialmente os pteridófitos, em em 1884-1849 o sistemata Christian Luerssen subdividiu os fetos homosporangiados apenas em Eusporangiatae e Leptosporangiatae. Este último grupo foi tratado a vários níveis taxonómicos em sistemas de classificação posteriores.

A subclasse Polypodiidae foi publicada e utilizada pela primeira vez para os fetos leptosporangiados homospóricos por Arthur John Cronquist, Armen Takhtajan e Walter Max Zimmermann em 1966, tipificados em Polypodium L.. Outras classificações contemporâneas usaram o nome Filicidae para esta subclasse.[10]

O sistema de classificação de Smith et al. (2006) introduziu a primeira classificação de nível superior de fetos com base em estudos de filogenética molecular. Aquele sistema incluiu os fetos aquáticos heterosporados (os Salviniales), que haviam sido colocadas numa subclasse separada por Cronquist et al. devido à sua morfologia altamente modificada, dentro do grupo dos fetos leptosporangiados, que foi elevado à categoria de classe como Polypodiopsida (publicada por Cronquist et al. para incluir todos fetos).[5]

O antepassado comum de Salviniales, Cyatheales e Polypodiales passou por um processo de paleopoliploidia que resultou na duplicação do genoma completo.[11]

Classificações posteriores renomearam o grupo Polypodiidae, inicialmente como uma subclasse de Equisetopsida sensu lato.[6] Esta subclasse compreende os fetos leptosporangiados em oposição às restantes três subclasses que são informalmente designadas por fetos eusporangiados. O diagrama seguinte mostra uma provável relação filogénica entre a subclasse Polypodiidae e as outras subclasses de Equisetopsida nesse sistema:[4]

Equisetopsida

Marchantiidae

Bryidae

Anthocerotidae

Lycopodiidae

Equisetidae

Ophioglossidae

Marattiidae

Polypodiidae

Cycadidae

Ginkgoidae

Gnetidae

Pinidae

Magnoliidae

Em 2014, Maarten Christenhusz e Mark W. Chase agruparam todas as subclasses de fetos no agrupamento Polypodiophyta[3] e em 2016 o Pteridophyte Phylogeny Group (PPG) adotou a classe Polypodiopsida sensu lato para as quatro subclasses de fetos.

O seguinte cladograma mostra a relação filogénica entre as subclasses de acordo com o sistema PPG I. As três primeiras pequenas subclasses são informalmente agrupadas como fetos eusporangiados, em contraste com os Polypodiidae ou fetos leptosporangiados. Polypodiidae é considerada como um grupo irmão de Marattiidae.[1]

Polypodiopsida

Equisetidae

Ophioglossidae

Marattiidae

Polypodiidae

Tanto na classificação de Christenhusz e Chase, como na classificação PPG I, os Polypodiidae extantes estão divididos em 7 ordens, 44 famílias, 300 géneros e um número estimado de 10 323 espécies.[1][3]

Christenhusz & Chase 2014 [3] Nitta et al. 2022[12] e Fern Tree of life[13]
Polypodiidae

Osmundales 1 família

Hymenophyllales 1 família

Gleicheniales 3 famílias

Schizaeales 3 famsílias

Salviniales 2 famílias

Cyatheales 8 famílias

Polypodiales 6 subordens, 26 famílias

Polypodiidae

Osmundales

Hymenophyllales

Gleicheniales

Schizaeales

Salviniales

Cyatheales

Polypodiales

Tem havido alguma contestação aos estudos moleculares recentes, alegando que estes fornecem uma visão enviesada da ordem filogenética porque não têm em conta os representantes fósseis.[14] No entanto, os estudos moleculares clarificaram as relações entre famílias que já se pensava serem polifiléticas antes do advento da informação molecular, mas que foram deixadas nas suas estruturas polifiléticas porque não havia informação suficiente para fazer o contrário.[15]

A classificação dos pteridófitos com base naqueles estudos moleculares, que geralmente se apoiam mutuamente, reflecte a melhor informação disponível atualmente, uma vez que os caracteres morfológicos tradicionais nem sempre são informativos na elucidação das relações evolutivas entre os fetos.[3]

O seguinte filograma mostra uma provável relação entre as outras classes de plantas vasculares e os fetos leptosporangiados. Anteriormente não era clara a relação entre Equisetopsida, Psilotopsida e Marattiopsida,[16][17][18] mas estudos recentes mostraram que Equisetopsida é provavelmente grupo irmão de Psilotopsida.

Tracheophyta

Lycopodiophyta (licopódios e similares)

Eufilófitos

Spermatophyta (plantas com semente)

Polypodiopsida
Psilotopsida

Psilotales (Psilotum e Tmesipteris)

Ophioglossales (ofioglossos)

Equisetopsida

Equisetales (cavalinhas)

Marattiopsida

Marattiales

Polypodiidae

Osmundales

Hymenophyllales

Gleicheniales

Schizaeales

Salviniales (heterospóricos aquáticos)

Cyatheales (fetos-arbóreos)

Polypodiales

Famílias extintas

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Os fetos leptosporangiados têm um registo fóssil substancial. Por exemplo, fósseis atribuídos às Dicksoniaceae, um membro das Cyatheales, são conhecidos do Jurássico Inferior (201 a 175 milhões de anos atrás).[19] Foram descritas várias outras famílias extintas. Estas não estão incluídas nos sistemas de classificação utilizados para os fetos extantes, pelo que a maioria não pode ser atribuída a ordens utilizadas nestes sistemas. Taylor et al. (2009) utilizam a ordem Filicales, que corresponde a quatro ordens de Polypodiidae em sistemas mais modernos: Hymenophyllales, Gleicheniales, Schizaeales e Cyatheales. As famílias não colocadas incluem:[20]

  1. a b c Pteridophyte Phylogeny Group (2016).
  2. Palmer, Jeffrey (2004), «The Plant Tree of Life: an Overview and Some Points of View», American Journal of Botany, 91 (10): 1437–45, PMID 21652302, doi:10.3732/ajb.91.10.1437Acessível livremente 
  3. a b c d e f Christenhusz & Chase (2014).
  4. a b c Christenhusz et al. (2011).
  5. a b c Smith et al. (2006).
  6. a b Chase & Reveal (2009).
  7. Schuettpelz, Eric (2007). «Fern Phylogeny Inferred from 400 Leptosporangiate Species and Three Plastid Genes» (PDF). The Evolution and Diversification of Epiphytic Ferns (Doctoral dissertation). Duke University. Consultado em 4 de dezembro de 2019 
  8. Lack, Andrew J.; Evans, David E. (2005). Plant Biology. [S.l.: s.n.] ISBN 9780415356435 
  9. Llorens, C.; Argentina, M.; Rojas, N.; Westbrook, J.; Dumais, J.; Noblin, X. (2016). «The fern cavitation catapult: Mechanism and design principles». Journal of the Royal Society Interface. 13 (114). PMC 4759797Acessível livremente. PMID 26763327. doi:10.1098/rsif.2015.0930 
  10. Cronquist, Arthur; Takhtajan, Armen; Zimmermann, Walter (Abril 1966). «On the Higher Taxa of Embryobionta». Taxon. 15 (4): 129–134. JSTOR 1217531. doi:10.2307/1217531 
  11. Li, Fay-Wei; Brouwer, Paul; Carretero-Paulet, L.; et al. (2018). «Fern genomes elucidate land plant evolution and cyanobacterial symbioses». Nature Plants. 4 (7): 460–472. PMC 6786969Acessível livremente. PMID 29967517. doi:10.1038/s41477-018-0188-8 
  12. Nitta, Joel H.; Schuettpelz, Eric; Ramírez-Barahona, Santiago; Iwasaki, Wataru; et al. (2022). «An Open and Continuously Updated Fern Tree of Life». Frontiers in Plant Science. 13. PMC 9449725Acessível livremente. PMID 36092417. doi:10.3389/fpls.2022.909768Acessível livremente 
  13. «Tree viewer: interactive visualization of FTOL». FTOL v1.3.0. 2022. Consultado em 12 dezembro 2022 
  14. Rothwell, G. W.; Nixon, K. C. (2006). «How does the inclusion of fossil data change our conclusions about the phylogenetic history of euphyllophytes». International Journal of Plant Sciences. 167 (3): 737–749. doi:10.1086/503298 
  15. Kramer, K. U. (1990). Notes on the Higher Level Classification of the Recent Ferns. The Families and Genera of Vascular Plants: Pteridophytes and Gymnosperms. K. Kubitzki, K. U. Kramer and P. S. Green. New York, Springer-Verlag. 1: 49-52
  16. Samuli Lehtonen (2011). «Towards Resolving the Complete Fern Tree of Life» (PDF). PLOS ONE. 6 (10): e24851. Bibcode:2011PLoSO...624851L. PMC 3192703Acessível livremente. PMID 22022365. doi:10.1371/journal.pone.0024851Acessível livremente 
  17. Hardeep S. Rai; Sean W. Graham (2010). «Utility of a large, multigene plastid data set in inferring higher-order relationships in ferns and relatives (Monilophytes)». American Journal of Botany. 97 (9): 1444–1456. PMID 21616899. doi:10.3732/ajb.0900305 
  18. Kathleen M. Pryer; Eric Schuettpelz (2009). «Ferns» (PDF). In: S. Blair Hedges; Sudhir Kumar. The Timetree of Life. [S.l.]: Oxford Biology 
  19. Taylor, Taylor & Krings (2009), pp. 464.
  20. Taylor, Taylor & Krings (2009), pp. 436-476.