Saltar para o conteúdo

Aliança dos Povos da Floresta

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

A Aliança dos Povos da Floresta é um movimento social brasileiro que surgiu na década de 1980, unindo seringueiros, indígenas e outras populações tradicionais da Amazônia em uma luta comum pela preservação de seus territórios e recursos naturais. O movimento foi fundamental na defesa dos direitos dessas populações e na conscientização sobre a importância da conservação ambiental.

História[editar | editar código-fonte]

II Encontro Nacional dos Seringueiros e I Encontros dos Povos da Floresta, março de 1989.

Origem e Fundação[editar | editar código-fonte]

A Aliança dos Povos da Floresta surgiu na década de 1980 a partir da união de sindicalistas extrativistas, como Chico Mendes, seringueiro e líder sindical que dedicou sua vida à defesa da floresta e dos povos que dela dependem e líderes indígenas, como Ailton Krenak, que vinha desempenhando papel importante nas discussões sobre a questão indígena na Assembleia Constituinte.[1] A Aliança dos Povos da Floresta foi formalizada em 1987, durante o 1º Encontro Nacional dos Seringueiros, realizado em Brasília. O encontro foi organizado pelo Conselho Nacional dos Seringueiros (CNS), uma organização que nasceu da necessidade de defender os interesses dos seringueiros frente ao avanço do desmatamento e da exploração predatória da floresta amazônica e na construção de uma nova politização dos padrões de organização social e ambiental da Amazônia.[2]

A criação da Aliança representou um marco histórico ao unir seringueiros e indígenas, reconhecendo que ambos enfrentavam desafios semelhantes na luta contra o desmatamento e pela garantia de seus direitos territoriais. Essa união foi estratégica para fortalecer a resistência contra as ameaças impostas por grandes projetos de desenvolvimento que desconsideravam as necessidades e os direitos das populações que viviam nos territórios dos biomas ameaçados.[1][3]

Primeiras Conquistas e Reconhecimento[editar | editar código-fonte]

Em 1988, ano seguinte à sua fundação, o líder Chico Mendes foi assassinado em Xapuri. Apesar disso, a Aliança dos Povos da Floresta conseguiu importantes vitórias, sendo uma das mais significativas a criação das Reservas Extrativistas (Resex), uma categoria de unidade de conservação que garante o uso sustentável dos recursos naturais pelas populações tradicionais. A primeira Reserva Extrativista, a Resex Chico Mendes, foi criada em 1990 no Acre, em homenagem ao líder seringueiro assassinado. Além disso, a Aliança teve um papel crucial na internacionalização da luta pela preservação da Amazônia, ganhando reconhecimento global por seu papel pressionando o governo brasileiro e empresas a adotarem práticas mais sustentáveis.[1]

A partir de 1993, a Aliança começou a se desarticular tanto em nível nacional. A morte de Chico Mendes deixou um vácuo de liderança, e as disputas internas entre o movimento indígena e o Conselho Nacional dos Seringueiros (CNS) enfraqueceram a coesão do movimento.[3]

Retomada e Reorganização (2005-2010)[editar | editar código-fonte]

Em 2005, um grupo de trabalho interno da rede Grupo de Trabalho Amazônico (GTA) sugeriu a retomada da Aliança dos Povos da Floresta. Em 2007, representantes do Conselho Nacional dos Seringueiros, da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) e do GTA se reuniram em Santarém, no Pará, para discutir a proposta.[3]

Em maio do mesmo ano, foi realizado o I Seminário de Mudanças Climáticas em Manaus, seguido pelo II Encontro Nacional dos Povos da Floresta em Brasília. A Carta dos Povos da Floresta, resultado desse encontro, reivindicava alternativas para remunerar os povos das florestas por seus serviços ambientais.[3]

Referências

  1. a b c Pontes, Beatriz Maria Soares (15 de junho de 2012). «O Movimento Social dos Povos da Floresta Amazônica». Revista Movimentos Sociais e Dinâmicas Espaciais. 1 (1). Consultado em 6 de junho de 2024 
  2. Chaves, Leandro (9 de junho 2022). «Projeto resgata a histórica Aliança dos Povos da Floresta no Acre». PLENAMATA. Consultado em 6 de junho de 2024. Cópia arquivada em 1 de março de 2024 
  3. a b c d Pimenta, José (2007). «Indigenismo e ambientalismo na Amazônia ocidental: a propósito dos Ashaninka do rio Amônia». Revista de Antropologia (2): 633–681. ISSN 0034-7701. Consultado em 6 de julho de 2024 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]