CBTP Charrua
Charrua | |
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Tipo | Veículo blindado de transporte de pessoal |
Local de origem | Brasil |
Histórico de produção | |
Criador | Moto Peças S/A |
Data de criação | 1983–1990 |
Fabricante | Moto Peças S/A |
Quantidade produzida |
2 Charrua I 3 Charrua II |
Variantes | Vide História |
Especificações | |
Peso | 17,5 t 18 t (combate) |
Tripulação | 11: 1 motorista, 1 atirador e 9 tripulantes |
Blindagem do veículo | Contra pequenos calibres (Opcional) placas de cerâmica |
Armamento primário |
(Opcional) Torre com metralhadora dupla 7,62 mm/12,7 mm ou canhão 20 ou 25 mm |
Armamento secundário |
Metralhadora 12,7×99mm NATO 4 lançadores de granadas fumígenas |
Motor | Scania DSI 11 6 cilindros Na água: 2 hidrojatos Belljet 3.650 RPM 2 x 160 hp 394 hp (diesel turbo em linha) 470 hp (diesel turbo em V) |
Peso/potência | 21,9 hp/ton (motor em linha) 26,1 hp/ton (motor em V) |
Transmissão | Allison CD 500/3 |
Suspensão | Barra de torção com batentes hidráulicos |
Capacidade de combustível | Dois tanques de 270 L cada |
Alcance operacional (veículo) |
500 km |
Velocidade | 70 km/h (em terra) 8 km/h (em água) |
Notas | |
Todos os valores são para o Charrua II[1][2] | |
O CBTP (Carro Blindado de Transporte de Pessoal) Charrua foi um veículo anfíbio sobre lagartas desenvolvido nos anos 80 pela empresa brasileira Moto Peças S/A, de Sorocaba, para o Exército e Fuzileiros Navais. Englobava um grande número de variantes e seria o sucessor do M-113 no serviço brasileiro, mas o projeto não teve comprador e foi abandonado.[3][4][5]
História
[editar | editar código-fonte]A Moto Peças modernizava veículos militares desde meados dos anos 70, trabalhando na década seguinte nos M4 Shermans e M-113s. Com essa experiência foi recrutada pelo Exército para modernizar o M59[3] em parceria com o Centro Tecnológico do Exército (CTEx). O pensamento passou a substituir seus dois motores a gasolina por um motor a diesel nacional, e em seguida a desenvolver uma nova família de blindados de transporte, unindo características do M113 com o espaço interno do M59.[5] O programa começou em 1983, com o primeiro protótipo saindo em 1985.[3] Era paralelo ao repotenciamento do M41 e desenvolvimento do carro de combate Tamoyo.[6] Seriam três grupos de variantes:
- Leve, até 18 toneladas, anfíbia, nos tipos transporte de pessoal; comunicações; combate de fuzileiros; porta-morteiro; comando; antitanque.
- Média, até 21 toneladas, anfíbia, nos tipos combate de fuzileiros com canhão de 20/25 mm; antiaérea (com o mesmo calibre); radar; de torre com canhão 60 ou 90 mm.
- Pesada, até 24 toneladas, nos tipos torre com canhão 105 mm; obuseiro autopropulsado calibre 155 mm; com sistema de lançamento de foguetes; de socorro com torre giratória; transporte de cargas.
Somente a leve teve protótipos fabricados, nas versões de transporte e antiaérea. Muitos componentes eram do M41, que tinha uma cadeia logística estabelecida. A versão original, o modelo I, originou o modelo II após melhorias. O protótipo antiaéreo foi montado pela Moto Peças em parceria com a CBV Indústria Mecânica S/A e exposto em São José dos Campos, mas não teve sucesso e seu chassi foi deixado para a versão de socorro.
Os resultados nos testes foram favoráveis e o Exército aprovou o veículo em 1990, mas o projeto morreu com questões orçamentárias e a crise na indústria bélica nos anos 90, muito embora a Moto Peças sobreviva até hoje. Um Charrua II permanece hoje no CTEx.
Descrição
[editar | editar código-fonte]Os dois modelos têm várias diferenças externas. O Charrua I tem formato mais reto, quebra-ondas em "V" e armamento ao lado do motorista, que em ambos os casos fica no canto dianteiro esquerdo. O Charrua II é mais anguloso e tem quebra-ondas reto e armamento atrás do motorista.
O interior é acessado por três escotilhas ou uma rampa e duas portas traseiras. É amplo, com blocos de visão e seteiras para os fuzis dos passageiros, 9 normalmente, mas até 22 numa configuração especial. O motorista tem três periscópios, enquanto o atirador tem cinco. A blindagem resiste a armas leves a queima-roupa e estilhaços de artilharia; com placas adicionais de cerâmica, que não podem ser usadas na água, chega a resistir a tiros de 20 mm. Há um sistema anti-incêndio. As rodas de apoio são dez, e as lagartas de 532 mm de largura têm sapatas fabricadas pela Novatração Artefatos de Borracha. O veículo manobra bem, gira sobre si mesmo e facilmente cruza rios e lagos.
A versão antiaérea teve um canhão Bofors 40 mm numa torre giratória Trinity, com carregador de 100 tiros e cadência de 330 por minuto, dispondo de controle de tiro com computador e vários sensores. A munição I/70 caberia à FI Indústria e Comércio Ltda fluminense, com espoleta de proximidade da Prólogo S/A Produtos Eletrônicos. Derrubaria alvos a até 6.000 m de altura, especialmente aviões evadindo mísseis a baixa altitude e helicópteros. Outras possibilidades antiaéreas eram quatro canhões 25 mm numa torre Oto Melara ou quatro mísseis Piranha.[1][2]
Referências
[editar | editar código-fonte]Citações
[editar | editar código-fonte]- ↑ a b Bastos 2016.
- ↑ a b Bastos, Expedito Carlos Stephani (18 de dezembro de 2003). Charrua – Carro blindado de transporte de pessoal. ECSB Defesa. Consultado em 4 de fevereiro de 2021.
- ↑ a b c MOTO-PEÇAS. Lexicar Brasil. Consultado em 4 de fevereiro de 2021.
- ↑ Welfer 2015, p. 85.
- ↑ a b Rosolen 2018, p. 29.
- ↑ Bastos 2017.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Bastos, Expedito Carlos Stephani (2016). «Uma realidade brasileira — XMP1 SL Charrua» (PDF). Rio de Janeiro: Funceb. Da Cultura (26). Consultado em 4 de fevereiro de 2021
- Bastos, Expedito Carlos Stephani (2017). «Nova família de blindados sobre lagartas». Santa Maria. Ação de Choque (15). Consultado em 1 de fevereiro de 2021
- Rosolen, Lucas Damasceno (2018). A inserção das viaturas blindadas de combate de infantaria no pelotão fuzileiro blindado no ataque às localidades (Monografia). Resende: AMAN. Consultado em 3 de fevereiro de 2021
- Welfer, Rafael Luciano (2015). A história da indústria militar brasileira: organizações, complexo industrial e mercado durante o século XX (Trabalho de Conclusão de Curso). Ijuí: Unijuí. Consultado em 14 de janeiro de 2021