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Crodegango de Métis

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São Crodegango
Crodegango de Métis
Nascimento c. 712[1]
Hesbaye (Bélgica moderna), Dioecesis Leodiensis, Austrásia, Reino Franco
Morte 6 de março de 766 (54 anos)
Métis, Reino Franco
Veneração por Igreja Católica
Igreja Ortodoxa[2]
Principal templo Abadia de Gorze
Festa litúrgica 6 de março
Portal dos Santos

Crodegango de Métis, (Hesbaye (Bélgica moderna), c.712 - Métis, 6 de março de  766), foi um político e religioso franco e santo da Igreja Católica. Ele é um dos atores do renascimento carolíngio, bispo e arcebispo de Métis.[3][4][5]

Também foi chamado de Chrodegand, Godegrand, Gundigran, Ratgang, Rodigang, Sirigang, Chrodegangus, Chrotgandus, Rotgandus, entre outros. Após uma reforma, a diocese de Métis adotou o nome Crodegango.[5][6]

Crodegango era de origem nobre: filho de Sígramo e de Landrada de Hesbaye, sendo assim da dinastia robertina. Fez os seus estudos na abadia beneditina de Saint-Trond e fez parte da corte de Carlos Martel, onde foi seu secretário, chanceler em 732 e em 737 primeiro-ministro.[3][4][5][7][8] Continuou a sua carreira na corte de Pepino, o Breve.[8][9]

Crodegango foi nomeado bispo de Métis, capital da Austrásia, em outubro de 742.[10] Como ainda era leigo, foi ordenado diácono, presbítero e bispo. Ele também manteve seu cargo político.[3]

Fundou a abadia de Gorze, perto de Métis, e permaneceu seu amigo e protetor.[4][5] Também estabeleceu a Abadia de São Pedro, no Mouselle, e fez muito por Gengenbach e Lorsch. Para esta última, teria obtido as relíquias de São Nazário, e para Gorze, as de São Gorgônio.[4][5][11]

Bispo Crodegango empreendeu uma profunda reforma no clero. Contribui para o desenvolvimento dos mosteiros. Em Métis, formou uma comunidade de cânones que ele acostumou a viver num claustro, segundo uma regra, em parte, inspirada pela regra de São Bento, composta de trinta e quatro capítulos.[3][5][12][13] Os clérigos que viviam de acordo com este cânone passaram a ser chamados de cônegos.[8] Sua Regula Canonicorum foi adotada por outras dioceses e estendida por Carlos Magno a todos os padres, que eram obrigados a ser monges ou cônegos.[3][14] As regras foram incorporadas aos estatutos do concílio de Aachen em 816 e uma tradução para o inglês antigo foi escrita por volta de 1000.[8]

Como embaixador de Pepino junto ao Papa Estêvão II, enviado em 753, Codregando esteve diretamente envolvido em diversos acontecimentos: acompanhou o papa a Ponthieu, a derrota dos lombardos na Itália, a transição do exarcado de Ravena e outros territórios para a Igreja e a coroação do próprio Pepino, ocorrida em 754.[3][5][8]

Após a morte de Bonifácio de Mainz, Estevão II concedeu a Codregando o pálio e o título pessoal de arcebispo, sem elevar a sé.[5][10] Assumiu a liderança do movimento reformista do episcopado franco e exerceu influência preponderante nos sínodos de Ver (755), Compiègne (757) e Attigny (762). É reconhecido como um dos principais nomes do renascimento carolíngio.[9]

Por iniciativa de Codregando, foram introduzidos em Métis o rito romano e o canto, cujo repertório regressou a Roma enriquecido por composições galicanas e de lá se espalhou pela Europa. A “schola cantorum” de Métis foi renovada e a sua fama perdurou durante séculos.[3] Seria o ancestral do canto gregoriano.[15] Ainda estabeleceu a Liga de Attigny, uma confraria de oração, em 762.[3][5]

Enquanto santo católico, o dia de festa de São Codregando é celebrado a 6 de março.[4] Tanto na Ordem dos Cônegos Regulares de Santo Agostinho quanto em sua antiga sé, sua memória é celebrada a 3 de outubro.[6][8] Paulo, o Diácono, escreveu sobre a história de sua vida.[8]

Foi sepultado na abadia de Gorze e, posteriormente, suas relíquias foram levadas para a abadia de São Sinfório, por questões de segurança. Lá elas foram preservados até à Revolução, onde eles foram dispersas. Ainda resta parte de suas relíquias na catedral.[4][5][6]

A única igreja diocesana dedicada a São Codregando é a de Althorn, na região de Pays de Bitche.[6]

Referências

  1. Arduino, Fabio. "San Crodegando di Metz", Santi e Beati, March 8, 2007
  2. «The Pre-Schism Orthodox Saints who evangelized Western Europe & the Scandinavian Lands». Orthodox Outlet for Dogmatic Enquiries (em inglês). Consultado em 14 de novembro de 2017 
  3. a b c d e f g h Arduino, Fabio (8 de março de 2007). «San Crodegando di Metz». Santiebeati.it (em italiano). Consultado em 16 de setembro de 2024 
  4. a b c d e f «New Catholic Dictionary – Saint Chrodegang». CatholicSaints.Info (em inglês). 15 de setembro de 2012. Consultado em 16 de setembro de 2024 
  5. a b c d e f g h i j «CATHOLIC ENCYCLOPEDIA: St. Chrodegang». www.newadvent.org. Consultado em 16 de setembro de 2024 
  6. a b c d «La vie de Saint Chrodegang». st.symphorien.metz.free.fr (em francês). Consultado em 16 de setembro de 2024 
  7. Michel Parisse, 'História da região da Lorena, 2005, ISBN 2737336287.
  8. a b c d e f g «Chrodegang von Metz - Ökumenisches Heiligenlexikon». www.heiligenlexikon.de (em alemão). Consultado em 16 de setembro de 2024 
  9. a b «Les principaux acteurs de la Renaissance carolingienne». BnF Essentiels (em francês). Consultado em 16 de setembro de 2024 
  10. a b Nouvelle encyclopédie théologique (em francês). [S.l.]: J.P. Migne. 1851. p. 420 
  11. «Site da abadia de Lauresheim». Consultado em 5 de junho de 2018. Arquivado do original em 11 de maio de 2004 
  12. Michel Parisse, 'História da região da Lorena, 2005, ISBN 2737336287.
  13. «La Regola per i Canonici di san Crodegango di Metz». ora-et-labora.net. Consultado em 16 de setembro de 2024 
  14. Foschi, Federica (2006). La "Regula Canonicorum" di Crodegango di Metz: alcuni problemi linguistici e di metodo. [S.l.]: Universidad de Sevilla. ISBN 8447208834 
  15. «Site da cidade de Metz». Consultado em 5 de junho de 2018. Arquivado do original em 26 de novembro de 2006