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Eleições estaduais no Piauí em 1990

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
1986 Brasil 1994
Eleições estaduais no  Piauí em 1990
3 de outubro de 1990
(Primeiro turno)
25 de novembro de 1990
(Segundo turno)
Candidato Freitas Neto Wall Ferraz
Partido PFL PSDB
Natural de Teresina, PI Teresina, PI
Vice Guilherme Melo Paulo Lages
Votos 572.234 467.015
Porcentagem 55,06% 44,94%

Resultado por município (2º turno) (118):

Eleito
Freitas Neto
PFL

As eleições estaduais no Piauí em 1990 ocorreram em 3 de outubro como parte das eleições gerais em 26 estados e no Distrito Federal. Foram eleitos o governador Freitas Neto, o vice-governador Guilherme Melo, o senador Lucídio Portela, 10 deputados federais e 30 estaduais.[1] Como nenhum candidato a governador recebeu metade mais um dos votos válidos, um segundo turno foi realizado em 25 de novembro e segundo a Constituição, o governador foi eleito para um mandato de quatro anos com início em 15 de março de 1991, sem direito a reeleição.[nota 1]

Natural de Teresina, o economista Freitas Neto é formado pela Universidade Mackenzie de São Paulo. Seu ingresso no serviço público ocorreu via Fomento Industrial do Piauí (FOMINPI) e depois foi diretor comercial das Águas e Esgotos do Piauí S/A (AGESPISA) no primeiro governo Alberto Silva. Eleito deputado estadual pela ARENA em 1974 e 1978, presidiu a Assembleia Legislativa (1977-1979) da qual se afastou para ocupar a Secretaria de Governo na gestão Lucídio Portela. Pelo PDS foi eleito deputado federal em 1982, porém licenciou-se para ocupar o cargo de prefeito de Teresina durante o primeiro governo Hugo Napoleão (1983-1986) a quem seguiu rumo ao PFL. Derrotado por Alberto Silva ao disputar o Palácio de Karnak em 1986, foi presidente das Telecomunicações do Piauí S/A (TELEPISA) por escolha do Ministro das Comunicações, Antônio Carlos Magalhães, e depois foi eleito presidente do diretório estadual do PFL no Piauí antes de vencer a eleição para governador em 1990.[2]

Nascido em Teresina, o empresário Guilherme Melo formou-se em Administração de Empresas em 1977 no Centro Universitário de Brasília.[3] Atuando no ramo imobiliário, integrou o Conselho Regional dos Corretores de Imóveis (CRECI) e assumiu uma diretoria na Associação Comercial do Piauí.[3] Filho de João Mendes Olímpio de Melo e neto de Matias Olímpio, pertenceu ao MDB e depois presidiu o diretório municipal do PMDB em Teresina antes de mudar para o PDS. Assumiu a chefia da Casa Civil no primeiro governo Hugo Napoleão em 1983, diplomando-se advogado pela Universidade Federal do Piauí logo depois.[4] Fiel politicamente a Lucídio Portela, de quem foi genro, elegeu-se deputado estadual em 1986 e vice-governaor em 1990, assumindo como governador após a renúncia de Freitas Neto em 1994.[5]

Nascido em Valença do Piauí, o médico Lucídio Portela graduou-se em 1947 pela Universidade Federal do Rio de Janeiro,[6] sendo especialista em Pneumologia pelo Ministério da Saúde, pós-graduado em Radiologia na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e em Gestão Hospitalar pelo Ministério do Planejamento, além de integrar a Associação Piauiense de Medicina, Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, o Colégio Brasileiro de Radiologia, Colégio Brasileiro de Cirurgiões e o Colégio Internacional de Cirurgiões.[7] Irmão de Petrônio Portela, foi correligionário deste na UDN e na ARENA, sendo eleito governador do Piauí por via indireta em 1978.[8] Liderança maior do PDS no estado após a morte do irmão em 1980,[9] apoiou Paulo Maluf na eleição presidencial indireta de 1985, rompendo com o governador Hugo Napoleão, que aderiu ao PFL em apoio a Tancredo Neves.[10][11][12] Eleito vice-governador na chapa de Alberto Silva em 1986, rompeu essa coligação a tempo de eleger-se senador com o apoio do PFL, em 1990.[13]

Resultado da eleição para governador

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Primeiro turno

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Segundo o Tribunal Superior Eleitoral, houve 187.234 votos em branco (15,93%) e 54.294 votos nulos (4,62%) calculados sobre o comparecimento de 1.175.355 eleitores, com os 933.827 votos nominais assim distribuídos:[1]

Candidatos a governador do estado
Candidatos a vice-governador Número Coligação Votação Percentual
Freitas Neto
PFL
Guilherme Melo
PDS
25
Frente de Recuperação do Piauí
(PFL, PDS, PTB, PSC)
466.497
49,95%
Wall Ferraz
PSDB
Paulo Lages
PMDB
45
Movimento de Integração do Piauí
(PSDB, PMDB, PRN, PL, PDC, PTR)
408.910
43,79%
Antônio Neto
PT
Luís Carlos Rodrigues Cruz
PCdoB
13
Frente Piauí Popular
(PT, PCdoB, PDT, PSB)
53.485
5,73%
Francisco Macedo
PMN
Pedro Queiroz
PMN
33
PMN (sem coligação)
4.935
0,53%
Fontes:[1]
  Segundo turno

Segundo turno

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Segundo o Tribunal Superior Eleitoral, houve 18.566 votos em branco (1,66%) e 56.571 votos nulos (5,08%) calculados sobre o comparecimento de 1.114.395 eleitores, com os 1.039.258 votos nominais assim distribuídos:[1]

Candidatos a governador do estado
Candidatos a vice-governador Número Coligação Votação Percentual
Freitas Neto
PFL
Guilherme Melo
PDS
25
Frente de Recuperação do Piauí
(PFL, PDS, PTB, PSC)
572.243
55,06%
Wall Ferraz
PSDB
Paulo Lages
PMDB
45
Movimento de Integração do Piauí
(PSDB, PMDB, PRN, PL, PDC, PTR)
467.015
44,94%
Fontes:[1]
  Eleito

Resultado da eleição para senador

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Segundo o Tribunal Superior Eleitoral, houve 761.675 votos nominais (64,80%), 366.540 votos em branco (31,19%) e 47.124 votos nulos (4,01%), resultando no comparecimento de 1.175.339 eleitores.

Candidatos a senador da República
Candidatos a suplente de senador Número Coligação Votação Percentual
Lucídio Portela
PDS
Aquiles Nogueira
PFL
Jackson Nogueira
PFL
111
Frente de Recuperação do Piauí
(PFL, PDS, PTB, PSC)
373.982
49,10%
Paulo Freitas
PRN
[nota 2]
-
[nota 3]
-
361
Movimento de Integração do Piauí
(PSDB, PMDB, PRN, PL, PDC, PTR)
307.607
40,39%
Francisco Pedrosa
PDT
[nota 2]
-
-
-
121
Frente Piauí Popular
(PT, PCdoB, PDT, PSB)
72.010
9,45%
Anselmo Oliveira de Moraes
PMN
[nota 2]
-
-
-
331
PMN (sem coligação)
8.076
1,06%
Fontes:[1]
  Eleito

Deputados federais eleitos

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São relacionados os candidatos eleitos com informações complementares da Câmara dos Deputados.

Representação eleita

  PFL: 5
  PDS: 2
  PMDB: 2
  PSDB: 1

Número Deputados federais eleitos Partido Votação Percentual Cidade onde nasceu Unidade federativa
2508 Átila Lira[nota 4] PFL 66.812 6,18% Piripiri  Piauí
1113 Benedito Sá PDS 63.381 5,87% Oeiras  Piauí
4511 Paulo Silva PSDB 55.402 5,13% Parnaíba  Piauí
2510 Paes Landim PFL 48.694 4,51% São João do Piauí  Piauí
1101 José Luís Maia PDS 41.913 3,88% Picos  Piauí
1555 Murilo Rezende PMDB 41.284 3,82% Piripiri  Piauí
2507 Jesus Tajra PFL 39.677 3,67% Teresina  Piauí
2509 Mussa Demes[nota 4] PFL 37.810 3,50% Floriano  Piauí
1510 João Henrique PMDB 36.931 3,42% Teresina  Piauí
2511 Ciro Nogueira PFL 35.025 3,24% Pedro II  Piauí
Fontes:[1][14][15][16][17]

Deputados estaduais eleitos

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Estavam em jogo trinta cadeiras na Assembleia Legislativa do Piauí, ressalvada a efetivação de suplentes.

Representação eleita

  PFL: 12
  PMDB: 9
  PDS: 4
  PDC: 2
  PL: 2
  PT: 1

Número Deputados estaduais eleitos Partido Votação Percentual Cidade onde nasceu Unidade federativa
15110 Marcelo Castro PMDB 21.567 2,00% São Raimundo Nonato  Piauí
25130 Moraes Souza[nota 5] PFL 20.473 1,90% Parnaíba  Piauí
11115 Luiz Menezes PDS 17.533 1,63% Piripiri  Piauí
11133 Luciano Nunes[nota 6] PDS 16.892 1,57% Oeiras  Piauí
25117 Ismar Marques[nota 5] PFL 16.882 1,57% Luzilândia  Piauí
15130 Tomaz Teixeira PMDB 16.493 1,53% Campos Sales  Ceará
25121 Jesualdo Cavalcanti[nota 6] PFL 15.782 1,46% Corrente  Piauí
15101 Kleber Eulálio PMDB 15.410 1,43% Teresina  Piauí
25136 Barros Araújo[nota 5] PFL 14.906 1,38% Picos  Piauí
25138 Robert Freitas PFL 14.574 1,35% José de Freitas  Piauí
25107 Bona Medeiros PFL 14.209 1,32% União  Piauí
15211 Themístocles Filho PMDB 13.897 1,29% Teresina  Piauí
17102 Paulo Henrique PDC 13.811 1,28% São João do Piauí  Piauí
22111 Xavier Neto PL 13.716 1,27% Amarante  Piauí
15216 João Silva Neto PMDB 13.675 1,27% Parnaíba  Piauí
17101 José Isaías da Silva PDC 13.562 1,26% Oeiras  Piauí
15111 Francílio Almeida[nota 7] PMDB 13.528 1,26% Teresina  Piauí
25131 Sabino Paulo[nota 5] PFL 12.937 1,20% São João do Piauí  Piauí
15123 Batista Dias PMDB 12.907 1,20% São Raimundo Nonato  Piauí
25134 Sebastião Leal[nota 6] PFL 12.744 1,18% Uruçuí  Piauí
25112 Wilson Brandão[nota 6] PFL 12.695 1,18% Rio de Janeiro  Rio de Janeiro
15199 Warton Santos PMDB 12.628 1,17% Picos  Piauí
22110 Adolfo Nunes PL 12.532 1,16% Teresina  Piauí
15133 César Sindô PMDB 12.209 1,13% Alto Longá  Piauí
25135 César Melo[nota 6] PFL 12.148 1,13% Campo Maior  Piauí
25114 Fernando Monteiro PFL 12.061 1,12% Teresina  Piauí
25115 Waldemar Macedo[nota 5] PFL 11.945 1,11% São Raimundo Nonato  Piauí
11155 Pedro Borges PDS 11.514 1,07% Picos  Piauí
11117 Eurimar Nunes PDS 11.501 1,07% Canto do Buriti  Piauí
13130 Nazareno Fonteles PT 9.170 0,85% Acaraú  Ceará
Fontes:[1][17]

Estatísticas parlamentares

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Na análise da tabela a seguir, o número de deputados federais e estaduais agrupados na coluna "antes" reflete as bancadas existentes sob a Resolução n.º 16.347 baixada pelo Tribunal Superior Eleitoral em 27 de março de 1990 para disciplinar a filiação partidária.[15][18]

Notas

  1. A data da posse dos governadores eleitos em 1990 foi determinada pelo Art. 4º, § 3º do Ato das Disposições Constituições Transitórias, exceto no Amapá, Distrito Federal e Roraima, que empossaram seus mandatários em 1º de janeiro de 1991 conforme o Art. 28 da Carta Magna.
  2. a b c Informação indisponível junto ao Tribunal Regional Eleitoral do Piauí, razão pela qual outas fontes devem ser consultadas a respeito dos suplentes.
  3. Em 29 de abril de 1990, o Partido da Reconstrução Nacional definiu Paulo Freitas como candidato a governador, Ari Magalhães a vice-governador e José de Moraes Correia Neto a senador, decisão revogada com a adesão do PRN ao Movimento de Integração do Piauí no início de junho.
  4. a b Com a nomeação de Átila Lira (secretário de Educação) e Mussa Demes (secretário de Administração) para compor a equipe do governador Freitas Neto foram convocados Felipe Mendes e Caldas Rodrigues, respectivamente.
  5. a b c d e Em 15 de março de 1991, Freitas Neto nomeou três deputados estaduais da coligação "Frente de Recuperação do Piauí" para compor a sua equipe: Barros Araújo (secretário de Justiça) Ismar Marques (secretário de Segurança) e Moraes Souza (secretário de Indústria e Comércio). Em razão disso convocaram Marcelo Coelho, Ferreira Neto e Humberto Silveira. Este triunvirato foi efetivado quando Barros Araújo e Sabino Paulo renunciaram para tomar posse como conselheiros do Tribunal de Contas do Piauí e também devido ao falecimento de Waldemar Macedo.
  6. a b c d e Quando o trio de parlamentares nomeados em 15 de março de 1991 deixou seus cargos no Poder Executivo, Freitas Neto escolheu Luciano Nunes (secretário de Justiça) e César Melo (secretário de Articulação com os Municípios) para compor sua equipe em 10 de agosto de 1993 e isso permitiu as convocações de Juraci Leite e Homero Castelo Branco, mas com o falecimento de Sebastião Leal ocorreu a efetivação de Juraci Leite e a convocação de outro suplente, Antônio Rufino. Com tantos suplentes já efetivados ou em exercício, a nomeação de Wilson Brandão (secretário de Programas Especiais) em 3 de janeiro de 1994, levou à convocação de Carlos Luís Nunes de Barros. Ressalte-se que Homero Castelo Branco e Antônio Rufino foram efetivados quando escolheram Luciano Nunes e Jesualdo Cavalcanti para o Tribunal de Contas do Piauí.
  7. Faleceu em 1º de outubro de 1992 e em seu lugar foi efetivado Juarez Tapety.

Referências

  1. a b c d e f g h BRASIL. Tribunal Superior Eleitoral. «Eleições de 1990». Consultado em 15 de setembro de 2023 
  2. BRASIL. Câmara dos Deputados. «Biografia do deputado Freitas Neto». Consultado em 31 de janeiro de 2017 
  3. a b BRASIL. Câmara dos Deputados. «Biografia do deputado Guilherme Melo». Consultado em 8 de janeiro de 2025 
  4. SANTOS, José Lopes dos. Novo Tempo Chegou. Brasília, Senado Federal, 1983.
  5. Bárbara Rodrigues (22 de abril de 2021). «Ex-governador Guilherme Melo morre aos 68 anos em hospital de Teresina». g1.globo.com. G1 Piauí. Consultado em 8 de janeiro de 2025 
  6. SANTOS, José Lopes dos. Política e Políticos: eleições 1986, v. II. Teresina: Gráfica Mendes, 1988.
  7. BRASIL. Fundação Getúlio Vargas. «Biografia de Lucídio Portela no CPDOC». Consultado em 8 de janeiro de 2025 
  8. Redação (30 de outubro de 2015). «Morre aos 93 anos o ex-governador e senador do Piauí Lucídio Portela». g1.globo.com. G1 Piauí. Consultado em 8 de janeiro de 2025 
  9. Ricardo Westin (3 de fevereiro de 2020). «Petrônio Portella (sic), o senador que negociou o desmonte da ditadura militar». senado.leg.br. Agência Senado. Consultado em 8 de janeiro de 2025 
  10. Redação (7 de fevereiro de 1984). «Lucídio adere a Maluf no Piauí. Primeiro Caderno, Política – p. 02». bndigital.bn.gov.br. Jornal do Brasil. Consultado em 8 de janeiro de 2025 
  11. Redação (20 de agosto de 1984). «Bases de Napoleão preferem a Frente. Primeiro Caderno, Política – p. 03». bndigital.bn.gov.br. Jornal do Brasil. Consultado em 25 de janeiro de 2020 
  12. Redação (20 de março de 1985). «Lucídio rompe com Napoleão. Primeiro Caderno, Política – p. 03». bndigital.bn.gov.br. Jornal do Brasil. Consultado em 8 de janeiro de 2025 
  13. BRASIL. Senado Federal. «Biografia do senador Lucídio Portela». Consultado em 8 de janeiro de 2025 
  14. BRASIL. Câmara dos Deputados. «Página oficial». Consultado em 3 de março de 2024 
  15. a b BRASIL. Tribunal Superior Eleitoral. «Resolução n.º 16.347 de 27/03/1990». Consultado em 15 de março de 2024 
  16. BRASIL. Presidência da República. «Lei n.º 9.504 de 30/09/1997». Consultado em 19 de agosto de 2015 
  17. a b FREITAS, Vítor Eduardo Veras de Sandes. A lógica da formação de governos no Estado do Piauí de 1987 a 2007. Teresina, Universidade Federal do Piauí, 2010.
  18. SANTOS, José Lopes dos. Política e outros temas. v. II. Teresina: Gráfica Mendes, 1991.