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Eleições estaduais no Rio de Janeiro em 1964

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1962 Brasil 1966
Eleições estaduais no  Rio de Janeiro em 1964
3 de maio de 1964
(Eleição indireta)


Candidato Paulo Torres


Partido -


Natural de Cantagalo, RJ


Vice Simão Mansur
Votos 52
Porcentagem 96,30%

Eleito
Paulo Torres
Nenhum

As eleições estaduais no Rio de Janeiro em 1964 ocorreram em 3 de maio como resultado da cassação do governador Badger da Silveira e do vice-governador João Batista da Costa no contexto político do Regime Militar de 1964.[1] Abrupta, a troca do governo fluminense ocorreu em questão de horas, pois no dia anterior os deputados estaduais aprovaram o impeachment do governador, o qual teve os direitos políticos suspensos logo depois pelo Ato Institucional Número Um.[2] A conjuntura política de então impediu a posse do vice-governador, motivo pelo qual o deputado Cordolino Ambrósio, presidente da Assembleia Legislativa, assumiu o poder até a escolha de novos titulares para o Palácio do Ingá.

Fluminense de Cantagalo, Paulo Torres sentou praça na Escola Militar do Realengo em 1921, matriculando-se no curso de Infantaria. Preso e expulso da referida escola por sua participação no Tenentismo, foi reintegrado à vida militar graças ao triunfo da Revolução de 1930, cursou a Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais e formou-se em Ciências Jurídicas e Sociais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Com a instauração do Estado Novo, foi nomeado prefeito de Teresópolis em 1938 pelo interventor Amaral Peixoto, mas deixou o cargo após um ano.[3][4] Aluno da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, integrou a Força Expedicionária Brasileira durante a campanha na Itália durante a Segunda Guerra Mundial, retornando à ECEME com o fim do conflito. Especialista em paraquedismo, foi comandante do 3º Regimento de Infantaria em Niterói em 1952.[5]

Chefe do Departamento Federal de Segurança Pública (DFSP) durante a crise aberta com o Atentado da Rua Tonelero e encerrada em menos de vinte dias com o suicídio do presidente Getúlio Vargas em 1954, foi nomeado governador do então território federal do Acre pelo presidente Café Filho no ano seguinte,[nota 1] mantendo o posto até ser exonerado por Juscelino Kubitschek em 1956. Tornou-se general de brigada, assumindo o comando do Núcleo da Divisão Aeroterrestre de paraquedistas militares em 1960, ano onde assumiu também a presidência do Clube Militar, cursando a Escola Superior de Guerra em 1962.[5] Transferido para Manaus em outubro do mesmo ano, assumiu o comando do Grupamento de Elementos de Fronteira e depois o Comando Militar da Amazônia, o qual deixou em setembro de 1963. Nomeado chefe do estado-maior do I Exército após a instauração do Regime Militar de 1964, no entanto foi exonerado após eleger-se governador do Rio de Janeiro por via indireta em 3 de maio de 1964, assumindo o cargo três dias depois.

Para vice-governador foi eleito Simão Mansur, o qual antes fora vitorioso para deputado estadual via UDN em 1950, 1954, 1958 e 1962, acumulando este último mandato com o seu cargo no Poder Executivo. Em 15 de junho de 1964, no entanto, ele teve o mandato cassado e o cargo de vice-governador ficou vago até a eleição de Teotônio Araújo no ano seguinte.[6][nota 2]

Resultado da eleição para governador

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Convocando sessões extraordinárias de forma sucessiva, os deputados alteraram o regimento interno da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro e assim elegeram indiretamente os titulares dos cargos vacantes. Houve 52 votos a favor da chapa vitoriosa, além de um voto contrário e uma abstenção.

Candidatos a governador do estado
Candidatos a vice-governador Número Coligação Votação Percentual
Paulo Torres
[nota 3]
Simão Mansur
UDN
-
Não disponível
(sem coligação)
52
96,30%
Fontes:[4][1]
  Eleito

Resultado da eleição para vice-governador

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Advogado formado pela Universidade Federal Fluminense em 1939, Teotônio Araújo nasceu em Campos dos Goytacazes. Sua estreia na política ocorreu pela UDN ao eleger-se deputado estadual em 1947 e 1950. Após migrar para o PDC, renovou o mandato em 1954, 1958 e 1962.[7] Eleito vice-governador pela Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro em 8 de abril de 1965, tomou posse no mesmo dia ao obter 44 votos nominais, sendo registrados dois votos em branco.

Candidatos a governador do estado
Candidatos a vice-governador Número Coligação Votação Percentual
Não havia
-
Teotônio Araújo
PDC
-
PDC
(sem coligação)
42
95,46%
Não havia
-
Rubens Rosado
-
-
-
1
2,27%
Não havia
-
Norberto Marques
-
-
-
1
2,27%
Fontes:[8]
  Eleito

Notas

  1. O Acre foi elevado à categoria de estado apenas em 15 de junho de 1962, por força da Lei n.º 4.070 sancionada pelo presidente João Goulart e pelo primeiro-ministro Tancredo Neves.
  2. José Romero Gamboa foi efetivado como deputado estadual após a cassação do mandato parlamentar de Simão Mansur.
  3. Não há registro de que Paulo Torres estivesse filiado a algum partido político ao ser eleito governador do Rio de Janeiro, embora tenha ingressado na ARENA em 1966, meses após a outorga do Ato Institucional Número Dois.

Referências

  1. a b Redação (4 de maio de 1964). «O gen. Paulo Tôrres (sic) é o nôvo (sic) governador do estado do Rio. Matutina – Geral, p. 05». acervo.oglobo.globo.com. O Globo. Consultado em 17 de outubro de 2022 
  2. BRASIL. Fundação Getúlio Vargas. «Biografia de Badger da Silveira no CPDOC». Consultado em 17 de outubro de 2022 
  3. BRASIL. Senado Federal. «Biografia do senador Paulo Torres». Consultado em 17 de outubro de 2022 
  4. a b BRASIL. Câmara dos Deputados. «Biografia do deputado Paulo Torres». Consultado em 17 de outubro de 2022 
  5. a b BRASIL. Fundação Getúlio Vargas. «Biografia de Paulo Torres no CPDOC». Consultado em 17 de outubro de 2022 
  6. Redação (26 de agosto de 1964). «Assembléia (sic) decide manter vago no estado do Rio o cargo de vice-governador. Primeiro Caderno – p. 05». bndigital.bn.gov.br. Jornal do Brasil. Consultado em 17 de outubro de 2022 
  7. BRASIL. Fundação Getúlio Vargas. «Biografia de Teotônio Araújo no CPDOC». Consultado em 17 de outubro de 2022 
  8. Redação (9 de abril de 1965). «Rosado pode demissão a Tôrres (sic) por não ter sido eleito vice-governador. Primeiro Caderno – p. 14». bndigital.bn.gov.br. Jornal do Brasil. Consultado em 17 de outubro de 2022