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Fonte da Ferraria

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Fonte da Ferraria
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Tipo
fontanário
escultura (d)
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A Fonte da Ferraria é uma fonte monumental situada nos jardins de Casto Sampedro, junto à praça da Ferraria, na cidade espanhola de Pontevedra. Trata-se de um chafariz de granito de estilo renascentista.[1]

A Fonte da Ferraria data do século XVI, quando Pontevedra era a cidade mais populosa da Galiza.[2] A construção da fonte foi financiada pelo rei Carlos V em 1537. O objetivo da obra era instalar um chafariz na vila, junto ao Caminho Português, para fornecer água potável aos peregrinos que se dirigiam a Santiago de Compostela e para colmatar a escassez de água, que se fazia sentir sobretudo nos verões.[2] O chafariz, da autoria de João Lopes, do Porto, que também projectou chafarizes semelhantes em Caminha (1551) e Viana do Castelo (1554)[1] com a contribuição de Domingo Fernández, de Santiago de Compostela,[3] deveria ser "da mesma feitura, tamanho, altura e com as perfeições e execução do chafariz principal da praça de Caminha", segundo um acordo da Câmara de Pontevedra.[2]

A fonte da Ferraria foi concluída em 1554 e instalada na parte sudoeste da praça da Ferraria, atualmente pavimentada, junto à porta das Trabancas da muralha de Pontevedra, por onde entravam no recinto amuralhado os peregrinos que se dirigiam a Santiago de Compostela.[4]

Para a manutenção do chafariz, a Câmara Municipal celebrava contratos com especialistas, sendo o primeiro canalizador conhecido Francisco Gonçalves, que em 1597 recebia 6.000 maravedis por ano. Foram também promulgadas várias leis e decretos que proibiam a lavagem de roupa e de tripas de animais na fonte, bem como o abeberamento de cavalos. Para o efeito, a bacia da fonte foi rodeada por um círculo de proteção com quatro entradas e foi construída uma espécie de bebedouro.[2]

No século XVIII, o chafariz foi restaurado por iniciativa do síndico Félix Raimundo de Soto. O custo das reparações e do abastecimento de água ascendeu a quase dez mil reais.[5] Em 1857, por razões sanitárias, a Câmara Municipal de Pontevedra decidiu retirar a fonte da praça da Ferraria e colocá-la em frente ao quartel de São Fernando. No entanto, embora a fonte tivesse sido desmantelada, não foi deslocada e ficou à guarda da Sociedade Arqueológica de Pontevedra.[4] As suas peças foram depositadas no convento de São Domingos.[6]

Em 1928, graças ao interesse de Castelao, que vivia em Pontevedra, e de Casto Sampedro, advogado e fundador da Sociedade Arqueológica de Pontevedra, a fonte foi recuperada e instalada nos jardins de Casto Sampedro, em frente ao Convento de São Francisco.[2] A fonte foi totalmente restaurada em 2010.[6]

A fonte da Ferraria, como mostra o simbolismo gravado na pedra, cumpre a sua função de fonte dedicada em particular aos peregrinos do Caminho Português de Santiago de Compostela.[7]

A fonte em 2011

Inspirada nos chafarizes portugueses,[1] a fonte tem 14 bicas em três níveis diferentes. Situa-se no centro de uma grande bacia circular em granito. Do eixo central ergue-se um pilar com um total de três secções, encimado por um coroamento. O primeiro dos três corpos assenta sobre uma base quadrangular. O segundo corpo alberga uma taça que recolhe a água de uma outra pequena taça superior. Esta taça do segundo corpo é esvaziada por tubos que saem das bocas de quatro figuras mitológicas esculpidas. No terceiro corpo, que coroa a fonte, encontram-se dois brasões, um com o brasão do rei Carlos V, com a águia bicéfala da Casa de Habsburgo, e no reverso o brasão da cidade sustentado por grifos, que é a representação mais antiga do brasão da cidade que existe em Pontevedra.[8] Existem ainda esculturas de outras quatro cabeças de figuras mitológicas com tubos a sair das suas bocas e a desaguar na pequena taça superior.

A canalização interna da fonte é feita com tubos de cobre.[6] Os versos da célebre canção popular dedicada à hospitalidade de Pontevedra estão inscritos numa laje de pedra colocada no lado oeste da bacia. A fonte possui iluminação ornamental.

A fonte da Ferraria, que muito impressionou o cordovês Ambrosio de Morales, mestre e cronista de Filipe II, foi definida por ele da seguinte forma: "Na Praça de São Francisco há uma fonte que, pelo seu tamanho, altura e dourado, pode rivalizar com as fontes de Córdova".[2]

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Devido à sua utilidade para o abastecimento de água aos peregrinos e aos habitantes de Pontevedra, estes dedicaram-lhe uma famosa canção popular em galego, sublinhando a hospitalidade da cidade de Pontevedra:[9]

PONTEVEDRA É BOA VILA
DÁ DE BEBER A QUEN PASA.
A FONTE NA FERRERÍA,
SAN BARTOLOMÉ NA PRAZA.

Pontevedra é uma boa cidade
Dá de beber àqueles que por ali passam,
A Fonte na Ferraria
São Bartolomeu na praça

Referências

  1. a b c Riveiro Tobío 2008, p. 22.
  2. a b c d e f «La fuente de A Ferrería revive». La Voz de Galicia (em espanhol). 19 de dezembro de 2010 
  3. Nieto González 1980, p. 20.
  4. a b «La Herrería se engalana de Navidad. Sucesos e Historia.». Pontevedra Viva (em espanhol). 19 de dezembro de 2018 
  5. «La ubicación de la fuente de la Herrería». Faro (em espanhol). 27 de março de 2016 
  6. a b c «La popular fonte da Ferrería de Pontevedra se somete a su primera restauración integral». El Correo Gallego (em espanhol). 28 de dezembro de 2010 
  7. «Pontevedra: Un país mágico». TVE (em espanhol). 26 de janeiro de 2020 
  8. García Bujalance 2016, p. 682.
  9. Aganzo 2010, p. 44.
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  • Aganzo, Carlos (2010). Pontevedra. Ciudades con encanto (em espanhol). Madrid: El País-Aguilar. ISBN 978-8403509344 
  • García Bujalance, Guillermo (2016). «Heráldica de la zona monumental de Pontevedra». Hidalguía: la revista de genealogía, nobleza y armas (em espanhol) (682): 702. ISSN 0018-1285 
  • Nieto González, Remigio (1980). Pontevedra. Guía monumental ilustrada (em espanhol). Pontevedra: Asociación de comerciantes de la calle Manuel Quiroga 
  • Riveiro Tobío, Elvira (2008). Descubrir Pontevedra (em espanhol). Pontevedra: Edicións do Cumio. ISBN 9788482890852 

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