Praça da Ferraria
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77 m |
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13 m |
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A Praça da Ferraria é uma grande praça localizada no lado sul do centro histórico de Pontevedra (Espanha), no interior das antigas muralhas da cidade. É a praça principal da cidade velha e tem uma área de cerca de 2.000 m2. Inclui as pequenas praças da Estrela no lado norte, a praça de Ourense no lado sul e a praça Casto Sampedro no lado leste, perfazendo um total de quase 5.000 m2.
Origem do nome[editar | editar código-fonte]
A praça toma o seu nome das forjas que ali existiam na Idade Média, desde que os Reis Católicos decretaram certas ordens para armar os cavaleiros espanhóis com armas de Pontevedra e Oviedo.[1]
História[editar | editar código-fonte]
As primeiras referências à praça datam de 1325 a 1330. Na Idade Média era conhecida como Praça de Trabancas[2], e adoptou o nome de Ferraria por volta de 1820 em memória dos antigos artesãos e ferreiros que ali viviam, que fabricavam todo tipo de armas e instrumentos de ferro e que se tornaram famosos em todo o país.
A praça foi ampliada no século XV para acolher o mercado da Feira Franca[3] um mercado livre de impostos que começou a ter lugar na cidade por um privilégio real estabelecido pelo rei D. Henrique IV em 1467.
![](http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/7/7b/Location_Map_Pontevedra_%28historic_centre_churches_and_squares%29.png/200px-Location_Map_Pontevedra_%28historic_centre_churches_and_squares%29.png)
No meio da praça Casto Sampedro, no lado oriental da praça, existe uma fonte do século XVI que ficou no lado pavimentado da praça, no meio, até 1857.[4] Financiada em 1537 por Carlos V,[5] cujo brasão de armas leva, e concluída 15 anos mais tarde,[6] foi construída ao estilo das fontes portuguesas (chafariz) por João Lópes e Domingo Fernández. A fonte servia para acolher os peregrinos a caminho de Santiago de Compostela, depois de entrarem no recinto amuralhado da cidade pela porta de Trabancas das muralhas. É mencionada na canção popular:[7]
PONTEVEDRA É BOA VILA |
Pontevedra é uma boa cidade |
Desde o século XVII realizavam-se touradas na praça, que era fechada com cercas de madeira.[8] Em 1820 a praça foi rebaptizada Praça da Ferraria, o seu nome actual, em memória da guilda dos ferreiros[2]. Em 1845, o terreno abaixo do Convento de São Francisco foi nivelado para fins paisagísticos. Em 1853, foram construídas as escadas que conduzem à igreja[9]. Em 1928, o chafariz foi restaurado e instalado na praça Casto Sampedro[10] (fruto deste arranjo paisagístico), a cerca de cinquenta metros da sua localização original. Serviu de modelo para muitas das fontes que foram construídas nos claustros dos conventos e em frente de alguns paços.
Entre 1854 e 1931, a praça foi chamada Plaza de la Constitución[2]. O mercado da cidade foi outrora realizado no lado pavimentado da praça. Em 1910, a praça foi remodelada e pavimentada e os dois edifícios art nouveau foram construídos em frente ao convento de São Francisco.
Em 1983, a Câmara Municipal de Pontevedra decidiu pavimentar com granito a rua do Chocolate, cuja renovação foi inaugurada em Agosto de 1984. A reforma significou a eliminação do tráfego rodoviário ao longo da rua e o primeiro passo para a unificação dos espaços da praça da Ferraria e dos jardins do Casto Sampedro. A rua passou a chamar-se Paseo das Camelias até 1988, quando adoptou o nome definitivo de Antonio Odriozola.[11]
Descrição[editar | editar código-fonte]
A ela conduzem as ruas de Soportales de la Herrería, Conde de San Román, Pasantería, Benito Corbal, Figueroa e a antiga Porta de Trabancas das muralhas, que faz parte do Caminho Português. Junto a ela encontra-se a igreja da Virgem Peregrina.
![](http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/f/f3/Casta%C3%B1eiro%2C_praza_da_Herrer%C3%ADa%2C_Pontevedra.jpg/200px-Casta%C3%B1eiro%2C_praza_da_Herrer%C3%ADa%2C_Pontevedra.jpg)
As suas instalações comerciais são principalmente estabelecimentos têxteis ou hoteleiros. A famosa loja têxtil Almacenes Clarita abriu em 1916.[12] A praça localiza-se junto ao Convento de São Francisco e às pequenas praças da Estrela (700 m2) e Ourense (700 m2), bem como da praça Casto Sampedro de 1.000 m2.
Na praça estão dois dos cafés[13] mais antigos da cidade: o Café Savoy (agora Restobar Savoy ), ponto de encontro intelectual desde 1936, e o Carabela, inaugurado dez anos depois, em 1946.[14]
Entre a praça da Ferraria e os jardins do Casto Sampedro encontra-se o Paseo Antonio Odriozola, ladeado de camélias e bancos, anteriormente conhecido como rua do Chocolate devido à sua antiga calçada de pedra preta.[11]
Edifícios notáveis[editar | editar código-fonte]
Os edifícios da praça datam do século XIV ao século XX. A leste e a norte da praça estão o convento e a igreja gótica de São Francisco, e abaixo, no meio da praça Casto Sampedro, encontra-se a famosa fonte renascentista da Ferraria.
A oeste da praça estão dois edifícios notáveis art nouveau. O edifício art nouveau no número 8, mais a sul, é o mais antigo dos dois. Foi concebido pelo arquitecto Andrés López de Ocáriz Robledo, que concluiu o projecto em Junho de 1912[15]. O edifício foi promovido por Juan Pazos, um emigrante rico que regressou da América, que comprou quatro das cinco pequenas casas do século XV que delimitavam a praça a oeste e que foram demolidas[16]. É composto por um rés-do-chão com arcadas de duas alturas, três andares e um sótão. A decoração art nouveau com motivos florais e geométricos aparece na fachada principal acima e abaixo das portas e janelas, bem como no frontão central curvo com um arco de volta perfeita e nas cornijas de cada lado[15]. O edifício tem duas grandes varandas centrais de ferro forjado nos dois primeiros andares e quatro varandas laterais no terceiro andar. Foi completamente renovado em 2007 pelos arquitectos César Portela e Enrique Barreiro Álvarez[17].
O edifício art nouveau no número 9, mais a norte, foi construído na década de 1920[18]. Tem um rés-do-chão com arcos de dupla altura e quatro andares, encimado por um pequeno frontão central com decoração geométrica. Esta decoração está também presente nos lados das portas da varanda e especialmente sob as varandas do primeiro andar. O edifício distingue-se pela presença de uma varanda de pedra em cada uma das quatro janelas francesas em cada andar[15]. Estas têm vitrais vermelhos, verdes e azuis em harmonia cromática com as da igreja de São Francisco. O edifício, que tem duas portas de acesso a partir da praça, com dois lances de escadas diferentes para permitir o acesso independente aos dois apartamentos de cada andar, foi completamente renovado pelo arquitecto Mauro Lomba em 2022[19] · [20].
Ao sul da praça está a igreja da Virgem Peregrina, ao fundo. A Casa das Caras está localizada na praça da Estrela.
Cultura[editar | editar código-fonte]
A praça costuma estar cheia de pombos que as crianças gostam de alimentar.[21] A Feira de Artesanato e Design do Atlântico realiza-se aqui em Julho.[22] O mercado de flores decorre actualmente aqui na véspera do Dia de Todos os Santos, bem como vários mercados populares em dias como a Feira Franca ou o Dia do Livro.
Além disso, há concertos gratuitos no verão e a queima do papagaio Ravachol no carnaval.[23] No outono, é o local ideal para os tradicionais vendedores de castanhas.[24]
Galeria[editar | editar código-fonte]
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Placa turística
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Fonte no meio dos jardins
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Praça e Convento de São Francisco
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Arcadas da praça
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Pombos na praça
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A praça em 2000
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Edifícios Art Nouveau
Referências[editar | editar código-fonte]
- ↑ "Un país mágico: Pontevedra",RTVE video, 26 de janeiro de 2020.
- ↑ a b c «¡La Herrería y su entorno revindican su historia, su reconocimiento y su duende!». Pontevedra Viva (em espanhol). 2 de abril de 2021
- ↑ Nadal, Paco, 2012, Rias Baixas. Escapadas, Madrid, El País Aguilar, p. 32
- ↑ «Las artísticas fuentes de hierro y el enigma de la 5ª fuente». Pontevedra Viva (em espanhol). 6 de janeiro de 2017
- ↑ VILLARES, R.: Historia de Galicia. Edicións Xerais de Galicia, 2004 (página 192).
- ↑ "Un museo para valorar el agua", artigo no jornal Faro de Pontevedra, 21 de março de 2009.
- ↑ "Pontevedra", artigo no site da Xunta de Galicia, 2 de abril de 2015.
- ↑ «Ciento nueve años de historia taurina». La Voz de Galicia (em espanhol). 12 de julho de 2009
- ↑ «La iglesia de San Francisco es un ilustre panteón de Pontevedra». El Correo Gallego (em espanhol). 13 de dezembro de 2014
- ↑ «La fuente de A Ferrería revive». La Voz de Galicia (em espanhol). 19 de dezembro de 2010
- ↑ a b «De la calle del Chocolate adoquinada al paseo empedrado de Antonio Odriozola». La Voz de Galicia (em espanhol). 30 de junho de 2017
- ↑ «Nueva vida para Almacenes Clarita después de 105 años vendiendo en el corazón de Pontevedra». La Voz de Galicia (em espanhol). 29 de janeiro de 2021
- ↑ «10 destinations where you can ditch your car this summer». National Geographic (em inglês). 18 de maio de 2022
- ↑ «Qué ver en Pontevedra, de paseo por sus rúas y plazas». ¡Hola! (em espanhol). 11 de setembro de 2020
- ↑ a b c Fontoira Surís, 2009, p. 439
- ↑ «Los derribos de las antiguas casitas bajas de la Herrería». Faro (em espanhol). 3 de janeiro de 2021
- ↑ «Un edificio de lujo que revaloriza el centro histórico». La Voz de Galicia (em espanhol). 17 de janeiro de 2009
- ↑ Fontoira Surís, 2009, p. 516
- ↑ «La plaza de A Ferrería completa su recuperación tras destaparse la fachada de su último inmueble». La Voz de Galicia (em espanhol). 20 de agosto de 2022
- ↑ «Ocho pisos de lujo darán lustre a una Ferrería que renueva su fachada». La Voz de Galicia (em espanhol). 4 de novembro de 2021
- ↑ "Bocinazo para una bonita foto en A Ferrería", artigo no jornal La Voz de Galicia, 11 de dezembro de 2019.
- ↑ "Artesanía y diseño por doquier", artigo no jornal La Voz de Galicia, 23 de julho de 2017.
- ↑ "La quema del loro Ravachol despide hoy el entroido", artigo no jornal La Voz de Galicia, 19 de fevereiro de 2010.
- ↑ "Las castañas de la Plaza de la Herrería", artigo no jornal Diario de Pontevedra, 2 de outubro de 2019.
Ver também[editar | editar código-fonte]
Bibliografia[editar | editar código-fonte]
- Aganzo, Carlos (2010). Pontevedra. Ciudades con encanto (em espanhol). Madrid: El País-Aguilar. pp. 42–44. ISBN 978-8403509344
- Fontoira Surís, Rafael (2009). Pontevedra monumental. (em galego). [S.l.]: Diputación de Pontevedra. ISBN 9788484573272.
- Nadal, Paco (2012). Rias Baixas. Escapadas (em espanhol). Madrid: El País-Aguilar. ISBN 978-8403501089
- Riveiro Tobío, Elvira (2008). Descubrir Pontevedra (em espanhol). Pontevedra: Edicións do Cumio. pp. 36–37. ISBN 9788482890852