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Forte de Santa Cruz (Praia da Vitória)

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Forte de Santa Cruz (Francisco Xavier Machado, 1772, ANTT.)
Forte do Porto (autor desconhecido, s/d, Arquivo Histórico Militar).
Planta do Forte do Porto da Vila da Praia (Tombo, 1881).

O Forte de Santa Cruz, também referido como Forte do Porto, localizava-se na freguesia de Santa Cruz, no concelho da Praia da Vitória, na ilha Terceira, nos Açores.

Em posição dominante sobre este trecho do litoral, constituiu-se em uma fortificação destinada à defesa deste ancoradouro e do antigo canal de acesso ao Paul, contra os ataques de piratas e corsários, outrora frequentes nesta região do oceano Atlântico. Cruzava fogos com o Forte do Espírito Santo, à sua esquerda, e com o Forte da Luz e o Forte das Chagas, à sua direita.

Foi edificado no contexto da crise de sucessão de 1580, entre 1579 e 1583, por determinação do então corregedor dos Açores, Ciprião de Figueiredo e Vasconcelos, conforme o plano de defesa da ilha elaborado por Tommaso Benedetto.[1]

No contexto da Guerra da Sucessão Espanhola (1702-1714) encontra-se referido como "O Forte de Santa Cruz no Porto." na relação "Fortificações nos Açores existentes em 1710".[2]

Com a instalação da Capitania Geral dos Açores, o seu estado foi assim reportado:

"27º - Forte de Santa Cruz. Tem cinco canhoneiras, precisa abrir-se-lhe uma; tem quatro peças, uma de bronze e tres de ferro, todas boas e seus reparos capazes, precisa mais duas peças com os seus reparos, e para se guarnecer seis artilheiros e vinte e quatro auxiliares."[3]

Encontra-se referido como "Forte de Santa Cruz" no relatório "Revista dos fortes e redutos da ilha Terceira", do capitão de Infantaria Francisco Xavier Machado (1772) com planta poligonal irregular e os muros rasgados por quatro canhoneiras e dependências de serviço no terrapleno pelo lado de terra.

Encontra-se referido como "26. Forte de S. Crus naquella b.ª [da Praia]" no relatório "Revista aos fortes que defendem a costa da ilha Terceira", do Ajudante de Ordens Manoel Correa Branco (1776), que lhe aponta os reparos necessários: "Este Forte careçe algú piqueno conserto, expecialm.e na rais da muralha para se evitar a sua ruina, aLem disto perciza duas portas nas suas cazas, e seu portáo."[4]

Encontra-se assinalado como "8 Forte de Santa Cruz" na "Planta da Bahia da Villa da Praia" (1805).[5]

No século XIX, durante a Guerra Civil Portuguesa (1828-1834), teve parte ativa na Batalha da Praia (11 de Agosto de 1829) contra as forças de Miguel I de Portugal. Na ocasião, o forte encontrava-se guarnecido por um artilheiro, seis marinheiros e cinco soldados de infantaria, sob o comando do Alferes Simão António Albuquerque e Castro. Estava artilhado com apenas uma peça, da qual partiu o primeiro tiro do combate, contra a capitânia, a nau D. João VI, a qual terá atingido, matando um homem, ferindo outro e causando grandes avarias a bordo. Disparou ainda mais 37 tiros, reduzida ao silêncio pelo poder do fogo da armada. Quando se iniciou o desembarque, sobre o areal que separava este forte do Forte do Espírito Santo - o último da baía da Praia, encostado à escarpa da serra de Santiago -, para lá se dirigiu o Tenente Caldas Osório à frente de um pequeno grupo de vinte e dois homens. Diante da intensidade do fogo, o grupo refugia-se no forte do Porto. Ao tentarem sair para deter o inimigo, o Tenente Osório foi atingido por uma bala, tombando sem vida.[6]

A "Relação" do marechal de campo Barão de Bastos em 1862 informa que se encontrava em bom estado.[7]

Foi duramente castigado pelas tempestades de 1879 e de 1880, que praticamente o destruíram (e aos fortes vizinhos), tendo-lhe custado as muralhas e a artilharia, e deixando-lhe de pé apenas uma canhoneira. As imediações ficaram obstruídas com os grandes blocos das muralhas derruídas, tendo ficado de pé apenas as suas edificações abobadadas.[8] À época do tombo de 1881 encontrava-se abandonado e completamente arruinado.[9]

Sem que houvesse sofrido obras de reparos, a população subtraiu-lhe as pedras de cantaria arrancadas pelo mar para a edificação das suas moradias, encontrando-se, atualmente, desaparecido.

Características

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Do tipo abaluartado, de pequenas dimensões, apresentava planta poligonal irregular, em cujas muralhas rasgavam-se, originalmente, quatro canhoneiras. Construído a pouca altura do nível do mar, era resguardado apenas pelo enroncamento que o circundava.

No seu interior, adossadas à gola, erguiam-se três edificações: a Casa da Guarda, o paiol de pólvora e a Casa da Palamenta. A servidão fazia-se pelo areal da praia da Vitória.

Referências

  1. DRUMMOND, Francisco Ferreira. Anais da Ilha Terceira. t. I e II.
  2. "Fortificações nos Açores existentes em 1710" in Arquivo dos Açores, p. 178. Consultado em 8 dez 2011.
  3. JÚDICE, 1767.
  4. Revista aos Fortes que Defendem a costa da Ilha Terceira - 1776 Arquivado em 27 de dezembro de 2013, no Wayback Machine. in IHIT.pt. Consultado em 3 dez 2011.
  5. "Planta da Bahia da Villa da Praia. para a Intiligencia do Molhe e Projecto do Ill.mo e Ex.mo Snr. Conde de S. Lourenço Governador e Capitão General das Ilhas dos Açores" in Biblioteca Nacional Digital.
  6. DRUMMOND, Francisco Ferreira. Anais da Ilha Terceira. t. IV, p. 226-227.
  7. BASTOS, 1997:273.
  8. Forte do Porto. Tombos dos Fortes da Ilha Terceira. 1881.
  9. Op. cit.
  • Anónimo. "Colecção de todos os fortes da jurisdição da Villa da Praia e da jurisdição da cidade na Ilha Terceira, com a indicação da importância da despesa das obras necessárias em cada um deles (Arquivo Histórico Ultramarino)". in Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, vol. LI-LII, 1993-1994.
  • Anónimo. "Revista aos Fortes que Defendem a Costa da Ilha Terceira – 1776 (Arquivo Histórico Ultramarino)". in Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, vol. LVI, 1998.
  • BASTOS, Barão de. "Relação dos fortes, Castellos e outros pontos fortificados que devem ser conservados para defeza permanente." in Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, vol. LV, 1997. p. 272-274.
  • CASTELO BRANCO, António do Couto de; FERRÃO, António de Novais. "Memorias militares, pertencentes ao serviço da guerra assim terrestre como maritima, em que se contém as obrigações dos officiaes de infantaria, cavallaria, artilharia e engenheiros; insignias que lhe tocam trazer; a fórma de compôr e conservar o campo; o modo de expugnar e defender as praças, etc.". Amesterdão, 1719. 358 p. (tomo I p. 300-306) in Arquivo dos Açores, vol. IV (ed. fac-similada de 1882). Ponta Delgada (Açores): Universidade dos Açores, 1981. p. 178-181.
  • DRUMMOND, Francisco Ferreira. Anais da Ilha Terceira (fac-simil. da ed. de 1859). Angra do Heroísmo (Açores): Secretaria Regional da Educação e Cultura, 1981.
  • FARIA, Manuel Augusto. "Ilha Terceira – Fortaleza do Atlântico: Forte de Santa Cruz". in Diário Insular, s/d.
  • FARIA, Manuel Augusto. Pedras que falam. pedras que formam (2ª ed.). Praia da Vitória: Câmara Municipal da Praia da Vitória, 1997.
  • JÚDICE, João António. "Revista dos Fortes da Terceira". in Arquivo dos Açores, vol. V (ed. fac-similada de 1883). Ponta Delgada (Açores): Universidade dos Açores, 1981. p. 359-363.
  • MACHADO, Francisco Xavier. Revista dos fortes e redutos da Ilha Terceira - 1772. Angra do Heroísmo (Açores): Secretaria Regional da Educação e Assuntos Sociais; Gabinete da Zona Classificada de Angra do Heroísmo, 1983. il.
  • MARTINS, José Salgado, "Património Edificado da Ilha Terceira: o Passado e o Presente". Separata da revista Atlântida, vol. LII, 2007. p. 49.
  • MOTA, Valdemar. "Fortificação da Ilha Terceira". in Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, vol. LI-LII, 1993-1994.
  • NEVES, Carlos; CARVALHO, Filipe; MATOS, Arthur Teodoro de (coord.). "Documentação sobre as Fortificações dos Açores existentes nos Arquivos de Lisboa – Catálogo". in Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, vol. L, 1992.
  • PEGO, Damião; ALMEIDA JR., António de. "Tombos dos Fortes da Ilha Terceira (Direcção dos Serviços de Engenharia do Exército)". in Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, vol. LIV, 1996.
  • VIEIRA, Alberto. "Da poliorcética à fortificação nos Açores: introdução ao estudo do sistema defensivo nos Açores nos séculos XVI-XIX". in Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, vol. XLV, tomo II, 1987.

Ligações externas

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