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Genyodectes

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Genyodectes
Intervalo temporal: Cretáceo Inferior, 112 Ma
Holótipo de Genyodectes
Classificação científica edit
Domínio: Eukaryota
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Clado: Dinosauria
Clado: Saurischia
Clado: Theropoda
Família: Ceratosauridae
Gênero: Genyodectes
Woodward 1901
Espécies:
G. serus
Nome binomial
Genyodectes serus
Woodward, 1901

Genyodectes (do grego "mordida de mandíbula") é um gênero de dinossauro terópode ceratossaurídeo do Cretáceo Inferior (Aptiano) da América do Sul. O material do holótipo (MLP 26–39, Museu de La Plata, La Plata, Argentina) foi coletado da Formação Cerro Barcino, Cañadón Grande, Departamento Paso de Indios na Província de Chubut e descrito por Sir Arthur S. Woodward em 1901. Consiste em um focinho incompleto com partes da mandíbula. Devido ao estado fragmentário, é considerado por alguns paleontólogos como um nomen dubium. A espécie-tipo é denominada Genyodectes serus sendo o único ceratossaurídeo conhecido do Cretáceo.

Material conhecido de Genyodectes
Ilustração do holótipo MLP 26–39 de Woodward

O paleontólogo inglês Sir Arthur S. Woodward descreveu Genyodectes em 1901,[1] e, depois de Loncosaurus (Ameghino, 1899; nomen dubium),[2] é o segundo dinossauro não aviano descrito da América do Sul, e permaneceu como o terópode sul-americano mais completamente conhecido até a década de 1970.[3] Ao estudar registros históricos e preservação dos ossos, Rauhut concluiu que o espécime provavelmente foi coletado do Membro Cerro Castaño da Formação Cerro Barcino (datada dos estágios Aptiano ao Albiano do Cretáceo Inferior, entre 125 a 112 milhões de anos).[4]

Tamanho estimado de Genyodectes comparado ao humano

Genyodectes tem seu nome do gênero advindo do grego genys que quer dizer mandíbula dektes, "mordida" e nome específico, serus, significa "tardio".[3] É conhecido pelo seu holótipo, MLP 26–39, que consiste em restos da região frontal inferior do focinho e partes da mandíbula, contendo o pré-maxila porções de ambas as maxilas, o dentário direito e esquerdo, muitos dentes, um fragmento do esplênio esquerdo e partes da região superior do dentário.[5] Esses elementos são geralmente mal preservados e alguns estão em articulação. A pré-maxila de Genyodectes possui dentes relativamente grandes e salientes, semelhantes aos do Ceratosaurus.[3]

Rauhut diagnosticou Genyodectes serus apontado similaridade com Ceratosaurus a partir da análise dos dentes pré-maxilares em sua disposição sobreposta, com as coroas dos dentes maxilares mais longos que muitos outros terópodes sobre a região da mandíbula, se diferenciado de Ceratosaurus na quantidade de dentes pré-maxilares."[6]

Com base nisso no holótipo e no gênero relativo Ceratosaurus, Molina Perez e Larramendi estimaram o tamanho de Genyodectes por volta de 6,25 metros de comprimento e uma massa corporal de 790 kg.[3]

Representação do animal em vida

Classificação

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Genyodectes tem sido considerado um nomen dubium há muito tempo, devido à sua natureza fragmentária e algumas dúvidas quanto às suas origens geográficas e estratigráficas precisas [5].No entanto, uma recente redescrição do material tipo por Rauhut (2004) lançou alguma luz sobre essas questões e parece estabelecer a validade taxonômica de Genyodectes serus, a única espécie referida ao gênero.[6] Na última década, o holótipo foi colocado em diversos grupos, Megalosauridae, Tyrannosauridae, Theropoda incertae sedis e até Abelisauridae (talvez até mesmo um sinônimo sênior de Abelisaurus).[7] No entanto, a recente remoção do holótipo da "matriz artificial" na qual ele havia sido exibido por muito tempo permitiu uma reavaliação do espécime. Rauhut concluiu que o espécime não possui sinapomorfias importantes de abelissaurídeos e tiranossaurídeos, mas encontrou muitos traços ceratossaurianos. Isso parece implicar que Genyodectes estava mais próximo do Ceratosaurus do que os abelissauróides mais derivados (que também descendem de animais como Ceratosaurus).[8][5]

Decourt considera Genyodectes, junto com Eoabelisaurus como representantes tardios do ceratossaurídeos, indicando resiliência do grupo na transição do Jurássico Superior para a passagem do Cretáceo.[7] Restos de um ceratossaurídeo descritos em 2018 no Uruguai podem ajudar a estabelecer melhor a evolução e sobrevivência tardia destes dinossauros, dada a lacuna de tempo entre o gêneros do Jurássico e estes representantes do Cretáceo.[9] A classificação de Eoabelisaurus na família foi contestada, deixando Genyodectes e Ceratosaurus como os únicos representantes válidos de sua família.[10][11][12]

O cladograma a seguir, que mostra as relações do Genyodectes, é baseado na análise filogenética conduzida por Diego Pol e Oliver Rauhut em 2012:[13]

Ceratosauria 

Berberosaurus

Deltadromeus

Spinostropheus

Limusaurus

Elaphrosaurus

 Neoceratosauria 
 Ceratosauridae 

Ceratosaurus

Genyodectes

 Abelisauroidea 

Noasauridae

Abelisauridae

Referências

  1. Woodward, A. S. (1901). «On some extinct reptiles from Patagonia, of the genera Meiolania, Dinilysia, and Genyodectes». Proceedings of the Zoological Society of London 1901: 169-184 
  2. Ameghino, F. (1899). Nota preliminar sobre el Loncosaurus argentinus, un representante de la familia de los Megalosauridae en la Republica Argentina. Anales de la Sociedad Cientifica Argentina 47:61-62.
  3. a b c d Molina-Pérez & Larramendi (2016). Récords y curiosidades de los dinosaurios Terópodos y otros dinosauromorfos (em espanhol). Barcelona, Espanha: Larousse. 255 páginas 
  4. {Rauhut 2004, p. 894
  5. a b c Tykoski et Rowe, 2004, p. 50
  6. a b Rauhut 2004, p. 895
  7. a b Rafael Delcourt. «Ceratosaur palaeobiology: new insights on evolution and ecology of the southern rulers». Scientific Reports (em inglês). 8 (9730). doi:10.1038/s41598-018-28154-x 
  8. Rauhut 2004, p. 900
  9. Matías Soto; Daniel Perea (2007). «A ceratosaurid (Dinosauria, Theropoda) from the Late jurassic–Early Cretaceous of Uruguay». Journal of Vertebrate Paleontology (em inglês): 439-444. doi:10.1671/0272-4634(2008)28[439:ACDTFT]2.0.CO;2 
  10. Zaher, H.; Pol, D.; Navarro, B.A.; Delcourt, R.; Carvalho, A.B. (Outubro de 2020). «An Early Cretaceous theropod dinosaur from Brazil sheds light on the cranial evolution of the Abelisauridae» (PDF). Comptes Rendus Palevol (em inglês). 19 (6): 101–115. doi:10.5852/cr-palevol2020v19a6Acessível livremente 
  11. Ibiricu, Lucio M.; Baiano, Mattia A.; Martínez, Rubén D.; Alvarez, Bruno N.; Lamanna, Matthew C.; Casal, Gabriel A. (2021). «A detailed osteological description of Xenotarsosaurus bonapartei (Theropoda: Abelisauridae): implications for abelisauroid phylogeny». Cretaceous Research. 124. 104829. Bibcode:2021CrRes.12404829I. doi:10.1016/j.cretres.2021.104829 
  12. Agnolín, Federico L.; Cerroni, Mauricio A.; Scanferla, Agustín; Goswami, Anjali; Paulina-Carabajal, Ariana; Halliday, Thomas; Cuff, Andrew R.; Reuil, Santiago (10 de fevereiro de 2022). «First definitive abelisaurid theropod from the Late Cretaceous of Northwestern Argentina». Journal of Vertebrate Paleontology. 41 (4): e2002348. ISSN 0272-4634. doi:10.1080/02724634.2021.2002348 
  13. Pol, D.; Rauhut, O.W.M. (2012). «A Middle Jurassic abelisaurid from Patagonia and the early diversification of theropod dinosaurs». Proceedings of the Royal Society B: Biological Sciences. 279 (1804): 3170–5. PMC 3385738Acessível livremente. PMID 22628475. doi:10.1098/rspb.2012.0660 
  • Tykoski, R.S; Rowe, T. (2004). «Ceratosauria». In: Weishampel, D.B.; Dodson, P.; Osmólska, H. The Dinosauria (em inglês) 2nd ed. Berkeley: University of California Press. pp. 47–70. ISBN 0-520-24209-2 
  • Rauhut, O.W.M. (2004). «Provenance and anatomy of Genyodectes serus, a large-toothed ceratosaur (Dinosauria: Theropoda) from Patagonia.». Journal of Vertebrate Paleontology (em inglês). 24 (4): 894-902 
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