Hotel Central (São Paulo)
Hotel Central | |
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Tipo | edifício |
Geografia | |
Coordenadas | |
Localização | São Paulo - Brasil |
O Hotel Central representa um marco na história arquitetônica de São Paulo, Brasil. Construído em 1915 e inaugurado na década de 20, pelo escritório do arquiteto Ramos de Azevedo, o hotel destacava-se por ser o pioneiro de São Paulo a ter quatro pavimentos.[1][2]
Inicialmente o edifício foi construído com a finalidade de ser residencial ou até mesmo um escritório. No entanto acabo virando um hotel de luxo que tinha como público barões de café e emergentes comercias.[3]
O hotel tem grande similaridade com o que encontramos na cidade de Paris. É considerado um dos melhores para reuniões e eventos, concorrendo com o antigo Salão Steinway, que fica do outro lado na avenida.[4]
Está localizado no começo da Avenida São João, ao lado do Palácio dos Correios, na região do Vale do Anhangabaú, no centro da capital.[2] O hotel junto a outros edifícios compõe o conjunto das edificações ecléticas que começa no edifício dos Correios e se estende até o Largo Paissandu.[5]
História
[editar | editar código-fonte]Inaugurado na década de 1920, o hotel Central destacava-se dos outros por ter quatro pavimentos. O Hotel Central, ao ser edificado, possuía uma estrutura muito parecida com a dos prédios que podem ser encontrados em Paris e, por causa disso, atraía muita atenção. Em pouco tempo transformou-se em um lugar tão conhecido, que começou a criar uma rivalidade com o antigo Salão Steinway, que localiza-se do outro lado da avenida. Ademais, era a primeira opção para turistas e negociantes que buscavam hospedar-se na região centro de São Paulo, além de ser procurado, também, para reuniões e eventos.[2] Devido a isto, o Hotel Central tornou-se um marco na hotelaria da cidade no início do século XX.[6]
Pouco tempo depois, vários outros hotéis foram chegando na Avenida São João. Entre eles, o Hotel São Bento, Hotel Britannia e o Hotel Municipal.[7] A decadência e a depredação da região central foram dois dos fatores que levaram o hotel a ir perdendo cada vez mais clientes.[8] Os hóspedes passaram a optar por hotéis mais modernos como o Othon Palace Hotel, Hotel Hilton de São Paulo e o Hotel Excelsior. Fatores que levaram o Hotel Central a abaixar os preços e a qualidade dos serviços. Outro motivo que levou o Central a fechar as portas foi a transformação do trecho Avenida São João que está em calçadão. Além da dificuldade de acesso para os hóspedes, somou-se a insegurança da região a concorrência com outros hotéis do centro.
O Hotel São Paulo fechou na década de 90, tornando incerto o futuro da edificação. Em 2007, o prédio foi comprado pelo empresário angolano Mário de Almeida.[9] Entre 2008 e 2009 chegou a receber alguns projetos culturais como a casa de cultura da Angola e exposições itinerantes como o Red Bull House of Art.[10] Em 2011, o empresário angolano planejava investir 11 milhões de reais para transformá-lo em um hotel-boutique. A conclusão do projeto estava prevista para o segundo semestre de 2012.[11]
As dependências do hotel já sofreram e ainda sofrem algumas invasões de movimentos que contribuem para a deterioração do prédio,[2] em 2008, no térreo, chegou a funcionar uma casa de cultura angolana.[12]
Arquitetura
[editar | editar código-fonte]Ramos de Azevedo
[editar | editar código-fonte]Ramos de Azevedo é o arquiteto responsável pelo projeto do Central e de muitas construções da cidade de São Paulo no período. Engenheiro-arquiteto formado em Gante, na Bélgica, ficou à frente do principal Escritório Técnico de Projeto e Construção de São Paulo, durante a última década do século XIX e as três primeiras do XX. Suas obras mais importante são orientadas pela tradição européia Beaux-Arts do estilo neoclássico e ecletismo acadêmico, dando forma à Belle Époque paulistana.[13] Esse período de mudanças artísticas, culturais e políticas afetou todo o país nomeia-se Belle Époque brasileira. O Teatro Municipal de São Paulo com estilo neorrenascentista é uma de suas obras que se torna símbolo da modernidade urbana paulistana.[14]
Características arquitetônicas
[editar | editar código-fonte]A construção tem influência da arquitetura do século XIX. Em especial, a francesa. O hotel é feito de concreto e tem vedação em alvenaria. Conta com quatro pavimentos, sendo eles divididos em: térreo, três andares e mansarda. A metragem total é 2800 metros quadrados divididos em 40 quartos. O pé direito dos corredores é alto. Os quartos tem uma metragem ampla de 4 metros quadrados. As portas tem 3,8 metros de altura. Em seu uso original, o térreo seria destinado para uso comercial e o restante para o hotel.[15]
Infelizmente, por causa de seus padrões mais clássicos, muitos viajantes preferiram optar por hotéis mais modernos, como Excelsior, Hilton e Othon Palace. Essa condição causou uma redução nos preços e baixa qualidade nos serviços.[16]
Significado histórico e cultural
[editar | editar código-fonte]A construção dos grandes hotéis na cidade acompanham um processo de modernização do começo do século XX. Ligados ao processo de expansão sócio-econômico e urbano de São Paulo. Os hotéis se instalaram nos principais locais de transformação. Na década de 20, aconteceu a instalação do Hotel Terminus, com mais de duzentos quartos, e do Hotel Esplanada. Representando o crescimento paulistano. O fortalecimento da economia industrial favoreceu o desenvolvimento urbano.[17]
As construções possibilitaram estruturar na imagem de uma São Paulo moderna e cosmopolita, cenário de uma oligarquia agrária que adota padrão de estilo e conforto europeus, especialmente franceses.[13]
Não há um processo específico do imóvel, segundo o DHP (Departamento do Patrimônio Histórico). No entanto, o edifício fica em uma área tombada do Vale do Anhangabaú e vizinhanças. A região tem um valor histórico, social e urbanístico representado pelos vários modos de organização do espaço urbano. Os imóveis ali presentes tem um valor histórico-urbanístico e afetivo para a história de São Paulo. Por isso, segundo a resolução nº 37/92 do Conpresp (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo), todos os imóveis da área estao tombados. De acordo com o documento, o hotel Central fica na quadra tombada 058 na região da Avenida Sã João nº 284 a 292 com a Avenida C/Abelardo Pinto 88s e 90.[18]
Imagens
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Fachada do hotel
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Fachada do hotel
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Vista do hotel da Praça das Artes
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Detalhe da fachada do hotel
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Porta principal do hotel
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Vista do hotel da Praça das Artes
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ Douglas Nascimento. «Hotel Central». São Paulo Antiga. Consultado em 27 de outubro de 2016
- ↑ a b c d «Hotel Central – São Paulo Antiga». www.saopauloantiga.com.br. Consultado em 23 de abril de 2017
- ↑ Dias, Celia Maria Morais (18 de agosto de 2006). «Marcos da hospitalidade na Cidade de São Paulo: amenidades e facilidades». Revista Turismo em Análise. 17 (2): 170–189. ISSN 1984-4867. doi:10.11606/issn.1984-4867.v17i2p170-189
- ↑ «Hotel Central – São Paulo Antiga». www.saopauloantiga.com.br. Consultado em 24 de abril de 2017
- ↑ Cultura, SP (4 de novembro de 2015). «Edifícios dos hotéis Central e Britânia - SP Cultura». SP Cultura
- ↑ «Hotel Central – São Paulo Antiga». www.saopauloantiga.com.br. Consultado em 26 de abril de 2017
- ↑ Douglas Nascimento. «Hotel Municipal». São Paulo Antiga. Consultado em 11 de novembro de 2016
- ↑ «Hotel Central – São Paulo Antiga». www.saopauloantiga.com.br. Consultado em 16 de abril de 2017
- ↑ Rejane Tamoto. «Vida nova para o velho vale» (PDF). Diário do Comércio. Consultado em 11 de novembro de 2016
- ↑ Adirson Allen. «Hotel do arquiteto Ramos de Azevedo recebe Red Bull House of Art». A Criação. Consultado em 11 de novembro de 2016
- ↑ João Batista Jr. «Angolano investe 11,5 milhões de reais em hotel no centro da cidade». São Paulo Antiga. Consultado em 11 de novembro de 2016
- ↑ «Hotel Central – São Paulo Antiga». www.saopauloantiga.com.br. Consultado em 25 de abril de 2017
- ↑ a b Itaú Cultural. «Hotel Central». Itaú Cultural. Consultado em 10 de novembro de 2016
- ↑ Caio de Carvalho Proença. (PDF). História (PUCRS) http://www.encontro2012.sp.anpuh.org/resources/anais/17/1342564465_ARQUIVO_ResumoUNICAMP2012.pdf. Consultado em 31 de outubro de 2016 Em falta ou vazio
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(ajuda) - ↑ Monografia-Edifícios Históricos e Habitação no Centro de São Paulo. «Monografia». Issuu. Consultado em 11 de novembro de 2016
- ↑ «Hotel Central – São Paulo Antiga». www.saopauloantiga.com.br. Consultado em 24 de abril de 2017
- ↑ Ana Carla de Castro Alves Monteiro. «Os hotéis da metrópole». Vitruvius. Consultado em 29 de outubro de 2016
- ↑ Conpresp. «Vale do Anhangabaú» (PDF). São Paulo Antiga. Consultado em 23 de setembro de 2016