Distribuição de falantes do continuum dialetal a qual pertence a língua rajbanshi. Em vermelho, estão os principais distritos e cidades nos quais a língua rajbanshi é falada.
Historicamente, a língua rajbanshi tem sido um componente crucial da identidade cultural e social do povo rajbanshi. No entanto, nas últimas décadas, o idioma rajbanshi enfrenta desafios significativos de desuso, especialmente entre as gerações mais novas. Esse fenômeno se deve a diversos fatores, como a globalização e a predominância de línguas como o bengali e o hindi nos ambientes educacionais.[3]
O termo rajbanshi, derivado do sânscrito, significa "raça real",[4] sendo raj "rei" e bansh "linhagem".[5] Contudo, o uso desse termo carrega algumas implicações. Primeiramente, ele é centrado em castas e exclui a população muçulmana que, apesar de falar o mesmo dialeto, não se identifica com o termo hindurajbanshi por conta de tensões religiosas e culturais. Além disso, o nome rajbanshi abrange grupos que não estão necessariamente relacionados entre si. Isso cria confusão sobre a identidade, pois o mesmo termo é usado por comunidades distintas que não compartilham a mesma herança linguística.[6]
Assim, o termo kamtapuri ou kamta, que significa "filho do solo",[7] surgiu como uma alternativa mais preferida por alguns falantes por sua neutralidade em relação a castas, sua inclusividade e sua autonomia política.[8] Essa insatisfação também motivou algumas comunidades, especialmente no Nepal, a adotarem nomes próprios para a língua, como tajpuria e gangai.[2]
O idioma rajbanshi sofreu influência de outras línguas indo-arianas, principalmente o assamês e o bengali. Assim, alguns pesquisadores o classificam como "dialeto de Bengali"[9] ou "Bengali do norte".[10] A língua rajbanshi, assim como a maioria das outras línguas do norte da Índia, está relacionada com as conversões religiosas para o hinduísmo e islamismo.[4]
Apesar de os muçulmanos de Rangpur e os hindus de Cooch Behar falarem dialetos similares, eles possuem divergências em questão da língua materna. Os muçulmanos de Rangpur se identificam como bengalis e veem a sua língua materna como parte do idioma bengali. Em contrapartida, os hindus de Cooch Behar se identificam como rajbanshis e defendem a sua autonomia linguística.[7] Devido aos diversos grupos dentro do grupo rajbanshi se referirem a sua língua por diferentes nomes e também pela existência de subcastas, é comum que os mesmos dialetos sejam conhecidos por uma variedade de nomes. Alguns desses termos incluem Kamata Bihari, Kamrupa/i, Koch, Rangpuri, Bahe, Surjapuri, Dekhia e Dekhri.[11]
Além disso, a língua rajbanshi se entrelaça com outras línguas adjacentes: ela se mistura com o assamês a leste, com o maithili a oeste e com o bengali ao sul, formando assim um continuum dialetal. Esse fenômeno é interpretado como uma consequência da falta de fronteiras políticas ou geográficas rígidas.[11]
A língua rajbanshi possui inúmeros dialetos a depender da região em que a língua é falada. Alguns dos principais:[12]
Por exemplo, a pronúncia do pronome pessoal na 3ª pessoa do singular उहाँ uhã em Morang é [wãe], enquanto em Jhapa é [wahãe].[13]
Conforme descrito, existem diferentes nomes para os dialetos dependendo do contexto sócio-histórico da comunidade:[14]
Bahe: Principalmente usado em Rangpur e nos distritos próximos. Bahe é derivado de uma palavra local usada em cumprimentos masculinos. Apesar de os bengalis do sul usarem o termo para ridicularizar os habitantes de Rangpur, os rangpuris acolheram o termo bahe com orgulho como um sinal de sua distinção sociolinguística.
Deshi bhasha: Esse termo é preferido em todas as áreas, principalmente por aqueles que desejam evitar tomar partido em controvérsias políticas. O termo significa "a língua do desh (nação, região, localidade)", indicando sua natureza genérica e sua falta de utilidade para distinguir o rajbanshi de outros dialetos.
Surjapuri: Principalmente usado no nordeste de Bihar e nas porções adjacentes ao Distrito Dinajpur.
Tajpuria: Este termo é preferido no sudeste do Nepal entre o povo tajpuria, que rejeita o nome rajbanshi com base no argumento de que se trata de uma designação de casta que não se aplica a eles.
No idioma rajbanshi, todas as plosivas podem ocorrer no ínicio da palavra e todas, exceto /d̪/ e /d̪ʱ/, aparecem entre vogals. Quando posicionadas na posição final da palavra, as plosivas surdas (aquelas produzidas sem vibração das cordas vocais) tendem a ser articuladas com menos energia, podendo resultar em uma emissão de ar bastante sutil.[15]
Em algumas palavras, a aspiração marcada na escrita pode não ser refletida na sua realização fonética, como em:[16]
बाध bæːd̪ʰ [bæːd̪̥/t̪] (campo)
Além disso, a língua rajbanshi apresenta casos de neutralização fonética (a distinção entre certos sons se perde em determinados contextos). Um exemplo claro disso acontece com o /r/ e as consoantes /d̺/ e /d̪ʱ/. Na posição inicial da palavra, /d̺/ é pronunciado normalmente como [d̺]. Em contrapartida, quando /d̺/ aparece entre vogais ou na posição final da palavra, ele é neutralizado com o /r/, sendo pronunciado como [ɽ] ou [r/ɾ].[16] Por exemplo, na palavra ढेरि d̪ʱeri [d̪ʱeɾ̤i] (pilha), o /d̪ʱ/ é realizado como [d̪ʱ], enquanto na palavra जेऱ dzerʰʌ [dzeɽʰʌ̤] (rebanho), o /d̪ʱ/ é neutralizado com o /rʰ/ e é realizado como [ɽʰ].
Interessantemente, a plosiva /pʰ/ é frequentemente pronunciada como [f]:[17]
Na língua rajbanshi, as africadas geralmente têm uma articulação alveolar. As africadas aspiradas, assim como em छुवा tsʰuæ [tʃʰuwæ] (criança), têm uma execução pós-alveolar. Assim como nas plosivas, o efeito da aspiração geralmente não aparece no final das palavras, assim como em:[18]
पुछ् putsʰ [puts/ʃ] (pedir-IMPERATIVO-2ª Pessoa do Singular)
A letra /h/ pode soar como [h] ou [ɦ] no início de palavras, como em:[18]
Quando consoantes como /mʰ/, /n̪ʰ/, /ŋʰ/, /lʰ/ e /rʰ/ estão no meio de palavras e são aspiradas, elas fazem a vogal seguinte soar de maneira especial, um pouco como se estivesse sendo sussurrada. Por exemplo, लाम़ læmʰʌ (longo) é pronunciado como [læ̃mɦʌ̤].
No final de palavras, a aspiração pode se misturar com sons seguintes, mudando a maneira como a palavra é pronunciada:
Alguns falantes nativos apontam a necessidade de diferenciar três vogais: /e/ [ɛ], /i/ [i] e [ɪ]. Porém, não há evidência que sugere uma terceira vogal anterior contrastante /ɪ/.[20]
Na língua rajbanshi, o fonema /i/ é pronunciado como [i]. É raro encontrar /i/ no início de palavras, mas aparece em casos específicos como no demonstrativo (próximo) इ- /i-/ [i] ou em empréstimos, como इनाम inæ̪m [in̪æm] (recompensa).[20]
Apesar de existir pouca evidência de semivogais na fonologia rajbanshi, o som [j] no ínicio de certos pronomes e empréstimos pode ser interpretado como uma semivogal:[20]
याहाँ(ए) jæhæ(e) [jæhæ/æ̃(e)] (pronome(próximo)-3ª Pessoa do Singular)
योजना jodzʌn̪æ [jodzʌn̪æ] (plano)
O /e/ pode soar como [e] ou [ɛ] e é encontrado em qualquer posição na palavra. A vogal /ʌ/ normalmente é pronunciada como [ʌ], e possui as variações livres [ɜ] e [ə]. O /æ/ tem pronúncia [æ] ou [ɐ].[21]
As vogais /u/ e /o/ são pronunciadas como [u] e [o], respectivamente. Elas são encontradas em todas as posições, embora /o/ seja raro no início das palavras.[21]
A escrita devanágari, baseada na antiga escrita brami,[22] é amplamente usada no subcontinente indiano para mais de 120 línguas.[23] Esta escrita conta com 47 caracteres principais, incluindo 14 vogais e 33 consoantes. No entanto, no idioma rajbanshi, apenas 6 dessas vogais são empregadas.
Diferentemente do alfabeto latino, não existe distinção entre letras maiúsculas e minúsculas em devanágari.[24] Essa escrita é um abugida, ou seja, cada caractere base representa uma consoante, enquanto os diacríticos indicam as vogais. A escrita é feita da esquerda para a direita.[25]
Uma das marcas distintivas da escrita devanágari é sua estética, com uma preferência por formas arredondadas e simétricas, geralmente enquadradas dentro de contornos quadrados. Além disso, ela é reconhecível por uma linha horizontal, conhecida como shirorekhā, que corre ao longo do topo das letras.[25]
Na tabela abaixo, as vogais em suas formas independentes são mostradas na parte superior e as suas formas dependentes combinadas com a consoante क् k na parte inferior.
a
ā
i
u
ū
e
ē
ai
o
ō
au
अ
आ
इ
उ
ऊ
ऎ
ए
ऐ
ऒ
ओ
औ
ka
kā
ki
ku
kū
ke
kē
kai
ko
kō
kau
k
क
का
कि
कु
कू
कॆ
के
कै
कॊ
को
कौ
क्
Uma vogal combina com uma consoante em sua forma diacrítica. Por exemplo, a vogal आā combina com a consoante क्k para formar a letra silábica काkā. A série diacrítica de क ka, ख kha, ग ga, घ gha... não tem nenhum sinal de vogal adicionado, pois a vogal अ a é inerente.
Na língua rajbanshi, as frases geralmente seguem a estrutura de Sujeito-Objeto-Verbo (SOV).[28]. O sujeito e os objetos diretos inanimados não recebem uma marcação específica. [29] Já os objetos diretos animados e os objetos indiretos são identificados pelo marcador dativo-acusativo -क -(ʌ)k.[30] Embora essa ordem de palavras tenda a ser padrão, é possível encontrar variações. Esta reordenação é mais comum na comunicação oral entre os falantes, diferentemente da literatura escrita em rajbanshi.[31]
No idioma rajbanshi, os pronomes pessoais são organizados de acordo com as três pessoas do discurso (primeira, segunda e terceira), com distinções claras entre singular e plural. Para pronomes na terceira pessoa, ocorre uma diferenciação entre alguém próximo e alguém distante do falante. Esses pronomes são ajustados de acordo com três casos gramaticais: nominativo, para o sujeito da frase; genitivo, indicando posse; e dativo, usado para o objeto indireto.[33]
Na língua rajbanshi, os pronomes de 3ª pessoa, tanto no singular quanto no plural, são apenas usados para referenciar humanos. O idioma não utiliza pronomes de tratamento formal. Entretanto, por convenções culturais, as formas plurais podem ser utilizadas para se referir a indivíduos singulares como uma maneira de indicar respeito. Por exemplo, pessoas mais velhas ou parentes próximos da pessoa que fala podem ser referenciados no plural. Nesse caso, se uma pessoa é referenciada no plural, ela também se refere a si mesma no plural.[34]
Exemplo:
एक दुइ चटि माने मुइ अमार घर गिनु...
ek dui cʌṭi mane mui ʌmʰar gʰʌr gisnu
Eu fui para a casa dele uma ou duas vezes... (falante se referindo a um amigo próximo de seu pai)
O primeiro é o काहुँ kahu (qualquer um, alguém), que se transforma em काहाँ kaha quando usado em contextos genitivos e dativo-acusativos.[35]
काहाँर कमरखाने भािङ गिछे।
kahar kʌmmʌrkʰane bʰaŋi giche
...a lombar de alguém foi quebrada.
O segundo, कुछु kucʰu (alguma coisa, pouco), varia em significado entre "alguma coisa" em afirmações e "nada" em negações, podendo qualificar substantivos ou adjetivos.[35]
Exemplo:
उहाँ आरकि कुछु नि बले। uhã arki kucʰu ni bʌle Ela não falou nada.
कट्टुखान कुछु छट हइ गेलिक। kuṭṭukʰan kucʰu cʰʌṭʌ hʌi gelki A cueca é um pouco curta.
O pronome कोए koe (alguém, algo) indica indefinição. Além de funcionar como um pronome independente, कोए koe também pode modificar um adjetivo.
Exemplo:
कोए आले कहि दिस कि मुइ नि छु। koe asle kʌhi dis ki mui ni Se alguém vier, diga que eu não estou aqui.
कोय एकटा लोक koe ekṭa lok Qualquer homem.
Por fim, o pronome पोर por significa "outro" ou "outros".[36]
Na língua rajbanshi, o pronome interrogativo काहें kahe (quem) é usado em perguntas diretas e indiretas, como em:[37]
तुइ काहें? tui kahe Quem é você?
तोक देखबा हकु, काहें जितेचि काहें हारेचि।? tok dekʰba hʌpku kahe jiteci kahe hareci Você terá de assistir (e dizer) quem (de nós) ganha e quem (de nós) perde.
Ele também funciona para questionar a propriedade ou identidade, como em:[37]
काहाँर चुलि हए इखान?
kahar culi hʌe ikʰan
De quem é esse cabelo?
Declinação do pronome interrogativo काहें kahe (quem) da língua rajbanshi[38]
O pronome interrogativo काहें kahe (quem) possui duas formas do plural: काहेंला kahela (quem-PLURAL) e काहें काहें kahe kahe (quem quem). A diferença é usada para indicar referentes sem ou com individualização.
Templo Kantajew, Dinajpur, Bangladesh
Exemplo:
Sem individualização
काहेंला बेराचे? kahela berace Quem está andando?
छुवाला cʰuala As crianças.
Com individualização
काहें काहें बेराचे? kahe kahe berace Quem está andando?
O número nos substantivos é marcado pelo sufixo plural -ला -la, adicionado após a raiz do substantivo e antes de qualquer sufixo de caso. Por exemplo, काति kati (fundação) se torna plural com o acréscimo de -ला -la, resultando em कातिला katila (fundações). Quando marcado para caso dativo, o sufixo de caso segue o de número, como em कातिलाक katilak (fundações-DATIVA).[40]
Quando se usa números para falar sobre a quantidade de algo, é necessário usar também os classificadores nominais. Esses classificadores acompanham os números para especificar a contagem de um substantivo singular. Não se usa o sufixo -ला -la para indicar plural em substantivos que já estão sendo modificados por numerais.[40]
Exemplo:
दुइखान बाहाँ duikʰan baha Dois braços.
दुइडा छुवा duiḍa cʰua Duas crianças.
Quando o substantivo é modificado por गटे gʌṭe (todo, todos), o substantivo principal leva o marcador de plural, como em:[41]
गटे खेटियाला मिलिएने बुऱिडर सङे गेले।
gʌṭe kʰeṭiala miliene burʰiḍʌr sʌŋe gelɪ
Todos os chacais foram juntos com a mulher idosa.
Nos casos em que o demonstrativo modifica o substantivo, o plural é marcado apenas no demonstrativo. Contudo, se tanto o demonstrativo quanto गटे gʌṭe (todo, todos) modificam o substantivo, ambos recebem o marcador de plural.[41]
Exemplo:
इला बाँस ila bãs Estes bambus.
इला गटला बाँस ila gʌṭla bãs Todos estes bambus.Palácio Tajhat, Rangpur, Bangladesh
Utilizado para marcar o sujeito ou objeto direto inanimado, o caso nominativo na língua rajbanshi não recebe uma marcação específica. Ele serve para identificar o sujeito de ações, independentemente da animacidade ou do tempo verbal. Por exemplo, "o menino come" e "a pedra cai" usariam a mesma marcação de caso para "menino" e "pedra", apesar das diferenças em animacidade.[29]
Quando nos referimos a objetos diretos que não são pessoas ou seres vivos (ou seja, objetos inanimados), eles podem ser marcados pelo caso nominativo ou caso dativo-acusativo. Apesar de o caso nominativo ser mais frequente para esses objetos, o motivo da preferência de um pelo outro ainda é incerto.[43]
Originalmente, em sânscrito, os casos acusativo e dativo eram distintos, cada um com sua própria função gramatical: o acusativo marcava o objeto direto de uma ação, enquanto o dativo era usado principalmente para marcar o objeto indireto.[44]
No entanto, ao longo do tempo, nas línguas indo-arianas modernas, houve uma tendência de simplificação do sistema de casos. Esta evolução resultou na fusão do caso acusativo com o nominativo, o que significa que o objeto de uma ação muitas vezes não é marcado de maneira diferente do sujeito da frase. Em outras palavras, tanto o sujeito quanto o objeto podem aparecer na forma nominativa, sem uma marcação de caso específica que os diferenciem.[44]
A ausência de um caso acusativo levou ao uso do dativo para cumprir algumas das funções anteriormente realizadas pelo acusativo, especialmente na marcação de objetos definidos ou específicos. Por isso, o marcador dativo pode ser referido como um "dativo-acusativo".[30]
O marcador dativo-acusativo -क -(ʌ)k muda de forma dependendo do som que vem antes dele. Se uma vogal termina a palavra, usamos -k. Se a palavra termina com uma consoante, usamos -ʌk.[44]
Normalmente, objetos animados são marcados pelo caso dativo-acusativo, como em:[30]
याहाँक आझि माबा लागे।
yahak ajʰi marba lage
Nós devíamos matar ela hoje.
Pronomes pessoais são necessariamente marcados pelo caso dativo-acusativo quando eles funcionam como objetos.[30]
O caso genitivo é frequentemente usado para expressar posse e é marcado por -(ए)र -(e)r, com variações dependendo do som final da raiz. Se uma vogal termina a palavra, usamos -r. Se a palavra termina com uma consoante, usamos -er.[45]
Exemplo:
हामार गाअँ hamar gaʌ̃ Nossa aldeia.
हआल़ा जाछु, बेटिर घर। alʰa jacʰu beṭir gʰʌr Agora estou indo para a casa da (minha) filha.
O caso genitivo também pode ser usado para descrever a origem ou a composição de algo.[46]
Exemplo:
इड लोक गचिमारिर हए। iḍʌ lok gʌcimarir hʌe Este homem é de Gacimari.
आर घरट माटिरे हए ar gʰʌrṭʌ maṭire hʌe E a casa é feita de argila.
O caso locativo possui quatro usos principais e é representado pela marcação -त -(ʌ)t. O primeiro uso é de expressar movimento em direção a um lugar, seja ele concreto ou abstrato, como em:[47]
उहाँर घरेर लोकट एकदिन कामत चलि गेलिक। uhãr gʰʌrer lokṭʌ ekdin kamʌt cʌli gelki Um dia seu marido foi ao trabalho.
O caso locativo é usado para indicar a posição em relação a uma superfície.[47]
चेङराड छपपरखानत बठिए... ceŋraḍʌ cʰʌppʌrkʰanʌt bʌṭʰie O jovem está sentado no telhado...
Ele também pode ser usado em expressões de tempo.[48]
Na língua rajbanshi, o marcador de caso instrumental -ए -e é principalmente usado com inanimados para indicar o meio ou instrumento através do qual uma ação é realizada.[48]
Pamar P. Rajbanshi
Exemplo:
मुइ पामरटर मुखे खबरट पानु। mui pamʌrṭʌr mukʰe kʰʌbʌrṭʌ panu Eu recebi a mensagem do Pamar.
मुइ पामरटर हाते चिटृि पानु। mui pamʌrṭʌr hate ciṭṭi panu Eu recebi uma carta pelo Pamar.
No exemplo 1, a palavra मुख mukʰ (boca) é usada com o marcador de caso locativo -ए -e para indicar que a mensagem foi transmitida oralmente. No exemplo 2, de forma análoga ao exemplo 1, o termo हात hat (mão) é usado com o intuito de expressar que a carta foi entregue pessoalmente.[48]
No idioma rajbanshi, a reduplicação do substantivo pode representar três significados.[49]
A reduplicação pode ser adjetival, indicando exclusividade quando o primeiro substantivo recebe o sufixoenfático -ए -e, e o segundo permanece sem marcação. Esse uso enfatiza a ideia de "somente" ou "nada além de", como em:[50]
हडुिए हडुि
hʌḍḍie hʌḍḍi
Nada além de ossos.
Quando ambos os substantivos na reduplicação carregam o sufixo -ए -e, a expressão adquire um sentido distributivo, sugerindo ação ou presença em vários locais ou momentos, como em:[50]
गाए गाए gae gae De aldeia em aldeia.
Pôr do sol no lago Sagardighi, Cooch Behar, Índiaलदिडर काछारे काछारे lʌdi-ḍʌr kacʰare kacʰare Ao longo da margem do rio.
सरके सरके आनु। sʌrʌke sʌrʌke asnu Eu vim pela estrada.
O sufixo -ए -e também pode funcionar como um advérbio de intensidade, adicionando uma ênfase ou profundidade no significado.[51]
No Tipo 6, para evitar a formação de um aglomerado de três consoantes (CCC), uma vogal epentética (vogal que é inserida para facilitar a pronúncia) -i ou -e é adicionada entre a raiz e os morfemas que possuem consonante no início, como em:[55]
No idioma rajbanshi, a construção dos verbos envolve adicionar os morfemas à raiz do verbo para indicar o aspecto e o tempo. Estes morfemas se aglutinam à raiz do verbo e podem nos dizer se uma ação está concluída, em andamento, ou se aconteceu no passado, presente ou futuro. Contudo, os pesquisadores não ainda não chegaram a um consenso sobre o significado específico de alguns desses marcadores, especialmente porque em certos casos, eles parecem realizar funções que misturam aspecto e tempo de maneira que não é totalmente clara. Isso torna o entendimento de como os verbos são formados um assunto um pouco complicado, especialmente ao tentar separar o que esses morfemas de aspecto e tempo indicam.[57]
Na língua rajbanshi, existem os tempos verbais futuro, presente e passado. Interessantemente, em contextos de narrativas orais, esses tempos verbais podem assumir funções diferentes. Por exemplo, os tempos futuro e presente podem ser usados para se referir a eventos passados. Isso significa que, em vez de descreverem eventos que ocorrerão no futuro ou que estão acontecendo no presente, esses tempos verbais são empregados para narrar eventos que já ocorreram no passado, especialmente em histórias.[58]
No idioma rajbanshi, o -च -c é utilizado para representar o tempo verbal do presente. No Tipo 4 (verbos que terminam com consoante única), a vogal epentética -e ocorre entre a raiz e o morfema, resultando em -एच -ec.[62]
Conjugação de presente dos verbos खा kʰa (comer), कह kʌhʌ (falar) e बठ् bʌṭʰ (sentar) da língua rajbanshi[62]
O aspecto perfeito é marcado por -इच -ic, como em:[68]
खाइचु kʰaice (comer-PERFEITO-1ª Pessoa do Singular)
O aspecto perfeito é usado para representar diferentes significados. O primeiro deles é de indicar algo que ocorreu no passado mas que possui certa relevância no presente.[69]
जा त तुरिखानत गस गाएँ प'इचे ने कि। ja tʌ turikʰanʌt gʌru gae pʌ(r)ice ne ki Vá até o campo de mostarda e verifique se o gado esteve lá.
Às vezes, o perfeito é usado para começar uma história ou cenário.[69]
जब आसबा देखि फेकाइचे... jʌb asba dekʰi pʰekaice Quando (o genro) viu (ele) chegando...
O perfeito também serve para indicar algo que está ocorrendo agora devido a um acontecimento do passado.[70]
एकटा नि फुस कडि पाइचे, ते याहाँर एतेखान गरम! ekṭa ni pʰus kʌḍi paice te yahar etekʰan gʌrʌm É porque ele encontrou uma concha sem valor que ele está tão orgulhoso.
Na língua rajbanshi, o aspecto passado habitual é usado para descrever ações frequentes ou características de um período passado, sem necessariamente implicar que a ação acontece de forma repetida de maneira previsível (iteratividade).[72]
Exemplo:
Iterativo बेटिर घर जाइ आसि कते रहे। beṭir gʰʌr jai asi kʌrte rʌhe Ele costumava ir e vir para a casa da filha.
Não Iterativo एकटा गअँत एकटा बुऱा रहे। ekṭa gaʌ̃t ekṭa burʰa rʌhe Em uma vila, costumava viver um homem velho.
O aspecto prospectivo é uma forma de expressar que uma ação ou evento estava prestes a acontecer, mas não necessariamente aconteceu, ou é planejada para o futuro próximo. Ele difere do futuro simples, pois coloca ênfase na iminência da ação, ao invés de simplesmente indicar que algo acontecerá em algum momento no futuro. Na língua rajbanshi, ele é representado pelo complemento आसबार asbar (vir-INFINITIVO-GENITIVO).[73]
मुइ आसबार छिनु। mui asbar cʰinu Eu estava prestes a vir.
O imperativo, usado para dar comandos ou fazer pedidos que requerem uma ação imediata,[75] tem formas diferentes para singular e plural. No singular, geralmente não se adiciona nada ao verbo (marcado pelo morfema -∅), mas no plural, acrescenta-se -अ -ʌ. Há ainda uma forma especial no singular, -एक -ek, usada especificamente com verbos do Tipo 4 (aqueles que terminam em uma única consoante), apesar de não haver nenhuma mudança no significado.[76]
Em uma oração condicional, a frase é dividida em duas partes: a parte que estabelece a condição (prótase) e a parte que expressa o resultado (apódose). Na língua rajbanshi, a prótase é marcada pela partícula -ले -le. A apódose é encontrada no futuro, presente, imperativo e subjuntivo.[81]
Exemplo:
Apódose no futuro ...राजार बेटाडर सङे जाले, मुइ रानि हइ जाम। ...rajar beṭaḍʌr sʌŋe jale mui rani hʌi jam ...se eu for com o filho do rei, me tornarei uma rainha.
Apódose no presente ...जेनेङ सेनेङ काथा बलले, बहुत दु:ख मिलचे। ...jeneŋ seneŋ katʰa bʌlle bʌhut dukʰʌ ...se essas coisas forem ditas, muitos problemas resultarão.
Apódose no imperativo अनङ ति हले, तुइ जा। ʌnʌŋ ti hʌle tui ja Se for assim, você vai.
Apódose no subjuntivo आर नि पाल , छरि दिस। ar ni parle cʰʌri dis Se você não puder, deixe estar.
Grierson, G. A. (1903–1928). «Linguistic survey of India». AGPE The Royal Gondwana Research Journal of History, Science, Economic, Political and Social science. 5: 1-437. Consultado em 16 de março de 2024 !CS1 manut: Formato data (link)