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Língua suaíli

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Suaíli

Kiswahili

Falado(a) em:  Burundi
 Comores
 Madagascar
 Malawi
 Moçambique
 Quénia
 República Democrática do Congo
 Ruanda
 Somália
 Tanzânia
 Uganda
 Zâmbia
Região: África oriental
Total de falantes: 50 milhões aproximadamente
Família: Nigero-congolesa
 Atlântico-Congo
  Volta-Congo
   Benue-Congo
    Bantoide
     Meridional
      Bantu
       Suaíli
Escrita: Alfabeto latino
Estatuto oficial
Língua oficial de: Tanzânia
 Quênia
 República Democrática do Congo
Ruanda
Uganda
Regulado por: Baraza la Kiswahili la Taifa
(Tanzânia)

Chama cha Kiswahili cha Taifa (Quênia)

Códigos de língua
ISO 639-1: sw
ISO 639-2: swa
ISO 639-3: swa
  Áreas costeiras onde o suaíli ou o comoriano é a língua indígena
  Língua oficial ou nacional
  Língua de comércio

O suaíli ou suaíle (Kiswahili), também chamado de suahíli e conhecido pelas formas vernáculas Swahili ou Kiswahili, é a língua banta com o maior número de falantes. É uma das línguas oficiais do Quénia, de Ruanda, da Tanzânia e de Uganda, embora os seus falantes nativos, os povos suaílis, sejam originários apenas das regiões costeiras do oceano Índico. É uma das línguas de trabalho da União Africana.

Essa língua africana pertence ao subgrupo sabaki das línguas bantu. É falada por cinquenta milhões de pessoas no mundo, incluindo, além dos países que a têm como língua oficial, Uganda e a República Democrática do Congo,[1] onde é usada como língua franca. É também falado com alguma frequência nas áreas urbanas do Burundi e de Ruanda, no sul da Somália até ao norte de Moçambique (ao longo do litoral de África oriental), na Zâmbia e no sul da Etiópia. Existem também algumas comunidades de falantes de suaíli em Madagascar e nas ilhas Comores. Contudo, a maior parte dos seus falantes não a usa como língua materna. De fato, crê-se que apenas dois a três milhões dos cinquenta milhões estão nesta situação, o que significa que a grande maioria fala como língua materna algum outro idioma níger-congolês (por exemplo, bantu) ou cuxítico (somali, por exemplo).

O comoriano, falado nas ilhas Comores, às vezes é considerado um dialeto do suaíli, embora outras autoridades o considerem um idioma distinto.[2]

O suaíli é a língua nativa de diversos grupos que habitaram e habitam uma faixa de 2500 km da costa leste da África. Em função do contato dos povos dessa área com comerciantes e navegadores de Língua árabe durante alguns séculos, o suaíli tem cerca de um quarto de suas palavras originadas do árabe. Outras influências foram a língua persa, alemão, português, inglês e idiomas da Índia. É oficial e segundo idioma na Tanzânia, no Congo e no Quênia. Em Uganda é obrigatória nas escolas de primeiro grau desde 1992, tendo sido declarada oficial em 2005. O suaíli e línguas correlatas são também faladas em Burundi, Ruanda, Moçambique, Somália, Zâmbia e Comores.

A palavra Kiswahili vem do árabe سواحل, transliterado como sawāhil; é o plural da palavra ساحل, sāhel, "fronteira" ou "litoral", usada como adjetivo de "negociantes do litoral" A adição do prefixo ki o define como um idioma. Waswahili se refere aos povos da "costa suaíli" e Uswahili indica a cultura dos suaíli." Sahel" também é o nome que se dá à região oriental do deserto do Saara.

O suaíli foi escrito com caracteres árabes até a era colonial da África, quando a escrita árabe foi substituída pelo alfabeto latino, através de missionários cristãos e de administradores coloniais. Um dos mais antigos documentos em suaíli, é um poema épico, Utendi wa Tambuka ("A História de Tambuka"), de 1728, em escrita árabe.

Dialetos e línguas relacionadas

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As listagens abaixo se baseiam no livro Swahili and Sabaki: a Linguistic History de Nurse, Derek e Hinnebusch, Thomas J.

  • O atual suaíli padrão tem como base o kiunguja falado em "Stone Town" (cidade de Zanzibar) na ilha de Zanzibar (Unguja).
  • Kitumbatu e Kimakunduchi: das áreas rurais de Zanzibar. O kimakunduchi se chamava kihadimu, "servo", e era pejorativo.
  • Kimrima: falado em Pangani, Vanga, Dar es Salã, Distrito Rufiu e Ilha de Mafia Island.
  • Kimgao: falado antigamente desde o Distrito de Quíloa para o sul.
  • Kipemba: falado na ilha de Pemba, Tanzânia.
  • Kimvita: o mais falado em Mombaça (Mvita) e Quiunguja.
  • Kingare: subdialeto de Mombaça
  • Chijomvu: subdialeto de Mombaça.
  • Chi-Chifundi: falado na costa sul de Quênia.
  • Kivumba: falado na costa sul de Quênia.
  • Kiamu: falado na ilha de Lamu (Amu).
  • Sheng: dialeto de rua, uma mistura de suaíli, inglês e algumas línguas nativas falada em Nairóbi de forma não formal nas favelas de Nairóbi. E que recentemente ficou na moda.

Línguas similares

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  • Kimwani: falado nas ilhas Querimba e costa norte de Moçambique.
  • Kingwana: falado nas regiões leste e sul da República Democrática do Congo, tem o apelido Suaíli “Copperbelt”, em especial a variante do sul do Congo..
  • Comorense”, língua da Ilhas Comores.
  • Chimwiini era falado tradicionalmente na cidade Somali de Baraua. Houve fuga recente de civis dessa cidade para Quênia por causa da guerra civil. Especialistas dessa língua e dos diversos dialetos Suaíli ainda discutem se Chimwiini é Suaíli ou outra língua.
O Pai Nosso em suaíli (Mateus 6:9-13

Não existem ainda evidências históricas ou arqueológicas que permitam que se afirme quando e onde surgiram a língua e a cultura suaíli. Porém, pode-se considerar que falantes dessa língua ocupavam as mesmas áreas atuais ao longo do Oceano Índico bem antes do ano 1000. Desde o século VI há registros de contatos pela presença de negociantes Persas e Árabes na região. Também houve muita interação entre nativos e muçulmanos com a expansão do Islão a partir do século IX.

Grupos vindos de Omã e do Golfo Pérsico se estabeleceram nas ilhas de Zanzibar e Pemba e daí difundiram a língua suaíli e o Islã para maiores centros de comércio e cultura, tais como Sofala em Moçambique, Quíloa na Tanzânia, Mombaça e Lamu no Quênia; Baraua, Merca, Quismaiu e Mogadíscio na Somália, Ilhas Comores; norte de Madagascar;.

Por volta de 1800, os governantes de Zanzibar realizaram expedições ao continente, até os muitos lagos do “Great Rift Valley” e aí criaram rotas permanentes de comércio, com negociantes que falavam suaíli estabelecidos em postos ao longo dessas rotas comerciais. Isso não foi realmente uma Colonização autêntica. Processo de colonização ocorreu realmente ao leste do Lago Malaui, no que hoje é a chamada região de Catanga da República Democrática do Congo, onde surgiu um dialeto bem diferente.

A Alemanha estabeleceu colônia em Tanganica, hoje Tanzânia, em 1886 e, tendo percebido o quanto a língua Suaíli era disseminada (embora em baixa densidade) na região, fez dessa a língua oficial da colônia. Os colonizadores ingleses não fizeram o mesmo no vizinho Quênia, embora tenham feito tentativas nesse sentido. Ambas nações europeias queriam facilitar a administração das colônias que tinham dezenas de línguas diferentes entre os nativos, pela escolha de uma língua única que tivesses boa aceitação entre os povos locais. O suaíli era a única com essa característica nessas áreas.

Com a derrota da Alemanha na Primeira Grande Guerra esta perdeu suas colônias da África (Tanganica, Namíbia, Togo, Camarões), ficando Tanganica para os britânicos.

Com ajuda de ativos missionários cristãos, os administradores locais britânicos se decidiram a fazer do suaíli a língua oficial comum tanto nas escolas primárias como nas administrações locais menores por toda África oriental, nas colônias Uganda, Tanganica, Zanzibar e Quênia. O idioma suaíli deveria se subordinar ao Inglês, sendo que seria o idioma das Universidades, o prioritário nas escolas secundárias e na administração de alto nível.

Em junho de 1928 foi dado um passo importante para criação de uma língua escrita padrão para o suaíli. Uma reunião intraterritorial em Mombaça definiu o dialeto Kiunguja de Zanzibar como padrão linguístico. A atual versão, em alfabeto latino, é a segunda língua desses países.

Situação atual

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Hoje, cerca de 90% da população da Tanzânia fala o suaíli, e um percentual um pouco menor no Quênia. 66 milhões de congoleses falam o idioma nas seis províncias orientais do país, fazendo com que essa língua já rivalize com o lingala como língua principal do Congo. Em Uganda, os baganda não falam o suaíli, mas cerca de 25 milhões de pessoas no resto do país têm essa língua como principal, visando a preparação para a Comunidade da África Oriental.

Nos demais países o suaíli é mais usado nas cidades comerciais por refugiados ou perto das fronteiras com a Tanzânia e o Quênia. Mesmo assim o idioma é, possivelmente, mais falado que o hauçá da África do Oeste como a língua nativa mais falada na região subsaariana. Conforme o Banco Mundial, o suaíli é falado por 10 a 15% dos habitantes da África ao sul do deserto do Saara.

Referências fora da África

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  • O software livre de criação de páginas web Joomla!, organizado pela Open Source Matters, foi assim batizado com base na palavra "jumla", que significa "todos", "juntos".
  • No jogo de computador Civilization IV, a música-tema do menu principal é um rearranjo de um Pai Nosso em suaíli, chamada de Baba Yetu ("Nosso Pai").
  • No single de Michael Jackson de 1987, "Liberian Girl", a introdução repetida é em suaíli: Nakupenda pia, nakutaka pia, mpenzi wee!, que significa "Eu te amo também, eu te quero também, meu amor!"
  • A banda de afrobeat The Daktaris, do Brooklyn, pegou seu nome da série televisiva dos anos 60, e significa "doutor" em suaíli.
  • O zoológico de São Paulo Simba Safári, hoje conhecido Zoo Safári, derivava seu nome da palavra suaíli para "leão".
  • O desenho animado de longa metragem O Rei Leão, passado na savana africana, batizou a maioria de seus personagens com termos em suaíli, como o protagonista Simba ("leão"), seu interesse amoroso Nala ("sorte"), sua mãe Sarabi ("miragem"), o babuíno Rafiki ("amigo"), a hiena Shenzi ("bárbaro"), e o javali Pumbaa ("atordoado"). O idioma também é usado na canção "Hakuna Matata", "sem problemas", e em um cântico entoado por Rafiki ("Asante sana, squash banana, wewe nugu, mimi hapana."). Na continuação, além de personagens como Zira ("ódio"), Nuka ("fedor") e Kovu ("cicatriz" - no caso aludindo ao seu pai adotivo Scar, apelidado com a palavra em inglês para cicatriz), uma das canções chama-se "Upendi", com a letra citando "Upendi significa amor".
  • Nichelle Nichols, na série Star Trek, é a Tenente Uhura, nome que vem do suaíli Uhuru, "liberdade". Além disso, a palavra Imzadi, usada em Star Trek: The Next Generation, vem do suaíli e significa "amado".
  • No desenho animado Os Simpsons, o personagem Smithers fala suaíli. Marge, em seu curriculum, mente dizendo que também fala.
  • O nome do filme americano de 1962, Hatari, significa "perigo".
  • A festividade afro-americana Kwanzaa utiliza algumas palavras e frases nesse idioma, como Habari gani?, que significa "O que está acontecendo?", kinara ("candelabro africano"), mazao ("safra") e n'guzo saba ("sete princípios").

Suaíli difere das demais línguas subsaarianas por não apresentar “tons”. Outra exceção é o grupo de dialetos Mijikenda, que inclui o dialeto Mvita, de Mombaça, segunda cidade e porto de Quênia.

O alfabeto latino veio, com a colonização europeia, substituir o alfabeto árabe que já apresentava algum uso entre os povos da região.

O alfabeto latino utilizado com o suaíli apresenta 24 letras, não tendo o Q e o X. A letra C vem sempre como "Ch". O único diacrítico usado é o "chifre" (apóstrofo) em Ng'.

São usados os seguintes encontros consonantais:

  • Dh, Gh, Kh, Sh, Th
  • Mb, Mv, Mw
  • Nd, Nd, Nd’, Nj, Ny

São cinco as vogais do suaíli, bastante similares aos sons das vogais do italiano e do espanhol. As vogais não são reduzidas, mesmo se átonas. Não há ditongos, as vogais são pronunciadas separadamente.

  • /ɑ/ – “A” do português
  • /ɛ/ – “É” do português
  • /i/ – “I” do português
  • /ɔ/ – “Ó” do português
  • /u/ – intermediária entre o “Ô” e o “U” do português.
Bilabial Labiodental Dental Alveolar Post-alveolar Palatal Velar Glotal
Nasal m /m/     n /n/   ny /ɲ/ ng’ /ŋ/
Prenasalizada mb /mb/     nd /nd/   nj /ɲɟ/~/ndʒ/ ng /ŋɡ/
Implosiva b /ɓ/     d /ɗ/   j /ʄ/ g /ɠ/
Tênue p /p/     t /t/ ch /tʃ/   k /k/
Aspirada p /pʰ/     t /tʰ/ ch /tʃʰ/   k /kʰ/
Pré-nasalizada fricativa   mv /ɱv/   nz /nz/      
Sonora fricativa   v /v/ (dh /ð/) z /z/     (gh /ɣ/)
Muda (fraca) fricativa   f /f/ (th /θ/) s /s/ sh /ʃ/   (kh /x/) h /h/
Vibrante       r /r/      
Lateral aproximante       l /l/      
Aproximante           y /j/ w /w/

Notas:

  • As consoante nasais “stop” são pronunciadas com sílabas separadas quando aparecem antes de uma plosiva (mtoto [m.to.to] "criança", nilimpiga [ni.li.m.pi.ɠa] "Eu atingi (ele)"), sendo que as pré-nasalizadas “stop” são decompostas em duas sílabas, caso de outro modo a palavra fosse monossílaba (mbwa [m.bwa] "cão"). Porém, isso não ocorre quando são duas as sílabas ndizi "banana” ou em [ndi.zi], ou nenda [ne.nda], não sendo *[nen.da]) "ir (verbo)".
  • As fricativas entre parêntesis, th dh kh gh, vem do árabe e muitos falantes do sauíli as pronunciam como [s z h r].
  • Não há distinção na ortografia suaíli entre consoantes “aspiradas e ‘tênues”. Quando substantivos da classe “N” começam com consoante plosiva, essas ficam aspiradas. Isso raramente ocorre, mas há casos como tembo [tembo] "vinho de palmeira", que difere de tembo [tʰembo] "elefante" em alguns dialetos..
  • Há uma confusão para muitos falantes, em especial para aqueles de língua-mãe diferente do suaíli, entre os sons de wahili l e r, sendo ambos pronunciados como /ɺ/

A característica gramatical mais proeminente das línguas bantu é o uso extensivo de morfemas sob a forma de prefixos. Cada substantivo pertence a uma classe e cada idioma pode ter aproximadamente dez classes, um pouco como gêneros em idiomas europeus. A classe é indicada por um prefixo no substantivo, como também em adjetivos e verbos que concordam com aquele. O plural é indicado por uma mudança de prefixo.

Por exemplo, em suaíli, Mtoto mdogo amekisoma significa A criança pequena leu isto (um livro, implícito). Mtoto = criança governa o prefixo do adjetivo "m" (mdogo) e o sujeito do verbo com o prefixo "a". A seguir vem o tempo do verbo (perfeito) "me" - e um marcador de objeto "ki" - concordando com kitabu (implícito), livro. O plural desta frase é: Watoto wadogo wamekisoma; se usarmos o plural para livros (vitabu), a frase torna-se: Watoto wadogo wamevisoma.

Classes de substantivos

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Suaíli, como outras línguas bantu, divide os substantivos em Classes, as quais no sistema mais antigo (estudados por Carl Mainhof) chegaram a ser 22, incluindo aí os Plurais. Pelo menos 10 dessas classes são comuns às demais línguas bantu. Em Suaíli são 16 classes, sendo 6 para o singular, 5 para o plural, uma para conceitos abstratos, uma para infinitivos de verbos usados como substantivos, 3 para localizações. Ver exemplos a seguir:

classe prefixo singular tradução plural tradução
1, 2 m-/mu-, wa- mtu pessoa watu pessoas
3, 4 m-/mu-, mi- mti árvore miti árvores
5, 6 Ø/ji-, ma- jicho olho macho olhos
7, 8 ki, vi- kisu faca visu facas
9, 10 Ø/n-, Ø/n- ndoto sonho ndoto sonho
11 u- ua flor/matar  
14 u- utoto infância
  • Substantivos começando com m- no singular e wa- no plural se referem a seres vivos, em especial pessoas: Exemplos: mtu, pessoa; watu pessoas / mdudu, insetos; wadudu, insetos;
  • Começando com m- no singular, mas com mi- no são em geral plantas, tais como mti, árvore; miti árvores;
  • Começando com ku- são os infinitivos de verbos, Ex.: kusoma, ler;

Outras classes são mais difíceis de caracterizar:

  • Singulares começando com ki- têm plural com vi- e muitas vezes se referem a ferramentas e utensílios; essa alternância ki-/vi- se usa até para palavras de origem exterior que já tinham o ki- incluído. Ex. do Árabe vitabu "livros" vem de kitabu "livro" (do árabe kitāb). Essa classe tem também idiomas (ex. Kiswahili), e diminutivos, que já foram uma classe separada.
  • Começando com n-, m- ou sem prefixo, plural o mesmo;
  • Começando com ji- ou sem prefixo, plural com ma-; usada, entre outros, para aumentativos;

Adjetivos ou numerais em geral pegam o prefixo do substantivo relacionado. Verbos apresentam outro conjunto de prefixos.

singular     plural
 
mtoto mmoja anasoma watoto wawili wanasoma
Criança uma está lendo crianças duas estão lendo
Uma criança está lendo Duas crianças estão lendo
 
kitabu kimoja kinatosha vitabu viwili vinatosha
livro um basta livros dois bastam
Um livro é suficiente dois livros são suficientes
 
ndizi moja inatosha ndizi mbili zinatosha
banana uma basta bananas duas bastam
Uma banana é suficiente duas bananas são suficientes

Uma mesma raiz de substantivo pode ser usada com prefixos de classe diferentes para significados diversos:: humano mtoto (watoto) "criança (crianças)", abstrato utoto "infância", diminutivo kitoto (vitoto) "infante(s)", aumentativo toto (matoto) "criança grande (crianças idem)". Vegetais: mti (miti), "árvore(s)", utensílio de madeira, kiti (viti) "(cadeiras)"; aumentativo jiti (majiti) "árvore grande", kijiti (vijiti) "pedaço(s) de pau", ujiti (njiti) "árvore alta e esguia".

As classes Suaíli são tecnicamente gêneros gramaticais, mas há uma diferenças entre os muitos gêneros dessa lingual e, por exemplo, os três gêneros que algumas línguas europeias apresentam para não humanos. Em Suaíli a divisão em classes tem significado “semântico”, é regida por certas regras enquanto que nas línguas europeias isso é arbitrário. No entanto, as classes não têm limites tão simples, assim como “pessoas”, “árvores”. Há extensões e subextensões desses significados numa lógica própria, que formam uma rede semântica que já teve um sentido lógico em outros tempos, não fazendo sentido para iniciados no idioma.

Vejamos a classe ki-/vi- que é para utensílios e ferramentas (Bantu 7/8) e também para diminutivos (Bantu 12). Exemplo do primeiro caso: kisu "faca"; kiti "cadeira" (que vem de “mti "árvore,.madeira”); chombo "barco" (contração ki-ombo).

Dos diminutivos temos kitoto "infante", que vem de mtoto "criança"; kitawi "ramo delgado", que vem de tawi "ramo galho"; chumba (ki-umba) "quarto", que vem de nyumba "casa". O sentido de diminutivo foi estendido num modo bem comum em algumas línguas pela semelhança ou aproximação, como sendo um “pouco de algo”. Como exemplo temos kijani "verde", que vem de ani "folha"; kichaka "arbusto retorcido", que vem chaka "amontoado"; kivuli "escuro", que vem de uvuli "sombra". Esse “pouco de algo” num verbo pode ser a consequência instantânea de uma ação como: kifo "morte", do verbo -fa "morrer"; kiota "ninho" de -ota "chocar"; chakula "comida" de kula "comer"; kivuko "vau, passagem" de -vuka "cruzar"; kilimia "as Plêiades, de -limia "cultivar" (essas estrelas indicam época de plantio). Essas semelhanças, o fato de ser um "pouco como algo", implicam uma condição marginal dentro de uma categoria, faz com que se use o prefixo ki-/vi-. Exemplo: chura (ki-ura) "sapo", sendo “ura” um animal terrestre, mas o sapo é apenas “meio” terrestre. Vale isso para deficiências, tais como: kilema "coxo, aleijado", kipofu "cego", kiziwi "surdo". Enfim, há também diminutivos que indicam “desdém”, em especial ao que poderia ser perigoso, com o nos casos kifaru "rinoceronte", kingugwa "hiena malhada", kiboko "hipopótamo".

As classes Bantu 3 e 4 - m-/mi- – “árvores” têm também muitos usos. Vem de mti, miti "árvore(s)", é um protótipo, mas não tem só essa aplicação “vegetal”, como em mwitu 'floresta' e mtama 'milheto'; mais que isso cobre também outras entidades com vitalidade que não somente vegetais, animais ou humanos:

  • forças naturais e supra-naturais: mwezi 'lua', mlima 'montanha', mto 'rio';
  • coisas ativas como moto 'fogo';
  • partes ativas do corpo: moyo 'coração', mkono 'mão, braço');
  • grupos humanos como mji 'vila', msikiti 'mesquita'; vale para animais mzinga 'colmeia'.
  • que se assemelha a árvore: alta, esguia, se espalhando, temos: mwavuli 'guarda-chuva', moshi 'fumaça', msumari 'unha';
  • verbos gerando atividade pontual: mfuo "martelada", vem de -fua "martelar"; mlio "um som", de -lia "produzir um som".

Pode haver mais de uma metáfora ao produzir uma classe de substantivo: mkono (braço) é uma parte ativa do corpo, mas também é longo e esguio. Ideias que indicam trajetória como mpaka 'borda, fronteira' e mwendo 'jornada', são identificadas por longas e estreitas, o que pode se estender por analogia para mwaka 'ano' e talvez mshahara 'salário'.Também ficam na classe 3+4 animais que são excepcionais em algumas características e que não se enquadram em outras classes.

As demais classes numa análise preliminar não parecem ser intuitivamente identificáveis. Ver aqui for details.</ref>

O verbo em Suaíli se constitui numa “raiz” complementada por “infixos”, em sua maioria “prefixos, usados parta indicar “pessoa”, “tempo” e condições que exigiriam uma conjunção em outros idiomas.

A maior parte dos verbos, em especial os muitos de origem Bantu, terminam em '-a'. Isso é importante para saber com o usar a forma Imperativa (de comando) e as Negações. Nos dicionários os verbos são listados, é claro, por suas “raízes”. Exemplo: -kata (cortar). Numa frase simples são adicionados à raiz os prefixos de “pessoa” e “tempo”; ninakata. onde ni- é 'Eu' e na- é o tempo presente, portanto “eu estou cortando”.

Conjugação

ni- -na- kata
1sing tempo presente cortar
'Estou cortando'

A frase pode ser modificada pela mudança do prefixo de tempo ou de pessoa. Exemplo:

u- -na- kata
2sing tempo presente cortar
'Tu estás cortando'
u- -me- kata
2sing passado perfeito cortar
'tu cortaste'

O presente simples é mais complexo e os iniciados por vezes tomam esse tempo como gíria antes de saber o correto uso. Nasoma significa “eu leio”. Não é ninasoma ('Eu estou lendo – presente contínuo'). -A- é o tempo indefinido, genérico no tempo, onde no caso o prefixo ni- se assimila com esse “A”, parecendo um único prefixo.

1a Pessoa na- twa-
2a Pessoa wa- mwa-
3a pessoa a- wa-
na- soma
1sing:Gener. ler
'Eu leio'
mwa- soma
2plur:Gener ler
'vocês leem'

Lista completa dos prefixos básicos para sujeito – classe “humana” m-/wa-;

SINGULAR PLURAL
1a pessoa Ni- Tu-
2a pessoa U- M-
3a pessoa A- Wa-

Prefixos de tempo mais comuns::

a- tempo indefinido
na- definido (presente progressivo)
me- passado perfeito
li- passado contínuo
ta- futuro
hu- habitual

Prefixos de tempo não servem apenas para marcar “tempos” verbais no sentido da lingual portuguesa. São usados também para marcar “conjunções”. O prefixo ki- tem função de “condicional” em "nikinunua nyama wa mbuzi sokoni, nitapika leo" (Se eu comprar um cabrito no mercado, vou cozinha-lo hoje). O SE é representado na frase pelo -ki Inicial.

Um terceiro prefixo pode ser incluído no verbo, aquele do “objeto” que fica logo antes e junto à “raiz” e pode se referir a uma pessoa, substituir um objeto ou enfatizar um objeto.

a- na- mw- ona
3sing def. do tempo 3sigg.OBJ ver
'Ele está vendo ele (ela)'
ni- na- mw- ona mtoto
1sing def. do tempo 3sing.OBJ ver criança
'Eu estou vendo a criança'

Não há somente prefixos, sendo que a vogal final também é um afixo, embora pareça ser parte da raiz em muitos dicionários. No caso dos dicionários a vogal final marca o modo “indicativo”. Pode haver “negação”, não havendo aí vogal final, é o sufixo “nulo”, "-", como em 'sisomi- após o si:

si- - som- -i
1sing.NEG Tempo NEG
'Eu não estou lendo / eu não leio'

Outros casos em que há mudança da vogal final inclui o modo “conjuntivo”, quando é afixado um -e , o que só se usa nos verbos Bantus que terminam em “-a”. Os que vieram Árabe são mais complexos. Há ainda sufixos que podem ser considerados “infixos” e que ficam antes da vogal final:

wa- na- pig -w -a
3plur Def. De tempo atingir Passivo Indicativo.
'Eles estão sendo atingidos'

Horários (África do Leste) Suaíli vão da aurora até o crepúsculo, em ligar de meia-noite até meio-dia, ou seja, nossas 7h e 19h são respectivamente 1h e 13h. Nossos meio-dia e meia-noite são respectivamente 6 e 18h. Palavras como asubuhi 'manhã', jioni 'tarde' e usiku 'noite' demarcam os períodos do dia. Há marcações mais específicas: adhuhuri 'início da tarde', alasiri 'fim de tarde', usiku wa manane 'tarde da noite, depois de meia-noite', 'aurora' macheo e anoitecer machweo.

  • saa moja asubuhi   ('hora um manhã')   7:00 h.
  • saa tisa usiku   ('hora nove noite')  3:00 h.
  • saa mbili usiku   ('hora dois noite')   20:00 h.

Quando há uma superposição há dois modos de se dizerem as horas: 7:00 h pode ser saa moja jioni ou saa moja usiku.

Podem ser usados ainda na robo 'e um quarto', na nusu 'e meia', kasarobo/kasorobo 'um quarto para', dakika 'minuto(s)':

  • saa nne na nusu   ('hora quatro e meia')   10:30
  • saa tatu na dakika tano   ('hora três e minutoscinco')   nove e cinco
  • saa mbili kasorobo   ('hora dois, um quarto para')   7:45
  • saa tatu kasoro   ('faltam poucos minutos para as nove')

Amostra de texto

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Declaração Universal dos Direitos Humanos:

(Swa) Watu wote wamezaliwa huru, hadhi na haki zao ni sawa. Wote wamejaliwa akili na dhamiri, hivyo yapasa watendeane kindugu.

(Por) Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade.

Referências

  1. Prins 1961
  2. Nurse and Hinnebusch, 1993, p.18
  • Ashton, E. O. Swahili Grammar: Including intonation. Longman House. Essex 1947. ISBN 0-582-62701-X.
  • Irele, Abiola and Biodun Jeyifo. The Oxford encyclopedia of African thought, Volume 1. Oxford University Press US. New York City. 2010. ISBN 0-19-533473-6
  • Blommaert, Jan: Situating language rights: English and Swahili in Tanzania revisited (sociolinguistic developments in Tanzanian Swahili) – Working Papers in Urban Language & Literacies, paper 23, University of Gent 2003
  • Brock-Utne, Birgit (2001). «Education for all – in whose language?». Oxford Review of Education. 27 (1): 115–134. doi:10.1080/03054980125577 
  • Chiraghdin, Shihabuddin and Mathias E. Mnyampala. Historia ya Kiswahili. Oxford University Press. Eastern Africa. 1977. ISBN 0-19-572367-8
  • Contini-Morava, Ellen. Noun Classification in Swahili. 1994.
  • Lambert, H.E. 1956. Chi-Chifundi: A Dialect of the Southern Kenya Coast. (Campala)
  • Lambert, H.E. 1957. Ki-Vumba: A Dialect of the Southern Kenya Coast. (Campala)
  • Lambert, H.E. 1958. Chi-Jomvu and ki-Ngare: Subdialects of the Mombaça Area. (Campala)
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Ligações externas

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