Relacionamos a seguir as vitórias obtidas pelo Brasil no mundial de Fórmula 1 no total de cento e uma até o campeonato de 2023.[1][2][3]
Nascido em São Paulo, o oriundi Chico Landi iniciou a tradição brasileira nas pistas internacionais ao vencer o Grande Prêmio de Bari ao volante da Ferrari em 1948 e 1952 competindo com Giuseppe Farina, Juan Manuel Fangio e Alberto Ascari, pilotos que, criada a Fórmula 1, tornariam-se seus primeiros campeões. Além de piloto foi também empreendedor, pois embora o Brasil contasse com pouco suporte técnico e financeiro ante os britânicos, alemães, franceses e italianos ou não possuísse uma cultura automobilística como a norte-americana, o pioneiro tomou a iniciativa de criar a Escuderia Bandeirantes, primeira equipe nacional de Fórmula 1, categoria na qual estreou pela Ferrari no Grande Prêmio da Itália de 1951 realizado em Monza no dia 6 de setembro[4] e com a qual pontuou ao dividir com Gerino Gerini a condução de uma Maserati que chegou em quarto lugar na Argentina em 1956,[nota 1] sua derradeira prova na categoria. Depois vieram Gino Bianco, Nano Ramos e Fritz d'Orey, entretanto não houve brasileiros na Fórmula 1 durante os anos 1960.[5][1][2]
Cento e seis grandes prêmios se passaram até que Emerson Fittipaldi alinhou sua Lotus no Reino Unido em 1970 pela mesma equipe onde conquistou o Campeonato Britânico de Fórmula 3 de 1969 até então o ápice de uma carreira iniciada no Brasil sob os auspícios do pai, Wilson Fittipaldi, e ao lado do irmão, Wilson Fittipaldi Júnior. Sobre a prova em Brands Hatch o brasileiro foi o oitavo e na Alemanha marcou seus primeiros pontos com um quarto lugar.[6] A morte de Jochen Rindt[7] durante os treinos na Itália fez a Lotus deixar o país embora a vitória de Emerson Fittipaldi nos EUA[8] tenha garantido o título póstumo ao austríaco. Em 1972 a Lotus venceu cinco provas em doze possíveis e Fittipaldi obteve seu primeiro título mundial ao triunfar na Itália e como resultado de seu sucesso aconteceu naquele ano uma edição extraoficial do Grande Prêmio do Brasil que a partir de 1973 integraria o calendário da Fórmula 1. Após medir forças com Jackie Stewart naquele ano, deixou o time de Colin Chapman em razão de disputas internas com Ronnie Peterson e foi para a McLaren onde, ao alcançar o bicampeonato em 1974, deu ao time de Woking seu primeiro título de construtores, parceria interrompida no ano de 1976 quando passou a correr por sua própria equipe, a Escuderia Fittipaldi.
O desempenho de Emerson Fittipaldi levou Wilson Fittipaldi Júnior, José Carlos Pace e Luiz Pereira Bueno à Fórmula 1 e como dono de equipe o bicampeão contratou Alex Dias Ribeiro, Arturo Merzario, Chico Serra, Ingo Hoffmann e o futuro campeão mundial Keke Rosberg, todavia os tímidos resultados de sua equipe o levaram a fechá-la após 1982 não obstante a segunda posição no Brasil em 1978 e o fato de ter ficado à frente da Ferrari em 1980, ano em que Emerson Fittipaldi deixou as pistas antes de retomar a carreira na Fórmula Indy onde foi campeão em 1989 e venceu as 500 Milhas de Indianápolis por duas vezes.
Quando Emerson Fittipaldi se aposentou o Brasil já torcia por Nelson Piquet, que estreou pela Ensign na Alemanha em 1978 e após pilotar um carro da McLaren cedido à equipe BS Fabrications nas três provas seguintes ficou fora da etapa dos EUA (Leste), assinou com Bernie Ecclestone e assumiu o cockpit da Brabham no Canadá sendo companheiro de Niki Lauda até que o austríaco deixou as pistas no sábado anterior ao Grande Prêmio do Canadá de 1979 e em resposta Nelson Piquet foi anunciado como primeiro piloto da equipe.[9]
Em 1980 Nelson Piquet conseguiu três vitórias e conquistou o vice-campeonato no duelo contra Alan Jones (Williams) e assim a Rede Globo retomou os diretos de transmissão da Fórmula 1 que pertenciam então à Rede Bandeirantes. Disputas comerciais à parte, o ano em questão marcou a estreia de dois adversários de peso às ambições brasileiras: o francês Alain Prost na Argentina e o britânico Nigel Mansell na Áustria. Campeão mundial em 1981, o brasileiro teve um ano sofrível na temporada seguinte pela necessidade de aprumar os motores BMW, esforço que o fez levantar o título em 1983 tornando-se o primeiro campeão impulsionado por motores turbo permanecendo na Brabham por mais dois anos.
No Grande Prêmio do Brasil de 1984 Ayrton Senna estreou pela Toleman e após marcar o primeiro ponto na África do Sul fez sua melhor corrida em Mônaco onde foi o segundo numa porfia sob chuva[10] e no final do ano assinou com a Lotus onde passa a vencer corridas. Nesse ínterim Nelson Piquet vai para a Williams e os dois realizam um duelo épico no Grande Prêmio da Hungria de 1986 e em 1987 Nelson Piquet alcançou o tricampeonato após dois anos numa queda de braço com Nigel Mansell, seu colega de equipe. Com o título mas mãos, Piquet muda para a Lotus em lugar de Senna agora piloto da McLaren, equipe onde chegaria ao tricampeonato mundial (1988, 1990, 1991) fomentando uma rivalidade com Alain Prost, outrora companheiro no time de Woking.
Nelson Piquet se aposentou pela Benetton após treze anos de carreira sendo que a presença de dois tricampeões mundiais na Fórmula 1 fez com que entre 1980 e 1993, ano da última vitória de Ayrton Senna, eles vencessem 64 provas em 220 possíveis, ou 29% do total, número elevado para 43% se contarmos apenas os títulos.[nota 2]
Ayrton Senna morreu num acidente no Grande Prêmio de San Marino em 1º de maio de 1994 quando sua Williams colidiu com o muro de proteção na curva Tamburello numa velocidade superior a 200 km/h.[11] Ainda sob comoção a FIA anunciou medidas para a melhoria da segurança nas pistas e enquanto a Williams contou com o apoio de Bernie Ecclestone para trazer Nigel Mansell de volta ao time sob um contrato eventual o automobilismo brasileiro ficou à mercê de resultados modestos conquistados, em regra, por Rubens Barrichello. A partir do ano 2000 o Brasil vinculou sua trajetória à Ferrari e viu Rubens Barrichello e Felipe Massa tornarem-se vice-campeões, não obstante o rumor quanto às "ordens de equipe" na Áustria em 2002[12] e na Alemanha em 2010.[13]
No período de 1994 a 2017 as vitórias do Brasil recuaram para 22 triunfos em 428 provas realizadas equivalendo a apenas 5% do total, embora o país figure em terceiro lugar nesse ranking.[14]
Até hoje trinta e dois brasileiros chegaram à Fórmula 1 e o mais recente a estrear foi Pietro Fittipaldi, primeiro neto de um campeão mundial de Fórmula 1 a estrear na categoria, nesse caso no Grande Prêmio de Sakhir de 2020.[15]
Em contagem atualizada até 2022, o Brasil está há treze anos sem vencer na Fórmula 1, perfazendo 263 corridas.[16]
- Senna: 41
- Piquet: 23
- Emerson: 14
- Barrichello: 11
- Massa: 11
- Pace: 1
- McLaren: 40
- Ferrari: 20
- Lotus: 15
- Brabham: 14
- Williams: 7
- Benetton: 3
- Brawn: 2
Os pilotos brasileiros já fizeram onze dobradinhas em Grandes Prêmios.
Até o final da temporada de 2022, nove brasileiros já haviam subido ao pódio.[18]
Até o final da temporada de 2019, em 22 oportunidades, pilotos brasileiros subiram juntos a um pódio de uma corrida de Fórmula 1.[19]
- Emerson-Pace: 3 vezes - Brasil (Pace 1º, Emerson 2º), Mônaco (Emerson 2º, Pace 3º) e Inglaterra (Emerson 1º, Pace 2º), todas em 1975.
- Emerson-Piquet: 1 vez - EUA (Piquet 1º, Emerson 3º) em 1980.
- Senna-Piquet: 16 vezes - Itália (Piquet 2º, Senna 3º), 1985, Brasil, Alemanha e Hungria (Piquet 1º, Senna 2º), 1986, Mônaco e EUA (Senna 1º, Piquet 2º) Inglaterra (Piquet 2º, Senna 3º) Alemanha (Piquet 1º, Senna 3º) Hungria e Itália (Piquet 1º, Senna 2º), 1987, San Marino (Senna 1º, Piquet 3º) e Austrália (Senna 2º, Piquet 3º), 1988, Canadá (Senna 1º, Piquet 2º) e Hungria (Senna 2º, Piquet 3º), 1990, EUA e Bélgica (Senna 1º, Piquet 3º), 1991.
- Piquet-Moreno: 1 vez - Japão (Piquet 1º, Moreno 2º) em 1990.
- Nelsinho Piquet-Massa: 1 vez - Alemanha (Piquet 2º, Massa 3º) em 2008.
Curioso notar que Barrichello, embora seja o segundo brasileiro que mais subiu ao pódio, não dividiu o local com nenhum compatriota. Mauricio Gugelmin e Nelson Piquet Jr. também ficaram ausente nas dobradinhas de pódios.[19]
Notas
- ↑ Em seus primeiros anos a Fórmula 1 permitia que os pilotos compartilhassem a condução do mesmo bólido, fato que dividia os pontos em jogo pelo número de corredores.
- ↑ Resultado obtido após a divisão do número de vitórias pelo total de provas realizadas no período.
- ↑ Foram duas dobradinhas em 1975, três em 1986, quatro em 1987 e duas em 1990. Dentre as onze dobradinhas brasileiras na Fórmula 1, duas ocorreram no Brasil e duas na Hungria, com uma dobradinha na Grã-Bretanha, Alemanha, Mônaco, EUA, Itália, Canadá e Japão.
Referências
- ↑ a b «The Official Formula 1 Website». Consultado em 9 de abril de 2023
- ↑ a b «Chicane F1: Formula 1 Results and Statistics». Consultado em 9 de abril de 2023
- ↑ Fred Sabino (4 de dezembro de 2020). «Dez mais: Grã-Bretanha está a um passo da 300ª vitória na F1; veja os países mais vencedores». globoesporte.com. Globo Esporte. Consultado em 29 de novembro de 2020
- ↑ Fred Sabino (7 de junho de 2018). «Chico Landi, o pioneiro entre os pilotos brasileiros na Fórmula 1». globoesporte.com. Globo Esporte. Consultado em 25 de setembro de 2020
- ↑ «Biografia de Chico Landi (em inglês) no grandprix.com». Consultado em 14 de julho de 2013
- ↑ Redação (19 de julho de 1970). «Emerson foi o 8º em sua estreia. Geral, p. 42». acervo.estadao.com.br. O Estado de S. Paulo. Consultado em 14 de julho de 2013
- ↑ Redação (6 de setembro de 1970). «Morre Rindt, um quase campeão. Geral, p. 45». acervo.estadao.com.br. O Estado de S. Paulo. Consultado em 14 de julho de 2013
- ↑ Redação (6 de outubro de 1970). «Emerson é 1º nos Estados Unidos. Geral, p. 25». acervo.estadao.com.br. O Estado de S. Paulo. Consultado em 14 de julho de 2013
- ↑ «Biografia de Nelson Piquet (em inglês) no grandprix.com». Consultado em 15 de julho de 2013
- ↑ Hamilton, Maurice (1984) Autocourse 1984–85 p.141 Hazleton publishing ISBN 0-905138-32-5
- ↑ «Perfil de Ayrton Senna em inglês (formula1.com)». Consultado em 15 de julho de 2013
- ↑ Alexander Grünwald (12 de maio de 2012). «Dez anos depois, ordem de equipe da Ferrari ainda incomoda a Fórmula 1». globoesporte.com. Globo Esporte. Consultado em 15 de julho de 2013
- ↑ Redação (25 de julho de 2010). «FIA multa Ferrari, e polêmica do GP será julgada no Conselho Mundial». globoesporte.com. Globo Esporte. Consultado em 15 de julho de 2013
- ↑ Redação (13 de setembro de 2016). «Última vitória completa 7 anos e Brasil vive seu maior jejum na F-1». uolesporte.com. UOL Esporte. Consultado em 13 de setembro de 2016
- ↑ Redação GE (6 de dezembro de 2020). «Pietro Fittipaldi completa primeira corrida na F1 sem incidentes e já pensa em Abu Dhabi». globoesporte.com. Globo Esporte. Consultado em 14 de dezembro de 2020
- ↑ Fred Sabino (13 de setembro de 2019). «Há dez anos, Rubens Barrichello conquistou a 101ª e última vitória do Brasil na Fórmula 1». globoesporte.com. Globo Esporte. Consultado em 14 de dezembro de 2020
- ↑ Redação (11 de novembro de 2015). «Com pódio rústico, Interlagos teve 1ª dobradinha brasileira na F-1 em 1975». globoesporte.com. Globo Esporte. Consultado em 9 de abril de 2023
- ↑ joseinacio.com/ Massa é o 4º brasileiro com mais pódios
- ↑ a b f1critics.com.br/ Pódios Brasileiros - Introdução