Nélson França Furtado
Nélson França Furtado | |
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Nascimento | Porto Alegre |
Cidadania | Brasil |
Ocupação | escritor |
Nélson França Furtado (Porto Alegre, 14 de dezembro de 1915 -- c. 1997) foi um engenheiro militar, professor e escritor brasileiro. Foi também cineasta amador, sendo considerado um dos pioneiros do cinema de animação no Rio Grande do Sul [1].
Biografia
[editar | editar código-fonte]Na juventude, Nélson França Furtado foi radioamador, e residiu em Santo Ângelo. [2] Concluiu o Instituto Militar de Engenharia (Rio de Janeiro) em 1946, na patente de capitão. [3] Professor na PUCRS, foi autor e tradutor de diversos livros e manuais de Física, e também um dos engenheiros colaboradores do "Manual do Engenheiro Globo" (7 volumes publicados entre 1943 e 1968). [4]
Estudioso das Línguas indígenas do Brasil, publicou "Vocábulos indígenas na geografia do Rio Grande do Sul" - a princípio em parcelas, no jornal Correio do Povo, e em 1969 na forma de livro, pela Edipucrs. [5]
Casado com Lígia Schneider, teve dois filhos. Na carreira militar, chegou ao generalato, e nos anos 1960 foi Chefe de Comunicações do III Exército. Depois de reformado como militar e aposentado como professor, comprou um barco e costumava velejar no Lago Guaíba. Faleceu na segunda metade dos anos 1990, em um acidente de barco, na Lagoa dos Patos. [6]
Atividades cinematográficas
[editar | editar código-fonte]Em 1951, no dia 3 de julho, em Porto Alegre, Nélson França Furtado foi um dos 12 fundadores do Foto-cine Clube Gaúcho (FCG), um núcleo de fotógrafos amadores dissidentes da Associação de Fotógrafos Profissionais do Rio Grande do Sul. [7]
Cinéfilo entusiasta, o então Capitão Furtado foi logo eleito presidente do departamento de cinema do FCG. Com seus conhecimentos de Engenheiro, consertou e adaptou equipamentos fora de uso e estimulou os colegas a realizarem mais de uma dezena de filmes amadores, [8] sendo que ele próprio assinou a realização de pelo menos cinco filmes de curta metragem em 16 mm até o início dos anos 1960. [9]
Em 1952 realizou o curta Em busca do tesouro, com o qual conquistou o primeiro lugar no concurso interno do FCG. No ano seguinte, seu Barbeiro de cedilha venceu o Concurso Nacional de Cinema Amador, organizado pelo Foto Cine Clube Bandeirante (FCCB), de São Paulo. Em 1954, no mesmo Concurso Nacional, foi 3º lugar na categoria Enredo com o curta Média 3. Em 1957, realizou O náufrago, 4º lugar no geral e 1º prêmio na categoria Fantasia daquele Concurso. [10]
Finalmente, em 1959, Furtado realizou o curta em animação Guerra e paz, em que dois bonecos, Peri Tônio e Pará Mécio, se observam, se atacam (um tenta conquistar a espada que o outro esconde) e finalmente se aniquilam mutuamente com a explosão de bombas. Não há registro da participação deste filme em concursos, mas este é um dos poucos filmes realizados por Furtado que podem ser assistidos na atualidade (2020), estando o original depositado na Cinemateca Brasileira (São Paulo), com cópia na Cinemateca Capitólio (Porto Alegre), [11] como uma das primeiras experiências em cinema de animação no estado do Rio Grande do Sul. Os originais (não restaurados) de Média 3 e O náufrago estão depositados no Museu da Comunicação Hipólito José da Costa. [9]
Filmografia
[editar | editar código-fonte](todos filmes de curta metragem em 16 mm)
- 1952: Em busca do tesouro
- 1953: Barbeiro de cedilha
- 1954: Média 3
- 1955: Lar, doce lar
- 1955: Epitômio de sexta-feira 13
- 1957: O náufrago
- 1959: Guerra e paz
- 1959: Visita a insetolândia
- 1959: Fantasia musical
- 1963: E foi assim
O pesquisador Glênio Póvoas encontrou ainda referências a dois filmes que teriam sido os primeiros realizados por Nélson França Furtado, sem data: O circo (5 min) e O dia de Maria Cebola (20 min), ambos silenciosos e em pb. [9]
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- 1950: Física, sistemas de unidades e teoria dos erros, ed. Gertum Carneiro; reed. Ao Livro Técnico, 1954
- 1959: Fundamentos de radiotécnica (tradução), de Abraham Sheingold, ed. Globo
- 1960: Mecânica racional (tradução), de John L. Synge e Byron A. Griffith, ed. Globo
- 1966: Física (tradução e adaptação), de Francis Weston Sears, ed. ao Livro Técnico
- 1969: Vocábulos indígenas na geografia do Rio Grande do Sul, ed. PUCRS
- 1973: Notas sobre circuitos lineares, ed. PUCRS
Referências
- ↑ VILLAS-BOAS, Pedro: "Dicionário bibliográfico gaúcho", ed. EST, 1991, p. 100)
- ↑ «Registro do Radio Amateur Callbook, 1941». Consultado em 16 de julho de 2018
- ↑ «Registros do Instituto Militar de Engenharia». Consultado em 16 de julho de 2018
- ↑ «BERTASO, José Otávio: A Globo da rua da Praia ( ed. Globo, 1993». Consultado em 16 de julho de 2018
- ↑ «FAUSTINO, João & CLEMENTE, Elvo: História da PUC/RS, Edipucrs, 1997, vol. II, p. 266.». Consultado em 16 de julho de 2018
- ↑ «ZANIRATTI, José Augusto: Geraldo Zaniratti, memórias projetadas na tela de um livro, Tomo Editorial, 2000» (PDF). Consultado em 16 de julho de 2018
- ↑ «PACHECO, Margarete Ross Pereira: 60 anos de fotografia: um estudo de memória social sobre o Foto-Cine Clube Gaúcho, em Porto Alegre, dissertação de mestrado em Memória Social e Bens Culturais, Unilasalle, 2013». Consultado em 16 de julho de 2018
- ↑ «FOSTER, Lila, "Brazilian amateur cinema", in: SHAND, Ryan & CRAVEN, Ian: Small-gauge storytelling; Edimburg University Press, 2013)». Consultado em 16 de julho de 2018
- ↑ a b c PÓVOAS, Glênio: "Histórias do cinema gaúcho: proposta de indexação 1904-1954", tese de doutorado em Comunicação Social da PUC/RS, 2005)
- ↑ «FOSTER, Lila: "Cinema amador brasileiro: história, discursos e práticas (1926-1959), tese de doutorado na ECA-USP, 2016» (PDF). Consultado em 16 de julho de 2018
- ↑ «Notícia sobre a exibição de Guerra e paz em outubro de 2010». Consultado em 16 de julho de 2018