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Palas (filho de Evandro)

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Palas ou Palante (em grego Παλλάς; em latim Pallas) é um personagem da mitologia romana, filho de Evandro, rei dos árcades, refugiados que fundaram a cidade de Palanteu, no Palatino, local onde mais tarde Rômulo fundaria Roma.[1] Desempenha papel importante na Eneida, poema épico de Virgílio. Sua mãe seria uma italiana sabélica,[2] denominação que era aplicada a algumas populações da Itália central.

Segundo Virgílio, os árcades viviam em guerra contínua com o povo latino,[3] no Lácio. O deus Tibre aconselha Eneias a firmar um pacto com eles, para lutar contra Turno, rei dos rútulos, que queria expulsar os troianos da Itália. Palante está entre os primeiros a avistar os navios dos refugiados troianos, comandados por Eneias, que sobem o rio Tibre para chegar a Palanteu. Recebe os exilados e os acompanha à casa de seu pai.

Evandro aceita firmar aliança com Eneias e envia Palante "para contemplar as façanhas" de Eneias, "acostumar-se a suportar a vida militar e o penoso trabalho de Marte".[4] Oferece a Eneias duzentos cavaleiros árcades, força de elite de seu exército, e Palante oferece mais duzentos em seu próprio nome. O pai se despede do filho com muita emoção e Palante acompanha Eneias para a guerra contra os rútulos, na qual usará as armas pertencentes ao velho fundador de Palanteu.

A guerra é sangrenta e Palante mata muitos inimigos, alguns ilustres.[5] Os árcades, que fugiam diante dos latinos, porque a natureza acidentada do lugar os levara a abandonar os cavalos, inflamam-se com as admoestações do chefe e com suas proezas. Do lado dos rútulos se destaca o filho de Mezêncio, Lauso, quase com a mesma idade de Palante. Virgílio conta que os dois tinham uma beleza admirável, mas a Fortuna lhes recusou o retorno à pátria e Júpiter não consentiu que lutassem um contra o outro.

Palante, apesar de sua valentia, é morto pelo arrogante Turno, que se apropria de seu cinturão, consentindo entretanto em devolver seu cadáver.[6] Eneias, avisado por um mensageiro de sua morte, é dominado pelo furor e quer vingar o jovem árcade. Começa imolando diferentes vítimas sem defesa e se mostra impiedoso. Em seguida massacra e põe em fuga todos os inimigos que tentam resistir.[7] O relato da morte e dos funerais de Palante é um dos mais tocantes da Eneida.

Para evitar que haja mais vítimas, os chefes dos dois lados em guerra decidem que ela seja resolvida num combate entre Eneias e Turno. O duelo termina com a derrota do rútulo, que suplica a Eneias que poupe sua vida. O herói troiano está quase convencido a perdoar Turno, mas, ao ver o cinturão de Palante nos ombros do inimigo, seu furor se reaviva e, com um último golpe, mata o rei dos rútulos.[8] Há uma semelhança entre essa cena e a morte de Heitor por Aquiles, para vingar a morte de Pátroclo, na Ilíada de Homero.

Referências

  1. Tito Lívio, em Ab Urbe condita libri, I, 7, e Ovídio, em Fastos, I, 470ss, falam de uma migração da cidade grega de Argos, liderada por Evandro.
  2. Virgílio, Eneida, VIII, 510
  3. Virgílio, Eneida, VIII, 55
  4. Virgílio, Eneida, VIII, 515-516
  5. Virgílio, Eneida, X, 380-425
  6. Virgílio, Eneida, X, 474-509
  7. Virgílio, Eneida, X, 510-605
  8. Virgílio, Eneida, XII, 930-952