Saltar para o conteúdo

Ergue-te

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
(Redirecionado de Partido Nacional Renovador)
Ergue-te
Ergue-te
Sigla E
Presidente Rui Fonseca e Castro
Fundação 12 de abril de 2000
Sede Lisboa
Ideologia Extremismo de direita
Ultranacionalismo português
Conservadorismo nacional
Conservadorismo social
Nativismo
Antifeminismo
Euroceticismo[1]
Anti-imigração[2]
Espectro político Extrema-direita[3][4][5][6][7][8][9]
Ala de juventude Ala dos Namorados[10]
Antecessor Partido Nacional Renovador (PNR)
Movimento de Ação Nacional
Afiliação europeia Aliança dos Movimentos Nacionais Europeus
Cores Preto, Azul e Encarnado
Símbolo eleitoral
Página oficial
www.partidoergue-te.pt

O Ergue-te (E), fundado como Partido Nacional Renovador (PNR), é um partido político português ultranacionalista de extrema-direita.[3][4][7][8][9][5][6] O seu lema é Nação e Trabalho e um dos seus objetivos consiste na valorização de um espírito nacionalista português. O partido resulta legalmente da alteração de estatutos aprovada na VII Convenção Nacional do antigo Partido Renovador Democrático (PRD) requerida em 17 de Março de 2000 e validada pelo Tribunal Constitucional a 12 de abril de 2000. Esta alteração implicou na mudança de nome, sigla e símbolo do partido para os então adotados pelo PNR[11]. O seu presidente é, desde 15 de dezembro de 2024, Rui Fonseca e Castro.[12] Num relatório publicado pela ONG norte-americana GPAHE contra ódio e extremismo, o Ergue-te foi classificado, juntamente com o ADN e o Chega, como um grupo de ódio e extrema-direita.[13]

A 10 de julho de 2020, com vista a alterar a sua imagem pública e a desfazer equívocos decorrentes da confusão de siglas entre PNR e PDR — o antigo Partido Democrático Republicano, atualmente designado Alternativa Democrática Nacional —, passou a designar-se Ergue-te, com a sigla E, alteração que foi aceite e registada pelo Tribunal Constitucional na sequência de deliberação tomada pelo Conselho Nacional do PNR a 23 de novembro de 2019.[14][15]

O partido também é descrito como islamofóbico[16] e oposto à adesão de Portugal à NATO.[17]

Aparições públicas

[editar | editar código-fonte]

O E tem estado envolvido em várias polémicas. Em 2006, envolveram-se na manifestação dos agentes das forças de segurança contra o governo, levando-a quase à suspensão. A notícia do Diário de Notícias sobre participação do então PNR foi a seguinte:

"Foi a confusão total. Já passavam quase 120 minutos da hora marcada para o início do desfile dos agentes das forças de segurança contra a política do Governo quando os organizadores chegaram ao Marquês de Pombal para avisar que, afinal, não ia haver manifestação. Com o argumento de que os agentes da PSP, da GNR, da Polícia Marítima e dos Serviços de Estrangeiros e Fronteiras se recusavam a "desfilar ao lado dos neonazis" (e representantes do Partido Nacional Renovador) que se tinham concentrado naquele local para participar na manifestação. E com receio de que ocorressem conflitos entre os dois lados. A decisão dos organizadores da manifestação - a Comissão Coordenadora Permanente de Sindicatos e Associações das Forças e Serviços de Segurança - enfureceu os agentes das várias forças policiais. Os protestos aumentaram de tom, a confusão gerou-se e, de repente, quando menos se esperava, os elementos das forças de segurança passaram por cima da decisão da organização e começaram a desfilar. A Comissão Coordenadora tinha perdido o controlo da situação. E o desfile fez-se, de facto, até ao Terreiro do Paço, onde está instalado o Ministério da Administração Interna. Aí, os agentes exigiram mudanças do sistema de saúde, na aposentação e melhores condições de trabalho. Os militantes de extrema-direita, após terem tido um palco para falar aos media começaram a dispersar, vendo-se ao longo do desfile um grupo aqui outro acolá. Mas não seguiram a manifestação atrás das forças policiais."[18]

Juventude Nacionalista

[editar | editar código-fonte]

Desde o início do ano de 2006, tem procurado recrutar jovens estudantes em escolas secundárias e em estabelecimentos do ensino superior. Esta situação despertou mais uma vez a atenção das autoridades, que enviaram um relatório aos ministros da Educação e da Administração Interna. Segundo o relatório, apesar de o então PNR ser um partido legalizado, existe um risco efetivo de transmissão aos jovens de ideias de caráter xenófobo, potenciadoras de violência.[19]

O líder da Juventude confirmou este recrutamento, refutando, no entanto, a transmissão aos jovens de mensagens de natureza criminal ou violenta.[20]

Após a mudança de nome do partido em 2020, a juventude partidária do Ergue-te passou a ser intitulada "Ala dos Namorados", nome inspirado na ala direita do exército português na Batalha de Aljubarrota.[10]

Controvérsias

[editar | editar código-fonte]

Alguns ex-membros seus foram condenados por discriminação racial e crimes violentos como, entre outros, o assassinato dum dirigente do PSR (José Carvalho) e dum jovem cabo-verdiano (Alcindo Monteiro),[21] depois de terem sido ligados a grupos de extrema-direita armados como a Frente Nacional e os Hammerskin portugueses. No entanto, a forma de atuação destes grupos levou a um afastamento do então PNR em relação aos mesmos.[22][23]

Em 2007, os Gato Fedorento provocaram o PNR ao publicar um cartaz satírico, na Rotunda do Marquês, ao lado de um cartaz do PNR contra a imigração.[24] O cartaz gerou polémica, incluindo ameaças de nacionalistas aos humoristas portugueses.[25] Apesar do protesto do Bloco de Esquerda favorável à manutenção do cartaz humorístico,[26] o cartaz acabou por ser removido pela Câmara Municipal de Lisboa[27] devido a ser ilegal, tendo sido colocado durante a noite.[24] Entretanto, o PNR colocou um novo cartaz, igual ao original, para substituir o cartaz vandalizado. Os custos foram pagos pelos militantes e, inclusive, fizeram a guarda noturna do cartaz para que não voltasse a ser vandalizado.

Resultados eleitorais

[editar | editar código-fonte]

Eleições legislativas

[editar | editar código-fonte]
Data Líder Cl. Votos % +/- Mandatos +/- Status
2002 António Cruz Rodrigues 10.º 4 712
0,09 / 100,00
0 / 230
Extra-parlamentar
2005 José Pinto Coelho 9.º 9 374
0,16 / 100,00
Aumento0,07
0 / 230
Estável
2009 12.º 11 628
0,20 / 100,00
Aumento0,04
0 / 230
Estável
2011 10.º 17 742
0,32 / 100,00
Aumento0,12
0 / 230
Estável
2015 9.º 27 269
0,50 / 100,00
Aumento0,18
0 / 230
Estável
2019 13.º 17 126
0,33 / 100,00
Baixa0,17
0 / 230
Estável
2022 19.º 5 236
0,09 / 100,00
Baixa0,24
0 / 230
Estável
2024 16.º 6 034
0,09 / 100,00
Estável
0 / 230
Estável

Eleições europeias

[editar | editar código-fonte]
Data Cabeça de lista Cl. Votos % +/- Deputados +/-
2004 Paulo Rodrigues 11.º 8 405
0,25 / 100,00
0 / 24
2009 Humberto Nuno de Oliveira 12.º 13 214
0,37 / 100,00
Aumento0,12
0 / 22
Estável
2014 12.º 15 036
0,46 / 100,00
Aumento0,09
0 / 21
Estável
2019 João Patrocínio 13.º 16 165
0,49 / 100,00
Aumento0,03
0 / 21
Estável
2024 Rui Fonseca e Castro 11º 8 540
0,22 / 100,00
Baixa0,27
0 / 21
Estável

Eleições autárquicas

[editar | editar código-fonte]
(Resultado que excluem os resultados de coligações envolvendo o partido)
Data Cl. Votos % +/- Presidentes CM +/- Vereadores +/- Assembleias
Municipais
+/- Assembleias de
Freguesias
+/-
2001 16.º 877
0,02 / 100,00
0 / 308
0 / 2 044
0 / 6 876
Não concorreu
2005 11.º 1 752
0,03 / 100,00
Aumento0,01
0 / 308
Estável
0 / 2 046
Estável Não concorreu
0 / 34 498
2009 14.º 1 202
0,02 / 100,00
Baixa0,01
0 / 308
Estável
0 / 2 078
Estável
0 / 6 946
Estável
0 / 34 672
Estável
2013 16.º 3 002
0,06 / 100,00
Aumento0,04
0 / 308
Estável
0 / 2 086
Estável
0 / 6 487
Estável
0 / 27 167
Estável
2017 16.º 4 740
0,09 / 100,00
Aumento0,03
0 / 308
Estável
0 / 2 074
Estável
0 / 6 461
Estável
0 / 27 019
Estável
2021 18.º 551
0,01 / 100,00
Baixa0,08
0 / 308
Estável
0 / 2 064
Estável
0 / 6 448
Estável
0 / 26 790
Estável

Eleições regionais

[editar | editar código-fonte]
Assembleias legislativas regionais

Região Autónoma da Madeira

[editar | editar código-fonte]
Data Líder Cl. Votos % +/- Deputados +/- Status Notas
2015 Álvaro Araújo 10.º 1 052
0,82 / 100,00
0 / 47
Extra-parlamentar
2019 Álvaro Araújo 17.º 274
0,19 / 100,00
Baixa0,63
0 / 47
Estável Extra-parlamentar
2023
Não concorreu

Símbolos do partido

[editar | editar código-fonte]

Notas e referências

  1. «De Brexit a Pexit: o efeito dominó». Partido Nacional Renovador. Cópia arquivada em 21 de maio de 2020 
  2. «PNR afixa novo cartaz contra imigração». Diário de Notícias. 1 de outubro de 2008. Cópia arquivada em 29 de setembro de 2020 
  3. a b José Mourão da Costa (2011). «O Partido Nacional Renovador: a nova extrema-direita na democracia portuguesa» (PDF). Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. Análise Social. 46 (201): 765-78. JSTOR 41494872 
  4. a b Silva, Érica Anita Baptista (outubro de 2011). «A Campanha de Cavaco Silva em Portugal: a retórica da direita» (PDF). Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais. Em Debate. 4 (7). Arquivado do original (PDF) em 5 de março de 2016 
  5. a b Ana Paula Tostes (2009). «Razões da intolerância na europa integrada». Dados. 52 (2). ISSN 0011-5258. doi:10.1590/S0011-52582009000200003 
  6. a b Frederico Pedroso Rocha (2014). «A Direita Radical E As Eleições Europeias Em 2014. Nacionalistas Em Busca De Pontes». Relações Internacionais (41). ISSN 1645-9199 
  7. a b Almeida, Fábio Chang de (2014). A direita radical no Portugal democrático : os rumos após a revolução dos cravos (1974-2012) (Tese de Doutorado). Universidade Federal do Rio Grande do Sul 
  8. a b Cláudia Castelo (2006). «Memórias coloniais: práticas políticas e culturais entre a Europa e a África». Cadernos de Estudos Africanos (9/10): 9-21. doi:10.4000/cea.1195 
  9. a b Nuno Oliveira. «Interculturalidade ou Interculturalismo? O Terceiro "Ismo" das Políticas de Integração de Imigrantes» (PDF). Associação Portuguesa de Sociologia. Consultado em 25 de setembro de 2015. Arquivado do original (PDF) em 15 de março de 2015 
  10. a b Pinto-Coelho, José (11 de julho de 2021). «Ala dos Namorados». Partido "Ergue-te!". Consultado em 24 de setembro de 2022 
  11. «Acórdão Nº 250/00». TC - Tribunal Constitucional de Portugal. 12 de abril de 2000. Consultado em 11 de outubro de 2009. Cópia arquivada em 23 de setembro de 2021 
  12. Lusa, Agência. «Antigo juiz Rui Fonseca e Castro preside ao partido nacionalista Ergue-te». Observador. Consultado em 15 de dezembro de 2024 
  13. «Portugal: grupos de ódio e extremistas de extrema-direita». Global Project Against Hate and Extremism (em inglês). Consultado em 29 de junho de 2023 
  14. «ACÓRDÃO Nº 371/2020». Tribunal Constitucional. 10 de julho de 2020. Consultado em 21 de julho de 2020. Cópia arquivada em 26 de abril de 2021 
  15. «PNR muda nome para "Ergue-te" para "refrescar imagem"». Diário de Notícias. 22 de julho de 2020. Consultado em 10 de outubro de 2021. Cópia arquivada em 26 de fevereiro de 2021 
  16. Observador (2 de Agosto de 2016). «PNR faz simulação de decapitações em frente ao Palácio de Belém». Observador. Consultado em 29 de novembro de 2018. O protesto tem o nome de 'Islão, aqui, não' e pode ler-se numa publicação do partido feita numa rede social: Na sequência de mais uma vaga de atentados no continente europeu, o PNR realizou neste sábado uma ação de protesto contra a Islamização da Europa (...). 
  17. «PNR opõe-se à actual NATO». Partido Nacional Renovador. 15 de Novembro de 2010. Cópia arquivada em 26 de maio de 2020 
  18. Inês David, Bastos (8 de junho de 2006). «PNR quase parou a manifestação». DN Online. Arquivado do original em 10 de abril de 2008 
  19. «Bom dia, queres ser um nazi?». PortugalDiário. 29 de julho de 2006. Consultado em 31 de março de 2010. Arquivado do original em 5 de abril de 2008 
  20. «Seguro aconselha "prudência nas palavras" sobre saída da "troika"». Renascença. 8 de março de 2014. Arquivado do original em 9 de março de 2014 
  21. Machado, Henrique (19 de Setembro 2007). «36 skinheads acusados da morte de Alcino Monteiro». Correio da Manhã. Consultado em 19 de setembro de 2007. Arquivado do original em 10 de março de 2014 
  22. «Líder skin quer formar movimento político». Jornal O Crime. Consultado em 8 de fevereiro de 2014. Arquivado do original em 10 de março de 2014 
  23. «A política não é uma ciência exacta, mas uma arte." - a força da extrema direita». Porto Canal. 18 de dezembro de 2013. Consultado em 18 de dezembro de 2013. Cópia arquivada em 10 de março de 2014 
  24. a b «Gato Fedorento provoca PNR». TVI Notícias. Consultado em 12 de dezembro de 2024 
  25. «"Gato Fedorento" sob ameaça da extrema-direita por causa de cartaz». Diário de Notícias. Consultado em 12 de dezembro de 2024 
  26. Portugal, Rádio e Televisão de (7 de abril de 2007). «BE manifesta-se contra remoção do cartaz dos Gato Fedorento». BE manifesta-se contra remoção do cartaz dos Gato Fedorento. Consultado em 12 de dezembro de 2024 
  27. «Cartaz dos Gato Fedorento foi retirado pela Câmara». Jornal de Notícias. Consultado em 12 de dezembro de 2024 

Ligações externas

[editar | editar código-fonte]