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Red Star Football Club

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
 Nota: Este artigo é sobre o clube francês. Para o homônimo africano, veja Red Star Football Club (Seicheles).
Red Star 93
Nome Red Star Football Club 93
Alcunhas L'Étoile rouge, Les verts et blancs, Les Audoniens
Principal rival Paris FC
PSG
Fundação 21 de fevereiro de 1897 (127 anos)
Estádio Stade Bauer
Capacidade 10.000
Localização Saint-Ouen, França
Presidente Patrice Haddad
Treinador(a) Habib Beye
Patrocinador(a) LinkedOut
Material (d)esportivo Kappa
Competição Championnat National
Website [1]
Cores do Time
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Cores do Time
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Uniforme
titular
Cores do Time
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Uniforme
alternativo

Red Star Football Club 93 - conhecido por Red Star 93, Red Star Saint-Ouen ou Red Star Paris - é um clube de futebol da França, sediado em Saint-Ouen, ao norte da metrópole da Grande Paris. Foi fundado pelo que então seria o futuro presidente da FIFA, Jules Rimet, em 1897.[1]

O clube também é reconhecido por ter uma torcida engajada com a esquerda,[1][2] embora seu nome não faça referência original ao comunismo, sendo anterior à própria adoção da estrela vermelha como símbolo desse movimento.[3] A inspiração para o nome veio da companhia marítima belgo-estadunidense Red Star Line, utilizada pela governanta inglesa que trabalhava para Rimet.[4]

Embora, decadente, mantém consigo uma torcida fiel, ainda que pequena, sendo considerado o clube de futebol mais tradicional da capital francesa.[3] Com efeito, chegou a ser o maior vencedor da Copa da França, com o tricampeonato seguido entre 1921 e 1922. Ao todo, foi cinco vezes campeão desse torneio, a última em 1942, quantidade que o faz ainda ser seu quarto maior vencedor - juntamente com o vizinho Racing de Paris, o Monaco e Lyon, que igualaram-lhe respectivamente em 1949, 1991 e em 2012. Foi superado pelo Olympique de Marselha (dono de dez títulos) em 1943; pelo Saint-Étienne em 1977 e pelo Lille em 2011, ambos com exatos seis títulos; e pelo vizinho Paris Saint-Germain (vencedor por treze vezes) em 2004. Somente o tetracampeonato seguido do PSG entre 2015 e 2018 superou o tricampeonato do Red Star, e somente o Lille também conseguiu três conquistas consecutivas (entre 1946 e 1948).[5]

Ao longo de sua história, teve diversos nomes diferentes, frutos, dentre outros motivos, de fusões com outros clubes. Suas maiores conquistas são aqueles cinco títulos da Copa da França [1] e o bicampeonato da Ligue 2 (então chamada de Division 2). O clube teve seu auge antes da introdução da Ligue 1, inaugurada em 1932, e não a disputa desde 1975, ausência que inviabilizou o desenvolvimento de qualquer rivalidade com o PSG, criado poucos anos antes;[3] o principal dérbi parisiense moderno seria fomentado pela torcida alviverde com o Paris Football Club, em função exatamente da constância de encontros entre a segunda e terceira divisões,[6] em rivalidade condimentada também por rixas políticas contra os torcedores desta outra equipe.[3]

Em 1907, o clube fundiu-se com o Amical Football Club (passando a chamar-se Red Star Amical Football Club e em 1909 inaugurou seu estádio em Saint-Ouen.[4] Na década de 1910, obteve duas vezes o campeonato da Ligue de Football Association (em 1912 e 1919), uma das diversas entidades (presidida inclusive por Jules Rimet também) que organizavam suas próprias ligas no país antes da fundação da Federação Francesa de Futebol ocorrer em 1919.[7]

A década de 1920 viria a guardar o período mais forte do clube, no qual venceu quatro de suas cinco Copas da França - três delas, seguidas,[3] entre 1921 e 1923. Em 1926, fundiu-se com o Olympique de Paris, passando a chamar-se oficialmente Red Star Olympique. Com a fusão, adotou as características cores verde e branca. Dois anos depois, venceu sua quarta Copa da França.[4]

O clube seria um dos fundadores da Ligue 1, introduzida em 1932, mas foi rebaixado logo na primeira temporada do torneio, a de 1932-33.[7] O clube logo retornou e pôde contar naquela década de 1930 com Guillermo Stábile (o argentino que foi artilheiro da primeira Copa do Mundo FIFA) como um jogador-treinador decisivo para evitar nova queda em 1935-36. Um segundo rebaixamento veio na temporada 1937-38, mas Stábile pôde conduzir novo acesso imediato ao fim da temporada seguinte (com outro argentino da Copa de 1930, Alejandro Scopelli), embora o estouro da Segunda Guerra Mundial provocasse sua fuga na reta final.[7]

Durante o conflito, o clube engajou-se na na resistência à ocupação da França pela Alemanha nazista: seu estádio foi usado como esconderijo de armas e dois membros proeminentes foram executados pelo inimigo - o médico Jean-Claude Bauer, que dá nome ao estádio, e o goleiro italiano Rino Della Negra.[3] Ainda assim, o Red Star também soube ter seus últimos grandes êxitos esportivos: a guerra interrompera a Ligue 1, com a França ocupada e a França de Vichy estabelecendo cada uma seus próprios campeonatos, embora a Copa da França seguisse normalmente.[7] Nesse contexto, o clube venceu o campeonato da França ocupada na temporada 1940-41 [8][9] e na seguinte venceu sua última Copa da França. Um de seus jogadores era outro argentino, Helenio Herrera.[7]

Com o fim da Guerra, o Red Star formou a trinca futebolística parisiense com o Racing Club de France e o Stade Français entre a segunda metade da década de 1940 e o final da década de 1960.[7] Estes dois clubes também viriam a decair no futebol, estando em divisões ainda mais baixas. Atualmente, são mais proeminentes no rugby union, onde são grandes forças nacionais.[10][11][12] Naquela década, o Red Star ainda chegou uma última vez à final da Copa da França, em 1946, mas também iniciou sua decadência. Em 1948, chegou a cessar suas atividades ao fundir-se com o Stade Français,[4] que vivia seu melhor momento histórico na Ligue 1.[7]

O chamado Stade Français Red Star foi desfeito com o rebaixamento em 1951. O clube vizinho seguiu na segunda divisão,[7] mas o Red Star precisou recomeçar inicialmente na quinta para a temporada 1951-52, embora saltasse administrativamente à segunda na de 1952-53 ao restaurar um departamento profissional de futebol. Todavia, permaneceria na segunda divisão pelo resto da década de 1950 e, também administrativamente, foi rebaixado diretamente à quarta ao fim da temporada 1959-60, sancionado por corrupção com a perda do status de clube profissional. Após competir como quarto colocado na quarta divisão de 1960-61, foi indultado e recolocado na segunda de 1961-62. Mesmo na divisão de acesso, avançou até as semifinais da Copa da França de 1962-63 e conseguiu voltar à Ligue 1 como vice-campeão da segunda divisão de 1964-65 - embora fosse imediatamente rebaixado da elite na temporada seguinte.[4]

Na temporada 1967-68, o clube fundiu-se com o Toulouse, adotando o nome de Red Star Football Club e assim retornou à primeira divisão, permanecendo nela mesmo com a parceria sendo encerrada em 1970.[4] Àquela altura, com a decadência ainda mais aprofundada de seus vizinhos, portava-se como o principal representante da capital, chegando a atrair Garrincha em 1971.[7] Mesmo assim, a realidade era modesta. O astro brasileiro, embora já decadente, foi não foi contratado por ser considerado caro demais para os padrões do clube, limitando-se a treinamentos. Sem esconder o desgosto, ele relatou à revista Placar a estrutura precária que constatou:[13]

Em paralelo, foi fundado naquela época (em 1970) o Paris Saint-Germain, que gradualmente viria a monopolizar as atenções parisienses a partir da década de 1980.[7] Rebaixado à segunda divisão na temporada 1972-73,[4] o Red Star recorreu ao veterano Néstor Combín e voltou imediatamente à Ligue 1 ao lado do próprio PSG, mas a temporada 1974-75 foi a única a ter ambos na elite: o Red Star a disputou ali pela última vez, sendo rebaixado como penúltimo colocado e não voltando mais à elite desde então enquanto o PSG jamais voltou a cair.[7] A situação dos audoniens piorou ao fim da temporada 1977-78, quando uma recuperação judicial os rebaixou da segunda divisão diretamente à quinta. A equipe recomeçou com o nome de Association Sportive Red Star e obteve em campo a promoção à quarta na temporada 1979-80 e à terceira em 1980-81 e à segunda em 1981-82. Permaneceu na Ligue 2 até ser rebaixado na temporada 1986-87, voltando da terceira divisão após duas temporadas.[4]

O longo desencontro com o PSG impediu que uma rivalidade se formasse entre as duas torcidas: naqueles seus inícios, os vizinhos eram considerados novatos demais para despertar antipatia de um clube muito mais tradicional. Com o tempo, a discrepância cada vez maior no número de títulos, prestígio e torcedores em favor do PSG também afastou a existência de rixas mais sérias;[3] a torcida do Red Star tornou-se pequena, normalmente morando perto de sua sede em Saint-Ouen ou engajada em causas sociais. O baixo orçamento, com remunerações de time amador a seus atletas (sem conseguir segurá-los) permaneceu uma constante, cada vez mais contrastante com a rica realidade do PSG, especialmente depois da negociação dos vizinhos com o Qatar.[1]

Os parisienses fiéis ao Red Star terminaram por direcionar sua rivalidade ao Paris FC - clube dissidente do PSG com quem se acostumou a encontrar-se nas divisões inferiores e a quem a torcida alviverde acusa de racista. O patrocínio generoso ao PSG já era uma realidade no início da década de 1990, bancado na ocasião pela emissora televisiva Canal+, a fomentar uma primeira sequência de bons campeonatos desse clube.[3] O Red Star, por sua vez, passou aquela década basicamente na Ligue 2, tendo como melhor colocação o quarto lugar na temporada 1992-93. O time ainda foi quinto e sexto nas duas temporadas seguintes [4] e suas instalações receberam em 1998 a própria seleção brasileira, que utilizou o Stade Bauer para um amistoso contra Andorra prévio à Copa do Mundo FIFA de 1998.[3] Contudo, a equipe foi rebaixada na sequência, na temporada de 1998-99, e teve três quedas seguidas entre 2001 e 2004 - chegando à sexta divisão, vencida imediatamente na temporada 2004-05.[4]

Novo acesso seguido veio ao vencer a quinta divisão de 2005-06 e o retorno da quarta para a terceira veio na de 2010-11, como segundo colocado. A volta à Ligue 2 chegou a ocorrer como campeão da terceira divisão de 2014-15. Nos anos recentes, o clube alternou-se entre essas divisões: rebaixado da segunda em 2016-17, tornou a ganhar a terceira já na temporada 2017-18, mas voltou a cair em seguida na de 2018-19. Na temporada 2019-20, esteve perto de outro regresso à Ligue 2, encerrando a temporada no quarto lugar da terceira divisão.[4]

Nomes do Red Star ao longo dos anos

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Classificações

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I II III IV V VI Pts J V E D G.M. G.S. Diff.
2008-2009 13 73 pts 34 10 9 15 28 36 -8
2007-2008 10 74 pts 34 10 10 14 38 40 -2
2006-2007 10 80 pts 34 10 17 7 39 33 +6
2005-2006 1 87 pts 30 17 6 7 43 20 +23
2004-2005 1 74 pts 26 15 3 8 52 29 +23
2003-2004 7 59 pts 26 9 7 10 31 25 +6
2002-2003 14 50 pts 30 4 9 17 22 51 -29
2001-2002 6 85 pts 34 12 15 7 44 36 +8
2000-2001 20 27 pts 38 6 9 23 42 71 -29
1999-2000 12 52 pts 38 14 10 14 44 40 +4
1998-1999 19 39 pts 38 9 12 17 52 72 -20
1997-1998 8 57 pts 42 15 12 15 51 61 -10

Referências

  1. a b c d BETTINE, Lucas (outubro de 2012). PSG: Paris sem grana. Placar n. 1371. Editora Abril, p. 80
  2. OLIVEIRA, Alexandre; VIEIRA, Colin; CERQUEIRA, Rodrigo (29 de março de 2018). «Lado B de Paris: Red Star cultiva riquezas além das quatro linhas, bem antes do PSG». Sportv. Consultado em 20 de agosto de 2020 
  3. a b c d e f g h i VIGNOLI, Leandro (2017). 11. Red Star - Paris é uma festa. À sombra de gigantes: uma viagem ao coração das mais famosas pequenas torcidas do futebol europeu. São Paulo: L. Vignoli, 2017, pp. 121-128.
  4. a b c d e f g h i j k «Red Star Football Club». Pari et Gagne. Consultado em 20 de agosto de 2020 
  5. MAZET, François & PAURON, Frédéric (30 de julho de 2020). «France - List of Cup Finals». RSSSF. Consultado em 1 de setembro de 2020 
  6. PAPINI, Filipe Frossard (21 de dezembro de 2018). «Hoje é dia de clássico em Paris. E não, não tem jogo do PSG!». Sportv. Consultado em 20 de agosto de 2020 
  7. a b c d e f g h i j k BRANDÃO, Caio (12 de agosto de 2020). «Muito além do PSG: os outros clubes de Paris, através de seus argentinos». Futebol Portenho. Consultado em 19 de agosto de 2020  }}
  8. O equilíbrio está de volta (set 1992). Placar n. 1075. São Paulo: Editora Abril, pp. 52-55
  9. MAZET, François; PAURON, Frédéric (6 de agosto de 2020). «France - List of Champions». RSSSF. Consultado em 19 de agosto de 2020  }}
  10. «Futebol e Rugby pelo mundo – realmente tudo a ver». blog do Rugby. 5 de novembro de 2009. Consultado em 11 de janeiro de 2013 
  11. RAMALHO, Víctor (21 de março de 2012). «Clubes de Futebol e Rugby». Portal do Rugby. Consultado em 10 de janeiro de 2013 [ligação inativa]
  12. CÂMERA, Mário (fevereiro de 2012). No olho da rua. Revista ESPN n. 28. Spring Editora, pp. 62-65
  13. a b MARTINS, Lemyr (17 set 1971). Garrincha ainda tem esperança. Placar n. 79. São Paulo: Editora Abril, p. 43

Ligações externas

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