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Suillellus amygdalinus

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Como ler uma infocaixa de taxonomiaSuillellus amygdalinus

Classificação científica
Domínio: Eukaryota
Reino: Fungi
Filo: Basidiomycota
Classe: Agaricomycetes
Ordem: Boletales
Família: Boletaceae
Género: Suillellus
Espécie: S. amygdalinus
Nome binomial
Suillellus amygdalinus
(Thiers) Vizzini, Simonini e Gelardi (2014)
Sinónimos[1]
  • Boletus puniceus Thiers (1965)
  • Boletus amygdalinus Thiers (1975)
Suillellus amygdalinus
float
float
Características micológicas
Himênio poroso
Píleo é convexo
Lamela é adnata
Estipe é nua
A cor do esporo é marrom-oliváceo
A relação ecológica é micorrízica
Comestibilidade: desconhecido

A Suillellus amygdalinus (anteriormente Boletus amygdalinus) é uma espécie de fungo da família Boletaceae encontrada no oeste da América do Norte. Os basidiomas, ou cogumelos, são caracterizados por seus píleos grossos, vermelhos a marrons, poros vermelhos e a forte reação azulada que ocorre quando o tecido do cogumelo é ferido ou cortado. O píleo pode atingir diâmetro de até 12 cm e o estipe 9 cm de comprimento por 3 cm de espessura na maturidade. Esse cogumelo foi encontrado em bosques de manzanita e árbuto da região central da Califórnia, ao norte e ao sul do Oregon. Embora a comestibilidade do cogumelo não seja conhecida com certeza, ele pode ser venenoso e não é recomendado para consumo.[2] Outros boletos semelhantes com poros vermelhos, e que ficam azulados quando feridos, da América do Norte, incluindo Rubroboletus eastwoodiae, Boletus luridiformis e B. subvelutipes, podem ser diferenciados do S. amygdalinus pela cor do píleo, pelo grau de reticulação (uma rede de cristas elevadas) no estipe ou pela localização.

A espécie foi nomeada Boletus puniceus por Harry D. Thiers em 1965, com base em espécimes que ele encontrou no condado de Napa, Califórnia, em 23 de novembro de 1963.[3] Em 1975, Thiers mudou o nome para Boletus amygdalinus (um nomen nudum), pois descobriu que o epíteto já havia sido usado para um boleto diferente encontrado em Yunnan, China,[2] publicado em 1948.[4] O fungo foi transferido para Suillellus em 2014[5] depois que a filogenética molecular demonstrou que S. amygdalinus estava em uma linhagem distinta de Boletus.[6]

Em latim, amygdaline significa "relacionado a" ou "semelhante a uma amêndoa".[7]

O estipe não é reticulado.
Uma coleção de Forestville, Califórnia.

O Suillellus amygdalinus é um cogumelo grande e sólido com um píleo irregular, convexo a um pouco achatado, que pode atingir diâmetros de 6 a 12 cm na maturidade.[8] A superfície do píleo é seca e emaranhada com fibras; a cor do píleo dos espécimes jovens é vermelha, mas os cogumelos normalmente mudam para tons mais marrons à medida que amadurecem. A margem do píleo começa curvada para dentro e gradualmente se torna curvada para baixo com a idade. Os poros na parte inferior do píleo têm de 0,5 a 1 mm de largura, são angulares e vermelhos ou vermelho-alaranjados, enquanto os tubos têm de 1 a 1,5 cm de profundidade.

O estipe não é reticulado (não possui um padrão de rede) e é de cor amarela, mas geralmente é coberto por pelos vermelhos, especialmente perto da base. O estipe tem a mesma largura em toda sua extensão ou é mais espesso no meio; atinge dimensões de 4 a 9 cm de comprimento por 1 a 3 cm de espessura.[8] A base do estipe é tipicamente curvada.[3] A carne tem de 1 a 2 cm de espessura e cor amarela, mas, como todas as partes do cogumelo, fica azulada imediatamente após ser machucada ou cortada.[2] Tanto o odor quanto o sabor dos cogumelos são suaves.[9]

Embora a comestibilidade do S. amygdalinus não seja conhecida com certeza, as autoridades geralmente recomendam que se evite o consumo de boletos com poros vermelhos e que mancham-se de azul, pois vários deles são venenosos.[2][10] A espécie foi implicada em um grupo de envenenamentos na Califórnia em 1996-97, mas devido a natureza dos sintomas experimentados, provavelmente houve o consumo de mais de um tipo de cogumelo.[11]

Características microscópicas

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Os esporos elipsoides de paredes espessas contêm vacúolos.

A Suillellus amygdalinus produz uma impressão de esporos marrom-oliva escura. Os esporos têm paredes grossas, são lisos e elipsoides a um pouco fusiformes, com dimensões de 11,2 a 16 por 5,2 a 8 μm. Eles se tornam escuros e ocráceos quando corados com o reagente de Melzer e, devido à presença ocasional de dois grandes vacúolos, podem parecer bicelulares. Os basídios (as células portadoras de esporos) têm formato de taco, contêm numerosos vacúolos e medem de 30 a 35 por 9 a 11 μm. Os cistídios estão presentes nas laterais dos tubos e medem 45 a 54 por 10 a 12 μm. As fíbulas não estão presentes nas hifas.[3]

Vários testes químicos [en] de cor podem ser usados para ajudar a identificar os cogumelos suspeitos de serem S. amygdalinus. Uma gota de hidróxido de potássio (KOH) diluído tornará a carne do píleo laranja escuro, enquanto a pileipellis fica vermelha ou mais escura. A amônia (como hidróxido de amônio, NH4OH) produz um amarelo escuro na carne e marrom no píleo. O sulfato de ferro (II) (FeSO4) não produz nenhuma alteração ou produz uma cor cinza pálida tanto na carne quanto na cutícula do píleo (pileipellis). O ácido clorídrico (HCl) faz com que a carne fique laranja ou rosa, mas não tem reação de cor com a cutícula.[3][12]

Espécies semelhantes

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Boletos de aparência similar
Boletus luridiformis
Rubroboletus satanas
Boletus subvelutipes

Há vários outros boletos com poros vermelhos que ficam azulados quando machucados que podem ser confundidos com o S. amygdalinus. A espécie europeia venenosa Rubroboletus satanas e sua contraparte norte-americana R. eastwoodiae têm píleos de cores mais claras e um padrão reticulado no estipe.[13] A B. subvelutipes é uma espécie altamente variável do leste da América do Norte que inclui o vermelho em sua gama de cores de píleos e tem um revestimento felpudo de pelos perto da base de seu estipe; ela pode representar um grupo de espécies.[14] Outra espécie semelhante é a B. luridiformis, encontrada na América do Norte e no norte da Europa sob árvores de folhas largas e coníferas. Ao contrário da S. amygdalinus, no entanto, a B. luridiformis tem um píleo marrom-escuro a quase marrom-enegrecido e um estipe amarelo com uma densa cobertura de pruinas (pontos) vermelhas.[15] A B. frostii também é semelhante.[8]

Distribuição e habitat

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Os cogumelos Suillellus amygdalinus crescem no chão em grupos ou espalhados. O fungo foi relatado em florestas de madeira de lei de baixa altitude compostas de carvalho, manzanita e árbuto, na Califórnia[9] e no Oregon. A frutificação ocorre após o início das chuvas de outono, geralmente entre outubro e janeiro.[15] O cogumelo pode ser difícil de identificar, pois seu píleo tem coloração semelhante a das folhas da árvore árbuto com a qual está associado e porque o cogumelo está frequentemente enterrado sob as folhas.[2]

  1. «GSD Species Synonymy: Suillellus amygdalinus (Thiers) Vizzini, Simonini & Gelardi». Species Fungorum. CAB International. Consultado em 23 de novembro de 2014 
  2. a b c d e Thiers HD. (1975). California Mushrooms—A Field Guide to the Boletes. New York, New York: Hafner Press. p. 261. ISBN 978-0-02-853410-7 
  3. a b c d Thiers HD. (1965). «California Boletes. I». Mycologia. 57 (4): 524–34. JSTOR 3756729. doi:10.2307/3756729 
  4. Chiu WF. (1948). «The boletes of Yunnan». Mycologia. 40 (2): 199–231. JSTOR 3755085. doi:10.2307/3755085 
  5. Vizzini A. (2014). «Nomenclatural novelties» (PDF). Index Fungorum (188): 1. ISSN 2049-2375 
  6. Nuhn ME, Binder M, Taylor AFS, Halling RE, Hibbett DS (2013). «Phylogenetic overview of the Boletineae». Fungal Biology. 117 (7–8): 479–511. PMID 23931115. doi:10.1016/j.funbio.2013.04.008 
  7. «amygdaline, adj. The Oxford English Dictionary 3rd ed. Oxford University Press. 2011. Consultado em 28 de julho de 2024 
  8. a b c Davis, R. Michael; Sommer, Robert; Menge, John A. (2012). Field Guide to Mushrooms of Western North America. Berkeley: University of California Press. pp. 318–319. ISBN 978-0-520-95360-4. OCLC 797915861 
  9. a b Vizzini, Simonini e Gelardi (2014). «Boletus amygdalinus». California Fungi. Consultado em 30 de julho de 2024 
  10. Kuo, M. (2007). 100 edible mushrooms. Internet Archive. Ann Arbor, Michigan: The University of Michigan Press. p. 53 
  11. Yamada EG, Mohle-Boetani J, Olson KR, Werner SB (1998). «Mushroom poisoning due to amatoxin–Northern California, winter 1996–1997». Western Journal of Medicine. 169 (6): 380–4. PMC 1305415Acessível livremente. PMID 9866444 
  12. Baroni TJ. (1970). «Chemical spot-test reactions: boletes». Mycologia. 70 (5): 1064–76. JSTOR 3759138. doi:10.2307/3759138 
  13. Arora D. (1986). Mushrooms Demystified: A Comprehensive Guide to the Fleshy Fungi. Berkeley, California: Ten Speed Press. p. 527. ISBN 0-89815-169-4 
  14. Kuo M. (2007). «Boletus subvelutipes species group». MushroomExpert.Com. Consultado em 30 de julho de 2024 
  15. a b Bessette AR, Bessette A, Roody WC (2000). North American Boletes: A Color Guide to the Fleshy Pored Mushrooms. Syracuse, New York: Syracuse University Press. p. 71. ISBN 0-8156-0588-9 

Ligações externas

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