Saltar para o conteúdo

Surena (século IV)

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
 Nota: Para outras pessoas de mesmo nome, veja Surena.
Surena
Morte Após 378
Etnia parta
Ocupação Nobre e general
Religião Zoroastrismo

Surena foi general e nobre sassânida de origem parta do século IV, ativo no reinado do Sapor II (r. 309–379). Teve importante papel no combate dos invasores romanos ao Império Sassânida e nas negociações de paz que se seguem.

Nome[editar | editar código-fonte]

Surena é a forma latina do parta, persa médio e siríaco Surém (Sūrēn), que derivou do iraniano antigo Suraina (*Sūr-aina-; de *sūra-, "forte, heroico"). Essas formas podem ter se originado da junção de *sūra- com a partícula sufixal -ēn.[1] Foi registrado em bactrio como Soreno (Σορηνο), em grego como Surenas (Σουρήνᾱς; Sourénās) e em armênio como Surém (Սուրեն, Surēn).[2] Nos Períodos Arsácida e Sassânida, em geral tratava-se de um sobrenome de uma das grandes famílias de origem parta que governavam o planalto Iraniano.[3]

Vida[editar | editar código-fonte]

Dinar de Sapor II (r. 309–379)
Soldo de Valente (r. 364–378)

Surena era membro da Casa de Surena, um dos 7 clãs partas do Império Sassânida. Aparece pela primeira vez em 24 de abril de 363, quando emboscou uma força de patrulha liderada por Hormisda, um dos generais do imperador Juliano, o Apóstata (r. 361–363).[4][5] [6] 1 dia após a queda de Perisapora (29 de abril) aos romanos, emboscou 3 esquadrões de cavalaria, matou alguns deles, incluindo um dos tribunos, e capturou um estandarte.[7][8][9] Em ca. 10 de maio, quando os romanos se preparavam para cercar Maiozamalca, atacou-os, mas foi pego de surpresa pelas coortes inimigas e teve que se retirar.[10]

Em 29 de maio, durante o Cerco de Ctesifonte, Pigranes, Narseu e Surena foram derrotados pelos romanos e se retiraram ao interior das muralhas da cidade.[11] Após a morte de Juliano em 23 de junho, Surena, que à época estava na Persarmênia, foi enviado com outros magistrado de nome desconhecido por Sapor para negociar a paz com os romanos. Ao chegarem no acampamento romano, foram recebidos pelo recém-elevado Joviano (r. 363–364) que nomeou Arinteu como responsável pela conclusão de acordo de paz.[12]

Na primavera de 378, foi enviado a negociar com o imperador Valente (r. 364–378) a questão da Armênia e Ibéria no Cáucaso, que estavam sob disputa entre o Império Romano e Império Sassânida. Quando as negociações falharam, Sapor ordena que Surena vá à Armênia e a conquiste.[13] Segundo Fausto, o Bizantino, os armênios receberam Surena após a rainha-mãe Zarmanducte e Manuel Mamicônio, o regente de Ársaces III e Vologases III, enviarem presentes a Sapor numa tentativa de aproximar-se da Pérsia.[14] Surena chega ao país na condição de marzobã com 10 mil homens. Confrontou Manuel quando este rebelou-se contra os persas,[15] mas foi derrotado e seu exército destruído. Apesar disso, Manuel permitiu que fugisse.[14]

Referências

  1. Ačaṙyan 1942–1962, p. 588.
  2. Martirosyan 2021, p. 14.
  3. Fausto, o Bizantino 1989, p. 409-410.
  4. Amiano Marcelino 397, XXIV.2.4–5.
  5. Zósimo séculos V-VI, III.15.4–6.
  6. Dodgeon 2002, p. 202-203.
  7. Amiano Marcelino 397, XXIV.3.1.
  8. Zósimo séculos V-VI, III.19.1–2.
  9. Dodgeon 2002, p. 203.
  10. Amiano Marcelino 397, XXIV.4.7.
  11. Amiano Marcelino 397, XXIV.6.12.
  12. Dodgeon 2002, p. 228.
  13. Curran 1997, p. 94.
  14. a b Fausto, o Bizantino século V, V.XXXVIII.
  15. Greatrex 2002, p. 28; 254.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Ačaṙyan, Hračʻya (1942–1962). «Սուրեն». Hayocʻ anjnanunneri baṙaran [Dictionary of Personal Names of Armenians]. Erevã: Imprensa da Universidade de Erevã 
  • Curran, John (1997). «From Jovian to Theodosius - VIII: Valens and Persia». In: Cameron, Averil; Garnsey, Peter. The Cambridge Ancient History: The Late Empire, A.D. 337-425. Vol. 13. Cambridge: Cambridge University Press. ISBN 0521302005 
  • Dodgeon, Michael H.; Lieu, Samuel N. C. (2002). The Roman Eastern Frontier and the Persian Wars (Part I, 226–363 AD). Londres: Routledge. ISBN 0-415-00342-3 
  • Fausto, o Bizantino (1989). Garsoïan, Nina, ed. The Epic Histories Attributed to Pʻawstos Buzand: (Buzandaran Patmutʻiwnkʻ). Cambrígia, Massachusetts: Departamento de Línguas e Civilizações Próximo Orientais, Universidade de Harvard 
  • Greatrex, Geoffrey; Lieu, Samuel N. C. (2002). The Roman Eastern Frontier and the Persian Wars (Part II, 363–630 AD). Londres: Routledge. ISBN 0-415-14687-9 
  • Martirosyan, Hrach (2021). «Faszikel 3: Iranian Personal Names in Armenian Collateral Tradition». In: Schmitt, Rudiger; Eichner, Heiner; Fragner, Bert G.; Sadovski, Velizar. Iranisches Personennamenbuch. Iranische namen in nebenüberlieferungen indogermanischer sprachen. Viena: Academia Austríaca de Ciências