TUE Série 900 (RFFSA)
TUE Série 900 (RFFSA) | |
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Trem da Série 900/9000 ---- | |
Fabricante |
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Período de construção | 1978-1981 |
Entrada em serviço | 1980- |
Período de renovação | c.2000 |
Total construídos | 30 |
Total em serviço | 26 |
Total desmanchados | 4 |
Formação | M+R+R+M |
Operador | |
Especificações | |
Portas | 4 por carro, funcionamento pneumático |
Velocidade máxima | 120 Km/h |
Aceleração | 0,80 m/s 2 |
Potência | 2488 kW |
Tipo de climatização | ventilação forçada |
Captação de energia | Pantógrafo Tipo Z |
Bitola | 1600 mm |
O TUE Série 900 (RFFSA) é um trem unidade elétrico adquirido pela RFFSA em 1977 e operado até os dias atuais pela concessionária SuperVia.
História
[editar | editar código-fonte]Projeto e fabricação (1978-1981)
[editar | editar código-fonte]Após vários tumultos e quebra-quebras promovidos por passageiros descontentes com as falhas e acidentes frequentes dos trens dos subúrbios do Rio de Janeiro (como os acidentes de Magno em 1975 e Comendador Soares em 1977), o presidente Geisel ordenou à RFFSA que realize um programa emergencial de melhorias nos subúrbios da empresa.[1]
Assim, a RFFSA iniciou a contratação de obras para reconstruir estações, trocar a sinalização existente (que datava de 1937) , modernizar os sistemas elétricos, via permanente e, principalmente adquirir novos trens. Dessa forma foram adquiridos os seguintes trens:
Fabricante/série | Quantidade (TUE) | Entrega da primeira unidade[2] | Custo | Financiador |
---|---|---|---|---|
Hitachi (Série 500)[3] | 30 | 11 de maio de 1977 | Cr$ 600 milhões | N/D |
Mafersa (Série 700) | 30 | 27 de fevereiro de 1981 | Cr$ 5,2 bilhões | BNDES |
Santa Matilde (Série 800) | 60 | agosto de 1980 | ||
Cobrasma (Série 900) | 30 | agosto de 1980 | ||
Total | 150 | Cr$ 5,8 bilhões |
Os trens da série 900 foram adquiridos junto à Cobrasma em uma grande concorrência que incluiu a aquisição das séries 700 e 800, parte de uma encomenda de Cr$ 5,2 bilhões[4]. Para realizar a fabricação dos 30 trens, a Cobrasma se aproveitou da sociedade técnica com o consórcio francês Francorail (que já havia colaborado com a Cobrasma na fabricação dos 100 trens série 5000 para a Fepasa). Fabricados entre 1978 e 1981, o primeiro trem foi entregue para a RFFSA em agosto de 1980.
Operação (Rio de Janeiro)
[editar | editar código-fonte]RFFSA/CBTU (1980-1994)
[editar | editar código-fonte]Os primeiros trens entraram em operação nos subúrbios do Rio de Janeiro em 27 de fevereiro de 1981.[5] Menos de três depois são repassados para a CBTU. Em meados de 1983 alguns trens da Série 900 são transferidos para São Paulo para atender a uma demanda emergencial. Em 1986 a CBTU registrou em seu relatório anual um baixo desempenho da Séries 800 e 900 como um dos principais problemas da empresa no Rio de Janeiro, comprometendo o cumprimento de viagens. Era o início de um corolário de falhas oriundas de defeitos de projeto/fabricação. Por conta disso, em 1988, 17 carros tiveram de passar por reabilitação precoce.
Ano | Disponibilidade (%) |
---|---|
1983 | 85,8 |
1984 [6] | 85,9 |
1985 [7] | 81,4 |
1986 [8] | 81 |
1987 [9] | 86 |
1988 [10] | 80 |
1989 [11] | 66 |
Disponibilidade média
(1983-1989) |
80,8 % |
A situação econômica da CBTU se agravou em 1990, ao ponto de apenas 40% de toda a sua frota estar disponível para operar. Dos 150 trens-unidade (30 Série 700, 60 Série 800 e 30 Série 900) adquiridos em 1977, apenas 50 estavam em condições de operar.[12] Em 1993, a CBTU lançou uma licitação emergencial para recuperar 12 trens-unidade Série 900 que se encontravam imobilizados por falta de peças. O processo não foi adiante por conta da falta de verbas, sendo retomado pela Flumitrens(sucessora da CBTU) em 1998[13]
Flumitrens (1994-1998)
[editar | editar código-fonte]Após assumir as linhas e frota da CBTU-RJ em dezembro de 1994, a Flumitrens licitou contratos de revisão pneumática e dos truques de 18 trens-unidade da Série 900.[14][15] Posteriormente foram revisados 50 motores elétricos de tração e 40 grupos geradores da Série 900, suficientes para equipar 25 trens-unidade.[16]
Em 1998, dentro do Âmbito do Programa Estadual de Transportes (PET), a Flumitrens iniciou a remobilização de 12 trens unidade que se encontravam parados, rebatizando-os Série 9000.[17]
SuperVia
[editar | editar código-fonte]A SuperVia assumiu a rede e a frota da Flumitrens em fins de 1998, incluindo 26 trens (104 carros) da Série 900. Através do PET, todas as unidades restantes da Série 900 foram reformadas, de forma que a frota ficou dividida da seguinte maneira[18]:
Série | Reforma | Ano | TUE | Carros |
---|---|---|---|---|
9000 | ADTranz | 1997 | 12 | 48 |
900R | Inepar | 2001 | 6 | 24 |
900AC | 2002 | 8 | 32 | |
Total | 26 | 104 |
Em 2018, parte dessa frota ainda era utilizada, embora em número cada menor , nas linhas Santa Cruz, Japeri e Belford Roxo.[19]
Operação (Belo Horizonte)
[editar | editar código-fonte]Por conta da inauguração do Metrô de Belo Horizonte, a CBTU transferiu um trem da Série 900 (Trem unidade 932) do Rio de Janeiro para Belo Horizonte em 1986 com o objetivo de compor a frota de reserva operacional. O trem série 900 operou em Belo Horizonte até 1989, quando foi devolvido para a CBTU-RJ.[20]
Operação (São Paulo)
[editar | editar código-fonte]A operação da RFFSA em São Paulo enfrentou os mesmo problemas do Rio: falhas por falta de manutenção, pouco investimento e poucos trens. Assim, quando a CBTU assumiu o sistema de São Paulo, solicitou a direção da empresa 25 novos trens-unidade (Série 700). Para atender de forma emergencial a demanda, a CBTU-RJ cedeu alguns trens da Série 900 entre 1985 e 1988, quando 23 dos 25 TUE Série 700 haviam sido entregues. Em fins de 1988, os Série 900 foram devolvidos para a CBTU-RJ.
Ano | Disponibilidade (%) |
---|---|
1985 [21] | 78 |
1986 [22] | 74 |
1987 [23] | 82 |
1988 [24] | 71 |
Disponibilidade média
(1985-1988) |
76,25 % |
Referências
- ↑ «Geisel veio ao Rio para exigir reforma urgente na Central». Jornal do Brasil, Ano LXXXV, Edição 102, página 1/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. 19 de julho de 1975. Consultado em 2 de julho de 2019
- ↑ «Rede só receberá 17 trens». Jornal do Brasil, ano XC, edição 129, página 4/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. 15 de agosto de 1980. Consultado em 24 de junho de 2019
- ↑ «Ministro pede hoje a Geisel que autorize compra de 50 trens japoneses para o Rio». Jornal do Brasil, ano edição 210, página 22/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. 4 de novembro de 1976. Consultado em 3 de julho de 2019
- ↑ «RFF compra 120 trens e começa a recebê-los em março». Jornal do Brasil, Ano LXXXVII,edição 265, página 5/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. 30 de dezembro de 1977. Consultado em 24 de junho de 2019
- ↑ «Figueiredo visita RFF e viaja em trem especial da Central até Deodoro». Jornal do Brasil, ano XC, edição 323, página 7/ republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. 27 de fevereiro de 1981. Consultado em 27 de março de 2020
- ↑ Companhia Brasileira de Trens Urbanos (1984). «STU-RJ-Desempenho da frota» (PDF). Relatório Anual, página 68. Consultado em 1 de maio de 2019
- ↑ idem (1985). «STU-RJ-Desempenho da Frota» (PDF). Relatório Anual, página C-23. Consultado em 1 de maio de 2019
- ↑ idem (1986). «STU-RJ-Desempenho da Frota» (PDF). Relatório Anual, página C-26. Consultado em 1 de maio de 2019
- ↑ idem (1987). «STU-RJ-Desempenho da Frota» (PDF). Relatório Anual, página C-32. Consultado em 1 de maio de 2019
- ↑ idem (1988). «STU-RJ-Desempenho da Frota» (PDF). Relatório Anual, página 27. Consultado em 1 de maio de 2019
- ↑ idem (1989). «STU-RJ-Desempenho da Frota» (PDF). Relatório Anual, página 41. Consultado em 1 de maio de 2019
- ↑ Ayrton Baffa (29 de outubro de 1990). «Quebrados 60% dos trens urbanos». Jornal do Commércio (RJ), Ano 164, edição 21, página 16/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. Consultado em 26 de julho de 2019
- ↑ CBTU (18 de maio de 1993). «Licitação RJ-28». Jornal do Brasil, Ano CIII, edição 40, Negócios e Finanças, página 6/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. Consultado em 26 de julho de 2019
- ↑ Flumitrens (6 de setembro de 1996). «Editais 003 e 004/96». Jornal do Brasil, Ano CVI, edição 151, Negócios e Finanças página 23/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. Consultado em 25 de junho de 2019
- ↑ «Concorrência:Flumitrens». Jornal do Commércio (RJ), Ano CLXIX, edição 296, Caderno Serviços e Negócios-Seu Dinheiro página B-4/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. 24 de setembro de 1996. Consultado em 26 de julho de 2019
- ↑ Flumitrens (28 de agosto de 1996). «Licitações». Jornal do Commércio (RJ), Ano CLXIX, edição 274, Caderno Economia página A-7/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. Consultado em 26 de julho de 2019
- ↑ Flumitrens (16 de abril de 1998). «Licitações-Program Estadual de Transportes (PET)». Jornal do Brasil, Ano CVIII, edição 8, Economia, página 14/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. Consultado em 26 de julho de 2019
- ↑ «Frota de TUEs cresce 13 unidades-SuperVia» (PDF). Revista Ferroviária. 2009. Consultado em 27 de julho de 2019
- ↑ Agência Reguladora de Serviços Públicos Concedidos de Transportes Aquaviários, Ferroviários, Metroviários e de Rodovias do Estado do Rio de Janeiro (AGETRANSP) (dezembro de 2018). «SuperVia-3.4.2.Dados da Frota» (PDF). Relatório de Atividades da Câmara de Transportes e Rodovias (CATRA), página 121. Consultado em 27 de julho de 2019
- ↑ idem (1986). «STU-BH-C-Operação» (PDF). Relatório Anual, página C-65. Consultado em 1 de maio de 2019
- ↑ idem (1985). «STU-SP-Desempenho da Frota» (PDF). Relatório Anual, página C-43. Consultado em 1 de maio de 2019
- ↑ idem (1986). «STU-SP-Desempenho da Frota» (PDF). Relatório Anual, página C-43. Consultado em 1 de maio de 2019
- ↑ idem (1987). «STU-SP-Desempenho da Frota» (PDF). Relatório Anual, página C-49. Consultado em 1 de maio de 2019
- ↑ idem (1988). «STU-SP-Desempenho da Frota» (PDF). Relatório Anual, página 40. Consultado em 1 de maio de 2019