Dorsal de Mohn

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Carta das dorsais situadas entre a Islândia e a ilha Jan Mayen, com a dorsal de Mohn ao nordeste.
Topografia do Mar da Gronelânda e águas vizinhas. A dorsal de Mohn aparece no centro-leste da carta (marcada como Mohn-Rücken).[1]
Esponja e outra fauna num afloramento rochoso nos sedimentos da região Mohn's Treasure Mound, perto de Loki's Castle.[2]

A dorsal de Mohn (por vezes, erradamente, dorsal Mohns), é um troço da dorsal Mesoatlântica, com cerca de 580 km de comprimento, localizado na região de transição entre o norte do Oceano Atlântico e o sul do Oceano Ártico, a nordeste da ilha de Jan Mayen, a sudoeste de Svalbard, a leste de Gronelândia e a oeste do norte de Noruega. A sua extremidade sul, formada pela zona de fratura de Jan Mayen, fica perto da costa norte da ilha de Jan Mayen.[3] A dorsal separa o nordeste do Mar da Groenlândia do Mar da Noruega. O nome é uma homenagem ao meteorologista e oceanógrafo norueguês Henrik Mohn (1835–1916).[4]

Descrição[editar | editar código-fonte]

A dorsal de Mohn estende-se desde o arco Knipovich-Mohn, que marca a transição do alinhamento da dorsal de Knipovich, mais ao norte, para próximo do sudoeste, em direção à zona de fratura de Jan Mayen, uma falha transformante R-R. Deslocado para o oeste, ao longo da zona de fratura, fica a dorsal de Kolbeinsey. No sudeste da dorsal de Mohn fica a bacia das Lofoten, que tem até 3 200 m de profundidade, e a noroeste a bacia da Gronelândia, com até 2 600 m de profundidade. Na literatura mais antiga, a dorsal de Knipovich é por vezes considerada como parte da dorsal de Mohn.[5]

A extensão da cordilheira Mohn é de cerca de 580 km,[6] fazendo parte da dorsal Mesoatlântica, uma gigantesca estrutura tectónica que se estende desde a dorsal de Gakkel, no norte do Oceano Ártico, até a ilha Bouvet ao largo da Antártida.[7]

Ao longo da região central da dorsal de Mohn estende-se um vale de rifte com mais de 3 000 m de profundidade. Perto do arco Mohn-Knipovich, os montes submarinos ao norte do vale do rifte são até 800 m mais altos do que os montes localizados ao sul. Poderosas camadas de sedimentos, com até 800 m de espessura, formam uma estrutura em leque, designada por avental abissal da ilha do Urso (a Bear island fan), que cobre os flancos e o fundo do vale do rifte, especialmente o seu dorso leste.[8]

A dorsal de Mohn é formada por acreção de magma em consequência da expansão dos fundos oceânicos entre placas litosféricas divergentes, ou seja, pelo progressivo afastamento da placa Norte-Americana e da placa Euroasiática. Com uma taxa de expansão crustal de apenas 15,6 mm por ano, é uma das dorsais submarinas de expansão ultra-lenta.[9]

No extremo nordeste da dorsal de Mohn, no arco Mohn-Knipovich, foi descoberto em 2008, nas coordenadas 73° 30′ N; 8° W, perto do cume de uma crista vulcânica axial que se projeta do vale do rifte, um campo hidrotermal de fumarolas negras, que foi denominado Loki's Castle (→ Castelo de Loki). Até então, essas áreas de atividade hidrotermal nos sistemas de rifte de expansão ultra-lenta das dorsais árticas eram pouco conhecidas.[10] Há interesses económicos que pretendem minerar o fundo do mar na região do Castelo de Loki e em outros locais próximos, com atividade hidrotermal ativa e inativa, principalmente para explorar ocorrências de sulfetos maciços ricos em metais.[2][11]

A dorsal de Mohn forma a fronteira entre os sistemas de correntes do Atlântico e do Ártico, já que na região flui para norte a corrente de Jan Mayen. Esta corrente ramifica-se a noroeste de Jan Mayen na corrente Leste da Gronelândia e carrega água fria ártica ao longo da dorsal de Mohn-Knipovich em direção a Svalbard, onde se junta à corrente Oeste Spitsbergen e ao giro da Gronelândia.[5] Ao longo das dorsais de Mohn e Knipovich, um ramo da corrente do Atlântico Norte, a corrente da Frente Atlântica Norueguesa (Norwegian Atlantic Front Current ou NwAFC), transporta água quente e salina do Atlântico para nordeste, que sobrenada a corrente de Spitsbergen Ocidental no Ártico e no Mar da Gronelândia.[12]

Henrik Mohn, que estudou o fundo do mar em partes do mar da Gronelândia e dos mares da Noruega durante a Expedição Norueguesa aos Mares do Norte (1876–1878), descreveu um dorsal oceânica a nordeste de Jan Mayen. Presumiu que essa dorsal, que designou por Dorsal Transversal, se estenderia, talvez com quebras, até à ilha do Urso.[13]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. erstellt mit GeoMappApp, auf Basis von GMRT-Daten: W. B. F. Ryan, S. M. Carbotte, J. Coplan, S. O'Hara, A. Melkonian, R. Arko, R. A. Weissel, V. Ferrini, A. Goodwillie, F. Nitsche, J. Bonczkowski, R. Zemsky (2009). Global Multi-Resolution Topography (GMRT) synthesis data set. Geochem. Geophys. Geosyst. 10. [S.l.: s.n.] doi:10.1029/2008GC002332  doi:10.1594/IEDA.0001000
  2. a b Eva Ramirez-Llodra, Ana Hilario, Emil Paulsen, Carolina Ventura Costa, Torkild Bakken, Geir Johnsen, Hans Tore Rapp (julho de 2020). Benthic Communities on the Mohn’s Treasure Mound: Implications for Management of Seabed Mining in the Arctic Mid-Ocean Ridge. Frontiers in Marine Science. [S.l.: s.n.] doi:10.3389/fmars.2020.00490 
  3. Discovery of a black smoker vent field and vent fauna at the Arctic Mid-Ocean Ridge.
  4. «Geografische Namen: Mohnsrücken». Schweizer Weltatlas. Consultado em 22 de abril de 2021 
  5. a b T. S. Hopkins (julho de 1988). The GIN Sea – Review of physical oceanography and literature from 1972 (PDF). Col: SCALANT Undersea Research Center Report, SR-124-UU. [S.l.: s.n.] p. 3–5, 90 
  6. Johan Blindheim, Svein Østerhus (janeiro de 2005). Helge Drange, Trond Dokken, Tore Furevik, Rüdiger Gerdes, Wolfgang Berger, ed. The Nordic Seas, Main Oceanographic Features. The Nordic Seas: An Integrated Perspective. Col: Geophysical Monograph Series, 158. [S.l.: s.n.] doi:10.1029/158GM03 
  7. «Marine Gazetteer Placedetails». Consultado em 21 de abril de 2021 
  8. V. Bruvoll, A. J. Breivik, R. Mjelde, R. B. Pedersen (agosto de 2009). Burial of the Mohn‐Knipovich seafloor spreading ridge by the Bear Island Fan: Time constraints on tectonic evolution from seismic stratigraphy. Tectonics. [S.l.: s.n.] doi:10.1029/2008TC002396 
  9. Anna Lim, Marco Brönner, Ståle Emil Johansen, Marie‐Andrée Dumais (novembro de 2019). Hydrothermal Activity at the Ultraslow‐Spreading Mohns Ridge: New Insights From Near‐Seafloor Magnetics. Geochemistry, Geophysics, Geosystems. [S.l.: s.n.] doi:10.1029/2019GC008439 
  10. Rolf B. Pedersen, Hans Tore Rapp, Ingunn H. Thorseth, Marvin D. Lilley, Fernando J.A.S. Barriga, Tamara Baumberger, Kristin Flesland, Rita Fonseca, Gretchen L. Früh-Green, Steffen L. Jorgensen (novembro de 2010). Discovery of a black smoker vent field and vent fauna at the Arctic Mid-Ocean Ridge. Nature Communications. [S.l.: s.n.] doi:10.1038/ncomms1124 
  11. Kathryn A. Miller, Kirsten F. Thompson, Paul Johnston, David Santillo (outubro de 2018). An Overview of Seabed Mining Including the Current State of Development, Environmental Impacts, and Knowledge Gaps. Frontiers in Marine Science. [S.l.: s.n.] doi:10.3389/fmars.2017.00418 
  12. Anthony Bosse, Ilker Fer (outubro de 2019). Mean Structure and Seasonality of the Norwegian Atlantic Front Current Along the Mohn Ridge From Repeated Glider Transects. Geophysical Research Letters. [S.l.: s.n.] doi:10.1029/2019GL084723 
  13. Henrik Mohn (1887). The North Ocean – Its Depths, Temperature and Circulation. [S.l.: s.n.] p. 1–8 und Tafel I. NBN:no-nb_digibok_2009102300025