Golpe de Estado em Burquina Fasso em 2015

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Golpe de Estado em Burquina Fasso em 2015
Período 16 e 17 de setembro
Local Burquina Fasso Palácio de Kosyam, Uagadugu, Burquina Fasso
Causas Retirada do presidente Michel Kafando e primeiro-ministro interino Yacouba Isaac Zida.
Resultado Presidente e primeiro-ministro interino dissolvido e deposto pelos militares.
Dissolução do governo de transição.
O estabelecimento da junta militar.
Dissolução do governo parlamentarista.
Golpe militar estabelecido.
Participantes do conflito
Forças do Regimento Presidencial de Segurança Governo de Burquina Fasso
Líderes
General Gilbert Diendéré Presidente interino Michel Kafando
Primeiro-ministro interino Yacouba Isaac Zida

Golpe de Estado em Burquina Fasso foi um golpe militar realizado neste país em 16 e 17 de setembro de 2015, quando as forças do Regimento de Segurança Presidencial (em francês: Régiment de sécurité présidentielle, RSP) de Burquina Fasso invadiram a sede do governo em Uagadugu, durante a celebração de um conselho de ministros. Os militares mantidos retidos pela força o presidente Michel Kafando, o primeiro-ministro Yacouba Isaac Zida (ex-vice-comandante do RSP) e vários membros do gabinete,[1] e declarou a dissolução do governo de transição (estabelecido após a queda de Blaise Compaoré, presidente entre 1987 e 2014) e das instituições.

Eventos[editar | editar código-fonte]

Os soldados do Regimento de Segurança Presidencial (RSP), um corpo de elite do exército e guarda pretoriana do ex-presidente Compaoré, exilado na Costa do Marfim, anunciaram ter dissolvido as instituições da transição e prometeram organizar eleições inclusivas.[2]

O general Gilbert Diendéré, ex-chefe do Estado-Maior do ex-presidente, se colocou à frente do Conselho Nacional para a Democracia (CND), o novo órgão governante implantado pelos golpistas.[2]

Além disso, os militares anunciaram que foi instaurado um toque de recolher entre as 19h00 e as 06h00 e que as fronteiras terrestres e aéreas do país foram fechadas até nova ordem.[2]

Pouco antes, em uma mensagem à televisão nacional, o tenente Mamadú Bamba, do RSP, anunciou a renúncia do governo de transição, presidido por Michel Kafando, e do chamado Conselho Nacional de Transição.[2] "Teve início um grande diálogo para formar um governo que se dedicará à restauração da ordem política do país e da coesão nacional que conduza a eleições inclusivas e em calma", acrescentou Bamba.[2]

O Regimento de Segurança Presidencial rejeitava a lei eleitoral que proibia aos partidários do ex-presidente se apresentar às eleições de 11 de outubro.[2] Essa lei impedia a apresentação dos que apoiaram a tentativa de Compaoré, quando estava no poder, de modificar a Constituição para eliminar o limite de mandatos presidenciais.[2]

Durante o golpe, as ruas da capital estavam quase desertas, as lojas e escritórios administrativos fechados, enquanto o grande mercado da capital estava vazio.[2]

A crise começou na tarde de quarta-feira, com a invasão no palácio presidencial, em pleno conselho de ministros, pelos militares do Regimento de Segurança Presidencial. Os militares tomaram como reféns o presidente interino, Michel Kafando, o primeiro-ministro, Isaac Zida, e vários membros do governo. Segundo fontes concordantes, os militares deixaram as mulheres que formam parte do governo sair.[2]

O presidente do Conselho Nacional de Transição, Cheriff Sy, denunciou na rádio francesa RFI um "golpe de Estado" e pediu à população "que se mobilize imediatamente".Nas redes sociais, o movimento "Vassoura cidadã", que liderou os protestos contra o ex-presidente Compaoré, convocou uma nova concentração para "dizer 'não' ao golpe de Estado em andamento".[2]

Na manhã seguinte foram ouvidos disparos em Uagadugu, a capital do país, enquanto os militares da guarda presidencial formavam barricadas ao redor de Ouaga2000, o bairro onde se encontra o palácio presidencial.[2]

Reações[editar | editar código-fonte]

O golpe provocou a condenação unânime da comunidade internacional e o Conselho de Segurança da ONU, a União Africana, a União Europeia e a Comunidade Econômica de Estados da África ocidental exigiram a libertação de Kafando e de seu gabinete.[2]

  • Estados Unidos Estados Unidos: Almirante John Kirby em nome do Departamento de Estado exigiu "a libertação imediata" dos representantes das autoridades temporárias do país.
  • França França: O presidente francês, François Hollande, condenou, por sua vez, um golpe de Estado e exigiu a restauração das instituições.[2]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «Military detains Burkina Faso's president, prime minister weeks ahead of landmark vote» (em inglês). Associated Press. 16 de setembro de 2015. Consultado em 18 de setembro de 2015 
  2. a b c d e f g h i j k l m France Presse (17 de setembro de 2015). «Burkina Faso tem golpe de estado um ano após queda do presidente». G1. Consultado em 18 de setembro de 2015 
  3. Lusa (18 de setembro de 2015). «Conselho de Segurança da ONU condena golpe de Estado no Burkina Faso». RTP. Consultado em 18 de setembro de 2015 
  4. «União Africana suspende Burkina Faso após golpe de Estado militar». Tvi24. 18 de setembro de 2015. Consultado em 18 de setembro de 2015