Política de blocos

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Política de blocos é um termo utilizado pela Historiografia da Idade Contemporânea para designar o sistema internacional caracterizado pela formação de blocos militares. Compostos por países vinculados por uma aliança militar e habitualmente por compartilhar uma determinada ideologia ou um similar sistema político ou económico. Essa identificação ideológica ou socioeconómica pode fazer que o bloco resultante seja mais ou menos homogêneo, mas em realidade o que mantém a coesão dos blocos são os interesses geoestratégicos compartilhados, a inimizade comum em frente a um bloco rival, ou bem a imposição direta da liderança de uma potência sobre os demais membros.

Não deve confundir com os blocos políticos, um tipo de associação ou coligação política (ver bloco).

No bloco ocidental liderado pelos Estados Unidos incluíam-se outras duas potências nucleares (Reino Unido e França, ainda que estes mantendo reservas a sua integração), Alemanha Ocidental e a maior parte dos países de Europa Ocidental (Noruega, Dinamarca, Islândia, Holanda, Bélgica, Luxemburgo, Portugal, Itália e Grécia), a exceção dos que optaram pela neutralidade (Suíça, Suécia, Finlândia e Áustria) ou por uma relação particular com Estados Unidos (Irlanda e Espanha -que não ingressou até 1982, a última nação que o fez dantes da queda do muro de Berlim-). Também faziam parte da OTAN dois países não europeus (Canadá e Turquia). Fosse de Europa, as nações asiáticas aliadas de Estados Unidos foram principalmente os países islâmicos denominados moderados (especialmente as monarquias do Golfo), Irão dantes da revolução de 1979, e Indonésia depois do golpe de estado de Suharto -1967-; por sua vez, o carácter da relação ocidental com Paquistão, potência nuclear enfrentada com a Índia, foi sempre um assunto complexo.

No bloco socialista incluíam-se as nações de Europa Oriental que tinham correspondido à área de influência soviética pactuada em Yalta e Potsdam (Alemanha Oriental, Polónia, Checoslováquia, Hungria, Romênia e Bulgária), enquanto não se incluíram Jugoslávia e Albânia, socialistas mas discrepantes ideológica e politicamente com o comunismo soviético (desde perspectivas muito diferentes a cada uma). Fosse de Europa, num ou outro momento, segundo a conjuntura política e militar, foram aliados soviéticos a República Popular Chinesa (até a Ruptura Sina-Soviética de finais dos anos cinquenta), Coreia do Norte, Vietnam do Norte, Cuba e algumas nações africanas (Etiópia desde 1977, Angola e Moçambique desde sua descolonização em 1974, etc. A relação soviética com os regimes do denominado socialismo árabe (Argélia, Líbia, Egito, Síria, Iraque) foi sempre um assunto muito confuso.

Depois do desaparecimento da União Soviética (1991), a ampliação da OTAN para o leste da Europa, com as incorporações da maior parte dos antigos países do Pacto de Varsóvia e inclusive de antigas repúblicas soviéticas, têm sido denunciada pela Federação Russa como uma política de invasão de seu espaço geoestratégico.

estavam formado pelo entendimento concordado de países, destacadamente Japão, Itália e Estados Unidos).

Os blocos da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) foram:

E enquanto os aliados definiram-se por seu antifascismo, pospondo suas diferenças ao período seguinte (democracias liberais e comunismo soviético). Não obstante, até o começo da guerra as linhas de separação de ambos os blocos não estavam claras: a Guerra Civil Espanhola, na que as democracias ocidentais tinham optado por uma política de não intervenção paralela à Política de apaziguamento frente ao expansionismo da Alemanha nazista de Hitler, tinha terminado em março de 1939.[1] Em agosto assinou-se o pacto nazista-soviético, toda uma contradição ideológica, que repartia Europa Oriental entre ambos totalitarismos. A postura da Itália de Mussolini não foi de um compromisso total com Alemanha até que foi evidente a derrota francesa (1940). A posição da Espanha de Franco foi ainda mais contemporizadora, e apesar de enviar uma divisão de "voluntários" à frente russa, teve especial cuidado de manter a neutralidade e as relações fluídas com Inglaterra e Estados Unidos durante todo o conflito.

Tentou-se reconstruir mediante simulações matemáticas a lógica da formação dos blocos nas guerras mundiais, obtendo-se diferentes resultados que se aproximam mais ou menos à realidade segundo a data para a que se aplica a simulação. O número e a entidade das variáveis utilizadas neste tipo de simulações é necessariamente convencional.[2]

Referências

  1. Los denominados virajes hacia la guerra.
  2. Axelrod y Bennett, citados por Philip Ball Masa crítica, 2004 pg. 335 y ss.