Usuário:Guilherme F. Lima/Testes

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Mikhail Gorbatchov
Михаил Горбачёв
Guilherme F. Lima/Testes
Gorbatchov em 1989.
7.º Secretário-Geral do Partido Comunista
da União Soviética
Período 11 de março de 1985
a 24 de agosto de 1991
Vices Egor Ligatchov (1985–1990)
Vladimir Ivashko (1990–1991)
Antecessor(a) Konstantin Chernenko
Sucessor(a) Vladimir Ivashko
9.º Presidente da União Soviética [nota 1]
Período 1 de outubro de 1988
a 25 de dezembro de 1991
Vice-presidente Gennady Yanayev (1990–1991)
Antecessor(a) Andrei Gromiko
Sucessor(a) Cargo abolido
Dados pessoais
Nome completo Mikhail Sergueievich Gorbatchov
Nascimento 2 de março de 1931
Stavropol, União Soviética
Morte 30 de agosto de 2022 (91 anos)
Moscou, Rússia
Progenitores Mãe: Maria Gopkalo
Pai: Serguei Gorbatchov
Alma mater Universidade de Moscou
Prêmio(s) Nobel da Paz (1990)
Prêmio da Paz Albert Einstein (1990)
Esposa Raíssa Gorbachova (1953–1999)
Filhos(as) 1
Partido PCUS (1952–1991)
PSDUR (2000–2001)
PSDR (2001–2007)
USD (2007–2017)
Religião Ateísmo
Profissão Jurista e agrônomo
Assinatura Assinatura de Guilherme F. Lima/Testes
Website The Gorbatchov Foundation
Líder da União Soviética
Chernenko  · Último titular

Mikhail Sergeevitch Gorbatchov [1] ou Gorbachev; [nota 2] em russo: Михаи́л Серге́евич Горбачёв, GLC, (Stavropol, 2 de março de 1931Moscou, 30 de agosto de 2022) foi um estadista e político russo. Último líder da União Soviética, foi Secretário-Geral do Partido Comunista da União Soviética (PCUS) de 1985 a 1991. Foi chefe de Estado do país de 1988 a 1991, na posição de Presidente do Presidium do Soviete Supremo de 1988 a 1989, Presidente do Soviete Supremo de 1989 a 1990 e Presidente da União Soviética de 1990 a 1991. Ideologicamente, sua identificação inicial era com os ideais marxistas-leninistas, tendo, entretanto, no início da década de 1990, se inclinado à social-democracia.

De origens russas e ucranianas, Gorbatchov nasceu em Privolnoye, Krai de Stavropol em uma família pobre, de camponeses. Nascido e criado durante o governo de Josef Stalin, operava colheitadeiras em uma fazenda coletiva durante sua juventude, antes de filiar-se ao Partido Comunista, que, à época, governava a União Soviética sob um regime unipartidário de orientação marxista-leninista. Durante seus estudos na Universidade Estatal de Moscou, casou-se com sua colega de faculdade Raíssa Titarenko em 1953, dois anos antes de graduar-se em direito. Ao mudar-se para Stavropol, trabalhou para a Komsomol, organização juvenil do PCUS e, após a morte de Stalin, tornou-se um forte apoiador das reformas desestalinizadoras do líder soviético Nikita Khrushchov. Foi nomeado Primeiro Secretário do Comitê Regional de Stavropol do PCUS em 1970, posição na qual supervisionou a construção do Grande Canal de Stavropol. Em 1978, retornou a Moscou para tornar-se Secretário do Comitê Central do PCUS e, em 1979, entrou para o Politburo. Após os três anos que se seguiram desde a morte do líder soviético Leonid Brezhnev, após os breves governos de Yuri Andropov e Konstantin Chernenko, o Politburo elegeu Gorbatchov Secretário-Geral, tornando-o chefe de governo de facto, em 1985.

Apesar de seu compromisso de preservar o estado soviético e seus ideais socialistas, Gorbatchov acreditava que reformas políticas significativas eram necessárias, especialmente após o acidente nuclear de Chernobyl de 1986. Ordenou a retirada soviética da Guerra do Afeganistão e participou de diversos encontros com o presidente dos Estados Unidos Ronald Reagan para limitar a proliferação de armas nucleares e acabar com a Guerra Fria. No que diz respeito à política interna, implementou a glasnost ("transparência"), política que aumentava as liberdades de expressão e imprensa, e a perestroika ("reestruturação"), política que objetivava descentralizar a tomada de decisões no âmbito econômico, com o propósito de aumentar a eficiência econômica. Suas medidas democratizantes e a formação do Congresso dos Deputados do Povo enfraqueceram o sistema estatal unipartidário. Gorbatchov recusou-se a intervir militarmente nos vários países do Bloco do Leste que abandonaram suas orientações marxistas-leninistas nos anos de 1989 e 1990. Um sentimento nacionalista crescente ameaçava o colapso da União Soviética, levando partidários marxistas-leninistas a tentarem um golpe de Estado contra o governo de Gorbatchov em agosto de 1991. Subsequentemente, houve a dissolução da União Soviética contra os desejos de Gorbatchov, levando-o a renunciar em dezembro. Após deixar o cargo, criou a Fundação Gorbatchov, tornou-se crítico dos governos dos presidentes russos Boris Yeltsin e Vladimir Putin, e fez campanha pelo movimento social-democrata russo.

Considerado uma das figuras mais importantes da segunda metade do século XX, Gorbatchov continua uma figura controversa. Galardoado com um grande número de prémios, incluindo o Prêmio Nobel da Paz, foi amplamente elogiado por seu papel pelo fim da Guerra Fria, pela redução dos abusos de direitos humanos na União Soviética e por sua tolerância tanto à queda dos governos socialistas do leste europeu quanto à reunificação da Alemanha. Por outro lado, na Rússia, é constantemente escarnecido por não ter impedido o colapso soviético, evento que resultou em um declínio da influência russa no mundo e precedeu uma crise econômica.

Primeiros anos e juventude (1931-1954)[editar | editar código-fonte]

Infância sob o Stalinsimo[editar | editar código-fonte]

Mikhail Sergeevich Gorbatchev nasceu no dia 2 de março de 1931, na pequena vila de Privolnoye, próxima da região administrativa de Stavropol, na época uma das maiores cidades da do Cáucaso, a região meridional e montanhosa e da União Soviética. O seu pai era Sergei Andreevich Gorbatchev, um mecânico agrícola. Segundo o próprio Mikhail Gorbatchev, Sergei Gorbatchev era um homem cuja "(...) competência profissional, zelo na economia doméstica, seu senso de justiça inspirado no Partido (Comunista) e sua modéstia pessoal granjearam-lhe o respeito de todos". Já sua mãe era Maria Penteleevna Gorbatchev e dedicou sua vida ao trabalho doméstico e à agricultura. Na primeira biografia de Mikhail Gorbatchev, publicada em 1985, enfatiza: "Os pais de Gorbatchev foram camponeses genuínos que tiveram que ganhar de ganhar o pão de cada dia com suor de seus rostos". A família paterna de Gorbachev era de etnia russa e havia se mudado para a região de Voronej várias gerações antes; sua família materna era de origem étnica ucraniana e havia migrado da região de Chernihiv. Seus pais o chamaram de Viktor Gorbatchev ao nascer, mas por insistência de sua mãe - uma devota Cristã ortodoxa — ele teve um batismo secreto, escondido de seu marido,  onde seu avô o batizou de Mikhail.

A região onde Mikhail nasceu Sebastopol, começou a ser ocupada e colonizada apenas em meados do século 19 e, ao longo dos anos, atraiu uma gama de povos emigrados, seja da própria Rússia, ou de outras repúblicas soviéticas como armênios, gregos, Georgianos, além dos próprios russos, como era o caso da família Gorbatchev. Quando criança, Gorbachev também teve contato com os cossacos, um povo seminômade profundamente ligados ao modo de vida pioneiro.

A família Gorbatchev era pobre assim como a maioria esmagadora dos camponeses Soviéticos e tiveram que superar grandes dificuldades financeiras, principalmente nos anos 1930 e 1940. A década de 30 foi particularmente dura porque o governo Soviético, na época comandado por Josef Stalin, iniciou uma maciça e vasta campanha para tirar a agricultura da administração privada e a transferir para o controle do Estado. A coletivização forçada exigia que os camponeses fossem, sistematicamente, agrupados em grandes fazendas estatais ou coletivas que o governo julgava ser mais eficiente e produtivo. Stalin e seus colaboradores esperavam que a coletivização processasse a União Soviética com enormes excedentes agrícolas, os quais seriam (e foram) exportados para financiar uma expansão industrial de larga escala e cumprindo metas para a modernização da indústria e agricultura, segundo exigências dos Planos Quinquenais. O avô materno de Gorbachev juntou-se ao Partido Comunista e ajudou a formar o primeiro kolkhoz (fazenda coletiva) da aldeia em 1929, tornando-se seu presidente. Esta fazenda ficava a 19 quilômetros (12 milhas) fora da vila de Privolnoye e quando ele tinha três anos, Gorbachev deixou sua casa paterna e se mudou para o kolkhoz com seus avós maternos.

A campanha de coletivização de Stalin almejou, originalmente, os prósperos fazendeiros privados do país, conhecidos como Kulaks. No entanto, como a resistência camponesa à decisão do governo foi inflexível, este começou a rotular como "Kulak" todos os indivíduos que tentaram resistir à coletivização. Os camponeses relutantes que queimaram, em protesto ou desafio, as próprias colheitas, mataram seus animais de criação ou destruíram seus equipamentos antes de serem enviados para as fazendas coletivas, acabaram sendo presos, mortos ou deportados para zonas remotas e inóspitas do país.

A situação criada pela resistência camponesa à coletivização, aliada a uma fraca safra de cereais causada por, entre outros paradigmas, uma seca severa, acabou piorando dramaticamente quando o governo, decidido a cumprir suas metas de exportação do Plano Quinquenal, enviou para os campos ao redor do país agentes com a missão de confiscar os cereais dos camponeses. O que se seguiu foi um duro período de miséria e fome - a fome soviética de 1930-1933 - que se alastrou por todo o país, sem distinção, causando a morte de milhares de pessoas (embora muitos autores citam a cifra de milhões). Dois dos tios paternos de Gorbachev e uma tia morreram. Contudo, o processo de coletivização seguiu seu curso e, em meados de 1938, as fazendas coletivas abrigavam cerca de 93,4% da população rural.

Como todas as famílias que viviam no campo, os Gorbatchev sofreram profundamente com as revoltas sociais e econômicas que afetaram a União Soviética nos anos 1930. Mas a segunda metade desta década também foi um período igualmente traumático, mas por outras razões: no dia 1° de dezembro de 1934, o principal representante de Stalin em Leningrado, Sergei Mironovich Kirov, foi assassinado por um jovem comunista local. Alguns historiadores especulam que Kirov foi assassinado após ordens diretas de Stalin, após este ter sido alvo de críticas ao programa de coletivização. Stalin usou o assassinato de Kirov como prova de uma suposta existência de uma conspiração contra a liderança do Partido Comunista. Ordenou o julgamento, prisão ou execução de um grande número daquele que ele e seus partidários consideravam "inimigos do povo", "sabotadores" e "destruidores". Milhares de veteranos bolcheviques acabaram executados, junto com outros milhares de oficiais do exército vermelho. A região de Stavropol não escapou das revoltas provocadas pelos expurgos de Stalin e, no final  da década de 1930, ainda havia unidades do temível NKVD no Cáucaso. Ambos os avós de Gorbachev foram presos (o materno em 1934 e o paterno em 1937) e passaram um tempo em campos de trabalho Gulag antes de serem libertados, sob suspeita de atividade contra-revolucionária. Por essas vivências, em suas memórias, Mikhail Gorbatchev reconhecidamente detesta a figura de Stalin e suas experiências acabariam influenciando sua liderança décadas mais tarde. Após sua libertação em dezembro de 1938, o avô materno de Gorbachev discutiu ter sido torturado pela polícia secreta, o NKVD, uma experiência que influenciou o menino.

No ano de 1941, Gorbatchev tinha cerca de 10 anos de idade e a União Soviética foi invadida pela Alemanha Nazista, após Hitler quebrar o Pacto Nazi-Soviético firmado em agosto de 1939: em 22 de junho de 1939, aviões e tanques levaram a cabo a Operação Barbarossa e pegaram o exército vermelho de surpresa, relegando a União Soviética palco de algumas da maiores batalhas da História. O povo Soviético, ainda desmoralizado pelos esforços da década anterior, foi mobilizado para deter o avanço alemão.

Inicialmente, as forças alemãs surgiram no norte das montanhas do Cáucaso, ainda no verão de 1942, com o objetivo de atravessar toda a região, passando por Stavropol e os poços petrolíferos próximos a Baku, na Geórgia meridional. O pai de Mikhail, Sergei, foi convocado a se apresentar ao Exército Vermelho e foi enviado para a linha de combate da Frente Oriental. Algum tempo depois, chegou à família Gorbatchev a notícia de que ele havia perecido em combate, mas se tratava de um engano: ele foi contado entre os mortos enquanto estava ferido.

A presença alemã em Stavropol durou pouco tempo. Em 1943, antes que o exército Hitlerista pudesse consolidar suas posições, as forças Soviéticas infringiram a derrota contra o VI Exército Alemão, em Stalingrado, cidade a nordeste de Stavropol. O Exército alemão foi forçado a se retirar e Stavropol pode ser libertada. Após a rendição alemã e japonesa, a Segunda Guerra Mundial acabou.

Para a família Gorbatchev, o fim da Guerra significou a retomada de um modo de vida conhecido. Mikhail continuou seus estudos em escolas locais e seu pai, que foi dispensado do serviço militar tão logo a guerra acabou, voltou a trabalhar como mecânico numa cooperativa. Anos mais tarde, o próprio Mikhail disse que seu pai o encorajava para que estudasse e trabalhasse com dedicação, o que acabou ajudando-o a construir a base de seu futuro. Já no curso secundário, Gorbatchev e alguns colegas seletos eram requisitados para tirarem férias temporárias para auxiliar na colheita de cereais. Gorbatchev lembrou-se, mais tarde, de que, certa vez, ele "havia guiado uma máquina ceifeira sem cabine durante horas, numa temperatura extremamente fria e a maneira que encontrou para atenuar o frio e assim poder continuar sua tarefa foi enrolar-se em palha que recolherá no campo".

Universidade e Militância[editar | editar código-fonte]

Em 1950, Mikhail Gorbatchev vislumbrou a primeira oportunidade de ampliar seus horizontes. Neste ano ele saiu de Stavropol para estudar Direito em Moscou, então capital Soviética. Naquela época, a admissão na Universidade Estatal de Moscou, o mais prestigiado centro de ensino superior do país, era geralmente reservada para os melhores estudantes, ou para filhos e filhas dos líderes mais proeminentes do país. Apenas uma pequena parcela de vagas eram disponíveis a membros de grupos minoritários, como camponeses e operários; ou para estudantes de regiões remotas que se distinguem por sua inteligência e educação. Embora tenha obtido boas recomendações de órgãos civis e políticos da região de Stavropol por seus anos trabalhados, Gorbatchev garantiu sua vaga na universidade principalmente pelo resultado de seus esforços e sua condecoração no currículo.

Gorbatchev viajou centenas de quilômetros de trem até Moscou e essa viagem o marcou, profundamente: apesar dos grandes esforços feitos para reconstrução do país após a invasão alemã, na Segunda Guerra, a devastação ainda era visível em todas as cidades por onde passou Gorbachev de trem. O efeito combinada da perda de força de trabalho nas baixas da guerra, a destruição e as políticas dirigidas por Stalin, que concentrou esforços na indústria pesada e programas militares, se converteram em total desatenção às necessidades básicas dos cidadãos Soviéticos, principalmente o que competia a qualidade de bens de consumo, moradia e ao lazer. Essa realidade marcou, profundamente, Mikhail Gorbatchev.

Na universidade, Gorbatchev não se destacou pelo brilhantismo intelectual, mas ganhou notoriedade no campus como um político particularmente ardoroso. As recordações daqueles que conheceram Gorbatchev enquanto estava na universidade, o descreve como membro devotado do Komsomol. Gorbatchev executava tarefas como propagandista dos programas oficiais e das campanhas e decisões do partido, além de dedicar boa parte de seu tempo trabalhando na construção de projetos ou na colheita agrícola sempre que ocorria baixa oferta de trabalho.

Aos 20 anos de idade, Mikhail Gorbatchev entendeu com clareza a importância de boas ligações políticas. Tornou-se um ardoroso ativista como Komsomol e, segundo relatos dos conhecidos, "gostava só de fazer discursos". Gorbachev também se tornou membro do Partido Comunista, após se candidatar e enviar uma carta, onde escreveu:

"Eu consideraria uma grande honra ser membro do Partido Comunista dos Bolcheviques, altamente avançado e genuinamente revolucionário. Prometo ser fiel à grande causa de Lênin e Stalin, devotar minha vida inteira na luta do Partido pelo Comunismo".

Gorbatchev se tornou membro pleno do Partido Comunista em 1952 e recebeu a função de vigiar colegas quanto a possíveis atividades subversivas. Gorbatchev morava em um dormitório para estudantes em Moscou, chamado MSU, onde a moradia era praticamente comunitária. Um de seus colegas de quarto foi Zdeněk Mlyna: um jovem estudante da Tchecoslováquia, futuramente um dos principais ideólogos da Primavera de Praga. Os dois acabaram sendo amigos íntimos e, embora ainda se proclamarem marxista-leninistas, passaram a observar com crescente preocupação a centralização Stalinista.

Josef Stalin, até então vivo e atuante, morreu em 5 de março de 1953.  Durante seu funeral, Gorbachev e Zdeněk Mlynář se juntaram à multidão em Moscou para assistir o cortejo fúnebre. Com a morte de Stalin, se prenunciou oportunidades para jovens dedicados e leais ao partido. O primeiro-ministro Soviético, Nikolai Bulganin - que havia, na prática, sucedido Stalin -, acabou cedendo o cargo para Nikita Kruschev. Uma vez no poder, Kruschev iria conduzir reformas que marcariam, profundamente, Mikhail Gorbatchev.

Em 1954, no último ano de faculdade, ele foi eleito líder do Komsomol na Universidade Estatal de Moscou. Um romancista contemporâneo de Gorbatchev na faculdade, Fridrikh Neznanky, recordou: "(Lembro-me) da voz de aço do secretário do Komsomol da faculdade de Direito, Gorbatchev, pedindo a expulsão do Komsomol pela mais leve ofensa, desde o relato de uma piada imprópria até o esquivar-se para não ser enviado a um kolkhoz".

Casamento[editar | editar código-fonte]

Carreira no Partido Comunista (1954-1978)[editar | editar código-fonte]

Secretário em Stavropol[editar | editar código-fonte]

Em agosto de 1955, Gorbachev começou a trabalhar no gabinete do procurador regional de Stavropol, mas não gostou do trabalho e usou seus contatos para conseguir uma transferência para trabalhar no Komsomol,  tornando-se vice-diretor do departamento de agitação e propaganda do Komsomol para aquela região.  Nesta posição, ele visitou aldeias da região e tentou melhorar a vida de seus habitantes; ele estabeleceu um círculo de discussão na aldeia de Gorkaya Balka para ajudar os camponeses residentes a obter contactos sociais.

Mikhail Gorbachev e sua esposa Raisa alugaram inicialmente um pequeno quarto em Stavropol,  fazendo caminhadas noturnas diárias pela cidade e nos fins de semana caminhadas no campo.  Em janeiro de 1957, Raisa deu à luz uma filha, Irina,  e em 1958 eles se mudaram para dois quartos em um apartamento comunitário .  Em 1961, Gorbachev obteve um segundo diploma, em produção agrícola; ele fez um curso por correspondência no Instituto Agrícola de Stavropol local, recebendo seu diploma em 1967.  Sua esposa também havia cursado um segundo diploma, obtendo um doutorado em sociologia em 1967 pela Universidade Estadual Pedagógica de Moscou ;  enquanto estava em Stavropol, ela também se juntou ao Partido Comunista.

Por causa de sua reputação na Universidade e no Komsomol, Gorbatchev esperava que, terminado o curso de Direito, conseguisse um emprego nos órgãos burocráticos de Moscou, onde lhe pareciam estar as melhores oportunidades. No entanto, em 1955 ele foi mandado de volta para Stavropol, onde lhe foi atribuído um cargo menor: chefe do Departamento de Agitação e Propaganda, no Komsomol do Comitê da Cidade de Stavropol. No final dos anos 50, Gorbatchev era apenas um dentre milhares de funcionários menores do Partido Comunista no norte do Cáucaso. Em 1958, foi promovido a primeiro-secretário, onde teve o poder de supervisionar o Komsomol, não apenas em Stavropol, mas em todo o norte do Cáucaso.

Em março de 1961, Gorbachev tornou-se primeiro secretário do Komsomol regional,  posição em que ele se esforçou para nomear mulheres como líderes municipais e distritais.  Em 1961, Gorbachev foi o anfitrião da delegação italiana para o Festival Mundial da Juventude em Moscou;  naquele mês de outubro, ele também participou do 22º Congresso do Partido Comunista da União Soviética .  Em janeiro de 1963, Gorbachev foi promovido a chefe de pessoal do comitê agrícola do partido regional,  e em setembro de 1966 tornou-se primeiro secretário da Organização do Partido da Cidade de Stavropol ("Gorkom").  Em 1968, ele estava cada vez mais frustrado com seu trabalho - em grande parte porque as reformas de Khrushchev estavam estagnadas ou sendo revertidas - e ele pensou em deixar a política para trabalhar na academia.  No entanto, em agosto de 1968, ele foi nomeado segundo secretário do Stavropol Kraikom, tornando-o vice do primeiro secretário Leonid Yefremov e a segunda figura mais importante na região de Stavrapol.  Em 1969, foi eleito deputado do Soviete Supremo da União Soviética e nomeado membro da Comissão Permanente para a Proteção do Meio Ambiente.

Em 1962, ele ingressou na máquina burocrática do partido como funcionário administrativo que supervisionava as cooperativas e fazendas em toda a região. Nesta posição, pôde desempenhar um trabalho relevante, já que a atividade agrícola era a mais rentável para a economia local. Ansioso para desempenhar da melhor maneira possível o seu trabalho, Gorbatchev matriculou-se em um curso de agronomia por correspondência, no Instituto Agrícola de Stavropol, visando adquirir conhecimento teórico à experiência prática de lavoura que ganhou na infância. Gorbatchev se revelou um administrador interessado e competente:

"Gorbatchev foi muito diferente daqueles funcionários do velho estilo (agitação e propaganda), que sentam-se atrás de mesas forradas de verde fazendo apenas estereotipados às massas. Gorbatchev foi uma novidade - um administrador que tomava decisões independentes e tirava suas próprias conclusões”[2].

Aos poucos, Gorbatchev se revelou um homem em constante ascensão. Em 1962, foi designado chefe do Departamento das Organizações do Partido, ainda em Stavropol. Mesmo este sendo um cargo essencialmente administrativo, ele continuou interessado pelas questões agrícolas. A agricultura da União Soviética era estritamente controlada pelo Estado. Algumas terras cultiváveis eram reservadas para uso pessoal dos cidadãos e, no geral, esses lotes costumavam ser mais produtivos que as terras estatizadas. A grande ênfase oficial do regime Soviético era direcionada para as fazendas estatais (as Sovkhozes) e as cooperativas (Kolkhozes), dois tipos de propriedade Estatal e com operação controlada e supervisionada pelo Partido. Nikita Kruschev, que era nascido na Ucrânia - uma das mais importantes regiões de grãos da União Soviética - empenhou-se em aumentar a área cultivada, desbravando as "terras virgens" ao norte, visando aumentar a produção e produtividade agrícola. Foi durante a Era Kruschev que Gorbatchev se tornou chefe do Departamento de Agricultura de Stavropol.  Como líder da URSS, Kruschev trabalhava, febrilmente, para realizar suas ambições políticas: desde grandes projetos faraônicos para crescimento Soviético - muitos dos quais, acabaram em desperdício, custo humano e material elevado - até reformas políticas ambiciosas. Kruschev foi mais longe e, em um discurso a portas fechadas para certos membros do partido (o "Discurso Secreto"), Kruschev denunciou os crimes de Stalin. As repercussões das graves acusações - existência de campos de trabalho forçado, prisões e execuções em massa e culto à personalidade - tiveram impactos imediatos e duradouros dentro e fora da órbita Soviética. Gorbatchev, que tinha em sua memória os duros anos da Era Stalin, ficou marcado pela extensão e gravidade das denúncias, biografias apontam que ele incorporou o "espírito reformador" de Kruschev.

Autorizado para viajar aos países do Bloco de Leste, Gorbatchov fez parte de uma delegação que visitou a Alemanha Oriental em 1966, e em 1969 e 1974 visitou a Bulgária.  Em Agosto de 1968, a União Soviética liderou uma invasão da Checoslováquia para pôr fim à Primavera de Praga, um período de liberalização política no país marxista-leninista. Embora Gorbachev tenha afirmado mais tarde que tinha preocupações privadas sobre a invasão, ele apoiou-a publicamente.  Em setembro de 1969, ele fez parte de uma delegação soviética enviada à Tchecoslováquia, onde encontrou o povo tchecoslovaco em grande parte hostil a eles.  Naquele ano, as autoridades soviéticas ordenaram-lhe que punisse Fagim B. Sadykov  [ ru ] , um professor de filosofia do instituto agrícola de Stavropol cujas ideias eram consideradas críticas à política agrícola soviética; Gorbachev garantiu que Sadykov fosse demitido do ensino, mas ignorou os apelos para que ele enfrentasse uma punição mais dura.  Gorbachev relatou mais tarde que foi "profundamente afetado" pelo incidente; "minha consciência me atormentou" por supervisionar a perseguição de Sadykov.

As reformas de Kruschev e sua personalidade excêntrica, aliada a embaraços internacionais graves (mais notavelmente, a Crise dos Mísseis em Cuba) causaram rivalidades na hierarquia Soviética.  Um dos mais destacados críticos de Kruschev foi Fedor Kulakov - que nos primeiros anos da Era Kruschev havia sido partidário das reformas. Kruschev respondeu às críticas de Kulakov o rebaixando na hierarquia e o transferindo para o cargo de secretário do partido em Stavropol - onde acabou sendo superior imediato de Mikhail Gorbatchev. No entanto, Kulakov não rompeu com seus contatos em Moscou. Enquanto esteve em Stavropol, Kulakov formou uma opinião positiva a respeito de Gorbatchev. Durante as férias de verão, muitos proeminentes políticos Soviéticos iam para Stavropol - famosa por tratamentos de cura e casas de repouso -, incluindo Aleksei Kosygin (então primeiro vice-primeiro-ministro), Yuri Andropov (Chefe do Departamento do Comitê Central) e Mikhail Suslov (membro do politburo desde 1952 e um dos líderes ideólogos do partido, mais tarde, um dos principais arquitetos da queda de Kruschev). Andropov e Suslov já conheciam a região de Stavropol (Andropov nasceu nas proximidades e Suslov ali prestou serviço militar durante a Grande Guerra Patriótica). Andropov, Suslov e Kosygin fizeram visitas ao praticamente exilado Fedor Kulakov e foi nestas ocasiões que estes conheceram Mikhail Gorbatchev. Foi na região de Stavropol que articulou-se a queda de Kruschev, mas, embora Gorbatchev estivesse lá, é pouco provável que ele tenha desempenhado qualquer papel, por sua posição relativamente subalterna. Com o afastamento de N. Kruschev, cuidadosamente planejado por Suslov e Kulakov, o linha dura Leonid Brezhnev subiu no cargo de Secretário Geral do Partido Comunista. Com a ascensão da "velha guarda" do Partido, Kulakov retornou a Moscou e foi nomeado Secretário da Agricultura para o comitê central.

Primavera de Praga[editar | editar código-fonte]

Na esteira da desestalinização e do "degelo Kruschev", se iniciou uma crescente dissonância e ameaça de insurreição nos Estados satélites no bloco do Leste. A ameaça mais aguda residia na Tchecoslováquia: Alexander Dubcek, indicado o primeiro-secretário do Partido Comunista da Tchecoslováquia, em janeiro de 1968, iniciou um programa de reformas que o regime Soviético julgou capaz de minar a supremacia do partido e pavimentar o caminho para a restauração da democracia-liberal. Não se tratava de uma tentativa de abandonar o sistema socialista, mas de reformá-lo, permitindo uma abertura política e uma reestruturação do centralizado governo de comando - "Socialismo com rosto humano". Moscou e levou a cabo a Doutrina de Soberania Limitada. Na noite de 20 para 21 de agosto de 1968, a Tchecoslováquia foi invadida por mais de 600.000 soldados do Pacto de Varsóvia: estava terminada uma das mais singulares experiências políticas da órbita socialista, que tentava conciliar a liberdade com progresso social e igualdade. Gorbatchev, na época, acompanhou com atenção o desenrolar dos acontecimentos e, em 1987, admitiu que a Mafalda Primavera de Praga inspirou suas próprias reformas.

Ascenção ao Presidium Soviético[editar | editar código-fonte]

Kulakov e Andropov acabaram aprovando, ou iniciando, a promoção de Gorbatchev, que eles viam como bom administrador.  Apadrinhado por Kulakov, Gorbatchev foi designado, primeiramente, como Segundo-Secretário do Comitê Regional do partido, apenas dois anos mais tarde, em 1970, ele subiu mais um degrau na hierarquia e passou a ser o primeiro-secretário regional. Ainda nesta época, conseguiu terminar seu curso por correspondência no Instituto Agrícola de Stavropol, como um "economista agrícola científico". Em 1970, ele se tornou membro do Presidium do Soviete Supremo da União Soviética e, logo em seguida, passou a trabalhar em vários comitês deste órgão. Em 1971, Gorbachev estava no Comitê Central do Partido Comunista da União Soviética: o coração do poder.

Como Gorbatchev gozava de proteção e apoio de nomes de peso da hierarquia Soviética, em 1972, começou a fazer visitas a outros países dentro e fora da órbita Socialista. Ao longo da década de 1970, visitou a Bélgica (1972), Alemanha Ocidental (1975), França (1976)  e Tchecoslováquia (1979). Nos países da Europa Ocidental, ele ficou surpreso com a forma aberta com que os europeus ocidentais deram suas opiniões e criticaram seus líderes políticos, algo ausente na União Soviética, onde a maioria das pessoas não se sentia segura para falar tão abertamente. Mais tarde, ele relatou que, para ele e sua esposa, essas visitas "abalou nossa crença a priori na superioridade da democracia socialista sobre a democracia burguesa"

A principal tarefa de Gorbachev como líder regional era aumentar os níveis de produção agrícola, uma tarefa dificultada pelas secas severas, supervisionou a expansão dos sistemas de irrigação através da construção do Grande Canal Stavropol. Por supervisionar uma colheita recorde de grãos no distrito de Ipatovsky , em março de 1972 ele foi condecorado com a Ordem da Revolução de Outubro por Brejnev em uma cerimônia em Moscou. Gorbatchev modernizou o centro agrícola de sua região e ofereceu instalações melhores, tanto para o partido como para o governo local. As questões relacionadas à agropecuária lhe interessavam, particularmente, e passou a oferecer incentivos para os trabalhadores rurais aumentarem a produção e produtividade no campo. Também foi bem sucedido ao melhorar as condições de moradia e vida dos trabalhadores, um aspecto de desenvolvimento geralmente em segundo plano. Gorbatchev teve os nervos testados em 1973-4 quando uma seca particularmente severa atingiu em cheio a região de Stavropol, mas foi capaz de providenciar alimentos de emergência para a criação de ovinos e equinos das vizinhanças. Os criadores, agradecidos, se tornaram entusiastas e partidários.

Mikhail Gorbatchev, no entanto, sofreu uma perda pessoal: seu mentor e amigo, Fedor Kulakov - na época, Secretário da Agricultura do Comitê Central desde 1965 -, morreu, de acordo com informações oficiais, de ataque cardíaco - embora mais tarde foi se descobrir se tratar de suicídio*. Kulakov, que desde da ascensão de Brezhnev, voltará a ser um dos homens mais importantes da União Soviética e controlava um dos departamentos mais difíceis de administrar e importantes do país. Em seu funeral na Praça Vermelha, onde nem Andropov, Brezhnev, Kosygin ou Suslov compareceram, Gorbatchev foi um dos principais nomes no cortejo, tecendo um forte discurso em homenagem ao superior morto. Gorbatchev se tornaria o sucessor de Kulakov e passou a ser o responsável pela administração da agricultura, pecuária e abastecimento em toda a União Soviética.

Gorbatchev no Comitê Central (1978-1985)[editar | editar código-fonte]

Era Brezhnev[editar | editar código-fonte]

Os anos Brezhnev, no início, foram marcados por uma distensão com o Ocidente, uma desaceleração na corrida armamentista e um esforço para construir a imagem de uma União Soviética pacífica e progressista - chegou a assinar acordos com os Estados Unidos, em 1972, para restringir armas nucleares; mas o quadro se modificou ao longo dos anos (em partes, em virtude a uma série de incidentes que levaram os ânimos de ambos os lados, como o abate do Voo Korean 007, pela URSS) que acabaram levando a retomada tanto da corrida armamentista quanto das tensões da Guerra Fria.

Sendo o sucessor de Kruschev, Brezhnev tentou reabilitar a figura de Josef Stalin e deu início a uma espécie de "nova-stalinização" da sociedade Soviética, enfatizando os grandes frutos de Stalin ao longo de sua vida - a Revolução de Outubro ao lado de Lênin, a industrialização e elevação do país atrasado ao status de superpotência e a liderança durante da Grande Guerra Patriótica a qual saiu vitoriosa. Foi parcialmente bem sucedido nesta empreitada, já que, tanto a sociedade Soviética quanto todo o movimento comunista internacional continuou divididos quanto ao legado Stalinista.  Porém, no campo político, a centralização política se fez com êxito, pondo fim ao Degelo de Kruschev. Diferente de seu antecessor, Brezhnev voltou a perseguir os intelectuais que, de alguma maneira, se opunham ao regime. Após o episódio da Primavera de Praga, a cúpula Soviética estava decidida a não tolerar mais críticas. As medidas de força e repressão conhecidos - prisões e Expurgos - não eliminaram as crescentes críticas e dissonâncias dentro e fora da órbita Socialista, mas, ao contrário, em 1976 os Partidos Comunistas da Europa Ocidental divulgaram um manifesto onde estamparam franca oposição à tutela ideológica do Partido Comunista da União Soviética e defendia que a passagem do capitalismo para o socialismo deveria ser feito de forma independente e autônoma do dirigismo Soviético. Estava oficializado o chamado "Eurocomunismo".

Já no início da década de 1980, as tensões dentro do bloco socialista já era claramente visíveis, como, por exemplo, na Polônia, onde partidos operários e sindicatos do governo liderados pelo Sindicato Solidariedade, dirigido por Lech Walesa, pressionavam o governo socialista polonês por reformas estruturais sérias e voltaram a apontar na direção do Socialismo-Democrático. Embora duramente e brutalmente combatida pelo regime Soviético, a ideia ganhou adeptos dentro do bloco do Leste e prestígio internacional do Mundo Ocidental, mas acabou acirrando as dificuldades nas relações Leste-Oeste.

Tão sério quanto às relações internacionais, era a situação doméstica Soviética. Brezhnev teve um governo marcado tanto pela corrupção quanto pelo autoritarismo, onde, para manter apoio e sua governabilidade, concedia ganhos materiais exclusivos à elite burocrática do PCUS, a chamada Nomenklatura. Essa, por sua vez, pouco fazia para superar os problemas sociais e econômicos que já começavam a aparecer. Principalmente pela alta nos preços de petróleo dos anos 1970, a União Soviética foi capaz de manter um expressivo crescimento econômico e proporcionar um padrão de vida aos seus cidadãos, comparável ao do mundo capitalista. Se comparado a década de 1950 e 1960, nos meandros da década de 1980 houve uma expressiva perda no ritmo produtivo Soviético, evidente na sensível queda da taxa de produtividade industrial e agrícola, além da produtividade do trabalho; queda da renda per capita e do Produto Interno Bruto (PIB) e um constante desgaste no padrão de vida da sociedade. Entre 1976 e 1980, dados oficiais já indicavam uma franca desaceleração econômica, com um crescimento do PIB em apenas 2,3% em média - pouco, quando comparado, por exemplo, com o período de 1950-1959, onde se registrou uma média de 5,7% de crescimento. A situação econômica foi agravada pela diminuição da participação Soviética no comércio internacional: o país deixou de exportar maquinário para se concentrar na exportação de petróleo e gás natural (matéria-prima), os quais, representavam, em 1985,  53% das exportações Soviéticas.  Pela mesma data, cerca de 60% (ou seja, ⅗) das importações eram de máquinas e produtos industrializados que poderiam ser produzidos dentro da própria União Soviética. O governo central tentava, com isso, satisfazer necessidades mais urgentes e imediatas, segundo as determinações da Nomenklatura. Desta forma, se resolviam problemas localizados e se obtinha produtos estrangeiros e capital e receita imediatos, mas sem atacar, com profundidade, os impasses produtivos e os problemas domésticos, o que tornava difícil uma mudança nos rumos e se fazia mais urgente a necessidade de reformas profundas. O historiador Eric Hobsbawm observa que:

"Com exceção da Hungria, as tentativas sérias de reformar as economias socialistas na Europa tinham sido, na verdade, abandonadas em desespero após a Primavera de Praga. (...) Os anos Brejnev viriam ser chamados pelos reformadores de 'Era da Estagnação', essencialmente porque o regime parara de tentar fazer qualquer coisa séria em relação a uma economia em visível declínio. Comprar trigo no mercado mundial era mais fácil que tentar resolver a aparentemente crescente incapacidade da agricultura soviética de alimentar o povo da URSS. Lubrificar o enferrujado motor da economia com um sistema universal e onipresente de suborno e corrupção era mais fácil que limpá-lo e ressintonizá-lo, quanto mais substituí-lo. Quem sabia o que aconteceria a longo prazo? A curto, parecia mais importante manter os consumidores satisfeitos, ou, de qualquer forma, manter o descontentamento dentro de limites. Daí, provavelmente, na primeira metade da década de 1970, a maioria dos habitantes da URSS estar e sentir-se em melhores condições que em qualquer outra época na memória viva".

Mikhail Gorbatchev estava atento quanto a este cenário e a realidade tangível o incentivou a defender reformas estruturais sérias. Em virtudes de suas ligações políticas com Andropov e Suslov, Gorbatchev conseguiu penetrar na elite burocrática em Moscou - para onde se mudou com sua esposa - nos últimos anos da Era Brezhnev. Durante o tempo em que foi Secretário da Agricultura do Comitê Central, enfrentou extensas dificuldades, em particular, queda sensível na produtividade e desastrosas colheitas de 1979 que obrigaram a União Soviética importar grãos das nações ocidentais capitalistas, principalmente dos Estados Unidos que eram os maiores produtores no ramo. Gorbachev lançou um pacote de medidas para tentar reverter esta tendência, inclusive oferecendo bonificações para os trabalhadores rurais que fossem capazes de produzir mais que a própria meta. Seu estilo de liderança atraiu admiração, respeito e confiança de outros líderes Soviéticos e, ainda em outubro de 1979, ele foi indicado a concorrer a uma cadeira no Politburo, sendo bem sucedido no ano seguinte.

A situação soviética ficou ainda mais preocupada ao adentrar os anos 1980, quando os Estados Unidos lançaram um profundo embargo econômico e sanções, em resposta à invasão de tropas Soviéticas no Afeganistão, em 1979. Consciente da situação, Mikhail Gorbatchev elaborou um pacote de incentivos e reformas que muito se pareciam com alguma de suas primeiras atitudes quando alcançasse o posto máximo do país. Em termos gerais, ele defendia melhora nas condições de vida e no consumo no campo, maior autonomia aos produtores, um preço maior a ser pago pela produção e mudança radical na forma de investimento, convertendo-os em melhora nas condições de trabalho no campo. Assim que chegou em Moscou, Gorbatchev tratou de se cercar de especialistas e homens mais experientes de confiança, com quem discutia abertamente as falhas do sistema Soviético e traçava planos ou metas para superá-los.

Com a morte de Leonid Brezhnev, em 1982, se avolumaram as dificuldades econômicas e sociais, os entraves burocráticos e dissidência internas, enquanto no exterior ganhava-se novo fôlego na ofensiva anticomunista em virtude da eleição de Ronald Reagan, como Presidente dos Estados Unidos; e Margareth Thatcher, como prineira-ministra do Reino Unido. Em suas próprias memórias, Gorbatchev recorda os anos Brezhnev: "(...) o fator mais importante da liderança de Brezhnev foi sua incapacidade de enfrentar os desafios da época. Através de sua adesão cega a antigos dogmas e ideais obsoletos, a liderança negligenciou as mudanças profundas que estavam ocorrendo na ciência, na tecnologia, na vida e nas atividades das pessoas e ignoraram as transformações que estavam ocorrendo em outros países".

Governo Antropov[editar | editar código-fonte]

Governo Chernenko[editar | editar código-fonte]

Gorbatchov no Poder (1985-1991)[editar | editar código-fonte]

Perestroika e Glasnost[editar | editar código-fonte]

Diálogo com o Ocidente[editar | editar código-fonte]

Desastre de Chernobil[editar | editar código-fonte]

Referendo[editar | editar código-fonte]

Tanques em Moscou[editar | editar código-fonte]

Natal: o colapso[editar | editar código-fonte]

Eleições presidenciais[editar | editar código-fonte]

Vida pós-soviética[editar | editar código-fonte]

Morte e Funeral[editar | editar código-fonte]

Anos finais[editar | editar código-fonte]

Morte[editar | editar código-fonte]

Reações[editar | editar código-fonte]

Funeral[editar | editar código-fonte]

Legado[editar | editar código-fonte]

Papael na dissolução da União Soviética[editar | editar código-fonte]

Recepção e crítica[editar | editar código-fonte]

"Coveiro do Comunismo"[editar | editar código-fonte]

Notas e referências

Notas

  1. Cargo denominado Presidente do Presidium do Soviete Supremo de 1 de outubro de 1988 a 25 de maio de 1989, Presidente do Soviete Supremo de 25 de maio de 1989 a 15 de março de 1990 e Presidente da União Soviética de 15 de março de 1990 a 25 de dezembro de 1991.
  2. Devido à falta de convenções para a transcrição do alfabeto cirílico ao latino, seu nome é corriqueiramente grafado como Gorbatchev, Gorbachev, Gorbatchof, Gorbatchov, entre outras variações. Uma possível transcrição fonética para o português seria Mihaíl Sirguiêivitch Garbatchóf. O nome da introdução está de acordo com as regras específicas da comunidade.

Referências

  1. Butson, Thomas (1986). Gorbachev. São Paulo: Circulo do Livro. ISBN 85-332-0084-6 
  2. Schmidt-Häuer, C. (1986). Gorbachev: The Path to Power. Estados Unidos: Salem House.