Americanos da Figueira da Foz
Americanos da Figueira da Foz | |
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Carro americano da Figueira da Foz, cerca de 1880. | |
Informações principais | |
Área de operação | Portugal |
Operadora | Companhia Mineira e Industrial do Cabo Mondego |
Interconexão Ferroviária | R. da F.ª da Foz e L.ª do Oeste, na Figueira da Foz |
Especificações da ferrovia | |
Bitola | Via estreita |
Americanos da Figueira da Foz
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Os Americanos da Figueira da Foz foram uma rede ferroviária ligeira situada no concelho da Figueira da Foz, em Portugal. Funcionava principalmente para escoar o carvão da Mina do Cabo Mondego para a Estação Ferroviária de Figueira da Foz, prestando igualmente serviços de passageiros ao longo do percurso.
Descrição
[editar | editar código-fonte]Este caminho de ferro iniciava-se no campo mineiro perto do Cabo Mondego, passava por Buarcos, e terminava na Figueira da Foz num percurso total de cerca de 7 km.[1]
A via férrea terminaria mesmo dentro do complexo da estação da Figueira da Foz, já que em 1941 a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses da Beira Alta construiu um cano de alvenaria, coberto com duas capas de betão armado, «na passagem da antiga linha do Cabo Mondego».[2]
Também se faziam comboios de passageiros entre a estação e o Cabo Mondego, com paragem em Buarcos, utilizando carros americanos, veículos ligeiros a tracção animal.[3] Neste caminho de ferro também se utilizaram locomotivas a vapor.[1]
É considerada como um dos exemplos de caminhos de ferro locais a tracção animal em território nacional, que também incluíram as linhas de Braga ao Bom Jesus, Póvoa de Varzim à Vila do Conde, e de Penafiel à Lixa e Entre-os-Rios.[4]
História
[editar | editar código-fonte]O transporte de mercadorias iniciou-se em Dezembro de 1875, e em 8 de Agosto de 1876 começaram os serviços de passageiros, ambos inicialmente a tracção animal.[1] Em 13 de Agosto de 1876, o Diário Ilustrado noticiou que os engenheiros Julio Augusto Leiria e Domingos da Apresentação Freire tinham sido encarregados para inspeccionar a linha férrea do tipo americano entre Buarcos e a Figueira da Foz, de forma a verificarem se estava construída de forma regular.[5] Em 26 de Agosto, o jornal relatou que a linha estava em boas condições, e por isso tinha sido autorizada a entrar ao serviço.[6] Em 2 de Dezembro, informou que já tinha chegado da Bélgica o terceiro carro de passageiros, que tinha sido encomendado pela Companhia Mineira e Industrial do Cabo Mondego.[7]
Numa reportagem publicada em 1 de Março de 1887 no jornal Occidente, refere-se que «a commodidade e modicidade do preço, com que nos carros denominados americanos, se effectua o trajecto entre Buarcos e a Figueira, a pequena distancia entre as duas, que faz com que se possam obter com extrema facilidade, todos os objectos necessários á vida, de que a Figueira está abundantemente provida, junto a maior liberdade, que em relação á Figueira alli se goza, tudo concorre para que a praia de Buarcos, vá sendo bastante frequentada».[8]
Em 19 de Outubro de 1903 foi introduzida a tracção a vapor, primeiro apenas nos comboios de mercadorias, e em 20 de Abril do ano seguinte nos serviços de passageiros.[1] Os comboios a vapor terão terminado em 1927, enquanto que a tracção animal continuou a ser utilizada em ambos os serviços até 10 de Abril de 1933.[1]
Em 1946, a empresa responsável pelas minas do Cabo Mondego estava a planear a construção de uma segunda via férrea até à estação da Figueira da Foz, seguindo pelos arredores das serras da Boa Viagem e por Tavarede.[9]
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ a b c d e VIEIRA, Salomão; COSTA, Pedro. «Cronologia das Linhas de "Americanos" que existiram em Portugal». Associação Portuguesa dos Amigos dos Caminhos de Ferro. Consultado em 5 de Março de 2023. Arquivado do original em 6 de Fevereiro de 2007
- ↑ «A acção da Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses da Beira Alta» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 54 (1305). Lisboa. 1 de Maio de 1942. p. 236. Consultado em 5 de Março de 2023 – via Hemeroteca Municipal de Lisboa
- ↑ «Serviço de Diligencias». Guia official dos caminhos de ferro de Portugal. Ano 39 (168). Outubro de 1913. p. 152-155. Consultado em 3 de Novembro de 2018
- ↑ ABRAGÃO, Frederico de Quadros (1 de Novembro de 1955). «No centenário dos caminhos de ferro em Portugal: Algumas notas sobre a sua história» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 68 (1629). Lisboa. p. 439. Consultado em 5 de Março de 2023 – via Hemeroteca Municipal de Lisboa
- ↑ «(Notícia sem título)» (PDF). Diário Illustrado (1310). Lisboa. 13 de Agosto de 1876. p. 1. Consultado em 3 de Novembro de 2018
- ↑ «(Notícia sem título)» (PDF). Diário Illustrado (1321). Lisboa. 26 de Agosto de 1876. p. 1. Consultado em 3 de Novembro de 2018
- ↑ «(Notícia sem título)» (PDF). Diário Illustrado (1405). Lisboa. 2 de Dezembro de 1876. p. 1. Consultado em 3 de Novembro de 2018
- ↑ J. C. A. (1 de Março de 1887). «Buarcos» (PDF). Occidente. Ano X (295). Lisboa. p. 50. Consultado em 5 de Março de 2023 – via Hemeroteca Municipal de Lisboa
- ↑ ALMEIDA, Coelho de (1 de Maio de 1946). «As minas de carvão no Cabo Mondego e as restantes indústrias em plena expansão» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 58 (1401). Lisboa. p. 301-302. Consultado em 3 de Novembro de 2018 – via Hemeroteca Municipal de Lisboa