Carlos Chagas Filho
Carlos Chagas Filho | |
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Carlos Chagas Filho em 1973
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Nascimento | 12 de setembro de 1910 Rio de Janeiro, Distrito Federal |
Morte | 16 de fevereiro de 2000 (89 anos) Rio de Janeiro, RJ, Brasil |
Nacionalidade | brasileiro |
Progenitores | Mãe: Íris Lobo Chagas Pai: Carlos Chagas |
Alma mater | Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro |
Ocupação | médico, professor, diplomata, cientista e ensaísta |
Prêmios | Comendador da Ordem Nacional da Legião de Honra |
Carlos Chagas Filho (Rio de Janeiro, 12 de setembro de 1910 — Rio de Janeiro, 16 de fevereiro de 2000) foi um médico, professor, diplomata, cientista e ensaísta brasileiro.
Fundador do Instituto de Biofísica da Universidade do Brasil (atual UFRJ), em sua longa carreira científica, publicou vários artigos com destaque para os trabalhos sobre o sistema neuromuscular do peixe elétrico (Electrophorus eletricus), provendo dados para o estudo das doenças neuromusculares relacionadas com o mecanismo para a geração de corrente elétrica e também realizou avançada pesquisa sobre o "curare" um veneno vegetal paralisante usado por tribos indígenas da América do Sul.[1]
Tendo ocupado a cadeira 9 da Academia Brasileira de Letras e membro titular da Academia Brasileira de Ciências, Carlos Chagas Filho era o presidente da Pontifícia Academia das Ciências na ocasião que reabilitou a reputação de Galileu Galilei.[2][3]
Biografia
[editar | editar código-fonte]Nascido na capital fluminense, em 1910, era filho do renomado médico sanitarista Carlos Chagas e Íris Lobo Chagas, ambos originários de Minas Gerais. Cursou o Colégio Resende e depois prestou exames preparatórios no Colégio Pedro II.[4] Aos 16 anos, se matriculou na Faculdade de Medicina da atual Universidade Federal do Rio de Janeiro em 1926. No segundo ano, começou a trabalhar no Hospital São Francisco e no Instituto de Manguinhos.[5][6]
Carreira
[editar | editar código-fonte]Concluindo o curso em 1931, Carlos recebeu a Medalha Antonia Chaves Berchon des Essarts, concedida ao alunos que obtiveram as melhores notas no decurso da faculdade. A seguir, passou o ano de 1932 dirigindo o Hospital de Lassance, mantido pelo Instituto de Manguinhos, onde seu pai, Carlos Chagas, descobriu a doença de que leva o seu nome.[5][6]
Encaminhou-se para as carreiras básicas de Medicina Biológica, tendo trabalhado com Costa Cruz, Miguel Osório de Almeida e Carneiro Felipe que provavelmente foi o mestre em ciências que mais o influenciou. Um ano após sua formatura, prestou concurso para a docência-livre de física biológica e passou a Assistente desta cadeira na Faculdade de Medicina. Com a morte do Prof. Lafayette Rodrigues Pereira, vagou-se a cátedra de Física Biológica e Chagas se apresentou ao concurso, do qual participaram 6 candidatos; tendo vencido as provas, assumiu o cargo de Professor Catedrático.[6][7][8]
Com recursos próprios, decidiu viajar à Europa, onde trabalhou com René Wurmser e Alfred Fessard em Paris e Archibald Vivian Hill na Inglaterra.[6]
Em seu retorno ao Brasil, dedicou-se à organização de um grupo de pesquisadores para o laboratório de Biofísica em que faria prevalecer seu lema "A Universidade é um local onde se ensina porque se pesquisa". Em 1945, o laboratório veio a se transformar em Instituto de Biofísica e em pouco tempo, com a vinda ao Brasil de vários cientistas estrangeiros, tornou-se um centro de estudos de renome, onde se realizaram vários colóquios e simpósios de nível internacional em que se destacaram aqueles cujo tema era a Bioeletrogênese.[6][9]
Foi a partir das pesquisas sobre o sistema neuromuscular do peixe elétrico (Electrophorus eletricus) que Carlos conseguiu introduzir a prática da ciência experimental naquela universidade, criando princípios hoje consolidados no meio acadêmico, tais como a articulação ensino-pesquisa e a 'invenção' da biofísica como campo autônomo de investigação.[9][10]
A partir da fundação do CNPq, em 1951, teve participação ativa no Conselho Deliberativo. Participou, como Delegado do Brasil, na 1ª Conferência Geral da UNESCO, em Paris, assim como na 2ª Conferência desta entidade realizada no México. A seguir, foi convidado para o Comitê de Pesquisa da Organização Pan-americana de Saúde em que atuou até 1962 e em 1963 organizou, como secretário especial, a 1ª Conferência das Nações Unidas para Aplicação da Ciência e Tecnologia ao Desenvolvimento.[4][6]
Foi nomeado Presidente do Comitê Especial das Nações Unidas para Aplicação da Ciência e Tecnologia ao Desenvolvimento, função que exerceu por seis anos quando também fundou, junto com Abdus Salam, a International Federation of Institutes for Advanced Sciences (IFIAS). Em 1966, foi nomeado Embaixador do Brasil junto a UNESCO. De 1965 a 1967 foi eleito Presidente da Academia Brasileira de Ciências retornando também à direção do Instituto de Biofísica que passou a levar seu nome.[6]
Em 1972, Carlos Chagas foi nomeado pelo Papa Paulo VI, como presidente da Pontifícia Academia das Ciências, cargo que exerceu durante 16 anos, tendo organizado mais de 80 reuniões científicas em Roma, das quais participaram renomados cientistas.[6]
Homenagens
[editar | editar código-fonte]Carlos Chagas Filho recebeu 16 títulos de Doutor Honoris Causa em Universidades nacionais e internacionais. No decurso de sua vida Acadêmica, recebeu 19 condecorações entre as quais Comendador-Ordre Nationale de la Légion d'Honneur - França, 1979; é Membro, entre outras academias científicas, da Académie des Sciences de l'Institut de France.[6]
Membro titular ou correspondente de várias outras academias, entre as quais a Academia Brasileira de Ciências, Academia Nacional de Medicina,[11] Pontifícia Academia das Ciências, Academia das Ciências de Lisboa, Institut de France, Academia de Artes e Ciências dos Estados Unidos, American Philosophical Academy, Academia Nacional de Medicina da França, Academia Real da Bélgica, Academia de Ciências da Romênia e Academia Internacional de História das Ciências.[5]
Vida pessoal
[editar | editar código-fonte]Casou-se com Anna Leopoldina Alvim de Mello Franco, filha do diplomata Afrânio de Mello Franco e de dona Sylvia Alvim de Mello Franco, na igreja Nossa Senhora da Paz em Ipanema, no Rio de Janeiro, em 6 de julho de 1935. Foi uma cerimônia discreta, pois os noivos estavam de luto pela morte de Carlos Chagas, pai do noivo, e de Sylvia Amélia Anna, irmã da noiva. Tiveram 4 filhas, Maria da Glória, Sílvia Amélia, Anna Margarida Maria e Cristina Isabel Maria, as duas últimas já falecidas.
Morte
[editar | editar código-fonte]Carlos Chagas Filho morreu em 16 de fevereiro de 2000, na capital fluminense, devido a uma falência múltipla dos órgãos, aos 89 anos.[12][13] Ele foi sepultado no mesmo jazigo que seus pais no Cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro.[14]
Sua esposa, Anna Leopoldina de Mello Franco Chagas, faleceu em 9 de fevereiro de 2008, aos 93 anos, devido a um AVC. Ela foi inhumada no mesmo jazigo perpétuo que o marido.[15]
Sua filha Anna Margarida, faleceu em Roma no ano de 2017. Seu corpo foi trasladado para o cemitério de São João Batista e repousa no mesmo jazigo que os pais estão.
Obras
[editar | editar código-fonte]Sua obra científica é composta, de aproximadamente, 200 artigos científicos e de obras publicadas sob sua coordenação e orientação.
- Homens e coisas da ciência
- Carlos Chagas
- Plaquete
- O minuto que vem, reflexões sobre a ciência no mundo moderno
- Contribuição da ciência e da tecnologia à melhoria da qualidade de vida
- Carlos Chagas (2000). Um aprendiz de ciência (PDF). Rio de Janeiro: Nova Fronteira. 279 páginas. ISBN 85-209-1082-3. doi:10.7476/9788575412473
Referências
- ↑ Silva, Rodrigo (2014). Ellos creían en Dios, Biografías de científicos creacionistas. Buenos Aires: Asociación Casa Editora Sudamericana. pp. 133–134
- ↑ José Goldenberg (ed.). «Reabilitação de Galileu» (PDF). Sociedade Brasileira de Física. Consultado em 20 de julho de 2021
- ↑ «Fé e religião conciliadas». Revista Pesquisa FAPESP. Consultado em 20 de julho de 2021
- ↑ a b Maria Clara Mariani (ed.). «Entrevista de Carlos Chagas Filho» (PDF). Fundação Getúlio Vargas. Consultado em 20 de julho de 2021
- ↑ a b c «Carlos Chagas Filho». Academia Brasileira de Ciências. Consultado em 20 de julho de 2021
- ↑ a b c d e f g h i «Carlos Chagas Filho». Academia Brasileira de Letras. Consultado em 20 de julho de 2021
- ↑ Almeida, Darcy Fontoura de. Carlos Chagas Filho: do curso de graduação à cátedra de física biológica da Faculdade Nacional de Medicina, Universidade do Brasil (1926-1937). Revista Rio de Janeiro, n. 11, p. 135-147, 2003. Consultado em 24 de setembro de 2024
- ↑ Almeida, Darcy Fontoura de. A opção de Carlos Chagas Filho pela física biológica: razões e motivações. História, Ciências, Saúde-Manguinhos, v. 15, n. 2, p. 261-275, 2008. Consultado em 24 de setembro de 2024
- ↑ a b Lima, Ana Luce Girão Soares de; Mesquita, Cecília Chagas de; Lourenço, Francisco dos Santos; Gonçalves, Leonardo Arruda; Santos, Ricardo Augusto. Ciência, política e paixão: o arquivo de Carlos Chagas Filho. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, v. 12, n. 1, p. 185-198, 2005
- ↑ Almeida, Darcy Fontoura de. A contribuição de Carlos Chagas Filho para a institucionalização da pesquisa científica na universidade brasileira. História, Ciências, Saúde-Manguinhos, v. 19, n. 2, p. 653-668, 2012. Consultado em 24 de setembro de 2024
- ↑ Biografia na página oficial da Academia Nacional de Medicina
- ↑ «Morre no Rio o cientista Carlos Chagas Filho». Folha de S.Paulo. Consultado em 20 de julho de 2021
- ↑ «Carlos Chagas Filho morre no RJ». Diário do Grande ABC. Consultado em 20 de julho de 2021
- ↑ Beatriz Coelho Silva, ed. (16 de fevereiro de 2000). «Morre o cientista Carlos Chagas Filho; enterro será hoje». Folha de Londrina. Consultado em 20 de julho de 2021
- ↑ «Morre dona Anna Chagas, viúva de Carlos Chagas Filho». Agência Fiocruz. Consultado em 20 de julho de 2021
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Arquivo Pessoal de Carlos Chagas Filho sob a guarda da Casa de Oswaldo Cruz / Fundação Oswaldo Cruz
- «Perfil no sítio da Academia Brasileira de Letras»
- «Carlos Chagas Filho e a Academia Pontifícia das Ciências» (PDF)
Precedido por Arthur Alexandre Moses |
Presidente da Academia Brasileira de Ciências 1965 — 1967 |
Sucedido por Aristides Azevedo Pacheco Leão |
Precedido por Marques Rebelo |
ABL - terceiro acadêmico da cadeira 9 1974 — 2000 |
Sucedido por Alberto da Costa e Silva |
- Nascidos em 1910
- Mortos em 2000
- Membros da Academia Brasileira de Letras
- Biólogos do estado do Rio de Janeiro
- Professores do estado do Rio de Janeiro
- Alunos da Universidade Federal do Rio de Janeiro
- Presidentes da Academia Brasileira de Ciências
- Ordem Nacional do Mérito Científico
- Membros da Pontifícia Academia das Ciências
- Naturais da cidade do Rio de Janeiro
- Alunos do Colégio Pedro II
- Membros da Academia Nacional de Medicina
- Membros da Academia de Ciências da América Latina