Estação Ferroviária de Braço de Prata
Braço de Prata
| |||||||||||||||||||||||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
a estação de Braço de Prata, em 2011 | |||||||||||||||||||||||||||
Identificação: | 31005 BPR (Braço Prata)[1] | ||||||||||||||||||||||||||
Denominação: | Estação Satélite de Braço de Prata | ||||||||||||||||||||||||||
Administração: | Infraestruturas de Portugal (até 2020: centro;[2] após 2020: sul)[3] | ||||||||||||||||||||||||||
Classificação: | ES (estação satélite)[1] | ||||||||||||||||||||||||||
Tipologia: | C [3] | ||||||||||||||||||||||||||
Linha(s): |
| ||||||||||||||||||||||||||
Altitude: | 30 m (a.n.m) | ||||||||||||||||||||||||||
Coordenadas: | 38°44′47.95″N × 9°6′10.95″W (=+38.74665;−9.10304) | ||||||||||||||||||||||||||
| |||||||||||||||||||||||||||
Município: | Lisboa | ||||||||||||||||||||||||||
Serviços: | |||||||||||||||||||||||||||
| |||||||||||||||||||||||||||
Coroa: | Coroa L Navegante | ||||||||||||||||||||||||||
Conexões: | |||||||||||||||||||||||||||
Equipamentos: | |||||||||||||||||||||||||||
Inauguração: | [quando?] | ||||||||||||||||||||||||||
Website: |
A estação ferroviária de Braço de Prata situa-se na parte nordeste da cidade de Lisboa, em Portugal, integrando o mais antigo e mais movimentado eixo ferroviário do país.
Descrição
[editar | editar código-fonte]Localização e acessos
[editar | editar código-fonte]A estação situa-se junto à Rua Fernando Maurício, pela qual se faz a sua entrada principal, sendo servida por várias paragens de autocarro epónimas, das quais a mais distante se situa a menos de meio quilómetro.[4]
Infraestrutura
[editar | editar código-fonte]Esta interface apresenta quatro vias de circulação, numeradas de I a IV, com comprimentos de, respetivamente 330, 330, 299, e 305 m de extensão, todas acessíveis por plataformas de 303 m de comprimento e 90 cm de altura; todas estas vias estão eletrificadas em toda a sua extensão.[3]
Nesta estação a Linha de Cintura entronca na Linha do Norte no lado esqurdo do seu enfiamento descendente, bifurcando-se a via para sudoeste e possibilitando percusos diretos S.Apolónia-Oriente e Entrecampos-Oriente, sendo que o percurso S.Apolónia-Entrecampos é assegurado pela Concordância de Xabregas. Fruto desse entroncamento, esta estação é um ponto de câmbio nas características da via férrea e do seu uso:
característica | Norte desc. | Norte asc. | Cintura | |||
---|---|---|---|---|---|---|
vias | S.Apolónia | via dupla | Alverca | via múltipla | Areeiro | via dupla |
vel. máx. | S.Apolónia | 160-220 km/h | Setil | 160-220 km/h | Chelas | 50-90 km/h |
Serviços
[editar | editar código-fonte]Em dados de 2023, esta estação é servida por comboios de passageiros da C.P. de tipo urbano dos serviços chamados “Linha de Sintra” e “Linha da Azambuja”, que circulam entre Santa Apolónia, Alcântara-Terra, ou Sintra e Azambuja, Castanheira do Ribatejo, Alverca, ou Oriente, com 75 circulações diárias em cada sentido aos dias úteis e 19 aos fins de semana.[5]
História
[editar | editar código-fonte]Século XIX
[editar | editar código-fonte]Esta interface insere-se no lanço entre Lisboa e o Carregado da Linha do Norte, que foi inaugurado em 28 de Outubro de 1856, pela Companhia Central Peninsular dos Caminhos de Ferro de Portugal.[6]
Durante a construção das oficinas dos caminhos de ferro em Santa Apolónia, foram empregados como operários os habitantes de várias povoações ao longo do Tejo, e durante algum tempo tornou-se habitual a deslocação diária de dezenas de pessoas desde as suas habitações até às estações, onde apanhavam os primeiros comboios até à estação de Braço de Prata e depois o “comboio operário” até Santa Apolónia, fazendo depois o percurso inverso no final do dia.[7]
Em 16 de Fevereiro de 1891, a Gazeta dos Caminhos de Ferro noticiou que a linha de concordância entre as estações de Braço de Prata e Chelas (hoje considerada como o troço final da Linha de Cintura) estava quase concluída,[8] tendo sido inaugurada em 5 de Setembro de 1891, pela Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses.[9]
Século XX
[editar | editar código-fonte]Em 16 de Agosto de 1902, a Gazeta dos Caminhos de Ferro reportou que já tinha entrado em funcionamento um sistema de sinalização baseado nos discos eléctricos Barbosa em várias estações nacionais, incluindo a de Braço de Prata.[10]
Em 30 de Janeiro de 1908, José Relvas tomou o comboio na estação de Braço de Prata quando estava a ser perseguido pela polícia, tendo seguido escondido a bordo até Santarém de onde fugiu para Alpiarça.[11]
Em 1 de Novembro de 1916, a Gazeta dos Caminhos de Ferro noticiou que a estação já tinha sido equipada com um sistema de iluminação eléctrica.[12] Em 1 de Julho de 1926, a Gazeta referiu que já tinha sido aberto o concurso para a electrificação entre as estações de Braço de Prata e do Rossio; esta obra, cuja duração se previa em quatro ou cinco anos, visava reduzir o incómodo proveniente da passagem de locomotivas a vapor pelo Túnel do Rossio.[13] No mesmo número, também informou que a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses tinha deixado de fazer a recepção de remessas de peixe em grande velocidade em Santa Apolónia, de forma a descongestionar aquela estação, tendo esse serviço passado a ser feito em Alcântara-Terra.[14] Como os apeadeiros ao longo da Linha de Cintura não aceitavam expedições ordinárias, o peixe para ser expedido a partir dessa zona devia passar a ser apresentado em Braço de Prata.[14] A estação deveria continuar o seu serviço normal de recepção de remessas de peixe em grande velocidade, mas que podiam ser expedidos apenas para as estações e apeadeiros no lanço entre Olivais e Entroncamento.[14]
Em 16 de Novembro de 1927, a Gazeta noticiou que um novo sistema de sinalização, que tinha sido recentemente instalado na gare de Braço de Prata, iria ser aplicado pela C. P. noutras estações de grande movimento.[15]
Em 1939, a C. P. fez grandes obras de reparação no caminho de acesso à gare de Braço de Prata.[16]
Por ocasião do Exposição do Mundo Português, em 1940, a C.P. criou vários comboios especiais desde Sacavém até Belém, que também serviam a estação de Braço de Prata.[17] Em 16 de Setembro daquele ano, a Gazeta relatou que a C. P. estava a preparar a criação de corpos de bombeiros em várias estações, incluindo a de Braço de Prata.[18]
Na década de 1950, a C.P. iniciou um programa de modernização da Linha do Norte e das redes suburbanas de Lisboa e do Porto, que englobava a electrificação e duplicação de via, e a instalação de novos equipamentos de sinalização.[19] Em 1 de Maio de 1952, a Gazeta informou que estava a ser estudada a electrificação da Linha do Norte entre Santa Apolónia e o Entroncamento.[20] Este lanço fazia parte da primeira fase do programa de modernização, em conjunto com a totalidade da Linha de Cintura e a concordância de Xabregas.[19] Em 1 de Fevereiro de 1955, a Gazeta dos Caminhos de Ferro relatou que já se tinham iniciado as obras de duplicação entre as estações de Braço de Prata e Santa Apolónia.[21]
Em 1955, Braço de Prata e Vila Nova de Gaia eram as estações com maior número de ramais particulares na rede portuguesa, contando cada uma com oito ramais.[22] Um diploma do Ministério das Comunicações, emitido em 28 de Dezembro desse ano e publicado no Diário do Governo n.º 3, II Série, de 4 de Janeiro de 1956, aprovou o projecto da C.P. para a ampliação e modificação da gare de Braço de Prata, o que incluiu a expropriação de duas parcelas de terreno no lado esquerdo da Linha do Norte, entre os PK 4+075 e PK 4+374.[23]
Em 28 de Outubro de 1956, foi inaugurada a tracção eléctrica no lanço entre Santa Apolónia e o Carregado.[24] Para a cerimónia, foi organizado um comboio especial neste troço, e um desfile de material circulante.[24]
Referências literárias
[editar | editar código-fonte]No Guia de Portugal de 1924, é descrita a estação de Braço de Prata e a paisagem em redor:
- 11 km. Braço de Prata (D.), entr. da linha de Santa Apolónia. À dir. da linha as fábricas e armazéns deste bairro industrial da cid.— PROENÇA, Raúl e DIONÍSIO, Santana, Guia de Portugal, p. 588
Ver também
[editar | editar código-fonte]- Comboios de Portugal
- Infraestruturas de Portugal
- Transporte ferroviário em Portugal
- História do transporte ferroviário em Portugal
Referências
- ↑ a b (I.E.T. 50/56) 56.º Aditamento à Instrução de Exploração Técnica N.º 50 : Rede Ferroviária Nacional. IMTT, 2011.10.20
- ↑ Diretório da Rede 2021. IP: 2019.12.09
- ↑ a b c Diretório da Rede 2024. I.P.: 2022.12.09
- ↑ «Cálculo de distância pedonal (38,74711; −9,10280 → 38,74583; −9,10470)». OpenStreetMaps / GraphHopper. Consultado em 10 de setembro de 2023: 399 m: desnível acumulado de +2−12 m
- ↑ Horários Sintra | Lisboa | Azambuja («Em vigor desde 11 de dezembro de 2022»)
- ↑ TORRES, Carlos Manitto (1 de Janeiro de 1958). «A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 70 (1681). p. 9-12. Consultado em 20 de Julho de 2015
- ↑ LOURENÇO, 1995:49
- ↑ «Efemérides» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 51 (1225). 1 de Janeiro de 1939. p. 43-48. Consultado em 20 de Julho de 2015
- ↑ TORRES, Carlos Manitto (16 de Janeiro de 1958). «A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 70 (1682). p. 61-64. Consultado em 20 de Julho de 2015
- ↑ «Linhas Portuguezas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 15 (352). 16 de Agosto de 1902. p. 251. Consultado em 31 de Maio de 2010
- ↑ CUSTÓDIO e MATA, 2010:80
- ↑ «Efemérides» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 51 (1231). 1 de Abril de 1939. p. 202-204. Consultado em 20 de Julho de 2015
- ↑ «Linhas Portuguesas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 39 (925). 1 de Julho de 1926. p. 208. Consultado em 31 de Maio de 2010
- ↑ a b c «Viagens e Transportes» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 39 (925). 1 de Julho de 1926. p. 206. Consultado em 31 de Maio de 2010
- ↑ «Efemérides» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 51 (1235). 1 de Junho de 1939. p. 281-284. Consultado em 20 de Julho de 2015
- ↑ «O que se fez em Caminhos de Ferro em 1938-39» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 52 (1266). 16 de Setembro de 1940. p. 638-639. Consultado em 28 de Fevereiro de 2018
- ↑ «Horário dos combóios especiais para a Exposição» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 52 (1266). 16 de Setembro de 1940. p. 623. Consultado em 28 de Fevereiro de 2018
- ↑ «Vida Ferroviária» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 52 (1266). 16 de Setembro de 1940. p. 644. Consultado em 28 de Fevereiro de 2018
- ↑ a b «Electrificação de algumas linhas da rede da C. P.» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 67 (1610). 16 de Janeiro de 1955. p. 427-428. Consultado em 28 de Fevereiro de 2018
- ↑ «Electrificação da via férrea em Portugal» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 65 (1545). 1 de Maio de 1952. p. 84. Consultado em 20 de Julho de 2015
- ↑ «O tráfego de longo curso vai passar a fazer-se, dentro de algumas semanas, da estação de Santa Apolónia» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 67 (1611). 1 de Fevereiro de 1955. p. 442. Consultado em 28 de Fevereiro de 2018
- ↑ VALENTE, Rogério Torroais (1 de Outubro de 1955). «Os ramais particulares da rede ferroviária portuguesa» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 68 (1627). p. 341-344. Consultado em 28 de Fevereiro de 2018
- ↑ «Parte Oficial» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 68 (1636). 16 de Fevereiro de 1956. p. 111. Consultado em 28 de Fevereiro de 2018
- ↑ a b REIS et al, 2006:125
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- CUSTÓDIO, Jorge; MATA, Luís (2010). Santarém: Roteiros Republicanos. Col: Roteiros Republicanos. Matosinhos: Quidnovi, Edição e Conteúdos, S. A. e Comissão Nacional para as Comemorações do Centenário da República. 128 páginas. ISBN 978-989-554-734-0
- LOURENÇO, António Dias (1995). Vila Franca de Xira: Um concelho do país. Vila Franca de Xira: Câmara Municipal de Vila Franca de Xira. 284 páginas
- PROENÇA, Raúl; DIONÍSIO, Santana (1991) [1924]. Guia de Portugal: Generalidades, Lisboa e arredores. Col: Guia de Portugal. Volume 1 de 5 3.ª ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. 696 páginas. ISBN 972-31-0544-6
- REIS, Francisco; GOMES, Rosa; GOMES, Gilberto; et al. (2006). Os Caminhos de Ferro Portugueses 1856-2006. Lisboa: CP-Comboios de Portugal e Público-Comunicação Social S. A. 238 páginas. ISBN 989-619-078-X