Governadores da Gália na República Romana
Esta é uma lista dos governadores da Gália na República Romana. O termo "governador" é utilizado nesta lista para abranger todos os cargos e funções cujo detentor tinha a responsabilidade de administrar uma determinada área geográfica, incluindo magistrados (cônsul, pretor, ditador) e promagistrados (procônsul, propretor), no caso deste artigo, a Gália Cisalpina (o norte da Itália) e a Gália Transalpina (o sul da França, também incorretamente chamada de Gália Narbonense, um termo posterior e reservado para uma província menor com capital em Narbo)[1]. O termo romano Gallia também era utilizado nesta época para fazer referência à Gália mais ampla, ainda independente do controle romano e que abrangia o resto da França, a Bélgica e partes da Holanda e da Suíça, geralmente chamado de Gália Comata[a] e incluía regiões também conhecidas como Céltica (Κελτική em Estrabão e outras fontes gregas), Gália Aquitânia, Gália Bélgica e Armórica. Para os romanos, esta Gália ampla era uma entidade vasta e vagamente definida cuja característica principal eram os seus habitantes, os celtas, definidos, por sua vez, por sua cultura distinta e por suas línguas de origem comum.
O termo latino "provincia" originalmente se referia à tarefa a ser realizada por um oficial ou à região geográfica na qual este oficial tinha a responsabilidade de atuar e autoridade (em latim: imperium) para fazê-lo. O segundo caso era o padrão, mas entre os exemplos do primeiro estão a Guerra de Pompeu contra os piratas e a Cura annonae, a responsabilidade pelo suprimento de cereais de Roma, duas "provinciae" sem uma fronteira geográfica definida. Um outro ponto importante é que uma "provincia" definida geograficamente nem sempre implicava na anexação deste território ao território da República, como foi o caso do comando de Júlio César sobre a Gália na década de 50. Este tipo de administração provincial ocorria geralmente depois de uma guerra e só depois que a região era pacificada que uma província formal era criada, geralmente para ser governada por um promagistrado[2].
Primeiras guerras republicanas contra os gauleses
[editar | editar código-fonte]As relações romano-celtas começaram durante um período de expansionismo gaulês para a península Itálica, especialmente com a captura de Roma pelos gauleses sênones em 387 a.C. (ou 390 a.C.) e o suspeito e afortunado resgate da cidade por Marco Fúrio Camilo depois que os romanos já tinham se rendido[3]. Nos duzentos anos seguintes, os gauleses aparecem nas fontes romanas como aliados dos etruscos e samnitas contra Roma e também como invasores. As batalhas ocorriam em território romano e no etrusco, geralmente com a participação das tribos itálicas que mais tarde seria aliadas de Roma ("sócios"), por vontade própria ou obrigadas a lutar. A captura pelos romanos da fortaleza sênone de Senigália, em 283 a.C., levou a um período de quase cinquenta anos de relações pacíficas entre romanos e celtas.
Como os únicos inimigos estrangeiros a terem tomado a cidade de Roma, os gauleses representavam a "ameaça celta" que assombrou a imaginação romana por mais de trezentos anos, especialmente no século III[4]. Cícero conseguiu difamar Catilina em 63 a.C. acusando-o de conspirar para derrubar o governo romano em aliança com os gauleses[5][6]. O medo e o temor de uma inferioridade militar engendrada pelos gauleses depois do saque de Roma marcou para sempre a "política externa"[7] e na mitologia romana como uma missão sem fim para assegurar uma crescente periferia para proteger a capital. Em sua guerra contra os gauleses e na invasão da Britânia, César, como procônsul, se apresentava como resolvendo uma antiga rixa que os romanos estavam dispostos a levar, literalmente, até o fim do mundo[8][9].
Ditadores e a Itália celta
[editar | editar código-fonte]A tabela seguinte mostra os primeiros comandantes militares republicanos na guerra contra os gauleses na península Itálica. Estes homens recebiam o imperium como cônsul e pretores, os mais altos cargos eletivos da magistratura romana, e também por ditadores.
Ano | Nome | Cargo | Nota |
---|---|---|---|
390 (ou 387) a.C. | Marco Fúrio Camilo | ditador | Versões contraditórias existem sobre o saque de Roma pelos gauleses; em uma delas, Camilo consegue a vitória no último instante e celebra um triunfo; em outra, o triunfo é bloqueado pelos tribunos da plebe[10]. |
367 a.C. | Marco Fúrio Camilo | ditador | Novamente triunfou sobre os gauleses que haviam chegaram até o rio Ânio, no Lácio[11]. |
361 a.C. | Tito Quíncio Peno Capitolino Crispino | ditador | Celebrou um triunfo sobre os gauleses por uma batalha perto do rio Ânio, famosa[12] pelo episódio no qual Tito Mânlio Torquato recebeu seu cognome em combate singular[13]. |
360 a.C. | Quinto Servílio Aala | ditador | Derrotou as forças gaulesas perto da Porta Colina[14][15]. |
360 a.C. | Caio Petélio Libo Visolo | cônsul | Deu seguimento à vitória de Aala com uma outra em Tibur, que havia se aliado aos gauleses, e celebrou um triunfo[16][15][17]. |
359 a.C. | Caio Sulpício Pético | ditador | Triunfou sobre os gauleses, que haviam chegado até Preneste e Pedum[18][19]. |
349 a.C. | Lúcio Fúrio Camilo | cônsul | Vencedor contra os gauleses no Lácio; nesta ocasião, Marco Valério Corvo recebeu seu cognome ao derrotar um gaulês em combate com a ajuda de um corvo[20]. |
332 a.C. | Marco Papírio Crasso | ditador | Nomeado ditador pelo temor de uma invasão gaulesa que não ocorreu[21][22]. |
295 a.C. | Quinto Fábio Máximo Ruliano | cônsul | Co-comandante na Batalha de Sentino contra uma força de samnitas, gauleses e etruscos; com a morte de seu colega cônsul, triunfou com esta vitória[23][24]. |
295 a.C. | Públio Décio Mus | cônsul | Co-comandante na Batalha de Sentino contra uma força de samnitas, gauleses e etruscos; realizou o ritual de devotio e sacrificou-se em combate[25][24]. |
283 a.C. | Públio Cornélio Dolabela | cônsul | Lutou contra os sênones e arrasou seu território; destruiu completamente um exército combinado de gauleses e etruscos na Batalha do Lago Vadimo[26][27] |
283 a.C. | Cneu Domício Calvino Máximo | cônsul | Derrotou os sênones na Etrúria enquanto Dolabela destruía o território deles; possivelmente celebrou um triunfo[28][27] |
283 a.C. | Lúcio Cecílio Metelo Denter | pretor | Derrotado e morto na Batalha de Arrécio pelos sênones[29][27] |
283 a.C. | Mânio Cúrio Dentato | pretor sufecto | Sucedeu Cecílio Metelo e expulsou os gauleses; uma colônia foi criada na cidade sênone de Senigália no território recém-ocupado, Campo Gálico[30][27] |
282 a.C. | Quinto Emílio Papo | cônsul | Derrotou uma força aliada de etruscos e boios no norte da Itália[31][32] |
Anexação da Gália Cisalpina
[editar | editar código-fonte]Gália Transalpina
[editar | editar código-fonte]O termo latino "Gallia Transalpina" à princípio podia se referir de forma ampla à "Gália do outro lado dos Alpes", mas, depois da conquista costa mediterrânea da Gália na década de 120 a.C., ele passou a especificar a província romana formada a partir do território conquistado ("Provincia nostra", que significa "nossa província"; daí o nome moderno da região, Provence). Como o termo "Transalpina" já tinha um histórico de uso neste sentido mais amplo, a nova província com frequência era chamada de "Narbonense", uma referência à sua capital, Narbo. A criação da província transalpina é geralmente datada na época das vitórias militares de Cneu Domício Enobarbo e Quinto Fábio Máximo Alobrógico sobre os arvernos e alóbroges na década de 120 e da refundação de Narbo como uma colônia romana em 118 a.C.. Evidências são raras, porém, de que a Transalpina tenha sido designada como província nos quinze anos seguintes, quando a Guerra Címbria praticamente obrigou os romanos a tomarem uma ação. É possível que não tenha havido nenhuma administração antes das vitórias de Caio Mário em 101 a.C.. O registro dos promagistrados responsáveis pela Transalpina também é fragmentário até a década de 60, com poucas exceções, como o mandato de Caio Valério Flaco entre 85 e 81 a.C., um dos mais longos conhecidos na região.
Durante o período republicano, a Cisalpina e a Transalpina frequentemente foram governadas em conjunto. Júlio César, por exemplo, recebeu o comando de ambas e, nos seus cinco anos de mandato, ele dividiu seu tempo entre campanhas militares na Transalpina[b] e tarefas administrativas na Cisalpina durante os invernos[c]. Um fator importante na obsessão romana para controlar o sul da Gália inicialmente foi o desejo de assegurar uma rota terrestre segura até a península Ibérica ("Hispânia")[33]. A Hispânia Citerior e a Hispânia Ulterior já vinham sendo administradas como províncias desde 197 a.C. como resultado da Segunda Guerra Púnica[34].
Na tabela seguinte, quando um governador é listado para a Cisalpina apenas, é possível que ele também tenha governado a Transalpina na ausência de um outro oficial conhecido e vice-versa; algumas vezes, a Hispânia Citerior e a Transalpina foram governadas em conjunto. Fatores políticos e militares determinavam se e como estas nomeações provinciais eram combinadas, incluindo mudanças nas alianças entre os governados, considerações estratégicas durante as Guerra Social e as guerras civis, a disponibilidade de administradores e comandantes competentes e, finalmente, a competição para manter o balanço de poder entre a elite romana. Depois da guerra civil da década de 40, "Narbonense" parece ter se estabelecido como termo para designar a província no sul da Gália enquanto "Transalpina" passou a designar os novos territórios conquistados por Júlio César e organizados em províncias mais tarde por Augusto.
Governadores gálicos entre 125 e 42 a.C.
[editar | editar código-fonte]Ano | Província | Nome | Notas |
---|---|---|---|
125–123 a.C. | Transalpina | Marco Fúlvio Flaco | Como cônsul, enviou ajuda a Massília contra os lígures, salúvios e vocôncios; continuou como procônsul em 124 a.C.; no ano seguinte celebrou um triunfo[35][36] |
123–122 a.C. | Transalpina | Caio Sêxtio Calvino | Procônsul; depois de expulsar os gauleses da costa a leste de Massília, devolveu o território aos massilienses; fundou Água Sêxtia; triunfou sobre os lígures, salúvios e vocôncios[37][38] |
122–120 a.C. | Transalpina | Cneu Domício Enobarbo | Como cônsul, encerrou a guerra contra os salúvios; enfrentou os arvernos e os alóbroges e continuou como procônsul; celebrou um triunfo sobre os arvernos em 120; começou a construção da Via Domitia[39][40] |
121–120 a.C. | Transalpina | Quinto Fábio Máximo Alobrógico | como cônsul, se juntou a Domício; derrotou os alóbroges, o que lhe valeu o cognome "Alobrógico"; derrotou os rutenos e os arvernos, capturando o rei Bituito; como procônsul celebrou um triunfo em 120 a.C. sobre os alóbroges e arvernos[41][42] |
116 a.C. | Cisalpina | Lúcio Cecílio Metelo Diademado (?) | possivelmente foi o procônsul na Gália que demarcou as fronteiras entre Patávio e Ateste[43][44] |
115 a.C. | "Gália" | Marco Emílio Escauro | Celebrou um triunfo sobre os gauleses e lígures[45][46] |
109–108 a.C. | "Gália" | Marco Júnio Silano | Em 104 a.C., foi julgado e absolvido por incompetência por sua derrota (como cônsul) para os cimbros na Gália[47][48] |
107 a.C. | Transalpina | Lúcio Cássio Longino | Como cônsul, avançou a guerra contra os volcos perto de Tolosa, mas foi derrotado e morto pelos tigurinos[49][50] |
106–105 a.C. | Transalpina | Quinto Servílio Cepião | Como cônsul, atacou os volcos tectósages; em Tolosa, capturou o tesouro sagrado deles, "que desapareceu em circunstâncias suspeitas enquanto era transportado até Massília para ser enviado a Roma"[51]; como procônsul, se recusou a cooperar com Málio (ver o seguinte) e liderou seu exército na desastrosa derrota da Batalha de Aráusio contra os cimbros e seus aliados; processado pelo tribuno da plebe Caio Norbano (provavelmente em 103 a.C.), foi condenado, preso, libertado pelo tribuno Lúcio Regino e seguiu para o exílio em Esmirna[52] |
105 a.C. | Transalpina | Cneu Málio Máximo | Por falta de cooperação com Cepião (ver anterior), acabou derrotado por cimbros e teutões na desastrosa Batalha de Aráusio; mesmo tendo perdido seu filho (que era um legado), foi processado e condenado ao exílio em 103 a.C.[53][54] |
104 a.C. | Transalpina | Caio Flávio Fímbria | Assumiu o comando na Gália da guerra contra os cimbros e seus aliados; eleito cônsul in absentia; não se conhecem os seus atos, mas sabe-se que foi processado e absolvido[55][56] |
102–101 a.C. | Transalpina | Caio Mário | Como cônsul (nos dois anos), derrotou os teutões e os ambrões em duas batalhas perto de Água Sêxtia em 102; eleito cônsul novamente in absentia; recusou um triunfo em sua homenagem para se juntar a Cátulo (ver seguinte); derrotou os cimbros em 101 na Batalha de Vercelas; celebrou um triunfo por ambas as vitórias[57] |
102–101 a.C. | Cisalpina | Quinto Lutácio Cátulo | Assumiu o comando na Itália contra os cimbros; recuou para além do Pó deixando posições fortificadas ao longo do Adige em 102 a.C.; juntou forças com Mário (ver anterior) em 101 a.C. como procônsul para derrotar os cimbros na Batalha de Vercelas; triunfou com Mário; construiu o Pórtico de Cátulo com o butim[58] |
95 a.C. | Cisalpina | Quinto Múcio Cévola Pontífice | Seu triunfo por sua vitória contra os piratas foi vetado (um fato raro) por seu colega Lúcio Licínio Crasso (ver seguinte); renunciou a sua província[59][60][61] |
94 a.C. | "Gália", provavelmente a Cisalpina | Lúcio Licínio Crasso | Procônsul[62][63] |
91 a.C. | Narbonense | Marco Pórcio Catão | Morreu em sua província[64][65] |
85?–81 a.C. | Cisalpina (?), Transalpina | Caio Valério Flaco | Governou a Hispânia Citerior e, possivelmente, a Ulterior também a partir de 92 a.C.; estava "firmemente instalado" na Transalpina em 85 a.C., possivelmente antes, sem necessariamente ter entregado a Hispânia; possivelmente também governador da Cisalpina. |
78 a.C. | Transalpina | Lúcio Mânlio | Derrotado em batalhas contra as forças de Quinto Sertório em sua província e na Hispânia[66][67] |
77 a.C. | Transalpina | Marco Emílio Lépido | Designado procônsul, mas pode nem ter entrado em sua província antes de morrer na Sardenha[68][69] |
74–73 a.C. | Cisalpina | Caio Aurélio Cota | Morreu no final de 74 ou início de 73 a.C. quando se preparava para celebrar um triunfo[70][71]. |
77?/74?–74?/72? a.C. | Transalpina | Marco Fonteio | Pretor em 75 a.C.; governador por três anos, provavelmente propretor; acusado pelos gauleses de extorsão, foi defendido com sucesso por Cícero[72][73] |
72 a.C. | Cisalpina | Caio Cássio Longino | Procônsul derrotado por Espártaco em Mutina[74][75] |
67–65 a.C. | Cisalpina, Transalpina | Caio Calpúrnio Pisão | Designado comandante proconsular de ambas as Gálias para esmagar uma revolta entre os alóbroges; acusado em 63 de extorsão pelos transpadanos[76][77] |
64–início de 63 a.C. | Transalpina | Lúcio Licínio Murena | Retornou para Roma antes do final de seu mandato para concorrer ao consulado e deixou seu irmão no comando e Públio Clódio Pulcro para ajudá-lo[78][79] |
62 a.C. | Cisalpina | Quinto Cecílio Metelo Céler | Procônsul[80][81]; Pretor em 63 a.C., lutou contra as forças de Catilina; Caio Antônio Híbrida, que era cocônsul com Cícero neste mesmo ano, recusou a Cisalpina e manipulou o processo de sorteio (sortitio) para ficar com a Macedônia para si e deixar a Cisalpina para Céler[82] |
62–60 a.C. | Transalpina | Caio Pontino | Sufocou mais uma revolta entre os alóbroges; em 59, Públio Vatínio, como tribuno da plebe, bloqueou suas tentativas de ter essas vitórias na Gália premiadas com um triunfo, que ele só conseguiu celebrar em 54 a.C.[83] |
60 a.C. | Transalpina | Quinto Cecílio Metelo Céler | Morreu em Roma antes de assumir seu mandato proconsular[84]. |
59 a.C. | Cisalpina | Lúcio Afrânio | Nomeado governador proconsular, mas é possível que não tenha assumido o posto[85]. |
58–47 a.C. | Transalpina, Cisalpina[d] | Júlio César | Mandato de cinco anos de acordo com a Lex Vatinia, renovado em 55 a.C. pela Lex Pompeia Licinia; a data final estabelecida por esta última é tema de debates[86]; seja qual for, em algum momento em 49 a.C., sua recusa em devolver sua província tornou-se inquestionavelmente um desafio à lei. |
49 a.C. | Cisalpina | Marco Consídio Noniano | Designado propretor para suceder o rebelde Júlio César[87][88] |
49 a.C. | Transalpina | Lúcio Domício Enobarbo | Designado para suceder César como procônsul, mas foi capturado por ele logo no começo da guerra civil[89]. |
48–46 a.C. | Transalpina | Décimo Júnio Bruto Albino | Colocado no comando por César, provavelmente como legado propretor; em 46 a.C., sufocou uma "revolta" dos belóvacos na Gália Bélgica, que não foi formalmente organizada como uma província na época; serviu com distinção sob César durante as Guerras Gálicas[90]. |
46–primavera de 45 a.C. | Cisalpina | Marco Júnio Bruto | Colocado no comando por César, provavelmente como legado propretor[91][92]. |
45 a.C. | Transalpina | Aulo Hírcio | Especificamente incluindo a Narbonense[93][94]. |
45–início de 44 a.C. | Cisalpina | Caio Víbio Pansa Cetroniano|[95][96] | |
44–43 a.C. | Narbonense; Hispânia Citerior | Marco Emílio Lépido | Procônsul nomeado por César[97][98] |
44–43 a.C. | Transalpina | Lúcio Munácio Planco | Nomeado por César como procônsul, excluindo a Narbonense[99][100] |
44–43 a.C. | Cisalpina | Décimo Júnio Bruto Albino | Nomeado procônsul por César antes de seu assassinato (do qual Bruto participou), assumiu seu posto no começo de abril e defendeu-o militarmente; aclamado imperator por suas vitórias contra as tribos alpinas; defendeu sua província contra Marco Antônio na Guerra de Mutina, onde ficou cercado durante o inverno; preso em nome de Antônio e executado por um líder celta[101]. |
44–42 a.C. | Cisalpina, Transalpina | Marco Antônio | Procônsul a partir de 1 de junho de 44 a.C., provavelmente para um mandato de cinco anos[102]. |
Final do período republicano
[editar | editar código-fonte]Durante o tumultuado período que se seguiu ao assassinato de Júlio César e que marcou a ascendência do Segundo Triunvirato, a Gália passou pela mão de vários comandantes até que finalmente Marco Vipsânio Agripa chegou à região como procônsul, em 39 a.C., para pacificar a região. Depois disto, Broughton não lista mais nenhum governador até 31 a.C., data do final de sua obra. Augusto começou a reorganizar a Gália Transalpina e seus territórios recém-conquistados em províncias em 27 a.C.[103].
Notas
[editar | editar código-fonte]- ↑ "Gallia Comata" é geralmente traduzido como "Gália Peluda", um termo que soa pejorativo, mas que é uma referência à preferência dos celtas por cabelos e barbas compridos em contraste com os sempre barbeados romanos.
- ↑ "Transalpina" no sentido amplo; com poucas exceções, como algumas escaramuças contra os helvécios em 58 a.C., possivelmente no território dos alóbroges, e as incursões de Vercingetórix em território helvécio em 52 a.C., todos os combates das Guerras Gálicas ocorreram fora do território da Narbonense.
- ↑ César foi também procônsul da Ilírico simultaneamente e a Cisalpina era um ponto central entre seus domínios.
- ↑ E Ilírico.
Referências
- ↑ Esta lista se baseia primordialmente em A.L.F. Rivet, Gallia Narbonensis: Southern France in Roman Times (London, 1988), pp. 39–53, e Charles Ebel, Transalpine Gaul: The Emergence of a Roman Province (Brill, 1976); entre outras fontes, E. Badian, “Notes on Provincia Gallia in the Late Republic,” in Mélanges d'archéologie et d'histoire offerts à André Piganiol (Paris, 1966), vol. 2; J.F. Drinkwater, Roman Gaul: The Three Provinces, 58 B.C.–A.D. 260 (Cornell University Press, 1983), pp. 1–34; e Christian Goudineau, César et la Gaule (Paris: Errance, 1990). Informações não citadas nas porções não-tabulares deste artigo representam um consenso entre estes autores.
- ↑ John Richardson, "The Administration of the Empire," in The Cambridge Ancient History (Cambridge University Press, 1994), vol. 9, pp. 564–565 online et passim, especially p. 580.
- ↑ On the manipulation of the story, see J.H.C. Williams, "Myth e History II: The Sack of Rome," in Beyond the Rubicon: Romans e Gauls in Republican Italy (Oxford University Press, 2001), pp. 140–184, limited preview online, p. 141.
- ↑ Briggs L. Twyman, “Metus gallicus: The Celts e Roman Human Sacrifice,” Ancient History Bulletin 11 (1997) 1–11.
- ↑ Cícero, In Catilinam 3.4 e 9
- ↑ Williams, Beyond the Rubicon, pp. 92 e 177–179; E.G. Hardy, "The Catilinarian Conspiracy in Its Context: A Re-Study of the Evidence," Journal of Roman Studies 7 (1917), pp. 199–221: (p. 220).
- ↑ The Hellenistic World e the Coming of Rome (University of California Press, 1984), p. 203 online.
- ↑ Williams, Beyond the Rubicon, see P.C.N. Stewart, “Inventing Britain: The Roman Creation e Adaptation of an Image,” Britannia 26 (1995) 1–10
- ↑ Ralf Urban, Gallia rebellis: Erhebungen in Gallien im Spiegel antiker Zeugnisse (Franz Steiner Verlag, 1999), Historia 129.
- ↑ MRR1 p. 95.
- ↑ MRR1 p. 113.
- ↑ MRR1 pp. 119–120, nota 3.
- ↑ MRR1 p. 119; MRR2 p. 611.
- ↑ Lívio, Ab Urbe Condita 7.11.5–7, 9
- ↑ a b MRR1 p. 120.
- ↑ Lívio, Ab Urbe Condita 7.11.4, 7–9; Acta Triumphalia, Degrassi 68f., 540
- ↑ Brennan, Praetorship, pp. 39–40 online.
- ↑ Lívio, Ab Urbe Condita 7.12.9–15.8; Acta Triumphalia Degrassi 68f., 540; Frontino, Estratagemas 2.4.5; Apiano, Guerras Celtas 1; Eutrópio 2.5.2; Auctor, De viris illustribus 28; Paulo Orósio 3.6.2
- ↑ MRR1 p. 121.
- ↑ MRR1 p. 129–130.
- ↑ Lívio, Ab Urbe Condita 8.17.6–7
- ↑ MRR1 p. 141.
- ↑ Lívio, Ab Urbe Condita 10.24–30
- ↑ a b MRR1 p. 177.
- ↑ Lívio, Ab Urbe Condita 10.26–30
- ↑ Dionísio de Halicarnasso, Antiguidades Romanas 19.12.2; Floro 1.8.21; Apiano, Guerras Samnitas 6 e Guerras Celtas 11; Dião Cássio, História Romana frg. 38; Eutrópio 2.10; Paulo Orósio 3.22.12–13
- ↑ a b c d MRR1 p. 188.
- ↑ Apiano, Guerras Celtas 11
- ↑ Políbio, Histórias 2.19.8; Lívio, Ab Urbe Condita, Periochae 12; Paulo Orósio 3.22.13–14
- ↑ Políbio, Histórias 2.19.9–12
- ↑ Políbio, Histórias 2.20; Frontino, Estratagemas 1.2.7
- ↑ MRR1 p. 189.
- ↑ Dáithí Ó hÓgáin, "Celtiberia e Cisalpine Gaul," in The Celts: A History (Boydell Press, 2003), pp. 72ff.
- ↑ Andrew Lintott, Imperium Romanum, p. 6.
- ↑ Lívio, Ab Urbe Condita, Periochae 60; Apiano, Guerra Civil 1.34; Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Caio Graco 15.1, 18.1; Acta Trimphalia; Júlio Obsequente 30; Veleio Patérculo 2.6.4
- ↑ MRR1 pp. 510, 512, 514–515.
- ↑ Lívio, Ab Urbe Condita, Periochae 61; Estrabão, Geografia 4.1.5; Veleio Patérculo 1.15.4
- ↑ MRR1 pp. 515, 518.
- ↑ Cícero, Pro Fonteio 18; Floro 1.37.4–6; Eutrópio 4.22; Lívio, Ab Urbe Condita, Periochae 61; Veleio Patérculo 2.10.2 e 39.1; Estrabão, Geografia 4.2.3; Valério Máximo, Nove Livros de Feitos e Dizeres Memoráveis 9.6.3; Apiano, Guerras Celtas 12; Suetônio, Vidas dos Doze Césares, Nero 1.2 e 2; Acta Triumphalia for 120; Orósio 5.13.2; Jerônimo, Chronicon ad annum 127
- ↑ MRR1 pp. 516, 522, 524.
- ↑ Cícero, Pro Fonteio 36; Júlio César De Bello Gallico 1.45.2; Floro 1.37.4–6; Eutrópio 4.22; Lívio, Ab Urbe Condita, Periochae 61; Estrabão, Geografia 4.1.11; Apiano, Guerras Celtas 12; Veleio Patérculo 2.10.2–3 e 39.1; Valério Máximo, Nove Livros de Feitos e Dizeres Memoráveis 3.5.2, 6.9.3–4 e 9.6.3; Suetônio, Vidas dos Doze Césares, Nero 2; Plínio, História Natural 7.166 e 33.141; Amiano Marcelino 15.12.5; Pseudo-Ascônio 211 Stangl; Acta Triumphalia Degrasi 82f., 560
- ↑ MRR1 pp. 520–521, 524.
- ↑ CIL 12.2.633, 634, 2501; esta inscrição, porém, pode ser uma referência a Lúcio Cecílio Metelo Calvo, que foi cônsul em 142 a.C.
- ↑ MRR1 p. 530.
- ↑ Acta Triumphalia Degrassi 84f., 561; Frontino, Estratagemas 4.3.13
- ↑ MRR1 p. 531.
- ↑ Cícero, Corn. em Ascônio 68 e 80C, Div. in Caec. 67, In Verrem 2.2.118; Lívio, Ab Urbe Condita, Periochae 65; Veleio Patérculo 2.12.2; Floro 1.38.4
- ↑ MRR1 pp. 545, 549.
- ↑ Júlio César De Bello Gallico 1.7.4, 12.5–7, 13.2, 14.3; Lívio, Ab Urbe Condita, Periochae 65; Tácito, Germânia 37; Apiano, Guerras Celtas 1.3; Paulo Orósio 5.15.23–24
- ↑ MRR1 p. 550.
- ↑ Broughton, MRR1 p. 553.
- ↑ MRR1 pp. 557, 563–564, 566 (nota 8).
- ↑ Lívio, Ab Urbe Condita, Periochae 67; Cícero, De Oratore 2.125; Floro 1.38.4; Grânio Liciniano 17B e 21B; Dião Cássio, História Romana 27, frg. 91.1–4; Eutrópio 5.1.1; Paulo Orósio 5.16.1–7 citando Valério Antias frg. 63 (Peter)
- ↑ MRR1 p. 555.
- ↑ Cícero, Leg. Man. 60, Prov. Cons. 19 e 32; Salústio, Guerra de Jugurta 114.3; Lívio, Ab Urbe Condita, Periochae 67; Veleio Patérculo 2.12.1–2
- ↑ MRR1 p. 558.
- ↑ MRR1 pp. 567, 570–571.
- ↑ MRR1 pp. 567, 570–571, 572.
- ↑ Cícero, Inv. 2.111, In Pisonem 62 e Ascônio 15C; Valério Máximo, Nove Livros de Feitos e Dizeres Memoráveis 3.7.6
- ↑ MRR2 p. 11
- ↑ J.P.V.D. Balsdon in Classical Review 51 (1937) 8–10.
- ↑ Valério Máximo, Nove Livros de Feitos e Dizeres Memoráveis 3.7.6
- ↑ MRR2 p. 13
- ↑ Aulo Gélio 13.20.12
- ↑ MRR2 p. 22.
- ↑ Júlio César, De Bello Gallico 3.20.1; Lívio, Ab Urbe Condita, Periochae 90; Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Sertório 12.4; Paulo Orósio 5.23.4
- ↑ MRR2 p. 87.
- ↑ Salústio, História 1.77.7M; Apiano, Guerra Civil 1.107
- ↑ MRR2 p. 89.
- ↑ Cícero, Bruto 318 e In Pisonem 62; Salústio, História 2.98M; Asconius 14 C
- ↑ MRR2 pp. 103 e 111.
- ↑ Cícero, Pro Fonteio
- ↑ MRR2 pp. 104, 109 (nota 6).
- ↑ Lívio, Ab Urbe Condita, Periochae 96; Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Crasso 9.7; Floro 2.8.10 as P. Cassi; Paulo Orósio 5.24.4
- ↑ MRR2 p. 117.
- ↑ Cícero, Ad Atticum 1.13.2 e 1.1.2, Pro Flacco 98; Salústio, Catilina 49.2; Dião Cássio, História Romana 36.37.2
- ↑ MRR2 pp. 142–143, 154, 159.
- ↑ Cícero, Pro Murena, e Har. Resp. 42
- ↑ MRR2 pp. 163, 169.
- ↑ Cícero, Ad familiares 5.1, 5.2; Cornélio Nepos frg. 7 (Peter) em Plínio, História Natural 2.170; Pompônio Mela 3.45
- ↑ MRR2 p. 176.
- ↑ E.G. Hardy, "The Catilinarian Conspiracy in Its Context," Journal of Roman Studies 7 (1917), pp. 199–200.
- ↑ Cícero, Pro cons. 32; Dião Cássio, História Romana 37.47–48, 39.65.1–2; Lívio, Ab Urbe Condita, Periochae 163; Bóbio Escoliasta 149–150 (Stangl); MRR2 pp. 176, 181; T. Corey Brennan, The Praetorship in the Roman Republic (Oxford University Press, 2000), p. 579 online.
- ↑ MRR2 pp. 182–183.
- ↑ MRR2, p. 182–183.
- ↑ F.E. Adcock, “The Legal Term of Caesar’s Governship in Gaul,” Classical Quarterly 26 (1932) 14–26; C.E. Stevens, “The Terminal Date of Caesar’s Command,” American Journal of Philology 59 (1938) 169–208, e “Britain e the Lex Pompeia Licinia,” Latomus 12 (1953) 14–21; J.P.V.D. Balsdon, “Consular Provinces under the Late Republic: Caesar’s Gallic Command,” Journal of Roman Studies 29 (1939) 167–183; G.R. Elton, “The Terminal Date of Caesar’s Gallic Proconsulate,” Journal of Roman Studies 36 (1946) 18–42; P.J. Cuff, "The Terminal Date of Caesar's Gallic Command," Historia 7 (1958) 445–471; E. Badian, “The Attempt to Try Caesar,” in Polis e Imperium: Studies in Honour of Edward Togo Salmon (Toronto, 1974).
- ↑ Cícero, Ad Atticum 8.11B.2 e Ad familiares 16.12.3
- ↑ MRR2 p. 261.
- ↑ MRR2 pp. 261–262.
- ↑ Lívio, Ab Urbe Condita, Periochae 114; Apiano, Guerra Civil 2.48 e 111.
- ↑ Cícero, Ad familiares 6.6.10 e 13.10–14, Brutus 171, Ad Atticum 12.27.3; Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Bruto 61.6–7; Apiano, Guerra Civil 2.111; chamado incorretamente de procônsul em Auctor, De Viris Illustribus 82.5
- ↑ MRR2 p. 301.
- ↑ Cícero, Ad Atticum 14.9.3 (datada de 17 de abril de 44)
- ↑ MRR2 p. 309.
- ↑ Cícero, Ad Atticum 12.27.3, Ad familiares 15.17.3
- ↑ MRR2 p. 310.
- ↑ Veleio Patérculo 2.63.1; Apiano, Guerra Civil 2.107
- ↑ MRR2 pp. 326, 341.
- ↑ Cícero, Filípicas 3.38, Ad Atticum 15.29.1, e Ad familiares 10.1–5
- ↑ MRR2 p. 329.
- ↑ MRR2 pp. 328 e 347.
- ↑ MRR2 pp. 342–343, 360.
- ↑ Woolf, Becoming Roman, p. 39.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Rivet, A.L.F. (1988). Gallia Narbonensis: Southern France in Roman Times (em inglês). London: [s.n.]
- Ebel, Charles (1976). Transalpine Gaul: The Emergence of a Roman Province (em inglês). [S.l.]: Brill
- Brennan, T. Corey (2000). The Praetorship in the Roman Republic (em inglês). [S.l.]: Oxford University Press
- Lintott, Andrew (1999). The Constitution of the Roman Republic (em inglês). [S.l.]: Oxford University Press
- Broughton, T.R.S. (1986) [1951]. The Magistrates of the Roman Republic (em inglês). 1–3. New York: American Philological Association: os volumes estão abreviados como MRR1, MRR2 e MRR3 respectivamente nas referências.