Batalha de Pago

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Batalha de Pago
Conflitos Luso-Malaios

O rio de Muar
Data 1520
Local Pago, Península Malaia.
Desfecho Vitória do Império Português
Beligerantes
Portugal Império Português
Sultanato de Malaca
Comandantes
António Correia Sultão Mamude
Forças
2 naus, 1 caravela, 2–4 galeotas
150 soldados portugueses
300 auxiliares malaios
100 lancharas
2000 homens.
Baixas
Poucas. Desconhecidas.

A Batalha de Pago foi um confronto armado em 1520, na Península da Malásia, no qual as tropas portuguesas conquistaram o acampamento fortificado do sultão Mamude, antigo senhor de Malaca, que daquele local lançava ataques contra a cidade em mãos dos portugueses.

Contexto[editar | editar código-fonte]

O governador Afonso de Albuquerque conquistou a cidade de Malaca em 1511 mas o sultão Mamude sobrevivera à batalha e fugiu com a sua Corte e exército para Pago. Neste sítio, a montante do rio de Muar, construiu uma base ou acampamento fortificado do qual lançava ataques contra os portugueses em Malaca na mira de recuperar a cidade.[1]

Para enfrentar esta ameaça o governador Lopo Soares de Albergaria enviou para Malaca três navios e 300 soldados comandados por D. Aleixo de Meneses para Malaca e chegaram em Junho de 1518.[1] A foz do Muar foi bloqueada e o sultão pediu de imediato a paz.[1] O inexperiente D. Aleixo aceitou ingenuamente a paz mas quando regressou a Goa com as suas tropas o sultão sitiou Malaca por terra, ao passo que 85 lancharas atacaram a cidade por mar.[1] Não obstante, o sultão Mamude viu-se incapaz de vencer a resistência dos portugueses e passados 17 dias bateu em retirada, tendo sofrido no ataque 600 mortos e os portugueses 15.[1]

A localização do acampamento do sultão e das suas defesas foi denunciada ao capitão de Malaca por um capitão javo, a quem o sultão havia usurpado a mulher para o seu harém.[1] Os portugueses atacaram uma estacada fortificada que o sultão havia construído na foz do rio e capturaram nesta expedição 60 canhões.[1] Quando D. Aleixo chegou a Goa, o governador, posto ao corrente da situação em Malaca, enviou para lá duas naus, uma caravela, um bergantim e 150 soldados comandados por António Correia, e Garcia de Sá, para o posto de novo capitão de Malaca.[2]

Com todos estes reforços, ao fim de alguns meses de combates e escaramuças, em Setembro de 1519 os portugueses lograram obrigar os guerreiros do sultão ainda nas imediações da cidade a fugir para Pago.[2] A 15 de Julho de 1520 o capitão António Correia partiu para atacar a base do sultão em Pago, com 150 soldados portugueses e 300 auxiliares malaios, com uma pequena esquadra de 2 naus, 1 caravela, 2 a 4 galeotas e algumas lancharas de malaios.[2]

A Batalha[editar | editar código-fonte]

caravela portuguesa

Ao subirem o rio de Muar, os portugueses detectaram uma nova estacada construída mais a montante.[2] A estacada foi atacada pela caravela a reboque dos batéis, equipados com arrombadas, paveses e artilharia pesada.[2] Não obstante a resistência dos malaios, que disparavam as suas armas de fogo e lançavam flechas envenenadas, os portugueses tomaram a estacada de assalto e os marinheiros abriram as portas que impediam a passagem dos navios.[2]

As naus e a caravela foram deixadas para trás, de vigia mas mais a montante os portugueses descobriram que o acesso a Pago pelo rio encontrava-se bloqueado por numerosas estacas verticais de madeira, árvores e troncos deitadas na água.[2] Todos estes obstáculos foram laboriosamente retirados do caminho pelas esquipas de carpinteiros, marinheiros e soldados até que os portugueses alcançaram Pago e aqui encontraram o sultão com 2000 homens e elefantes de guerra.[2]

Ainda que António Correia tenha mandado que nenhum soldado se lançasse ao ataque antes de terem todos desembarcado, os seus homens ignoraram esta ordem; com o apoio da artilharia dos navios lançaram-se de imediato ao ataque contra as tropas do sultão, que desbarataram e obrigaram a fugir para o mato após uma breve peleja.[2]

Rescaldo[editar | editar código-fonte]

Lanchara de malaios.

Alguns fidalgos foram armados cavaleiros por António Correia numas certas casas que haviam pertencido ao sultão.[2] Grande quantidade de despojos e cativos foram capturados em Pago, bem como toda a frota do sultão Mamude, que contava com 100 embarcações a remos mas foi toda ela queimada.[2] Dois grandes navios, com proas e popas decoradas a ouro foram levadas para Malaca como troféus de guerra.[2]

Após esta nova derrota em Pago, muitos dos capitães do sultão desertaram e, sem mais frota, partiu para a cidade de Pão, na costa norte da península Malaia e, dali, para a ilha de Bintão, reino que usurpou ao seu rei nativo e de onde continuaria a combater os portugueses.[2]

O ataque a pago ficou registado nos Anais Malaios, crónica oral, que diz o seguinte:

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c d e f g Saturnino Monteiro: Batalhas e Combates da Marinha Portuguesa 1139-1975 volume I, 2013 edition, pp.364-368.
  2. a b c d e f g h i j k l m Saturnino Monteiro: Batalhas e Combates da Marinha Portuguesa 1139-1975 volume I, 2013 edition, pp.378-383
  3. "In a short time the Frangis appeared before Pagar and prepared to attack it. In a few days, Sang Satia died, and Pagoh was taken, and Sultan Ahmed made his retreat, and went up the river to Panarigan. The lame bandahara died, and was buried at Lubu Batu (the stone-plumbs) which is generally termed Bender-Lubu-Batu. After this, Sultan Ahmed, with Sultan Mahmud, returned to Pahang, and Sultan Abdal Jamil received them with great kindness, and conducted him into the city, with a thousand testimonies of respect and honour." em Malay Annals, Longman, Hurst, Rees, Orme, and Brown, 1821, pp.357-358.