Eleições estaduais no Rio Grande do Norte em 1978

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1974 Brasil 1982
Eleições estaduais no  Rio Grande do Norte em 1978
1º de setembro de 1978
(Eleição indireta)
15 de novembro de 1978
(Eleição direta)


Candidato Lavoisier Maia


Partido ARENA


Natural de Catolé do Rocha, PB


Vice Geraldo Melo
Votos 293
Porcentagem 100%

As eleições estaduais no Rio Grande do Norte em 1978 ocorreram sob a égide do Pacote de Abril: em 1º de setembro aconteceu a via indireta e a ARENA elegeu o governador Lavoisier Maia, o vice-governador Geraldo Melo e o senador Dinarte Mariz. A etapa seguinte aconteceu em 15 de novembro a exemplo dos outros estados brasileiros e nisso foi reeleito o senador Jessé Freire e quanto aos oito deputados federais e vinte e quatro estaduais que foram eleitos a ARENA obteve quase todas as cadeiras. Os potiguares residentes no Distrito Federal escolheram seus representantes por força da Lei nº 6.091 de 15 de agosto de 1974.[1][2][nota 1]

Natural de Catolé do Rocha[nota 2] o governador Lavoisier Maia é médico diplomado pela Universidade Federal da Bahia com especialização em Planejamento Hospitalar na Universidade de São Paulo e em ginecologia e obstetrícia pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia[3] e além de dedicar-se à Medicina foi professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Manteve-se fora da vida política até ocupar a Secretaria de Saúde e a Secretaria de Justiça no governo do primo, Tarcísio Maia. Nessa época presidiu a Comissão de Fiscalização Estadual de Entorpecentes do Ministério da Saúde em Natal e o Conselho Diretor do Fundo Estadual de Saúde. Ao ingressar na ARENA foi indicado governador pelo presidente Ernesto Geisel e referendado pela Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte.[4]

O vice-governador eleito foi o jornalista Geraldo Melo. Natural de Campo Grande,[nota 3] cursou a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) e o Centro de Estudos Monetários Latino-Americanos no México, além de cumprir estágios no cumpriu estágios no Banco Interamericano de Desenvolvimento e no Banco Mundial. Ocupou algumas diretorias da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE) quando a mesma foi criada no governo do presidente Juscelino Kubitschek sob a inspiração de Celso Furtado. Quando o governador Aluizio Alves criou a Secretaria de de Planejamento fez de Geraldo Melo seu primeiro titular. Pecuarista e empresário do setor sucroalcooleiro em Ceará-Mirim, filiou-se à ARENA e foi eleito vice-governador potiguar em 1978.[5]

Resultado da eleição para governador[editar | editar código-fonte]

Compareceram ao Colégio Eleitoral do Rio Grande do Norte 311 de seus 324 membros. Numa votação dominada pela ARENA, foram registrados dezoito votos em branco.

Candidatos a governador do estado
Candidatos a vice-governador Número Coligação Votação Percentual
Lavoisier Maia
ARENA
Geraldo Melo
ARENA
-
ARENA (sem coligação)
293
100%
Fontes:[6]
  Eleito

Biografia dos senadores eleitos[editar | editar código-fonte]

Dinarte Mariz[editar | editar código-fonte]

Natural de Serra Negra do Norte, onde foi delegado de polícia, Dinarte Mariz trabalhou como agropecuarista e comerciante após mudar para Caicó e ante o seu apoio a Aliança Liberal foi nomeado prefeito do município após a Revolução de 1930, entretanto foi deposto e preso no Rio de Janeiro por apoiar a Revolução Constitucionalista de 1932. Adversário da Intentona Comunista iniciada em Natal em 23 de novembro de 1935, opôs-se também ao Estado Novo.[7] Filiado à UDN perdeu as eleições para senador em 1945 e 1950, contudo foi eleito em 1954 e em 1955 alcançou o governo estadual com o apoio de Aluizio Alves, com quem romperia anos depois. Reeleito senador em 1962, apoiou o Regime Militar de 1964 filiando-se à ARENA pela qual obteve um novo mandato em 1970 renovado bionicamente em 1978.[8]

Jessé Freire[editar | editar código-fonte]

Em sentido inverso Aluizio Alves foi correligionário de Jessé Freire no PSD e na ARENA, tempo no qual este último foi eleito vereador em Natal em 1950, deputado estadual em 1954 e deputado federal em 1958, 1962 e 1966.[9] Natural de Macaíba e advogado formado na Universidade Federal de Alagoas, Jessé Freire presidiu o comitê brasileiro da Câmara de Comércio Internacional e a seção nacional do Conselho Interamericano de Comércio e Produção. No Rio Grande do Norte presidiu o Banco Auxiliar do Comércio e foi secretário de Fazenda no governo Sílvio Pedrosa antes de entrar na política. Candidato derrotado a vice-governador na chapa de Jocelyn Vilar de Melo em 1955, foi eleito senador em 1970 e reeleito em 1978, com o apoio da família Alves.[10][11][nota 4]

Suplentes efetivados[editar | editar código-fonte]

Martins Filho[editar | editar código-fonte]

Nascido em Umarizal, o agricultor e comerciante Martins Filho foi tabelião titular do 2º Cartório Judicial da cidade onde nasceu, formando-se advogado em 1979 pela Universidade Federal da Paraíba. Genro de Paulo Abílio de Souza, elegeu-se prefeito de Umarizal via PSD em 1965. Graças a uma artimanha legal, onde seu casamento religioso com Maria da Conceição Dias de Souza não possuía efeitos civis, sucedeu ao sogro na prefeitura e em 1970 sua esposa foi eleita para o cargo, sendo que Martins Filho a ele retornaria pela ARENA em 1972. Novamente sucedido pela sua mulher em 1976, candidatou-se a senador numa sublegenda arenista em 1978. Realocado como primeiro suplente, foi efetivado após a morte de Jessé Freire, em 1980.[12][13]

Moacir Duarte[editar | editar código-fonte]

Nascido em Natal, o agropecuarista e professor Moacir Duarte presidiu a Federação da Agricultura do Rio Grande do Norte e estreou na política via UDN ao eleger-se deputado estadual em 1947 e 1958. Quando o Regime Militar de 1964 outorgou o bipartidarismo, renovou o mandato pela ARENA em 1966 e 1970, chegando a presidir a Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte. Após deixar o mandato, foi nomeado secretário de Agricultura no governo Tarcísio Maia. Genro de Dinarte Mariz, foi eleito primeiro suplente de senador em 1978, assumindo o mandato em 1984, após a morte do sogro.[14][15]

Resultado da eleição para senador[editar | editar código-fonte]

Mandato biônico de oito anos[editar | editar código-fonte]

Neste caso, foram apurados vinte votos em branco.

Candidatos a senador da República
Candidatos a suplente de senador Número Coligação Votação Percentual
Dinarte Mariz
ARENA
Moacir Duarte
ARENA
Luís Maria Alves
ARENA
-
ARENA (sem coligação)
291
100%
Fontes:[16][17][6][18]
  Eleito

Mandato direto de oito anos[editar | editar código-fonte]

Conforme registros do Tribunal Superior Eleitoral, foram apurados 486.506 votos nominais (87,01%), 32.655 votos em branco (5,84%) e 39.965 votos nulos (7,15%) resultando no comparecimento de 559.126 eleitores.

Candidatos a senador da República
Candidatos a suplente de senador Número Coligação Votação Percentual
Jessé Freire
ARENA
[nota 5]
-
[nota 6]
-
-
ARENA (em sublegenda)
233.087
47,91%
Radir de Araújo
MDB
Odilon Coutinho
MDB
[nota 7]
[19][20]
-
MDB (sublegenda 1)
169.415
34,82%
Francisco Rocha
MDB
Hermano de Paiva Oliveira
MDB
[nota 7]
[19][21]
-
MDB (sublegenda 3)
32.655
6,71%
Martins Filho
ARENA
[nota 5]
-
[nota 6]
-
-
ARENA (em sublegenda)
32.604
6,70%
Álvaro Mota
ARENA
[nota 5]
-
[nota 6]
-
-
ARENA (em sublegenda)
18.745
3,86%
Olavo Montenegro
MDB
[nota 4]
-
[22]
-
-
MDB (sublegenda 2)
[22]
[22]
Fontes:[1][23]
  Eleito

Deputados federais eleitos[editar | editar código-fonte]

São relacionados os candidatos eleitos com informações complementares da Câmara dos Deputados.

Representação eleita

  ARENA: 5
  MDB: 3
Deputados federais eleitos Partido Votação Percentual Cidade onde nasceu Unidade federativa
João Faustino ARENA 74.517 Recife  Pernambuco
Henrique Eduardo Alves MDB 67.203 Rio de Janeiro  Rio de Janeiro
Carlos Alberto de Sousa MDB 54.457 Natal  Rio Grande do Norte
Wanderley Mariz ARENA 54.413 Caicó  Rio Grande do Norte
Vingt Rosado ARENA 44.743 Mossoró  Rio Grande do Norte
Antônio Florêncio ARENA 36.899 Pau dos Ferros  Rio Grande do Norte
Djalma Marinho[nota 8] ARENA 32.172 São José do Campestre  Rio Grande do Norte
Pedro Lucena MDB 18.862 Pirpirituba  Paraíba
Fontes:[1][24][25]

Deputados estaduais eleitos[editar | editar código-fonte]

A Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte recebeu quinze representantes da ARENA e nove do MDB.

Representação eleita

  ARENA: 15
  MDB: 9
Deputados estaduais eleitos Partido Votação Percentual Cidade onde nasceu Unidade federativa
Luiz Antônio Vidal ARENA 20.968 4,30% Santo Antônio  Rio Grande do Norte
Carlos Augusto Rosado ARENA 20.069 4,12% Mossoró  Rio Grande do Norte
Garibaldi Alves Filho MDB 15.682 3,22% Natal  Rio Grande do Norte
Vivaldo Costa ARENA 14.684 3,01% Caicó  Rio Grande do Norte
José Patrício ARENA 14.173 2,91% Alexandria  Rio Grande do Norte
Jeová Carneiro ARENA 14.036 2,88% Paracuru Ceará
José Marcílio Furtado ARENA 12.621 2,59% Touros  Rio Grande do Norte
Ruy Pereira Júnior ARENA 12.557 2,58% Ipanguaçu  Rio Grande do Norte
Dary Dantas ARENA 12.415 2,55% Serra Negra do Norte  Rio Grande do Norte
Nelson Queiroz ARENA 12.301 2,52% Jucurutu  Rio Grande do Norte
Eustáquio Lucena MDB 12.161
José Dantas Cortez MDB 11.575 2,37% Monte Alegre  Rio Grande do Norte
Teodorico Bezerra ARENA 11.470 2,35% Santa Cruz  Rio Grande do Norte
Willy Saldanha ARENA 11.403 2,34% Jardim de Piranhas  Rio Grande do Norte
Paulo Fernandes MDB 11.261 2,31% Caraúbas  Rio Grande do Norte
Paulo Medeiros MDB 11.027 2,26% Natal  Rio Grande do Norte
Márcio Marinho ARENA 10.923 2,24% Natal  Rio Grande do Norte
Antônio Câmara MDB 10.840 2,22% João Câmara  Rio Grande do Norte
Otávio Garcia MDB 10.744 2,20% Pendências  Rio Grande do Norte
Alcimar de Almeida ARENA 10.406
Onézimo Maia ARENA 10.257 2,10% Caraúbas  Rio Grande do Norte
Roberto Furtado MDB 10.105 2,07% Natal  Rio Grande do Norte
Manuel Montenegro Neto MDB 9.922 2,03% Natal  Rio Grande do Norte
Gilberto de Barros Lins ARENA 9.751 2,00% Currais Novos  Rio Grande do Norte
Fontes:[1][25]

Notas

  1. No Distrito Federal havia seções especiais para captar o voto de quem estava fora do seu estado de origem e nos territórios federais do Amapá, Rondônia e Roraima serviu apenas para a escolha de deputados federais.
  2. O banco de dados da Fundação Getúlio Vargas informa que o mesmo nasceu em Almino Afonso e foi registrado em Catolé do Rocha.
  3. Segundo a Fundação Getúlio Vargas e o Senado Federal seu nascimento aconteceu em Natal.
  4. a b Mesmo com os diretos políticos cassados pelo Ato Institucional Número Cinco, Aluizio Alves influiu na eleição para senador visto que seu grupo político, embora filiado ao MDB, apoiou Jessé Freire em detrimento de Radir de Araújo, principal candidato de oposição, que recebera o apoio de seu correligionário, Agenor Maria, e também de Dinarte Mariz este último filiado à ARENA e inimigo político de Aluizio Alves.
  5. a b c Se a convenção partidária indicar três candidatos por sublegenda e um deles for eleito, os demais serão realocados como suplentes, por ordem de votação.
  6. a b c A soma das sublegendas apontou 284.436 votos (58,47%) para a ARENA e 202.070 votos (41,53%) para o MDB.
  7. a b Quando um partido lançar dois candidatos a senador, cada sublegenda apontará o respectivo suplente, mas no caso do MDB, a indicação dos mesmos ocorreu após a renúncia de Olavo Montenegro.
  8. Sua morte causou a efetivação de Ulisses Potiguar até que um mandado de segurança concedeu o mandato a Ronaldo Dias.

Referências

  1. a b c d BRASIL. Tribunal Superior Eleitoral. «Eleições de 1978». Consultado em 27 de abril de 2024 
  2. BRASIL. Presidência da República. «Lei n.º 6.091 de 15/08/1974». Consultado em 24 de julho de 2013 
  3. BRASIL. Câmara dos Deputados. «Biografia do deputado Lavoisier Maia». Consultado em 24 de abril de 2016 
  4. BRASIL. Senado Federal. «Biografia do senador Lavoisier Maia». Consultado em 9 de agosto de 2017 
  5. BRASIL. Senado Federal. «Biografia do senador Geraldo Melo». Consultado em 9 de agosto de 2017 
  6. a b Redação (2 de setembro de 1978). «293 votos elegeram Lavoisier. Primeiro Caderno – p. 08». bndigital.bn.gov.br. Diário de Natal. Consultado em 27 de abril de 2024 
  7. Morre Dinarte Mariz, o mais velho senador (online). O Estado de S. Paulo, 10/07/1984. Página visitada em 9 de agosto de 2017.
  8. BRASIL. Senado Federal. «Biografia do senador Dinarte Mariz». Consultado em 9 de agosto de 2017 
  9. BRASIL. Câmara dos Deputados. «Biografia do deputado Jessé Freire». Consultado em 23 de abril de 2016 
  10. BRASIL. Senado Federal. «Biografia do senador Jessé Freire». Consultado em 9 de agosto de 2017 
  11. Momento de decisão (online). Veja, 15/11/1978. Página visitada em 24 de julho de 2013.
  12. Um rei do sertão. Disponível em Veja, ed. 633, de 22/10/1980. Página visitada em 9 de agosto de 2017
  13. BRASIL. Senado Federal. «Biografia do senador Martins Filho». Consultado em 9 de agosto de 2017 
  14. BRASIL. Senado Federal. «Biografia do senador Moacir Duarte». Consultado em 9 de agosto de 2017 
  15. Redação (19 de agosto de 1997). «Senado lamenta morte de Moacir Duarte». senado.leg.br. Agência Senado. Consultado em 9 de agosto de 2017 
  16. BRASIL. Presidência da República. «Decreto-Lei n.º 1.541 de 14/04/1977». Consultado em 7 de junho de 2018 
  17. BRASIL. Presidência da República. «Decreto-Lei n.º 1.543 de 14/04/1977». Consultado em 7 de junho de 2018 
  18. Redação (1 de setembro de 1978). «Menos de dez mil votos elegeram 22 senadores. Primeiro Caderno – Política e Governo, p. 04». bndigital.bn.gov.br. Jornal do Brasil. Consultado em 27 de abril de 2024 
  19. a b Redação (24 de julho de 1978). «52 votos dão legenda a Radir para o Senado. Primeiro Caderno – p. 12». bndigital.bn.gov.br. Diário de Natal. Consultado em 27 de abril de 2024 
  20. Redação (11 de outubro de 1978). «Odilon é suplente na chapa de Radir. Capa». bndigital.bn.gov.br. Diário de Natal. Consultado em 27 de abril de 2024 
  21. Redação (18 de outubro de 1978). «Rocha indica seu suplente ao TRE. Primeiro Caderno – p. 12». bndigital.bn.gov.br. Diário de Natal. Consultado em 27 de abril de 2024 
  22. a b c Olavo Lacerda Montenegro (17 de setembro de 1978). «Ao povo do Rio G. do Norte. Primeiro Caderno – p. 09». bndigital.bn.gov.br. O Poti. Consultado em 27 de abril de 2024 
  23. BRASIL. Presidência da República. «Lei n.º 6.534 de 23/05/1978». Consultado em 7 de junho de 2018 
  24. BRASIL. Câmara dos Deputados. «Página oficial». Consultado em 26 de abril de 2024 
  25. a b BRASIL. Presidência da República. «Lei n.º 9.504 de 30/09/1997». Consultado em 9 de agosto de 2017