Eleições estaduais na Paraíba em 1978

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
1974 Brasil 1982
Eleições estaduais na  Paraíba em 1978
1º de setembro de 1978
(Eleição indireta)
15 de novembro de 1978
(Eleição direta)


Candidato Tarcísio Burity


Partido ARENA


Natural de João Pessoa, PB


Vice Clóvis Cavalcanti

As eleições estaduais na Paraíba em 1978 ocorreram em duas etapas conforme o Pacote de Abril: em 1º de setembro houve a via indireta e na ocasião a ARENA elegeu o governador Tarcísio Burity, o vice-governador Clóvis Cavalcanti e o senador Milton Cabral. A fase seguinte aconteceu em 15 de novembro a exemplo dos outros estados brasileiros e nela houve disparidades: o MDB elegeu o senador Humberto Lucena enquanto a ARENA conseguiu a maioria das cadeiras dentre os 11 deputados federais e 33 estaduais que foram eleitos e nela os paraibanos residentes no Distrito Federal escolheram seus representantes por força da Lei nº 6.091 de 15 de agosto de 1974.[1][nota 1]

Nascido em João Pessoa e formado pela Universidade Federal da Paraíba, o governador Tarcísio Burity foi advogado e promotor de justiça concluiu em 1964 o curso de Sociologia na Universidade de Poitiers e em 1967 tornou-se Doutor em Ciência Política junto ao Instituto Universitário de Altos Estudos Internacionais em Genebra.[2] Ao retornar ao Brasil foi chefe de gabinete da reitoria na Universidade Federal da Paraíba e professor da instituição até ser nomeado secretário de Educação no governo Ivan Bichara quando filiou-se à ARENA. Antes que sua candidatura ao Palácio da Redenção fosse referendada com a vitória, Tarcísio Burity enfrentou uma disputa árdua com o dissidente Antônio Mariz e ao fim do processo tornou-se o primeiro governador paraibano sem histórico de vinculação com os três grandes partidos que dominaram a Quarta República Brasileira.[3]

Para vice-governador foi eleito Clóvis Cavalcanti. Natural de Bananeiras, em 1935 ele recebeu a graduação em Medicina pela Universidade Federal de Pernambuco e foi alçado ao serviço público no governo de Argemiro de Figueiredo como chefe do posto de saúde em sua cidade natal e chefiou interinamente o Serviço de Endemias Rurais da Paraíba. Filiado à UDN nos estertores do Estado Novo, foi nomeado prefeito de Bananeiras ao final de 1945 e exerceu o cargo durante a interventoria de Severino Montenegro.[nota 2] Eleito deputado estadual em 1947, 1950, 1954, 1958 e 1962, foi presidente da Assembleia Legislativa antes de ingressar na ARENA, partido do qual foi presidente estadual sendo reeleito deputado estadual em 1966. Eleito vice-governador da Paraíba por via indireta na chapa de Ernani Sátiro em 1970, foi candidato a suplente de senador na chapa de Aluizio Campos, mas não foi eleito. Secretário de Saúde no governo Ivan Bichara, voltou ao posto de vice-governador e assumiria o poder após a renúncia de Tarcísio Burity para concorrer a deputado federal em 1982.[4]

Com o surgimento do PDS os arenistas ingressaram no partido enquanto o PP e depois o PMDB recebeu a maior parte da oposição, entretanto os governistas venceram o pleito de 1982 com Wilson Braga.[5]

Resultado da eleição para governador[editar | editar código-fonte]

O Colégio Eleitoral da Paraíba era dominado pela ARENA e composto por 313 membros e assim homologou os candidatos previamente apontados em convenção partidária.

Candidatos a governador do estado
Candidatos a vice-governador Número Coligação Votação Percentual
Tarcísio Burity
ARENA
Clóvis Cavalcanti
ARENA
-
ARENA (sem coligação)
306
97,76%
Fontes:[6]
  Eleito

Resultado da eleição para senador[editar | editar código-fonte]

Mandato biônico de oito anos[editar | editar código-fonte]

A eleição para senador biônico permitiu a reeleição de Milton Cabral que fora eleito em 1970. O destino dos votos "divergentes" não foi informado.

Candidatos a senador da República
Candidatos a suplente de senador Número Coligação Votação Percentual
Milton Cabral
ARENA
Maurício Leite
ARENA
-
ARENA (sem coligação)
306
97,76%
Fontes:[6][7][8][9]
  Eleito

Mandato direto de oito anos[editar | editar código-fonte]

Conforme acervo do Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba, cujos registros mencionam 48.332 votos em branco e 48.469 votos nulos.

Candidatos a senador da República
Candidatos a suplente de senador Número Coligação Votação Percentual
Ivan Bichara
ARENA
Edísio Souto
ARENA
João Palhano
ARENA
-
ARENA (sem coligação)
303.154
45,13%
Humberto Lucena
MDB
[nota 3]
-
[nota 4]
-
-
MDB (em sublegenda)
269.795
40,16%
Bosco Barreto
MDB
[nota 3]
-
[nota 4]
-
-
MDB (em sublegenda)
50.032
7,45%
Ary Ribeiro
MDB
[nota 3]
-
[nota 4]
-
-
MDB (em sublegenda)
48.784
7,26%
Fontes:[10]
  Eleito

Biografia dos senadores eleitos[editar | editar código-fonte]

Milton Cabral[editar | editar código-fonte]

Reeleito senador por via indireta, Milton Cabral é formado em Engenharia Civil em 1947 na Universidade Mackenzie. Nascido em Umbuzeiro, viveu em Campina Grande onde foi diretor do Rotary Clube e sócio-fundador do Clube de Engenharia. Assumiu a presidência da Federação das Indústrias do Estado da Paraíba em 1950 e a vice-presidência da Confederação Nacional da Indústria em 1953. Na política foi eleito deputado federal pelo PTB em 1962 e ficou na suplência em 1966, entretanto a renúncia de Ernani Sátiro em 9 de maio de 1969 para assumir uma cadeira no Superior Tribunal Militar a convite do presidente Costa e Silva resultou na sua efetivação. Filho de Severino Cabral, foi eleito senador pela ARENA em 1970, mandato que renovou graças ao Colégio Eleitoral e ao qual renunciaria ao ser eleito governador da Paraíba pela Assembleia Legislativa no primeiro semestre de 1986. Em razão disso a cadeira de senador ora em aberto foi entregue a Maurício Leite.[nota 5][11][12][13][14][15]

Humberto Lucena[editar | editar código-fonte]

No pleito com voto direto o MDB elegeu Humberto Lucena graças às sublegendas que uniram aos seus os votos aos do deputado estadual de Bosco Barreto e aos do vereador de Campina Grande, Ary Ribeiro e assim foi imposta uma derrota ao ex-governador Ivan Bichara.[6] Quanto a Humberto Lucena ele é advogado pela Universidade Federal de Pernambuco em 1951. Filiado ao PSD e ao MDB após o Regime Militar de 1964, elegeu-se deputado estadual em 1950 e 1954 e deputado federal em 1958, 1962, 1966 e 1974. Nascido em João Pessoa, disputou sua primeira eleição para senador em 1970, mas foi derrotado.[16][17]

Deputados federais eleitos[editar | editar código-fonte]

São relacionados os candidatos eleitos com informações complementares da Câmara dos Deputados.

Representação eleita

  ARENA: 7
  MDB: 4
Deputados federais eleitos Partido Votação Percentual Cidade onde nasceu Unidade federativa
Wilson Braga ARENA 84.168 Conceição  Paraíba
Antônio Mariz ARENA 77.274 João Pessoa  Paraíba
Marcondes Gadelha MDB 59.046 Sousa  Paraíba
Joacil Pereira ARENA 50.164 Caicó  Rio Grande do Norte
Carneiro Arnaud MDB 42.556 Pombal  Paraíba
Álvaro Gaudêncio ARENA 39.923 São João do Cariri  Paraíba
Ademar Pereira ARENA 35.521 Pombal  Paraíba
Otacílio Queiroz MDB 34.891 Patos  Paraíba
Antônio Gomes ARENA 32.885 Umbuzeiro  Paraíba
Arnaldo Lafayette MDB 31.865 Monteiro  Paraíba
Ernani Sátiro ARENA 28.959 Patos  Paraíba
Fontes:[10][18][19]

Deputados estaduais eleitos[editar | editar código-fonte]

Na disputa pelas 33 vagas da Assembleia Legislativa da Paraíba a ARENA conquistou vinte e duas vagas e o MDB onze.

Representação eleita

  ARENA: 22
  MDB: 11
Deputados estaduais eleitos Partido Votação Percentual Cidade onde nasceu Unidade federativa
Afrânio Bezerra ARENA 28.689 4,52% João Pessoa  Paraíba
Edme Tavares ARENA 22.594 3,56% Cajazeiras  Paraíba
Evaldo Gonçalves ARENA 22.389 3,52% São João do Cariri  Paraíba
Assis Camelo ARENA 17.403 2,74% Bayeux  Paraíba
Chico Pereira ARENA 14.443 2,27% Pombal  Paraíba
Edivaldo Motta ARENA 14.267 2,25% Patos  Paraíba
Inácio Morais ARENA 13.973 2,20% Santa Luzia  Paraíba
Eilzo Matos ARENA 13.936 2,19% Sousa  Paraíba
José Lacerda Neto ARENA 13.744 2,16% São José de Piranhas  Paraíba
José Soares Madruga ARENA 13.608 2,14% Itaporanga  Paraíba
Manoel Gaudêncio ARENA 13.303 2,09% Campina Grande  Paraíba
Aércio Pereira ARENA 13.031 2,05% Pombal  Paraíba
Gilberto Sarmento ARENA 12.982 2,04% Cajazeiras  Paraíba
Fernando Milanez ARENA 12.818 2,02% João Pessoa  Paraíba
Egídio Madruga ARENA 12.622 1,99% Pedras de Fogo  Paraíba
José Alves de Lira MDB 12.449 1,96% Teixeira  Paraíba
Orlando Almeida MDB 12.400 1,95% Campina Grande  Paraíba
Álvaro Magliano MDB 12.203 1,92% Recife  Pernambuco
Zé Gayoso MDB 12.115 1,91% Patos  Paraíba
Nilo Feitosa ARENA 12.110 1,91% Monteiro  Paraíba
Luiz Ferreira Barros ARENA 11.520 1,81% Cabedelo  Paraíba
Múcio Sátyro ARENA 11.410 1,80% Patos  Paraíba
Juracy Palhano ARENA 11.141 1,75% Remígio  Paraíba
Américo Maia ARENA 11.135 1,75% Catolé do Rocha  Paraíba
Sócrates Pedro ARENA 10.961 1,73% Campina Grande  Paraíba
Antônio Quirino ARENA 11.817 1,35% Santa Helena  Paraíba
Waldir Bezerra MDB 10.556 1,66% Campina Grande  Paraíba
Lourival Caetano MDB 10.224 1,61% Mamanguape  Paraíba
Atêncio Wanderley MDB 9.836 1,55% São Bento  Paraíba
Paulo Gadelha MDB 9.530 1,50% Sousa  Paraíba
Inácio Pedrosa MDB 9.375 1,48% Cruz do Espírito Santo  Paraíba
José Fernandes de Lima MDB 9.205 1,45% Mamanguape  Paraíba
Adonis Salles MDB 9.155 1,44% Monteiro  Paraíba
Fontes:[10][19]

Notas

  1. No Distrito Federal havia seções especiais para captar o voto de quem estava fora do seu estado de origem, enquanto nos territórios federais do Amapá, Rondônia e Roraima, o pleito serviu apenas para a escolha de deputados federais.
  2. A interventoria de Severino Montenegro durou de 06 de novembro de 1945 a 13 de fevereiro de 1946.
  3. a b c Na época, a legislação vigente permitia o lançamento de até três candidatos por sublegenda.
  4. a b c A candidatura única da ARENA obteve 303.154 votos (45,13%), enquanto as sublegendas do MDB colheram 368.611 votos (54,87%).
  5. Sua eleição em virtude da renúncia do governador Wilson Braga e do vice-governador José Carlos da Silva Júnior que preferiram disputar as eleições daquele ano.

Referências

  1. BRASIL. Presidência da República. «Lei n.º 6.091 de 15/08/1974». Consultado em 1º de agosto de 2013 
  2. BRASIL. Câmara dos Deputados. «Biografia do deputado Tarcísio Burity». Consultado em 1º de agosto de 2013 
  3. Um reduto em perigo (online). Veja, 14/06/1978. Página visitada em 1º de agosto de 2013.
  4. Burity decide disputar Câmara (online). Jornal do Brasil, Rio de Janeiro (RJ), 08/05/1982. Primeiro caderno, p. 02. Página visitada em 11 de julho de 2017.
  5. Redação (21 de dezembro de 1981). «PP e PMDB decidem unir-se. Capa». acervo.folha.com.br. Folha de S.Paulo. Consultado em 27 de abril de 2024 
  6. a b c «Banco de dados do Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba». Consultado em 1º de agosto de 2013 
  7. BRASIL. Presidência da República. «Decreto-Lei n.º 1.541 de 14/04/1977». Consultado em 7 de junho de 2018 
  8. BRASIL. Presidência da República. «Decreto-Lei n.º 1.543 de 14/04/1977». Consultado em 7 de junho de 2018 
  9. Redação (1 de setembro de 1978). «Menos de dez mil votos elegeram 22 senadores. Primeiro Caderno – Política e Governo, p. 04». bndigital.bn.gov.br. Jornal do Brasil. Consultado em 27 de abril de 2024 
  10. a b c BRASIL. Tribunal Superior Eleitoral. «Eleições de 1978». Consultado em 27 de abril de 2024 
  11. BRASIL. Câmara dos Deputados. «Biografia do deputado Milton Cabral». Consultado em 1º de agosto de 2013 
  12. BRASIL. Senado Federal. «Biografia do senador Milton Cabral». Consultado em 11 de julho de 2017 
  13. BRASIL. Câmara dos Deputados. «Biografia do deputado Ernani Sátiro». Consultado em 11 de julho de 2017 
  14. Longe das urnas, perto do poder (online). Jornal do Brasil, Rio de Janeiro (RJ), 17/06/1986. Primeiro caderno, p. 03. Página visitada em 16 de julho de 2017.
  15. BRASIL. Senado Federal. «Biografia do senador Maurício Leite». Consultado em 16 de julho de 2017 
  16. BRASIL. Câmara dos Deputados. «Biografia do deputado Humberto Lucena». Consultado em 1º de agosto de 2013 
  17. BRASIL. Senado Federal. «Biografia do senador Humberto Lucena». Consultado em 11 de julho de 2017 
  18. BRASIL. Câmara dos Deputados. «Página oficial». Consultado em 27 de abril de 2024 
  19. a b BRASIL. Presidência da República. «Lei nº 9.504 de 30/09/1997». Consultado em 11 de julho de 2017