Partidos políticos no Brasil: diferenças entre revisões
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Revisão das 15h51min de 17 de agosto de 2019
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Os partidos políticos no Brasil existem desde a primeira metade do século XIX. Vários agrupamentos surgiram desde então, porém, por razões históricas, nenhum deles durou muito. Assim, não existem partidos centenários no Brasil, como é comum noutros países.[1] Frequentemente, as organizações partidárias brasileiras foram forçadas a ter de começar nova trajetória: tais rompimentos ocorreram pela implantação da República, em 1889, que sepultou os partidos monarquistas; pela Revolução de 1930, que desativou os partidos republicanos "carcomidos"; pelo Estado Novo (1937–1945), o qual vedou a existência de partidos; e pelo Regime Militar de 1964, que confinou manu militari os partidos políticos a um artificial bipartidarismo. Assim em termos de criação de partidos, a média no período entre 1945 e 1979 foi 1,2 por ano, totalizando 42 siglas registradas.[2] Já os 35 partidos políticos existentes em 2016 corresponde à média de 1 partido registrado por ano no período de 1981 a 2016.[2]
Por outro lado, algumas visões se contrapõem à ideia de falta de uma longa tradição partidária no país. O Partido Comunista do Brasil, por exemplo, reivindica ser o partido mais antigo do Brasil e comemora ter sido fundado em 1922, embora tenha sido alvo de variados processos de cassação de seu registro.[3] Similarmente, apesar das rupturas políticas ocorridas no país, o professor do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESP/UERJ) e pesquisador da Fundação Casa de Rui Barbosa Christian Lynch argumenta haver uma tradição entre saquaremas do Partido Conservador, o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) de Getúlio Vargas, João Goulart e Leonel Brizola e o Partido dos Trabalhadores (PT), de um lado, e de outro, entre luzias do Partido Liberal, a União Democrática Nacional (UDN) e Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) — se revezando no poder perante a Coroa, os militares e o eleitorado e perdurando, assim, duas mentalidades dicotômicas na política brasileira desde quase a independência: o nacional-estatismo e o cosmopolitismo liberal, respectivamente.[4][5] Outras visões vão em consonância às análises de que partidos políticos brasileiros somente tiveram atuação permanente, institucionalização efetiva e caráter nacional após o fim da Era Vargas.[5] Nesse sentido, é comum que as três principais forças políticas dos dois períodos de democracia brasileiros (República Nova e Nova República) sejam associadas, a saber: PTB–PT, PSD–PMDB e UDN–PSDB.[6][7][8][9]
Contrariamente, alguns autores, como José Honório Rodrigues, consideram que o Brasil sempre foi dominado por um só partido — o das classes proprietárias ou "o Partido do Patriarcado"; o único partido realmente governante da história nacional. Seus partidários, no poder desde os tempos coloniais, quando monopolizaram o acesso às terras, à mão-de-obra e aos principais cargos públicos, adaptam-se aos tempos, assumindo a forma e a feição necessária mais conveniente ao momento. Ora conservadoras, ora modernizadoras, ora reacionárias, ora progressistas, é sempre a mesma casta e seus descendentes, que prefere a conciliação ao conflito, que conduz as coisas maiores no Brasil.[10] Para Rodrigues, nem na Independência deu-se o rompimento com a oligarquia que governava o País, tendo mantido-se sempre uma continuidade histórica entre as diversas sucessões de regimes políticos. Reconhecendo a existência de duas correntes de opinião, "a tradicionalista e conservadora", defensora do statu quo, e a outra, a "mameluca", mais popular e radical, ele reconhece a vitória histórica da primeira.[10][11] Um caso que bem ilustra e corrobora essa tese é o de Afonso Arinos de Melo Franco, que participou da redação da Constituição Federal de 1967. Seu avô, o Conselheiro Cesário Alvim, foi um homem do Império e participou da redação da Constituição republicana de 1891. Afrânio de Melo Franco (cuja esposa era da família do ex-presidente Rodrigues Alves), seu pai, atuou na Constituição de 1934, e ele, por sua vez, participou da redação da Constituição de 1967. Gustavo Franco, seu sobrinho, foi presidente do Banco Central, entre 1997 e 1999.[carece de fontes]
Histórico
Império do Brasil
Até 1837, não se pode falar, a rigor, em partidos políticos no Brasil. Nesse ano, formaram-se as duas agremiações que caracterizaram o Segundo Reinado, a dos Conservadores, chamado Partido Conservador (saquaremas) e a dos Liberais, chamado Partido Liberal (luzias).[carece de fontes]
Esses partidos, bem como o Partido Republicano Paulista, foram os partidos de mais longa duração no Brasil.
Os conservadores defendiam um regime forte, com autoridade concentrada na Coroa e pouca liberdade concedida às Províncias. Os liberais inclinavam-se pelo fortalecimento do Parlamento e por uma maior autonomia provincial. Ambos eram pela manutenção do regime escravista, mas os liberais aceitavam a sua supressão, conduzida por um processo lento e gradual que conduziria, enfim, à abolição da escravatura.[carece de fontes]
Naquela época, poucos votavam, pois o voto era hierárquico, baseado no sufrágio censitário, por meio do decreto n.º 3 029, de 9 de janeiro de 1881,[12] conhecido como Lei Saraiva. As eleições eram realizadas em dois turnos, a saber: as assembleias paroquiais escolhiam os eleitores das Províncias, e estes, por seu turno, escolhiam os representantes da Nação e das Províncias. Tanto conservadores como liberais pertenciam a mesma classe social, a dos proprietários de terras, de bens e de escravos. Dentre os liberais, havia mais comerciantes, jornalistas e populações urbanas em geral.[carece de fontes]
República Velha
Ainda no Império do Brasil, o Manifesto Republicano foi assinado por Quintino Bocaiúva, no município paulista de Itu, em 3 de dezembro de 1870, e provocou a fundação de um partido republicano. Sua primeira convenção criou o Partido Republicano Paulista (PRP).[carece de fontes]
A república implantada a partir da Proclamação da República, em 15 de novembro de 1889, foi um golpe militar, obra de generais, e contou com escassa presença de republicanos autênticos. No âmbito regional, mesmo assim surgiram partidos como o Partido Republicano Paulista e o Partido Republicano Mineiro que foram importantes na aplicação da chamada "Política dos Governadores", iniciada em 1894. A maior parte dos partidos republicanos regionais dirigiu os governos estaduais no período 1889–1930. Vale mencionar ainda o Partido Libertador de Assis Brasil, no Rio Grande do Sul, ou o Partido Democrático, formado em 1926 por Antonio Prado, em São Paulo. A "Política dos Governadores" acabou por desestimular a formação de agremiações nacionais — os partidos republicanos federalistas, liberais e conservadores pretendiam agregar forças políticas no país inteiro, mas não foram adiante. Os partidos oposicionistas estaduais tiveram pouco sucesso no período.[carece de fontes]
Assim, no âmbito federal foram apenas alguns agrupamentos que receberam o nome de "partido político" mas tiveram vida efêmera, para atenderem circunstâncias especiais. Alguns exemplos: Partido Republicano Federal (1893), de Francisco Glicério; Partido Republicano Conservador (1910), de Pinheiro Machado e Quintino Bocaiúva; Partido Republicano Liberal (1913), de Rui Barbosa e o Partido Democrático Nacional (1927) de Antônio Prado.[13]
Apesar de haver a lei n.º 1 269 de 1904 que admitia a "representação das minorias", apenas com a reforma constitucional de 1926 é que tornou-se obrigatória. Outra lei, a de n.º 3 139, de 1916 atribuía às autoridades judiciárias a qualificação para as eleições federais mas, apesar disso, as chamadas "mesas eleitorais" é que eram as responsáveis pelas triagens de votos e "primeira fonte de fraudes eleitorais do período".[13]
Esses partidos regionais favoreceram a adoção do coronelismo e de suas conhecidas práticas: democracia e eleições "de fachada", com seus resultados sempre manipulados pelo coronel local, pelo cabo eleitoral e pelo curral eleitoral, com a função básica de garantir resultados satisfatórios ao grupo governante.[carece de fontes]
Essas práticas, que feriam o principio básico do sistema republicano, geraram a violência política que eclodiu em vários movimentos, tais quais: o Tenentista (1922–27); a Revolução de 1923, no Rio Grande do Sul; e a Revolta de Princesa, na Paraíba (1928).[carece de fontes]
Primeiros partidos ideológicos
O Brasil também acolheu as ideologias extremistas e antidemocráticas que surgiram depois da Primeira Guerra Mundial, a saber: o comunismo e o fascismo. Em 1922, foi fundado o PCB, inicialmente denominado "Partido Comunista - Seção Brasileira da Internacional Comunista", depois Partido Comunista do Brasil (adotando o nome Partido Comunista Brasileiro em 1960; não confundir com o novo Partido Comunista do Brasil, PCdoB, fruto de uma cisão e fundado em 1962). O principal responsável pela fundação do PCB foi o jornalista Astrojildo Pereira. Dez anos depois, em 1932, foi a vez da fundação da Ação Integralista Brasileira (AIB), comandada pelo chefe Plínio Salgado e inspirada no movimento fascista italiano e no movimento Falange Espanhola.[carece de fontes]
Ambos os partidos tentaram depor o regime de Getúlio Vargas, por meio de um golpe. O PCB foi o principal articulador da frente que se escudou na Aliança Nacional Libertadora (ANL) e foi responsável pela fracassada Intentona Comunista (por se considerar um movimento revolucionário, é correto substituir-se por "Levante Comunista"), de 27 de novembro de 1935, enquanto a AIB tentou assaltar o Palácio da Guanabara, em 12 de maio de 1938, para derrubar o governo do Estado Novo que os excluíra do poder.[carece de fontes]
No período pós-Revolução de 1930, até o advento do Estado Novo, manteve-se o sistema de partidos estaduais, com alguma maior fragmentação e representatividade dos partidos oposicionistas, todos de caráter estadual. Apareceram a Liga Eleitoral Católica (LEC), em dezenas de estados, sem organicidade nacional, porém, e partidos ligados à nova ordem disputando espaço com as antigas legendas oligárquicas.[carece de fontes] Em Minas Gerais, por exemplo, o Partido Progressista, ligado à Interventoria, suplantou o PR mineiro, que mesmo assim, manteve representatividade minoritária, mas elegendo um bom número de representantes.
Partidos da república redemocratizada: 1945–1965
Após terem sido totalmente proibidos durante o Estado Novo (1937–1945), os partidos políticos foram novamente legalizados em 1945. A vida política brasileira entre 1945 e 1964 foi polarizada entre o principal partido antigetulista, a União Democrática Nacional (UDN), e os pró-Vargas: o Partido Social Democrático (PSD) e o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB).[carece de fontes]
O PSD abrigava as correntes mais conservadoras do getulismo, formada por proprietários rurais e altos funcionários estatais, enquanto que o PTB, inspirado no Partido Trabalhista do Reino Unido, reunia as lideranças sindicais e os operários fabris em geral. O partido rival, a UDN, de cunhos liberal e antipopulista, congregava a alta burguesia e a classe média urbana, defensora do capital estrangeiro e da iniciativa privada. Coube, então, à UDN o papel de ser a principal promotora das impugnações das vitórias eleitorais da coligação PSD–PTB (1950–1955), bem como a maior instigadora das tentativas de golpes contra Getúlio, Juscelino e Jânio, que se sucederam, até a vitória do golpe militar de 1964. Carlos Lacerda, um jornalista e dono de jornal opositor do trabalhismo de longa data, foi o mais destacado porta-voz do antigetulismo.[carece de fontes]
O PCB teve breve duração legal, entre 1945 e 1947, e continuou a existir, na ilegalidade, e outros partidos tiveram razoável representatividade, como o PSP ademarista, ou o PDC. Os integralistas se reorganizaram, e seus ex-integrantes reagruparam-se, sob o nome de Partido de Representação Popular (PRP), ainda liderado por Plinio Salgado, podendo citar-se ainda o PDC (Partido Democrata Cristão), o Partido Republicano (PR), como relevantes, permanecendo de pouca representatividade o Partido Socialista Brasileiro (PSB).
Bipartidarismo no regime militar
Os partidos foram dissolvidos através do Ato Institucional n.º 2, e o bipartidarismo no Brasil foi logo após criado pelo Ato Complementar n.° 4,[14] baixado em 20 de novembro de 1965 pelo então presidente Castelo Branco.
A partir de 1965, somente era permitida a existência de duas associações políticas nacionais, e nenhuma delas podia usar a palavra "partido". Criou-se então a Aliança Renovadora Nacional (ARENA), base de sustentação civil do regime militar, formada majoritariamente pela UDN e alguns egressos mais conservadores do PSD, e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), que tinha a função de fazer uma oposição "bem-comportada" — que fosse tolerável ao regime, porém abrigando os militantes do PCB, que estava na ilegalidade, assim colaborando para a encenação da existência de uma "democracia" no Brasil e se recusando a recorrer à luta armada, como fizeram as organizações de esquerda clandestinas.[carece de fontes]
O regime militar permitia o sistema de cassações de mandatos, que usava amiúde para se descartar dos seus adversários (4 682 perderam seus direitos políticos). Juntaram-se na ARENA todas as lideranças direitistas, conservadoras, ex-udenistas, e até alguns fascistas; enquanto os politicamente mais ao centro, os escassos trabalhistas sobreviventes dos expurgos do regime, e todos aqueles que não foram convidados para entrar na ARENA se inscreveram, misturados, no MDB.[carece de fontes] Esse congelamento da situação partidária no Brasil, manu militari, prolongou-se por quase vinte anos.[carece de fontes]
Retorno ao pluripartidarismo
Em 1980, voltou a existir o pluripartidarismo sendo inicialmente criados cinco partidos políticos, e o país tem dezenas de partido atuantes, sendo que atualmente há mais de trinta partidos políticos registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).[15]
Discurso de reinvenção na crise política
Na segunda metade da década de 2010, alguns partidos políticos iniciaram uma estratégia de publicidade política a fim de combater a desconfiança da população brasileira com a classe política a partir de renomeações. A ideia principal foi a renovação e atração de eleitores e parlamentares, especialmente ao remover o termo "partido" dos nomes das legendas. As propostas de renomeação para sobrevivência política esteve presente na mesma época nos então Partido Trabalhista do Brasil (de PTdoB para Avante), Partido Social Liberal (de PSL para Livres), Partido Trabalhista Nacional (de PTN para Podemos — PODE), Democratas (de DEM para Movimento da Unidade Democrática — MUDE), Partido Ecológico Nacional (de PEN para Patriotas), Partido Social Democrata Cristão (de PSDC para Democracia Cristã) e Partido do Movimento Democrático Brasileiro (de PMDB para de volta a Movimento Democrático Brasileiro — MDB). Entretanto, não constitui um fenômeno inédito no país, uma vez que, durante as duas décadas anteriores, o Partido da Frente Liberal virou Democratas e o Partido Progressista por diversas vezes foi renomeado (incluindo aí as fusões), dentre outros exemplos.[16][17][18][19][20][21][22][23][24][25][26]
Partidos atuais
Desde o fim de 2015, os partidos políticos em atividade no Brasil totalizam trinta e cinco organizações políticas registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e aptas a lançarem candidatos nas eleições brasileiras.[27] Na tabela abaixo elaborada a partir dos dados do TSE, os partidos políticos estão listados primariamente pelo número eleitoral obtido junto ao tribunal, mas também é ordenável sob os demais critérios presentes nas outras colunas.[27][28]
Nome | Sigla | Número eleitoral | Data de criação | Data de registro definitivo |
---|---|---|---|---|
Partido Republicano Brasileiro | PRB | 10 | [29] | 16 de dezembro de 200325 de agosto de 2005 |
Progressistas | PP | 11 | [30] | 8 de agosto de 199516 de novembro de 1995 |
Partido Democrático Trabalhista | PDT | 12 | [31] | 17 de junho de 197910 de novembro de 1981 |
Partido dos Trabalhadores | PT | 13 | [32] | 10 de fevereiro de 198011 de fevereiro de 1982 |
Partido Trabalhista Brasileiro | PTB | 14 | [33] | 15 de maio de 19453 de novembro de 1981 |
Movimento Democrático Brasileiro | MDB | 15 | [34] | 4 de dezembro de 196530 de junho de 1981 |
Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado | PSTU | 16 | [35] | 5 de junho de 199419 de dezembro de 1995 |
Partido Social Liberal | PSL | 17 | [36] | 30 de outubro de 19942 de junho de 1998 |
Rede Sustentabilidade[37] | REDE | 18 | 16 de fevereiro de 2013 | [38] | 22 de setembro de 2015
Podemos | PODE | 19 | [39] | 2 de maio de 19452 de outubro de 1997 |
Partido Social Cristão | PSC | 20 | [40] | 15 de maio de 198529 de março de 1990 |
Partido Comunista Brasileiro | PCB | 21 | [39] | 25 de março de 19229 de março de 1996 |
Partido Liberal | PL | 22 | [41] | 26 de outubro de 200619 de dezembro de 2006 |
Partido Popular Socialista | PPS | 23 | [42] | 26 de janeiro de 199219 de março de 1992 |
Democratas | DEM | 25 | [43] | 24 de janeiro de 198511 de setembro de 1986 |
Democracia Cristã | DC | 27 | [44] | 9 de julho de 19955 de agosto de 1997 |
Partido Renovador Trabalhista Brasileiro | PRTB | 28 | [45] | 27 de novembro de 199428 de março de 1995 |
Partido da Causa Operária | PCO | 29 | [39] | 7 de dezembro de 199530 de julho de 1997 |
Partido Novo[46] | NOVO | 30 | 12 de fevereiro de 2011 | [47] | 15 de setembro de 2015
Partido Humanista da Solidariedade | PHS | 31 | [48] | 6 de junho de 199520 de março de 1997 |
Partido da Mobilização Nacional | PMN | 33 | [49] | 21 de abril de 198425 de outubro de 1990 |
Partido da Mulher Brasileira[50] | PMB | 35 | 13 de setembro de 2008 | [51] | 29 de setembro de 2015
Partido Trabalhista Cristão | PTC | 36 | [52] | 11 de julho de 198522 de fevereiro de 1990 |
Partido Socialista Brasileiro | PSB | 40 | [53] | 2 de abril de 19471 de julho de 1988 |
Partido Verde | PV | 43 | [54] | 17 de janeiro de 198630 de setembro de 1993 |
Partido da Social Democracia Brasileira | PSDB | 45 | [55] | 25 de junho de 198824 de agosto de 1988 |
Partido Socialismo e Liberdade | PSOL | 50 | [56] | 7 de julho de 200415 de setembro de 2005 |
Patriota | PATRI | 51 | [57] | 9 de agosto de 201119 de julho de 2012 |
Partido Pátria Livre | PPL | 54 | [58] | 21 de abril de 20094 de outubro de 2011 |
Partido Social Democrático | PSD | 55 | [59] | 20 de março de 201127 de setembro de 2011 |
Partido Comunista do Brasil | PCdoB | 65 | [60][61] | 25 de março de 192223 de junho de 1988 |
Avante | AVANTE | 70 | [62] | 15 de maio de 198911 de outubro de 1994 |
Solidariedade | SDD | 77 | [63] | 25 de outubro de 201224 de setembro de 2013 |
Partido Republicano da Ordem Social | PROS | 90 | [64] | 4 de janeiro de 201024 de setembro de 2013 |
Funcionamento e instituições associadas
Os partidos políticos podem instituir fundações partidárias para, conforme o estatuto, formular questões e propostas sobre democracia, liberdade, soberania nacional, formação de quadros partidários (líderes), destinos do país. Por outro lado, não devem funcionar como assessoria partidária nem se confundir com as próprias atividades político-partidárias do partido que a instituiu.[65]
Processo de criação e registro
O processo de criação de partidos políticos no país exige uma série de passos. Estes existem a fim de garantir a representatividade do programa político em resposta às demandas sociais do povo brasileiro.[66] Assim, a lei federal 9 096 de 1995, conhecida como Lei dos Partidos Políticos, regulamentou os artigos constitucionais 14 (inciso V do parágrafo terceiro) e 17.[66] Esta lei, ao lado da resolução do TSE de número 23 282 de 2010, exigem desconcentração espacial dos fundadores e dos apoiadores (oriundos de diferentes estados e em gozo dos direitos políticos), estruturação como organização (com órgãos estaduais e municipais estabelecidos, personalidade jurídica, diretorias constituídas, sede em Brasília) e publicidade dos atos fundacionais (programa e estatuto em cartório e diário oficial). Ao fim, o registro é conseguido com a análise positiva sobre a regularidade das assinaturas coletadas pela organização conforme as exigências.[67][66][68][69]
Sob a vigência da Lei dos Partidos Políticos, na década de 2000, somente três partidos conseguiram o registro: o Partido da República (PR), o Partido Republicano Brasileiro (PRB) e o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL).[69] Na década posterior, já foram cinco registros concedidos pelo Tribunal na 54.ª legislatura federal (fevereiro de 2011 a janeiro de 2015)[70] e mais três no ano de 2015.[71] Entre o retorno do pluripartidarismo e 1995, as regras para registro exigiam apenas cem pessoas filiadas ao partido em nove estados do país.
Na etapa da análise da coleta de assinaturas a fim de adquirir o registro, o TSE mantém uma listagem dos chamados "partidos em processo de formação".[72] Em agosto de 2016 eram 34 organizações nessa etapa,[73] 68 em setembro de 2017,[74] 73 em janeiro de 2018,[75] 72 em dezembro de 2018[76] e 75 em janeiro de 2019.[77]
Críticas
Críticas sobre os partidos políticos brasileiros se referem à falta de transparência, confiança, apoio e atração da atenção pelo eleitorado e pela sociedade em geral.
Em 2018, foi publicada primeira edição do Ranking da Transparência Partidária a partir de informações disponibilizadas nas páginas eletrônicas dos partidos em fevereiro de 2018 a fim de medir a transparência ativa dessas instituições. O levantamento foi divulgado pelo Movimento Transparência Partidária, com supervisão dos cientistas políticos Humberto Dantas e Marcelo Issa, coordenação da administradora pública Victoria Gandolfi e apoio do Instituto Betty e Jacob Lafer. Foram atribuídas notas a todos os 35 partidos registrados a partir de quatro eixos, cada um composto por quatro variáveis: contabilidade (receitas, despesas, patrimônio e formato aberto dos dados); dirigentes e filiados (relação de filiados, lista e histórico de dirigentes e relação de candidatos); procedimentos (normas internas para cargos, escolha de candidatos e distribuição de recursos, e comitê de ética); e estrutura (órgãos internos, fundações vinculadas, relação de funcionários e agenda dos dirigentes). Em escala crescente de 0 a 10, o índice mediu quanto os partidos se mostram fiscalizáveis (transparentes) aos eleitores e sociedade civil de maneira pró-ativa e de fácil compreensão, para além das obrigações legais perante a Justiça Eleitoral. Os resultados foram a conclusão de que os partidos quase nenhuma ou pouca política transparência de seu funcionamento. A nota mais alta foi do Partido Novo, com 2,5, seguido do Partido dos Trabalhadores com 1,38 e os demais não atingiram ao menos 1 na avaliação, incluindo o Partido Social Liberal e o Partido da Causa Operária que obtiveram zero no ranqueamento. As notas ainda foram nulas para todos os partidos em nove das 16 variáveis. Na avaliação do relatório, o Partido Novo se destacou no eixo da contabilidade, enquanto os demais partidos conseguiram alguma pontuação nas variáveis sobre as fundações partidárias e a agenda dos dirigentes.[78][79][80][81][82]
Desde 2009, o Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (IBOPE) elabora o Índice de Confiança Social (ICS) sobre a confiança dos brasileiros nas instituições e grupos sociais, inclusive nos partidos políticos em geral. Ele utiliza escala crescente de confiança com início no 0 e máximo no 100. De 2009 até 2017, a confiança sobre os partidos políticos nunca ultrapassou 35 pontos.[82] Nas três edições de 2015 a 2017, marcou 17 pontos e a última posição no índice.[82][83][84][85] Antes, atingiu 22 pontos em 2010,[83] 28 pontos em 2011[86] e 30 pontos em 2014.[83] Outros índices chegaram a conclusões parecidas. No Índice de Confiança na Justiça (ICJBrasil), elaborado pela Escola de Direito de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV), os partidos estavam em último lugar nos levantamentos de 2014 e 2015 com a confiança de 6% da população.[87] A última posição permaneceu nos dois anos seguintes, mas obtendo a confiança de 7% dos brasileiros.[88][89] Em pesquisas sobre o grau de confianças em instituições em geral no Brasil realizadas pelo Datafolha, os partidos políticos é a instituição com o menor porcentual de confiança dentre as pesquisadas (Forças Armadas, Presidência da República, Congresso Nacional, Supremo Tribunal Federal, partidos políticos, imprensa e redes sociais). Com 2 086 entrevistas feitas entre 4 e 5 de julho de 2019 em 130 municípios brasileiros, com margem de erro de ±2% e com nível de confiança de 95%, o levantamento de julho de 2019 apontou que 4% confia muito, 36% confia um pouco, 58% não confia e 1% das pessoas entrevistadas não souberam responder sobre o grau de confiança em partidos. Em abril de 2019, esses índices foram respectivamente 5%, 39%, 54% e 2%; em junho de 2018, 2%, 28%, 68%, 2%; em abril de 2018, 3%, 30%, 66%, 1%; em junho de 2017, 2%, 28%, 69%, 1%; em abril de 2017, 3%, 31%, 64%, 2%; em dezembro de 2012, 4%, 33%, 63%, 0%; e em agosto de 2012, 7%, 41%, 52%, 0%.[90]
Na pesquisa Retratos da Sociedade Brasileira — Perspectivas para as eleições de 2018, encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), o IBOPE identificou que nenhum partido político tinha a simpatia ou a preferência de quase metade dos brasileiros (48%), com margem de erro de ±2%. O maior percentual de apoio foi ao Partido dos Trabalhadores (19%), seguido pelo Movimento Democrático Brasileiro (7%), Partido da Social Democracia Brasileira (6%) e Partido Socialismo e Liberdade (2%). Outras onze legendas atingiram 1% cada, as demais somaram 3% e 5% não responderam ou não souberam.[91] A pesquisa pela preferência partidária dos brasileiros é feita pelo IBOPE desde 1988. Nesse ano 38% não indicou qualquer partido dentro de suas preferências.[92] Esse grupo se tornou maioria pela primeira vez no fim de 2012, quando se registrou 56%.[93] Mas o recorde de apartidarismo foi registrado em 2015, quando 66% declarou não ter simpatia a qualquer partido político. Em 2013, ano das Jornadas de Junho, foi registrado 59% para o mesmo grupo.[92] Por outro lado, foi em 2007 o recorde de preferências por alguma das legendas: 66% contra 33% de respostas apartidárias.[93] Dentre as mais preferidas, o Partido dos Trabalhadores lidera a lista desde 2001, quando ultrapassou o Movimento Democrático Brasileiro, após dois anos de empate e os anteriores na segunda colocação. Destacam-se os percentuais de 25% obtidos pelo Movimento Democrático Brasileiro em 1988 e pelo Partido dos Trabalhadores em 2001, de 33% em março de 2010 e 36% em abril de 2013, ambos pelo Partido dos Trabalhadores.[92]
A preferência partidária também é pesquisada pelo instituto Datafolha desde agosto de 1989.[94] Nessa primeira pesquisa de 1989, 62% das pessoas entrevistadas não apontaram qualquer partido de preferência.[94] Em dezembro de 2016, 75% apontaram o mesmo posicionamento.[94] Em abril de 2019, 65% não têm nenhum partido preferido, sendo o porcentual de 55 dentre mulheres, 45 dentre homens, 71 na região Sul.(a região de maior porcentual). Neste levantamento, com margem de erro de ±2% e nível de confiança de 95%, foram 2 086 entrevistas entre os dias 2 e 3 de abril em 130 municípios brasileiros. Dentre os partidos que foram apontados em abril de 2019 como partidos de preferência dentre as pessoas entrevistadas foram o Partido dos Trabalhadores (com 14% das entrevistadas), o Partido Social Liberal (com 3%), o Movimento Democrático Brasileiro (2%), o Partido da Social Democracia Brasileira (2%), Partido Socialismo e Liberdade (1%), o Partido Democrático Trabalhista (1%) e os demais partidos somaram juntos 3%.[94]
Ver também
- Sistema eleitoral do Brasil
- Lista de fundações partidárias do Brasil
- Política no Brasil
- Governo do Brasil
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Ligações externas
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- Partidos políticos no período imperial , no endereço eletrônico da Memória da Administração Pública Brasileira