Saltar para o conteúdo

Tumor odontogênico primordial

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

O tumor odontogênico primordial (TOP) é uma neoplasia odontogênica benigna mista ultrarrara, composta por tecido epitelial ameloblástico e tecido mesenquimal semelhante à papila dentária.[1][2] É um tumor que foi recentemente classificado, e incluído na classificação de lesões odontogênicas de 2017 da OMS[1].

Sinais e sintomas

[editar | editar código-fonte]

O TOP pode se apresentar de forma assintomática mais raramente, mas também pode se causar tumefação óssea, reabsorção radicular dos dentes e expansão da cortical óssea.[2][3]

O tumor odontogênico primordial pode ser classificado em três tipos a partir da sua localização:[2]

  • Tipo A (pericoronal): a maioria dos casos se apresenta como uma lesão pericoronal associada a um dente incluso, com uma relação dentígera;
  • Tipo B: o tumor envolve completamente o dente;
  • Tipo C: próximo à raiz do dente.

Uma porção significativa dos TOP está relacionada à dentição decídua ou mista, e em qualquer dentição, o tipo A é o mais comum.[2]

Aspectos radiológicos e histológicos

[editar | editar código-fonte]

Radiograficamente, o TOP é uma lesão bem definida, unilocular radiolúcida, estando associada à raiz de um dente não irrompido, em sua forma mais comum (tipo A).[3] Pode haver expansão da cortical óssea e reabsorção radicular dos dentes adjacentes em lesões maiores.[3]

Histologicamente, o tumor odontogênico primordial é composto por um componente mesenquimal fibroso mixoide semelhante à papila dentária, completamente recoberto por um epitélio cuboidal a colunar semelhante aos ameloblastos do órgão do esmalte.[1][2]

O nome de tumor odontogênico primordial foi sugerido pela sua localização, bem como pelo processo odontogênico que sugerem que essa lesão pode se originar dos estágios iniciais da odontogênese, em especial a fase de capuz e fase de campânula inicial.[3]

Epidemiologia

[editar | editar código-fonte]

O TOP ainda é um tumor novo e muito raro, com menos de 30 casos relatados na literatura.[1][2][3]

O tumor afeta mais frequentemente a mandíbula (87,5% dos casos), e a idade mediana dos pacientes é de 11,3 anos.[2] Apesar de mais da metade (56,25%) dos casos ocorrerem na dentição permanente, uma porção significativa afeta a dentição decídua (31,25%) ou mista (12,5%).[2]

O diagnóstico do TOP se dá pelo exame clínico, radiográfico e anatomopatológico.[1][2] Além da coloração usual de hematoxilina-eosina, técnicas de imuno-histoquímica podem ser utilizadas para auxiliar no diagnóstico:[1]

  • Tecido mesenquimal: positivo para vimentina;
  • Tecido epitelial: positivo para CK AE1/AE3, CK5, CK14, C19, negativo para CK18 e CK20.

O tumor possui um índice de proliferação (Ki67) muito baixo, de <2%.[1]

Prognóstico e tratamento

[editar | editar código-fonte]

O prognóstico do TOP é excelente. De todos os casos reportados na literatura, apenas um teve recidiva, e normalmente o tratamento inclui a enucleação do tumor e extração do dente envolvido.[2] Por ser um tumor pseudoencapsulado por tecido fibroso ou revestido por epitélio colunar, ele possui bordas bem delimitadas que facilitam sua remoção e o delimitam claramente do tecido adjacente.[2]

  1. a b c d e f g Soluk-tekkesin, Merva; Wright, John M. (2013). «The world health organization classification of odontogenic lesions: a summary of the changes of the 2017 (4th) edition». Turkish Journal of Pathology. ISSN 1018-5615. doi:10.5146/tjpath.2017.01410. Consultado em 28 de setembro de 2024 
  2. a b c d e f g h i j k Sun, Qiaochu; Lee, Jae-Seo; Kim, Okjoon; Kim, Young (17 de agosto de 2019). «Primordial odontogenic tumor: a case report and literature review». Diagnostic Pathology. 92 páginas. ISSN 1746-1596. PMC 6697953Acessível livremente. PMID 31420001. doi:10.1186/s13000-019-0867-4. Consultado em 28 de setembro de 2024 
  3. a b c d e Ranjbar, Mohammadfazel; Moradzadeh Khiavi, Monir; Ghazi, Mojgan; Derakhshan, Samira (2023). «Primordial Odontogenic Tumor; Archival Review of 19380 Cases in a 55-Year Retrospective Study». Asian Pacific Journal of Cancer Prevention : APJCP (8): 2845–2853. ISSN 1513-7368. PMID 37642073 Verifique |pmid= (ajuda). doi:10.31557/APJCP.2023.24.8.2845. Consultado em 28 de setembro de 2024