Francisco Ciutat

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Francisco Ciutat de Miguel
Conhecido(a) por Angelito
Nascimento 28 de outubro de 1909
Madrid, Espanha
Morte 30 de novembro de 1986 (77 anos)
Havana, Cuba
Ocupação Militar
Serviço militar
País Espanha Reino da Espanha
Segunda República Espanhola República Espanhola
 União Soviética
Cuba República de Cuba
Serviço Exército Republicano Espanhol
Conflitos Guerra Civil Espanhola

Francisco Ciutat de Miguel (Madrid, 28 de Outubro de 1909 - Havana, 30 de Novembro de 1986) foi um militar espanhol, que participou na Guerra Civil Espanhola, durante o qual ele desempenhou um papel importante. Ele era chefe de operações dos exércitos do norte e do leste, tomando parte em algumas das principais batalhas da guerra. Com o fim da guerra foi para o exílio, servindo como conselheiro militar na União Soviética, Cuba e no Vietname. Ele veio a ser conhecido pelo apelido de "Angelito".

Biografia[editar | editar código-fonte]

Primeiros Anos e Formação[editar | editar código-fonte]

Ele nasceu em Madrid, a 28 de Outubro de 1909.[1] Vindo de uma família militar, ele entrou na Academia de Infantaria de Toledo em 1925, onde se licenciaria dois anos mais tarde com o grau de alferes.[2] Inicialmente designado para o regimento de infantaria "Garellano" n° 43 de Bilbau, ele realizaria mais tarde um curso de formação na Escola Central de Tiro de Toledo.[2] Após a proclamação da República, ele declarou a sua adesão ao novo regime. Durante o período da Segunda República começou na Maçonaria, formando parte da Loja "Goethe" nº 6 de Bilbau; adotaria o nome maçônico de «Algazel».[3]

Guerra Civil[editar | editar código-fonte]

A eclosão da Guerra Civil surpreendeu-o em Madrid, enquanto estudava o Estado-Maior na Escola Superior de Guerra, permanecendo fiel à República.[4] Por esse tempo ele ocupava o posto de tenente da infantaria. Durante as primeiras semanas do conflito, pertenceu ao pessoal da Inspecção Geral das Milícias.[5]

No final de Agosto de 1936 foi enviado para Santander, a fim de "coordenar o comando das forças e milícias" dos territórios do norte republicanos, bem como organizar - e dirigir- um Exército do Norte .[6] Posteriormente, ele foi nomeado chefe de operações do Exército do Norte, promovido a major, segundo as ordens do general Francisco Llano de la Encomienda. Já durante a campanha em Euskadi tinha expressado sérias discordâncias com José Antonio Aguirre,[7] lehendakari Basco, devido à sua filiação comunista oposta as ideias nacionalistas e conservadoras do líder basco, e pelo pouco entusiasmo de Ciutat pelo Euzko Gudarostea, o exército cuja existência implicava uma autonomia militar significativa do País Basco.[8] Mais tarde, ele participaria das batalhas de Santander e das Astúrias.

Após a queda da frente do Norte, ele retornou à zona republicana central e foi promovido a tenente-coronel,[7] sendo nomeado chefe de operações do Exército do Levante,[nota 1] participando na batalha de Teruel[11] e na campanha do Levante . Um simpatizante do movimento comunista, durante a guerra ele acabaria se integrando no Partido Comunista de Espanha (PCE).[nota 2] No final de Março de 1939, antes da derrota completa da República Espanhola, Ciutat deixou o país pelo porto de Gandia.[13]

Estapa no exílio[editar | editar código-fonte]

Após o fim da Guerra Civil e na qualidade de membro do Partido Comunista de Espanha (PCE), Ciutat exilou-se na União Soviética junto com outros militares republicanos.[14] Lá estudou -e mais tarde foi professor-na Academia Militar de Voroshilov,[15][8] responsável pela formação de oficiais do Estado-Maior do Exército Vermelho. Um autor chegou a apontar que ele chegou a participar da Segunda Guerra Mundial, alistado no Exército Soviético.[10] Alcançou o posto de coronel.

Ele também serviu como conselheiro militar para a União Soviética prestando serviços no estrangeiro. Foi decidido enviá-lo para Cuba, uma missão que teria recebido com grande entusiasmo.[16] Em meados de 1960 chegou ao país das caraíbas,[17], juntamente com outros ex-militares republicanos, como o coronel José María Galán Rodríguez, o coronel Manuel Marquez Sanchez de Movellan e o vice-almirante Pedro Prado Mendizabal.[18] Ciutat desempenhou um papel importante como instrutor das Forças Armadas Revolucionárias de Cuba (FAR), além de ser o organizador da Escola do Estado Maior do Exército Cubano.[17] Em Abril de 1961, envolveu-se na defesa da Havana durante a invasão da Baía dos Porcos e mais tarde envolveria-se na luta contra os grupos contra-revolucionários que operavam na Sierra de Escambray.[17]

Durante o seu período cubano, ele usou o nome falso de "Ángel Martínez Reozola", embora ele também fosse conhecido como "Angelito".[19]

De acordo com alguns autores, ele também tinha agido como conselheiro militar em outros conflitos, como a Guerra das Areias entre Marrocos e a Argélia (aconselhando o exército argelino), e como conselheiro do governo de Hanói na Guerra do Vietname.[20] Após o fim do regime de Franco regressaria à Espanha em 1977. Sofrendo de uma doença incurável, Ciutat retornou a Cuba a pedido de Fidel e Raul Castro, pouco depois de se instalar em Espanha. Ele morreu em Havana em 1986.[13][21] Ao seu funeral assistiram entre outros Fidel Castro e Enrique Líster, 13 ex-oficial do Exército Republicano. Os seus restos mortais repousam no panteão das Forças Armadas Revolucionárias do cementerio de Cristóbal Colón.

Apelidos[editar | editar código-fonte]

Ciutat de Miguel teve um grande número de pseudónimos:

  • Nome maçónico: «Algazel»;[22]
  • Nome russo: Pavel Pablovich Stepanov;
  • Nome Cubano: Ángel Martínez Reozola —aunque normalmente conocido como «Angelito»—;[23]

Obras[editar | editar código-fonte]

  • —— (1978). Relatos y reflexiones de la Guerra de España 1936-1939. Forma Ediciones: Madrid.

Notas[editar | editar código-fonte]

  1. Se bem que outras fontes referem que foi chefe de operações do Exército de Maniobra.[9][10]
  2. Segundo o seu próprio testemunho, Ciutat ingressou no PCE em Agosto de 1936.[12]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. Yasells Ferrer 2008, p. 21.
  2. a b de Paz Sánchez 2001, p. 191.
  3. de Paz Sánchez 2001, pp. 192, 193.
  4. de Paz Sánchez 2001, pp. 196-197.
  5. de Paz Sánchez 2001, p. 197.
  6. Solla Gutiérrez 2010, p. 316.
  7. a b Gabriel 2011, p. 337.
  8. a b Alpert 2013, p. 329.
  9. de Paz Sánchez 2001, p. 199.
  10. a b Domingo Cuadriello 2009, pp. 267, 393.
  11. Domingo Cuadriello 2009, p. 267.
  12. de Paz Sánchez 2001, p. 201.
  13. a b Domingo Cuadriello 2009, p. 393.
  14. Alpert 2013, p. 300.
  15. Arasa 1993, p. 55.
  16. Yasells Ferrer 2008, p. 128.
  17. a b c Domingo Cuadriello 2009, pp. 267-268.
  18. Yasells Ferrer 2008, p. 18.
  19. de Paz Sánchez 2001, pp. 199, 201.
  20. de Paz Sánchez 2001, p. 203.
  21. Yasells Ferrer 2008, p. 172.
  22. de Paz Sánchez 2001, pp. 193, 195.
  23. Domingo Cuadriello 2009, pp. 267-268, 393.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Alpert, Michael (2013). The Republican Army in the Spanish Civil War, 1936-1939. [S.l.]: Cambridge University Press 
  • Arasa, Daniel (1993). Los españoles de Stalin. [S.l.]: Belacqva 
  • de Paz Sánchez, Manuel (2001). Zona de guerra. España y la revolución cubana 1960-1962. [S.l.]: Centro de la Cultura Popular Canaria 
  • Domingo Cuadriello, Jorge (2009). El exilio republicano español en Cuba. [S.l.]: Siglo XXI de España 
  • Gabriel, Pere (2011). Historia de la UGT IV. Un sindicalismo en guerra (1936-1939). [S.l.]: Siglo XXI de España Editores 
  • Salas Larrazábal, Ramón (2006). Historia del Ejército Popular de la República. Madrid: La Esfera de los libros. ISBN 84-9734-465-0 
  • Solla Gutiérrez, Miguel Ángel (2010). La República sitiada. Trece meses de Guerra Civil en Cantabria. Santander: Ediciones de la Universidad de Cantabria 
  • Thomas, Hugh (1976). Historia de la Guerra Civil Española. Barcelona: Círculo de Lectores. ISBN 9788497598323 
  • Yasells Ferrer, Eduardo (2008). Sencillamente anónimos. [S.l.]: Casa Editorial Verde Olivo