Línguas do Suriname

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

A língua oficial do Suriname é o neerlandês (holandês), que é a língua da educação, do governo, das empresas e dos meios de comunicação. Mais de 60% da população surinamesa falam o neerlandês como língua materna,[1] e a maior parte 40% falam esse idioma como segunda língua. Em 2004 o Suriname tornou-se membro associado da União da língua Neerlandesa.[2] É o único país de língua neerlandesa na América do Sul, bem como a única nação independente nas Américas, onde o neerlandês é falado por uma maioria da população e um dos dois países de língua "não românica" no subcontinente. O outro é a Guiana de língua inglesa.

Em Paramaribo, o neerlandês é a língua principal da casa em dois terços das famílias.[3] O reconhecimento do Surinaams-Nederlands (neerlandês surinamês) como um dialeto nacional igual ao Nederlands-Nederlands (neerlandês neerlandês) e Vlaams-Nederlands (neerlandês flamengo) foi expressa em 2009 pela publicação das Woordenboek Surinaams Nederlands (Dicionário surinamês de neerlandês). Apenas no interior do Suriname o neerlandês é raramente falado.

O multilinguismo do Suriname é uma riqueza excepcional. A estrutura e diversidade dos idiomas (sranan, hindustâni [hindi-urdu], português,[4] javanês, inglês, francês, espanhol, chinês [hacá, cantonês e mandarim])[5][6] só é comparável com os da vizinha Guiana.

Outras línguas[editar | editar código-fonte]

O sranan ou surinamês, é uma língua crioula local, originalmente falada pelo grupo populacional crioulo. É o idioma mais utilizado nas ruas e muitas vezes usado como sinônimo de neerlandês dependendo da formalidade do ambiente.[7] O sranan é baseado no inglês. Com influências do neerlandês, do português e de línguas africanas, tem uma grande difusão no país como segunda língua, sendo falada por 37% da população.

A população do país também fala outras línguas como o hindi surinamês ou sarnami. Um dialeto do boiapuri é a terceira língua mais utilizada, falado pelos descendentes de trabalhadores trazidos a partir do sul da Ásia, posteriormente, a Índia Britânica. A Língua javanesa e o indonésio também têm forte presença no país. Os habitantes ameríndios originais, caribenhos e aruaques, falam as suas próprias línguas, e o mesmo acontece com os descendentes dos escravos fugitivos que se estabeleceram no interior do país, como o aucano (n'Djuga), o saramacano e o paramacano.

Outras línguas são também faladas no país como a língua inglesa que é muito usada, principalmente em instalações orientadas para o turismo, e também nas zonas fronteiriças com a Guiana. A língua portuguesa e a língua espanhola também são faladas, principalmente pelos residentes brasileiros, latino-americanos e seus descendentes, e também devido a motivos comerciais, sendo às vezes também ensinadas nas escolas. Na fronteira do Suriname com a Guiana Francesa, o francês também é muito utilizado.

Língua portuguesa[editar | editar código-fonte]

A língua portuguesa tem uma grande e crescente presença no Suriname devido a dois fatores: o país fazer fronteira com o Brasil e, principalmente, pelo grande número de imigrantes brasileiros vivendo no país. Em 2000, o número de brasileiros residindo no Suriname era estimado em cerca de 40 000, quase 10 por cento da população,[8][4][9] a maioria deles trabalhando na mineração de ouro[9][10] e vivendo ilegalmente no país.[4]

Questão sobre a língua nacional[editar | editar código-fonte]

O discurso público sobre as línguas do Suriname é parte de um debate em curso sobre a identidade nacional do país.[7] O uso popular do sranan tornou-se associado com a política nacionalista após a sua utilização pública pelo ex-ditador Dési Bouterse na década de 1980,[7] e grupos de descendentes de escravos fugidos poderiam se ressentir.[7] Alguns propõem alterar o idioma nacional para o inglês, de modo a melhorar as ligações com o Caribe e América do Norte, ou para o espanhol, como um aceno para a localização do Suriname na América do Sul, embora o país não tenha vizinhos de língua espanhola.[7]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «Het Nederlandse taalgebied» (em neerlandês). Consultado em 14 de fevereiro de 2015 
  2. «Nederlandse Taalunie» (em neerlandês). Consultado em 14 de fevereiro de 2015 
  3. «Geselecteerde Census variabelen per district (Census-profiel)» (PDF) (em inglês). Consultado em 14 de fevereiro de 2015 
  4. a b c «População do Suriname». Consultado em 19 de fevereiro de 2015 
  5. «Suriname». Portal Brasil. Consultado em 19 de fevereiro de 2015 
  6. «Dados do Suriname». Consultado em 19 de fevereiro de 2015 
  7. a b c d e «In Babel of Tongues, Suriname Seeks Itself» (em inglês). Consultado em 14 de fevereiro de 2015 
  8. «Guyana: Caught in Brazil's Net?; Small Nation, New to Free Markets, Fears Loss of Its Identity» (em inglês). Consultado em 19 de fevereiro de 2015 
  9. a b «Escravos brasileiros». ISTOÉ. Consultado em 19 de fevereiro de 2015 
  10. «Garimpeiros maranhenses crêem que brasileiros foram mortos no Suriname». Consultado em 19 de fevereiro de 2015