Usuário:DAR7/Testes/Demografia da América do Sul/Demografia do Brasil

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A demografia do Brasil é um conjunto de estudos, pesquisas, conhecimentos e teorias a respeito dos aspectos demográficos brasileiros. A população brasileira, de acordo com censo feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2010, foi de 190 755 799 habitantes[1] (22,43 habitantes por quilômetro quadrado),[2] com uma quantidade de indivíduos dos sexos masculino e feminino de 0,96:1[3] e 84,36% da população descrita como urbana.[4] A população concentra-se em grande quantidade nas regiões Sudeste (80,3 milhões de habitantes), Nordeste (53,1 milhões) e Sul (27,4 milhões), ao passo que as duas regiões maiores, o Centro-Oeste e o Norte, que constituem 64,12% do território brasileiro, totalizam somente trinta milhões de habitantes.[4]

De 1940 até 1970, o aumento da população brasileira foi significativo, porque a taxa de mortalidade reduziu, apesar da taxa de natalidade diminuir tão rapidamente no período. Nos anos 1940 a população cresceu em 2,4% por ano, aumentando até 3% em 1950 e continuando em 2,9% em 1960, com a expectativa de vida aumentando entre 44 e 54 anos[5] e até 75,8 anos em 2016.[6] A taxa de crescimento populacional reduziu a partir de 1960, entre 3,04% ao ano de 1950–1960 até 1,05% em 2008 e terá que diminuir para um valor baixo, de -0,29%, em 2050,[7] terminando dessa forma a transição demográfica.[8]

Os maiores aglomerados urbanos do Brasil, segundo a estimativa do IBGE para 2017, são as concentrações urbanas de São Paulo (com 21 314 716 habitantes), Rio de Janeiro (12 389 775), Belo Horizonte (5 142 260), Recife (4 021 641) e Brasília (3 986 425).[9][10] Igualmente há enormes conurbações no sertão do país: Campinas, Baixada Santista, São José dos Campos e Sorocaba (totalmente no estado de São Paulo).[9][10] A maioria das capitais são os municípios mais populosos de seus estados, menos Vitória, cidade-sede dos três poderes do Espírito Santo, e Florianópolis, a cidade-sede dos três poderes de Santa Catarina.[9]

O sobrenome mais popular do Brasil é Souza (ou Sousa), seguido de Silva, este último com um milhão de nomes nas listas telefônicas da Brasil Telecom, Telemar e Telesp.[11] Ainda segundo o censo de 2010, os prenomes mais comuns no país são Maria, com 11 734 129 pessoas e José, com 5 754 529 pessoas.[12]

Índices demográficos[editar | editar código-fonte]

Distribuição e densidade demográficas[editar | editar código-fonte]

A população do Brasil é distribuída desigualmente através do espaço geográfico, misturando-se regiões de grande densidade, como o litoral, a regiões Sul e Sudeste e a Zona da Mata nordestina, com demais áreas quase despovoadas, como o sertão do país, especialmente as regiões Norte e Centro-Oeste.

Esta desigualdade possui um embasamento cuja questão pertence à história: na América Portuguesa, era necessário contatar diretamente com o Reino de Portugal, determinando a localização de quase todas as cidades e vilas do Brasil na costa ou bem perto do litoral, para permitir que os produtos tropicais como a banana, a cana-de-açúcar, o maracujá, por exemplo, fossem exportados em direção à Europa.

Com dados apontados na tabela abaixo, igualmente há um contraste intenso no povoamento das regiões brasileiras:

Densidade demográfica no Brasil
Região Estados Municípios População %
Região Norte  Acre
 Amapá
 Amazonas
Pará Pará
 Rondônia
 Roraima
 Tocantins
450 17 231 027 (2014) 8% &0000000000000008.0000008%
Região Nordeste  Alagoas
Bahia Bahia
 Ceará
 Maranhão
 Paraíba
 Pernambuco
 Piauí
 Rio Grande do Norte
 Sergipe
1 793 56 560 081 (2015)[13] 28% &0000000000000028.00000028%
Região
Centro-Oeste
 Distrito Federal
 Goiás
 Mato Grosso
 Mato Grosso do Sul
467[14] 15 219 608 (2014)[15] 7% &0000000000000007.0000007%
Região Sudeste  Espírito Santo
 Minas Gerais
 Rio de Janeiro
 São Paulo
1 668[16] 85 115 623 (2014) 42% &0000000000000042.00000042%
Região Sul  Paraná
 Santa Catarina
 Rio Grande do Sul
1 191 29 016 114 (2014)[17] 14% &0000000000000014.00000014%
Brasil 26 e um distrito federal 5 570 204 450 649 (2015)[18]

A região Sudeste, a qual abrange 10,9% das terras brasileiras, contém cerca de 50% da população do Brasil, ao passo em que as regiões Norte e Centro-Oeste, com mais de 64,1% de toda a área do Brasil, compreendem somente 15,9% de toda a população brasileira.

Ademais, possivelmente se percebe, pelas informações analisadas, que, embora as pessoas de outros estados migrem intensamente, a região Nordeste ocupa 27,8% da população do Brasil. A região Sul, por seu turno, com somente 6,8% das terras do país, compreende 14,3% de toda a população, sendo a região a qual, após o Sudeste (91,4), tem a maior densidade populacional do Brasil (49,9).

As desigualdades no que diz respeito a como a população é distribuída aumentam se levarmos em consideração uma unidade federativa separada cada e, principalmente, certas regiões menos extensas. Dessa forma, considerando as densidades populacionais, as áreas mais demograficamente densas do Brasil são as que situam-se perto da costa, merecendo destaque, no Sudeste, o eixo Rio-São Paulo e arredores, como as baixadas Fluminense e Santista, o Vale do Paraíba, o Quadrilátero Ferrífero e o planalto Ocidental Paulista; no Nordeste, as regiões metropolitanas, como Fortaleza, Recife e Salvador (compreendendo o Recôncavo Baiano) e a Zona da Mata; no Sul, a Região Metropolitana de Curitiba, o Norte do Paraná, o Vale do Itajaí e a extensa Região Metropolitana de Porto Alegre através do Vale do Jacuí; no Norte, merecem destaque somente a Zona Bragantina, perto de Belém; e, no Centro-Oeste, o trecho o qual vai entre o Distrito Federal e Goiânia. As regiões menos extensas estão na Amazônia, no Sertão nordestino, na Campanha Gaúcha e em lugares espalhados do Centro-Oeste, com exceção das aglomerações urbanas de Cuiabá, Campo Grande, Manaus, São Luís e Teresina.

Crescimento vegetativo[editar | editar código-fonte]

Crescimento populacional
Censo Pop.
18729 930 478
189014 333 91544,3%
190017 438 43421,7%
192030 635 60575,7%
194041 236 31534,6%
195051 944 39726,0%
196070 992 34336,7%
197094 508 58333,1%
1980121 150 57328,2%
1991146 917 45921,3%
2000169 590 69315,4%
2010190 755 79912,5%
2022203 080 7566,5%
Fonte(s):[19]
Crescimento das capitais brasileiras.

É a expressão quantitativa e de percentagem conseguida desde as diferentes taxas de natalidade e de mortalidade. A população duma cidade, distrito, subdistrito ou povoado cresce por causa da chegada de migrantes e do crescimento vegetativo. No caso do Brasil, é menor a colaboração das migrações ao crescimento demográfico. Dessa forma, devido à elevação deste aumento, entende-se a apresentação de forte aumento vegetativo, embora existam elevadas taxas de mortalidade, principalmente infantil. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística calcula para 2010 uma taxa bruta de natalidade de 18,67‰ — isto é, 18,67 nascimentos anuais para cada grupo de mil pessoas — e uma taxa bruta de mortalidade de 6,25‰ — quer dizer, 6,25 mortos por mil nascimentos anuais. Esses números mostram um crescimento vegetativo de 1,24% por ano.

Em 1940, o recenseamento mostrava 41 236 315 pessoas; em 1950, 51 944 397 pessoas; em 1960, 70 070 457 pessoas; em 1970, 93 139 037 pessoas; em 1980, 119 002 706 pessoas; e enfim em 1991, 146 825 475 pessoas. Em 34 anos, a população do Brasil na prática duplicou em comparação aos 90 milhões de pessoas dos anos 1970 e, apenas de 2000 a 2004, cresceu para 10 milhões de pessoas. Para 2050, o cálculo é de 259,8/260 milhões de pessoas e a esperança de vida, ao nascer, vai ser de 81,3 anos. No entanto, a população está envelhecendo: em 2000, o grupo de 0 a 14 anos formava 30% da população do Brasil, ao passo em que os maiores de 65 anos eram somente 5%; em 2050, ambos os grupos vão se igualar em 18%. De acordo com a Revisão 2008 da Projeção de População do IBGE, desde 2039, a quantidade de brasileiros começará a diminuir.

Fazendo-se a análise da tabela ao lado direito de cima, possivelmente verificamos que é desde 1960 que o Brasil tem apresentado uma progressiva decaída no crescimento vegetativo, principalmente porque as taxas de natalidade caíram. O crescimento vegetativo da população do Brasil diminuiu bastante, uma vez que a natalidade teve diminuição ainda maior, apesar da mortalidade cair de maneira bem acentuada. Ademais, os fatores os quais contribuíram para diminuir a natalidade (planejamento familiar, acessibilidade a medicamentos anticoncepcionais, etc.) finalmente conseguiram alcançaram a população inteira do Brasil graças à urbanização e à industrialização.

Taxa de natalidade[editar | editar código-fonte]

É definida pela relatividade de percentagem da quantidade de pessoas que nascem num ano até a população absoluta. No caso brasileiro e dos outros países do Terceiro Mundo, a grande elevação das taxas de natalidade, apesar da significativa redução nos anos mais recentes, possivelmente se explica porque a população urbana crescia — uma vez que a natalidade era mais baixa nas cidades, pois a mulher era integrada aos poucos no mercado de trabalho — visto que o controle da natalidade era difundido, quer por prevenção (métodos anticoncepcionais), quer por correção (abortos), além da grande elevação do custo social para manter e educar os filhos, principalmente nas cidades.

Taxa de mortalidade[editar | editar código-fonte]

É o índice conseguido pela relatividade de percentagem da quantidade de pessoas que morrem num ano até a população absoluta de um território. O Brasil tem uma alta taxa de mortalidade, também frequente em países em desenvolvimento, sendo enquadrado dentre os países mais prejudicados por doenças causadas por infecções e parasitas, que, na prática, não existem no mundo desenvolvido.

A partir de 1940, a taxa de mortalidade do Brasil vem diminuindo, porque aos poucos foram popularizadas medidas higiênicas, especialmente depois da Segunda Guerra Mundial; uma vez que foram ampliadas as condições de serviço médico-hospitalar e já que foram abertos postos de saúde em regiões longínquas.

Taxa de mortalidade infantil[editar | editar código-fonte]

É o índice o qual revela a quantidade de falecimentos anteriores a um ano de idade em cada mil crianças que nascem. A taxa de mortalidade infantil no Brasil é de 17,5 em cada mil nascidos vivos (estimativa de 2017) média para os padrões da América Latina. Mas existem variáveis nessa taxa de acordo com as regiões e as classes sociais. O Norte e o Nordeste — regiões mais subdesenvolvidas — possuem os mais elevados índices de mortalidade infantil, os quais caem na região Sul. No que se refere às condições de vida, é possível afirmar que a mortalidade infantil é mais baixa na população mais rica, sendo causada principalmente fatores internos. Já a população do Brasil menos rica tem os aspectos caraterísticos da mortalidade infantil mais recente.

Taxa de fecundidade[editar | editar código-fonte]

É o índice o qual revela a relatividade da quantidade de meninos e meninas com idade inferior a cinco anos até a quantidade de mulheres em idade de reprodução, isto é, entre a primeira menstruação até a menopausa, em geral entre 15 e 49 anos.

O Brasil tem uma taxa média de fecundidade de 1,75 filhos por mãe, de acordo com estimativa de 2017 do The World Factbook, índice o qual varia, diminuindo dentre as mulheres caucasianas e crescendo dentre as mestiças. Mas essa informação tem ligação ao nível social e econômico, devido, geralmente, à concentração da população mestiça nas classes mais preconceituadas e subdesenvolvidas, considerando-se a riqueza, a profissão, a escolaridade e o nível de cultura, dentre demais fatores.

Igualmente há variáveis entre as regiões do Brasil: as taxas são mais baixas no Sudeste (1,75 filhos por mãe), no Sul (1,92 filho por mulher) e no Centro-Oeste (1,93 filhos por mãe) — regiões mais desenvolvidas e urbanizadas —, aumentando no Nordeste (2,04 filhos por mãe) e no Norte (2,51 filhos por mulher), mesmo assim inferior à média mundial.

Expectativa de vida[editar | editar código-fonte]

É conseguida por meio da média de idade das pessoas que morrem em um ano. O Brasil tem uma esperança de vida por volta de 74 anos (70,0 para os indivíduos do sexo masculino e 77,7 para pessoas do sexo feminino), de acordo com estimativas de 2017. Assim, o Brasil se aproxima dos países em desenvolvimento (Irã, Jamaica, Vanuatu e demais), onde esta esperança atinge dez vezes menos que o nível dos países desenvolvidos, em que a esperança de vida passa além dos 80 anos (Estados Unidos, Malta, Grécia, Reino Unido, Alemanha, Irlanda, Finlândia, Bélgica, Nova Zelândia, Países Baixos, Áustria, Liechtenstein, Noruega, França, Suécia, Itália e demais).

A esperança de vida sofre variações na razão contrária da taxa de mortalidade, isto é, são índices de proporção ao contrário. Dessa forma, no Brasil, lado a lado da diminuição da mortalidade, cresce a esperança de vida.

Composição da população[editar | editar código-fonte]

Composição por sexo[editar | editar código-fonte]

O caso do Brasil alcança a média mundial. O país tem uma razão de sexo de 0,97 homens para cada agrupamento de cem mulheres, de acordo com estatísticas de 2017.

Antes da idade de 60 anos, existe uma igualdade numérica de homens com mulheres, predominando desde esta faixa etária a maioria de mulheres. Esse fato possivelmente se explica porque as mulheres vivem mais, em consequência, dentre demais motivos, da menor sensibilidade a doenças do coração e da circulação arterial e venosa, razão comum de óbito depois dos 40 anos de idade.

No que diz respeito às variáveis entre as regiões do Brasil, é possível afirmar que no Nordeste, uma vez que é uma região demograficamente repulsiva, as mulheres são maioria. Já nas regiões Norte e Centro-Oeste, são maioria os homens trazidos para a Amazônia, para o Planalto Central e para o Pantanal pela agricultura, pela pecuária e pelo extrativismo animal, vegetal e, principalmente, mineral.

Mas a quantidade de pessoas do sexo feminino, na população rural do Brasil, igualmente tem tendência a ser menos grande do que nas cidades, uma vez que estas dão condições sociais e de trabalho para a população de mulheres.

Uma relação de igualdade dentre os sexos, no entanto, somente foi estabelecida desde a década de 1940 — devido à apresentação da grande maioria da população de homens pelo país, porque, especialmente, vieram muitos imigrantes que contribuíram para isso — e, apesar do nascimento de mais crianças homens que crianças mulheres, morreram mais meninos antes da faixa dos cinco anos de idade, ajudando a estabelecer a igualdade numérico-etária de gênero.

Composição por faixa etária[editar | editar código-fonte]

Levando em consideração as estatísticas de 1995, vê-se a pequena proporção da quantidade de jovens nos países desenvolvidos, no entanto, o número de jovens atinge mais ou menos 50% de toda a população de países como o Brasil, o Peru e demais nações em desenvolvimento. Nos países desenvolvidos, a grande elevação do nível social e econômico originou uma natalidade inferior e uma esperança de vida muito elevada, explicando que existem muitos idosos em toda a população. No Brasil, embora as taxas de natalidade e de mortalidade diminuam aos poucos nas décadas mais recentes, o país permanece apresentando muitos jovens na população.

País Crianças (de 0 a 14 anos) Jovens (de 15 a 24 anos) Adultos (de 25 a 64 anos) Idosos (a partir de 65 anos)
 Brasil 20,0% 15,7% 54,1% 10,2%
 Reino Unido 17,1% 11,8% 52,3% 18,8%
 México 24,3% 17,0% 50,8% 7,9%
 Nigéria 41,0% 20,6% 35,3% 3,1%
Fonte: US Census Bureau 2022.


Composição por religião professada[editar | editar código-fonte]



Religiões no Brasil (censo de 2010)[20]

  Catolicismo romano (64.6%)
  Protestantismo (22.2%)
  Sem religião (8%)
  Espiritismo (2%)
  Outro (3.2%)

O Brasil é um país religiosamente diverso, com a tendência de mobilidade entre as religiões. A população brasileira é majoritariamente cristã (89%), sendo sua maior parte católica (70%).[21] Herança da colonização portuguesa, o catolicismo foi a religião oficial do Estado até a Constituição Republicana de 1891, que instituiu o Estado laico. No entanto, existem muitas outras denominações religiosas no Brasil. Algumas dessas igrejas são protestantes: pentecostais, episcopais, metodistas, luteranas e batistas. Há mais de um milhão e meio de espíritas ou kardecistas que seguem a doutrina de Allan Kardec. Existem também seguidores da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, uma minoria de judeus, muçulmanos, budistas, neopagãos e seguidores do Candomblé e da Umbanda.[22] Cerca de 7,4% da população (cerca de 12,5 milhões de pessoas) declarou-se sem religião no último censo, podendo ser agnósticos, ateus ou deístas.[21]

A Constituição prevê a liberdade de religião e a Igreja e o Estado estão oficialmente separados, sendo o Brasil um Estado oficialmente laico,[23] embora muitos grupos tenham reivindicados direitos sociais no Brasil alegando que eles ainda não existem por questões religiosas.[nota 1] A legislação brasileira proíbe qualquer tipo de intolerância religiosa, no entanto, a Igreja Católica goza de um estatuto privilegiado[27] e, ocasionalmente, recebe tratamento preferencial.[28]

Nas últimas décadas, tem havido um grande aumento de igrejas neopentecostais, o que diminuiu o número de membros tanto da Igreja Católica quanto das religiões afro-brasileiras.[29] Cerca de noventa por cento dos brasileiros declararam algum tipo de afiliação religiosa no último censo realizado.[30]

Composição por idioma falado[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Línguas do Brasil
Museu da Língua Portuguesa na cidade de São Paulo
Pomerode, Santa Catarina, município com idioma cooficial de outro país.[31]

A língua portuguesa,[nota 2] a qual quase a população inteira fala e é de fato o único idioma utilizado na mídia, nas finanças e na administração, é o idioma nacional do Brasil. É o único país onde se fala o português na América e o idioma transformou-se em uma parte fundamental da identidade nacional do Brasil.[32]

O português brasileiro possuía o seu mesmo progresso, sob influência de línguas de povos indígenas, da África e de demais idiomas da Europa.[33] Como consequência, essa variação é um pouco diferenciada, especialmente na fonologia, do português lusitano. Estas diferenciações têm comparação àquelas do inglês americano com o inglês britânico.[33]

Em 2008, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que abrange representantes de quaisquer dos países lusófonos, veio a um acordo a respeito do padrão de ortografia do idioma, com a finalidade de diminuir as diferenciações dentre ambas as variações. A quaisquer dos países da CPLP foi concedido o prazo entre 2009 e 2016 para se adequarem às alterações obrigatórias.[34]

Falam-se Idiomas minoritários no país inteiro. O censo de 2010 contou 305 etnias indígenas no Brasil, pelas quais são faladas 274 línguas diferentes. Entre os indígenas com cinco ou cerca de cinco anos de idade, 37,4% conversavam em uma língua autóctone e 76,9% dialogavam em português.[35] Igualmente existem comunidades expressivas de pessoas que falam o alemão (na maioria o Hunsrückisch, uma variante do alto-alemão) e italiano (especialmente o talian, originário da língua regional do Vêneto) no sul do país, que têm influência da língua portuguesa.[36][37]

Vários municípios brasileiros deram estatutos cooficiais a demais idiomas,[38] como São Gabriel da Cachoeira, no estado do Amazonas, em que foram cooficializados o nheengatu, tukano e baniwa, os quais são idiomas autóctones, com a língua portuguesa.[39] Demais municípios, como Santa Maria de Jetibá (no Espírito Santo) e Pomerode (em Santa Catarina) também deram estatuto cooficial a demais idiomas alóctones, como o alemão e o pomerano.[31] Os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul igualmente têm o talian como patrimônio cultural,[40][41] ao passo que o Espírito Santo, em agosto de 2011, pôs em sua constituição o pomerano, junto com o alemão, como seus patrimônios linguísticos oficiais.[42]

Composição étnico-racial[editar | editar código-fonte]



Grupos étnicos no Brasil (censo de 2022)[43][44]

  Pardos (45.34%)
  Brancos (43.46%)
  Pretos (10.17%)
  Indígenas (0.6%)
  Amarelos (0.42%)

A população atual do Brasil é muito diversa, tendo participado de sua formação diversos povos e etnias. Atualmente, o IBGE utiliza para fins censitários 5 categorias no Brasil, baseado na raça e cor da pele: branco, indígenas, preto, pardo e amarelo. De forma geral, a população brasileira foi formada por cinco grandes ondas migratórias:

  • Os diversos povos indígenas, autóctones do Brasil, descendentes de grupos humanos que migraram da Sibéria, atravessando o Estreito de Bering, aproximadamente 9000 a.C.
  • Os colonos portugueses, que chegaram para explorar a colônia desde a sua descoberta, em 1500, até a sua independência, em 1822.
  • Os africanos trazidos na forma de escravos para servirem de mão-de-obra, em um período de tempo que durou de 1530 a 1850.
  • Os diversos grupos de imigrantes vindos principalmente da Europa, os quais chegaram ao Brasil entre o final do século XIX e início do século XX.
  • Imigrações recentes de diversas partes do mundo, sobretudo Ásia e Oriente Médio.

Acredita-se que o continente americano foi povoado por três ondas migratórias vindas do Norte da Ásia. Os indígenas brasileiros são, provavelmente, descendentes da primeira leva de migrantes, que chegou à região por volta de 9000 a.C. Os principais grupos indígenas, de acordo com sua origem linguística, eram os de línguas macro-tupis, macro-jês, aruaques (ou maipurés) e caraíbas (ou caribes). A população indígena original do Brasil (entre 3-5 milhões) foi em grande parte exterminada ou assimilada pela população portuguesa. Os mamelucos (ou caboclos, mestiços de branco com índio) se multiplicavam às centenas pela colônia.

Um outro elemento formador do povo brasileiro chegou na forma de escravo. Os africanos começaram a ser trazidos para a colônia na década de 1530, para suprir a falta de mão-de-obra. Inicialmente, chegaram escravos de Guiné. A partir do século XVIII, a maior parte dos cativos era trazida de Angola e, em menor medida, de Moçambique. Na Bahia, os escravos eram majoritariamente oriundos do Golfo de Benim (atual Nigéria). Até o fim do tráfico negreiro, em 1850, entre três e cinco milhões de africanos foram trazidos ao Brasil[45] — 37% de todo o tráfico negreiro efetuado entre a África e a América.

A imigração europeia no Brasil iniciou-se no século XVI, sendo dominada pelos portugueses. Neerlandeses (a partir das invasões holandesas do Brasil) e franceses (a partir da França Antártica) também tentaram colonizar o Brasil no século XVII, mas sua presença durou apenas algumas décadas. Nos primeiros dois séculos de colonização vieram para o Brasil cerca de 100 mil portugueses, uma média anual de 500 imigrantes. No século seguinte vieram 600 mil, em uma média anual de dez mil colonos. A primeira região a ser colonizada pelos portugueses foi o Nordeste. Pouco mais tarde, os colonos passaram a colonizar o litoral do Sudeste. O interior do Brasil só foi colonizado no século XVIII. Os portugueses foram o único grupo étnico a se espalhar por todo o Brasil, principalmente graças à ação dos bandeirantes ao desbravarem o interior do país no século XVIII.

Antes da grande corrente migratória europeia que chegou ao Brasil no fim do século 19, o país tinha uma população majoritariamente parda, segundo vários autores:

Se nos indagarmos aqui [sobre] a população do Brasil em 1822, aglomerada no litoral, nas cidades, vilas, engenhos e fazendas, e aquela que se encaminhava para os sertões, verificaremos que essa população não excede 4 500 000 habitantes, dos quais oitocentos mil índios bravios, 2 288 743 pessoas livres e 1 107 300 escravos, adstritos ao trabalho da terra. Dois terços dessas pessoas livres eram mamelucos, caribocas ou cafuzos, mestiços de índios, de negros e portugueses.[46][47]

Geografia urbana[editar | editar código-fonte]

Hierarquia e rede urbanas[editar | editar código-fonte]

Regiões metropolitanas[editar | editar código-fonte]

Concentrações urbanas[editar | editar código-fonte]

Movimentos populacionais[editar | editar código-fonte]

Imigração[editar | editar código-fonte]

Migração interna[editar | editar código-fonte]

Migração externa[editar | editar código-fonte]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Notas e referências[editar | editar código-fonte]

Notas

  1. Vide o caso, por exemplo, dos homossexuais e os direitos LGBT no Brasil.[24][25][26]
  2. A língua oficial da República Federativa do Brasil é o português (Art. 13 da Constituição da República Federativa do Brasil). É ainda reconhecida e protegida oficialmente a língua brasileira de sinais (lei n° 10.436 de 24 de abril de 2002). Além disso, as línguas tucano, nhengatu e baniua são reconhecidas oficialmente no município de São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, e a língua alemã é reconhecida como cooficial secundária no município de Pomerode, em Santa Catarina.

Referências

  1. «Tabela 1.4 – População nos Censos Demográficos, segundo as Grandes Regiões e as Unidades da Federação – 1872/2010». IBGE. 2010. Consultado em 5 de março de 2014 
  2. «Tabela 1.10 – Densidade demográfica nos Censos Demográficos, segundo as Grandes Regiões e as Unidades da Federação – 1872/2010». Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 2010. Consultado em 5 de março de 2014 
  3. «Razão de sexo, população de homens e mulheres, segundo as Grandes Regiões e as Unidades da Federação – 2010». IBGE. 2010. Consultado em 5 de março de 2014 
  4. a b IBGE, ed. (2010). «Tabela 1288 – População nos Censos Demográficos por situação do domicílio». Consultado em 5 de março de 2014 
  5. Carvalho 2004, p. 5.
  6. «Expectativa de vida do brasileiro ao nascer é de 75,8 anos, diz IBGE». Bem Estar. 1 de dezembro de 2017. Consultado em 1 de dezembro de 2017 
  7. «IBGE: população brasileira envelhece em ritmo acelerado». IBGE. Consultado em 25 de janeiro de 2013. Cópia arquivada em 30 de agosto de 2014 
  8. Carvalho 2004, p. 7–8.
  9. a b c Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. «Estimativas populacionais para os municípios e para as Unidades da Federação brasileiros em 01.07.2017». Consultado em 30 de agosto de 2017 
  10. a b «Mais da metade da população vive em 294 arranjos formados por contiguidade urbana e por deslocamentos para trabalho e estudo». Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 25 de março de 2015. Consultado em 19 de junho de 2016 
  11. «Por que tem tanto "Silva" no Brasil? | Mundo Estranho». Mundo Estranho. 18 de abril de 2011 
  12. «Nomes no Brasil». Censo 2010. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 2010. Consultado em 10 de julho de 2017 
  13. "ESTIMATIVAS DA POPULAÇÃO RESIDENTE NOS MUNICÍPIOS BRASILEIROS COM DATA DE REFERÊNCIA EM 1º DE JULHO DE 2015". Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 28 de agosto de 2015. Consultado em 24 de setembro de 2015.
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